New Hollywood | David Donato | Digestivo Cultural

busca | avançada
42527 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> ZÉLIO. Imagens e figuras imaginadas
>>> Galeria Provisória de Anderson Thives, chega ao Via Parque, na Barra da Tijuca
>>> Farol Santander convida o público a uma jornada sensorial pela natureza na mostra Floresta Utópica
>>> Projeto social busca apoio para manter acesso gratuito ao cinema nacional em regiões rurais de Minas
>>> Reinvenção após os 50 anos: nova obra de Ana Paula Couto explora maturidade feminina
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Google Fontes
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Ler, investir, gestar
>>> Caixa Dois, sem eufemismos
>>> Fé e razão
>>> all type
>>> Um cara legal
>>> Histórias de agosto
>>> O mal no pensamento moderno
>>> Yarny e My Writing Spot
Mais Recentes
>>> Brincando Com Móbiles de Thereza Chemello pela Global (1999)
>>> O Informante - Cinemateca Veja de Abril Coleções pela Abril (2008)
>>> Doncovim? - a História de uma Semente de Gente de Andre J. Gomes pela Volta e Meia (2015)
>>> Do Tamanho Certinho de Claudio Cuellar pela Paulinas (2005)
>>> O Temor Do Sábio de Patrick Rothfuss pela Arqueiro (2011)
>>> Brincando Com Colagens, Recortes e Dobraduras de Rosangela Paiva do Nascimento pela Global (1985)
>>> Bis (autografado) de Ricardo da Cunha Lima; Luiz Maia pela Cia das Letrinhas (2010)
>>> Lewis the Duck - Goes to Mexico de Bill Duncan; Christian Ducan pela Hilton (2010)
>>> Rex, o Cachorro Que Tinha Medo de Trovoada de Jorge Calife, Vinicius Vogel pela Record (2004)
>>> Os Legados De Lorien: Livro 4 - A Queda Dos Cinco de Pittacus Lore pela Intrínseca (2013)
>>> Brincar Com Arte - Argila de Patricia Vibien pela Ibep Nacional (2005)
>>> O Menino do Caracol de Fernando Pessoa pela Global (2022)
>>> Maquiavel Essencial - 200 Pensamentos Escolhidos de Wagner Barreira pela No Bolso (2017)
>>> O Natal do Avarento (acompanha Suplemento de Leitura) de Charles Dickens; Telma Guimarães pela Scipione (2004)
>>> Eu Escolhi Viver de Yannahe Marques; Rose Rech pela Citadel (2021)
>>> O Cardeal e a Sra White de Eduardo Paraguassu pela Dpl (2005)
>>> Os Grandes Exploradores - Vol. 01 de Laurosse pela Larousse (2009)
>>> O Soluço do Sol de Valeria Valenza; Pina Irace pela Melhoramentos (2018)
>>> A Descoberta da América - Disney de Disney pela Abril (2011)
>>> Terapia das Perturbações Espirituais de Romário Menezes pela Dpl (2015)
>>> Danubio Azul Valsa de Johann Strauss de Esther Abbog pela Casa Sotero
>>> Conchas e Búzios de Manuel Rui pela Ftd (2013)
>>> A Expansão da Consciência e as Vibrações Psíquicas da Alma de J. Humberto E. Sobral pela Dpl (2002)
>>> Corpo Feliz - Melhore Sua Postura sem Extresse de Penny Ingham; Colin Shelbourn pela Publifolha (2003)
>>> Alice No Pais Do Quantum de Robert Gilmore pela Zahar (1998)
COLUNAS

Terça-feira, 27/5/2008
New Hollywood
David Donato
+ de 5900 Acessos

Ou como os filhos sempre se tornam parecidos com os pais ― Parte 1

Um dia desses, estávamos, eu e minha esposa, revendo uns filmes do Hitchcock da década de 50, Rear Window (Janela Indiscreta), Dial M for murder (Disque M para Matar) e North by northwest (Intriga Internacional), e reparávamos nas tramas bem construídas, no suspense calculado, na trilha envolvente, e tudo o mais que tornou Hitchcock o gênio que foi. Mesmo assim, até mesmo nos melhores filmes, uma coisa incomodou: algumas atuações pareciam um tanto teatrais demais, forçadas até. Blasfêmia da minha parte? Na verdade, não. Não estou insinuando que James Stewart era mau ator, muito menos que Hitchcock era mau diretor de atores. Simplesmente era o jeito que as histórias no cinema eram contadas até então.

Desde o início do cinema sonoro, e mais ainda com o invento do Technicolor, as câmeras se tornaram pesadas e desajeitadas, consequentemente menos dinâmicas, fazendo com que os filmes ficassem altamente dependentes do diálogo (outro motivo eram as constantes "adaptações" literárias de histórias detetivescas populares, que mais ilustravam os livros do que propriamente os transportavam para a nova mídia) o que afetou inclusive a dramaturgia no cinema. Além disso, por uma série de razões, o tipo de cinema que sobreviveu através das guerras mundiais era calcado numa enorme indústria de entretenimento concentrada nas mãos de meia dúzia de estúdios americanos. Essa hegemonia regada a muito dinheiro e produções megalomaníacas (Cleópatra e todos os épicos sempre vêm à mente) durou mais de vinte anos. Infelizmente (no nosso caso, felizmente), os estúdios não contavam com uma década que, abusando de um clichê, realmente mudou tudo: os anos 60.

A investida da televisão na década anterior deu frutos, e a população deixou de ir ao cinema para se distrair com cinejornais, desenhos animados e filmes B, já que o conforto do sofá de casa era muito mais conveniente. O problema é que esses pequenos eventos eram grandes financiadores dos caríssimos filmes principais, e isso praticamente matou os estúdios de fome.

A revolução cultural que questionou a guerra do Vietnã, trouxe à tona temas como o direito civil dos negros e das mulheres e abriu os olhos dos EUA para o resto do mundo, abriu também as portas para outros cinemas, mais especificamente o cinema italiano e francês, que há mais de uma década vinham fazendo filmes que flertavam com um realismo inexistente até então. A turma de Truffaut, Godard, Fellini e Antonioni apresentou a Hollywood estruturas narrativas fragmentadas, filmagens em locações mais do que em estúdios, temas cotidianos e atores que declamavam suas falas sem se preocupar com o fato de que havia uma platéia do outro lado da tela que precisasse ouvir cada palavra dita.

Uns poucos passos foram dados no sentido de reinventar Hollywood por diretores como o próprio Hitchcock, com Psycho (Psicose), Mike Nichols com The Graduate (A primeira noite de um homem) e Arthur Penn com Bonnie and Clyde (Uma rajada de balas), mas a solução viria mesmo apenas na década seguinte, com o sangue novo saído das universidades, mais especificamente de três jovens talentosos: Steven Spielberg, George Lucas e Francis Ford Coppola. Spielberg não era exatamente um acadêmico (ele largou o curso para seguir carreira de diretor), mas sua incrível habilidade com a gramática da câmera e seu faro para os negócios simplesmente criaram o modelo de cinema blockbuster que reinou absoluto por mais de 20 anos e só há pouco tempo dá sinal de enfraquecimento.

Lucas era mais cerebral. Protótipo do nerd, misturava mitologia, filosofia e ficção científica em filmes experimentais como THX 1138 e sempre foi um aficcionado por novas tecnologias. Sua empresa, Lucasfilm, até hoje é pioneira em pesquisa e desenvolvimento no cinema e nos meios eletrônicos. Ele também foi o responsável pelo licenciamento e merchandising de produtos relacionados aos filmes, o que ajuda a engordar bolsos de estúdios e a encher prateleiras de bonecos até hoje.

Coppola também era vanguardista e acompanhava de perto as inovações do cinema europeu e japonês. Começou a carreira como assistente do Roger Corman e ganhou reconhecimento com o Oscar de roteiro por Patton. A fama conquistada pela estatueta foi crucial para a criação da produtora que uniria Coppola, Lucas e vários outros cineastas recém-formados das duas grandes universidades de cinema da Califórnia na época (USC, de Lucas, e UCLA, de Coppola), a emblemática American Zoetrope. Através da produtora, Coppola conseguiu financiamento dos estúdios Warner para filmar sete roteiros, dentre eles Apocalypse Now, A Conversação e a versão longa-metragem do curta experimental de Lucas, THX 1138. Infelizmente, decidiu-se começar pelo último, que assustou tanto os executivos do estúdio que o financiamento foi suspenso e a American Zoetrope, cheia de equipamentos novos recém-chegados da Europa correu sério risco de acabar antes mesmo de começar. Não fosse a oferta da Paramount para que Coppola dirigisse um filme baseado num livro recém-lançado sobre a máfia italiana nos EUA, o mundo do entretenimento seria bem diferente hoje em dia.

Nas próximas colunas, três obras fundamentais para entender a chamada New Hollywood, o próprio cinema, os anos 70 e a natureza humana: The Godfather, The Conversation e Apocalypse Now.


David Donato
São Paulo, 27/5/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Por que as curitibanas não usam saia? de Adriana Baggio
02. A sordidez de Alessandro Garcia de Guilherme Pontes Coelho
03. Meta-universo de Adriana Carvalho
04. Auto-ajuda e auto-engano de Pilar Fazito
05. Paulo Francis não morreu de Tais Laporta


Mais David Donato
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Poder Disciplinar do Empregador
Arion Sayão Romita
Freitas Bastos
(1983)



Envelhecimento - Estudos e Perspectivas (lacrado)
Manuel José Lopes
Martinari
(2014)



A Armada do papa
Gordon Urquhart
Record
(2002)



As Armas da Persuasão
Robert B. Cialdini
Sextante
(2012)



Conjuntura Atual em OSPB 1º e 2º Graus
Gleuso Damasceno Duarte
Ed Lê
(1978)



The Moment Of Lift: How Empowering Women Changes The World
Melinda Gates
Flatiron Books
(2019)



História do Ministério Público de Minas Gerais Vol. 1 Joaquim Cabral
Joaquim Cabral Netto
Speed



Were in Business
Susan Norman
Longman
(1983)



Filhos Longe da Pátria - o Desafio de Criar Filhos Em Outras Culturas
Márcia Tostes
Vale da Benção
(2011)



Voo Fantasma
Bear Grylls
Record
(2016)





busca | avançada
42527 visitas/dia
1,7 milhão/mês