007 ― Quantum of Solace | Alexandre Inagaki | Digestivo Cultural

busca | avançada
90757 visitas/dia
2,1 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Nouveau Monde
>>> Agosto começa com música boa e grandes atrações no Bar Brahma Granja Viana
>>> “Carvão”, novo espetáculo da Cia. Sansacroma, chega a Diadema
>>> 1º GatoFest traz para o Brasil o inédito ‘CatVideoFest’
>>> Movimento TUDO QUE AQUECE faz evento para arrecadar agasalhos no RJ
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Two roads diverged in a yellow wood
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
Colunistas
Últimos Posts
>>> As Sete Vidas de Ozzy Osbourne
>>> 100 anos de Flannery O'Connor
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A vida subterrânea que mora em frente
>>> A morte da revista Set
>>> O Original de Laura
>>> Livrarias, bibliotecas e outros paraísos
>>> O Brasil não é a Suécia
>>> O tamanho do balde
>>> Repescagem ou Mazel tov
>>> Ama teu vizinho
>>> Barba e bigode
>>> Quem sou eu?
Mais Recentes
>>> Martha Medeiros: 3 Em 1 de Martha Medeiros pela L & Pm (2013)
>>> O Valor da Constituicao de Ivo Dantas pela Renovar (1986)
>>> Bach: Sua Vida e o Cravo Bem Temperado de José da Silva Martins pela Martin Claret (1994)
>>> O Conhecimento no Cotidiano as Representações Sociais na Perspectiva D de Ana Mercês Bahia Bock pela Editora Brasiliense (2004)
>>> Minhas Memórias de Cineasta de Luiz de Barros pela Artenova (1978)
>>> As 7 Leis do Aprendizado: Como Ensinar Quase Tudo a Praticamente Qualq de Dr. Bruce Wilkinson pela Betania (1999)
>>> A Economia Japonesa de G. C. Allen pela Zahar (1983)
>>> Comedias Para Se Ler Na Escola de Luis Fernando Verissimo pela Objetiva (2001)
>>> Da Escola Palatina Ao Silogeu : Instituto Histórico E Geográfico Brasileiro (1889-1938). -- ( Memória Social ; 1 ) de Lucia Maria Paschoal Guimarães pela Museu Da República (2007)
>>> O Vento Assobiando Nas Gruas de Lidia Jorge pela Record (2007)
>>> A Arte De Respirar de Danny Penman pela Editora Sextante (2018)
>>> Corpo de Don Johnson pela Nova Fronteira (1998)
>>> O vestígio e a aura de Jurandir Freire Costa pela Garamond (2004)
>>> Peb - Programa Espacial Brasileiro de Ana Lucia Do Amaral Villas-bôas pela Chiado Books (2015)
>>> Brincar: Crescer E Aprender: O Resgate Do Jogo Infantil (Pr0fe$$os) de Adriana Friedmann pela EditoraModerna (1996)
>>> Brinquedoteca: A Criança O Adulto e O Lúdico de Santos Santa Marli Pires dos pela Vozes (2000)
>>> Percy Jackson E Os Olimpianos: Guia Definitivo de Rick Riordan pela Intrinseca (2012)
>>> Diarios Do Semideus de Rick Riordan pela Intrinseca (2013)
>>> Assim na terra como no ceu de Peter Wagner pela Peter (2010)
>>> Psicopedagogia Operativa de Sara Pain, Haydee Echeverria pela Artes Médicas (1987)
>>> Tres Teorias Sobre El Desarrollo del Niño: Erikson, Piaget y Sears de Henry Maier pela Amorrortu Editores (1985)
>>> A Criança e a Morte de Ginette Raimbault pela Francisco Alves (1979)
>>> Saúde No Trabalho de Daphnis Ferreira Souto pela Senac National (2013)
>>> A Megera Domada de Walcyr Carrasco pela Moderna (2014)
>>> Ritos De Passagem - De Nossa Infancia E Adolescencia de Fanny Abramovich pela Summus (2010)
COLUNAS

Sexta-feira, 19/12/2008
007 ― Quantum of Solace
Alexandre Inagaki
+ de 7800 Acessos

Não há mais Guerra Fria. E, ao contrário de outros tempos, nos quais bastava-se identificar um personagem como "comunista" para que o espectador soubesse por quem deveria torcer, mesmo em superproduções de cinema não é mais tão simples e maniqueísta distinguir os amigos dos inimigos. James Bond precisou se adaptar a esta nova realidade trazida pelo século XXI. E se nos áureos tempos de Sean Connery e Roger Moore o agente 007 enfrentava hordas de inimigos sem sequer desalinhar seu terno ou seu impecável penteado, o James Bond interpretado por Daniel Craig sangra, tem o rosto marcado por cortes e hematomas, apanha mais que palmeirense no meio da torcida da Gaviões da Fiel e, feito Fox Mulder, não pode confiar em ninguém, uma vez que o grande inimigo da vez é uma organização internacional misteriosa e sem rosto, que se infiltra em todos os lugares e é capaz de derrubar governos com a facilidade descompromissada de quem chupa um Chicabon numa tarde ensolarada de verão.

Outro diferencial significativo no James Bond interpretado por Daniel Craig, que volta ao papel após sua excepcional personificação em Cassino Royale, é a exigência física do seu 007. Nunca vimos um Bond correr tanto, envolver-se em pancadarias, saltar de prédios, andaimes e carros em movimento, tornar-se praticamente um personagem de videogame em meio a seqüências frenéticas de ação. Se nos filmes da década de 1960 a maior prova de exigência física do agente inglês era perambular de cama em cama, o 007 personificado por Craig bate e apanha muito mais do que trepa, embora, verdade seja dita, o nível estético das Bond girls permaneça impecável. Mas o maior diferencial do James Bond do século XXI está na construção do personagem: trata-se de alguém mais realista, mais sofrido, um homem emocionalmente instável que, embora jamais perca de vista o objetivo de suas missões, possui motivações pessoais para cada ação que faz.

Após a reconstrução do personagem James Bond em Cassino Royale, fartamente elogiada por crítica e público que se renderam à atuação de Daniel Craig, o melhor ator da franquia desde o hors-concours Sean Connery, como prosseguir no mesmo alto nível? A resposta procurou ser dada por 007 ― Quantum of Solace, cuja trama é uma espécie de continuidade do primeiro filme com Daniel, que havia terminado com a morte da única mulher pela qual James Bond se apaixonou de verdade: Vesper Lynd, maravilhosamente interpretada por Eva Green em Cassino. Uma mulher que, no entanto, traiu Bond e fez com que ele se tornasse ainda mais amargo, cínico e cético do que um assassino profissional já precisa ser. E as seqüências iniciais de Quantum of Solace, que mostram 007 chutando bundas em uma perseguição frenética de carros na Itália, já mostra o estado de nervos de Bond: um homem que não mede conseqüências nem hesita ao matar suas testemunhas em vez de interrogá-las, na sanha por saber a verdade sobre os responsáveis pela morte de Vesper e, também, a fim de descobrir qual é a misteriosa organização capaz de fomentar golpes de estado em países como a Bolívia, e que se infiltra inclusive no serviço secreto britânico.



Quantum of Solace não consegue superar seu antecessor Cassino Royale, muito por conta das suas personagens femininas, que sequer chegam aos pés de Vesper Lynd. Camille (Olga Kurylenko) surge na trama apresentando as mesmas motivações de Bond para suas ações: traumas do passado que pedem por vingança em seu sangue. Porém, é uma personagem frouxamente construída pelos roteiristas do filme, que encanta na tela com sua faiscante presença física, mas perde de goleada na inevitável comparação feita com a Vesper que Eva Green interpretou em Cassino. Faz melhor papel a atriz Gemma Arterton, que honra a tradição de nomes esdrúxulos da franquia com sua personagem Strawberry Fields, uma funcionária administrativa do serviço britânico que sucumbe aos músculos torneados de Bond e vai para a cama com o agente. Strawberry também é protagonista de uma cena impactante que remete diretamente à mais famosa das cenas do clássico 007 Contra Goldfinger.

Menos mal que Quantum possui atuações marcantes de coadjuvantes de luxo como Judi Dench (pela sétima vez consecutiva no papel de M, a chefe imediata de Bond), Giancarlo Giannini (no papel de Mathis, o agente experiente que protagoniza outra cena marcante do filme, que ilustra a frieza objetiva que tomou conta do Bond de Daniel Craig após a perda do amor de sua vida) e Mathieu Amalric, o excepcional ator francês de filmes como Reis e Rainha e O escafandro e a borboleta, e que faz o que pode no papel do vilão da vez, um empresário falsamente filantrópico. É uma pena que o roteiro de Quantum seja superficial, mas há aqui um nítido problema de comparação com o filme anterior, que humanizou James Bond de uma maneira inédita em todas as produções da série e o tornou um personagem muito mais complexo e verossímil.

No balanço geral, 007 ― Quantum of Solace é uma diversão de primeira qualidade, com seqüências de ação que não fazem feio frente a concorrentes mais contemporâneos como a trilogia de filmes estrelada pelo personagem Jason Bourne. E se não apresenta as mesmas nuances do roteiro de Cassino Royale, que tornou o filme anterior um dos melhores de toda a franquia, a atuação sólida de Daniel Craig prova que ele é um Bond que veio para ficar e fazer história. Esperemos pelo próximo longa-metragem da série: o novo 007 definitivamente conseguiu estabelecer seu lugar no século XXI, apesar do fim da Guerra Fria e do novo cenário globalizado.

P.S.: Barbara Broccoli, produtora dos filmes de James Bond, já especula ver um 007 negro no futuro. Nada mais natural, após Lewis Hamilton e Barack Obama terem dissipado diferenças raciais neste ano de 2008.

P.P.S.: O tema musical de 007 ― Quantum of Solace era para ter sido interpretado por Amy Winehouse. Os produtores do filme, porém, optaram por chamar a dupla Alicia Keys e Jack White no seu lugar, para a insatisfação da problemática cantora inglesa. Polêmicas à parte, "Another way to die", da dupla Keys & White, não fez feio na pesquisa feita pelo site Gigwise para eleger os melhores temas musicais dos filmes de James Bond, ficando no décimo lugar entre 22 canções. O vencedor foi "A view to a kill", do Duran Duran, tema de 007 ― Na mira dos assassinos, de 1985.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado em seu blog, o Pensar Enlouquece, Pense Nisso. Leia também "James Bond na nova ordem mundial".


Alexandre Inagaki
São Paulo, 19/12/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Verdadeiros infiltrados: em defesa de Miami Vice de Marcelo Miranda
02. The Search, John Battelle e a história do Google de Julio Daio Borges
03. Os males da TV de Rafael Azevedo


Mais Alexandre Inagaki
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Literatura Estrangeira A Ilustre Casa De Ramires Queiroz
Eça de Queiroz
Klick
(1999)



Fragmentada
Teri Terry
Farol
(2013)



A Literatura Portuguêsa Através dos Textos
Massaud Moisés
Cultrix



Noites Italianas
Kate Holden
Novo Conceito
(2013)



De L1ethique de La Discussion
Habermas
Flammarion
(1991)



O Evangelho Segundo a Filosofia
Marco Aurelio Schommer
Record
(2016)



Memórias de um Sargento de Milícias
Manuel Antônio de Almeida
L&pm
(1997)



Obras Escogidas Volume 1
V. I. Lenin
Ed. En Lenguas Extranjeras
(1960)



Livro Super Ju
Marina Cabral de Camargo
Paulinas
(1990)



Defesa e recursos criminais
João Pereira da Silva
Iglu
(2007)





busca | avançada
90757 visitas/dia
2,1 milhões/mês