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Segunda-feira, 6/9/2010
A Bienal do Livro ― diário de bordo
Gian Danton
+ de 7200 Acessos
+ 2 Comentário(s)


Ilustra: o urso azul

Pela primeira vez conheci a Bienal do Livro de São Paulo. Como moro em Macapá, que fica a horas de viagem de avião ― ou dias, de ônibus (para quem for corajoso) ―, nunca havia tido a oportunidade de visitar o evento. Mas este ano tinha uma razão importante para comparecer: o lançamento do álbum MSP 50 (Panini, 2009, 200 págs.), em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa, do qual fui um dos autores, com uma história do Astronauta desenhada pelo cearense JJ Marreiro.

A viagem foi um horror. Na escala em Belém, entrou um garoto que sentou na cadeira do corredor. No meio, uma mulher que desmaiou tão logo o avião levantou voo. E eu na janela. Lá pelas tantas, o garoto desprendeu a bandeja de refeições, colocou os pés para cima e começou a brincar: a bandeja caía, ele a chutava, ela caía de novo e ele voltava a chutar. E foi assim a viagem toda. A mãe, sentada do outro lado do corredor, em nenhum momento sequer fez menção de pedir para ele parar. Só olhava, como se não fosse com ela. Quando o barulho se tornava insuportável, a mulher sentada entre nós fechava a bandeja e o garoto começava ou a bater no encosto da poltrona, ou a correr pelos corredores, mesmo nos momentos de turbulência. Enquanto isso, eu tentava ou dormir ou ler, e não conseguia nem uma coisa nem outra. Passei a noite e o início da manhã em claro.

Cheguei a São Paulo no dia 13 de agosto, sexta-feira, o primeiro da Bienal aberto ao público. Um dia morno, com pouca gente, muitos estandes fechados. Tivemos a oportunidade de conversar com Franco de Rosa, que produz várias revistas para a editora Escala e é dono da editora Kalaco, que está lançando o álbum de luxo com as primeiras pranchas de Flash Gordon. Além disso, encontramos com Sidney Gusman, coordenador editorial da Mauricio de Sousa Produções, que nos levou até Mauricio de Sousa, que autografava no estande de uma editora de livros.

Apesar do pouco movimento, a fila era imensa e houve muita reclamação quando ele parou para falar conosco e autografar nossos exemplares do MSP 50. Aliás, se houve uma estrela nessa Bienal, foi Mauricio de Sousa. Por onde ele andava, uma multidão o seguia. Só o padre Marcelo Rossi conseguiu atrair tanta gente. Nem mesmo políticos conseguiam competir com sua popularidade. José Serra, ao visitar a Bienal, era seguido por uns poucos assessores e muitos jornalistas. Povo mesmo, quase ninguém.

Sidney Gusman mostrou os corredores e profetizou: "amanhã vocês não vão conseguir nem mesmo andar aqui". De fato, no sábado o público do evento foi recorde: 80 mil pessoas. Em alguns estandes era impossível entrar. Também havia muitas atrações. Mesmo indo nos três dias, não conseguimos ver tudo. Havia uma exposição adornada com livros imensos, com filas igualmente imensas que em nenhum momento nos dispusemos a enfrentar. A quantidade de editoras e livrarias era um paraíso para um bom leitor e ao mesmo tempo um desespero para quem queria sair de lá ou encontrar algo. Só no segundo dia começaram a distribuir um mapa do local. Até então, era muito comum nos perdermos no meio das dezenas de estandes num espaço que, para piorar, era quadrado.

Dois fenômenos chamavam atenção: muitas editoras de livros populares, a preços de R$ 5,00 ou R$ 10,00, e muitas editoras espíritas. Havia, creio, duas editoras evangélicas (uma delas a Luz e Vida, do famoso Smilinguido, que sempre chama a atenção das crianças), uma editora católica... e quatro estandes apenas de editoras espíritas, alguns deles lotados. O romance Nosso Lar, de Chico Xavier, que se transformou em filme, fazia sucesso não só nas páginas impressas, mas na grife que incluía chaveiros e camisetas. Pesquisas demonstram que os espíritas têm, em média, um nível de estudo mais alto, o que explica o sucesso dos livros espíritas.

Outra atração muito falada foram os livros virtuais. Conheci um, o Gato Sabido, no estande do Submarino. Embora interessante, pareceu limitado, uma espécie de MP4 grande, com poucos recursos, além da ausência de cores. Apesar das limitações, há uma grande empolgação pela possibilidade de reunir em um objeto pequeno e leve até mil livros. Os estudantes de direito, que são obrigados a andar para cima e para baixo com imensos vade mecum, por exemplo, são possíveis compradores da novidade.

No domingo à tarde foi o lançamento oficial do MSP 50. A coordenação do evento reservou o horário de 16 às 17 horas para o encontro de Mauricio com os autores. Mas colocaram esse encontro numa sala de vidro, no exato local em que o criador da Turma da Mônica iria autografar a partir das 17 horas. Sua presença fez com que um verdadeiro mar de gente se aglomerasse do lado de fora. Muitos se escoravam no vidro e, com o risco de um acidente, foi necessário colocar seguranças do lado de fora, para afastar as pessoas.

Duas imagens marcaram a Bienal para mim: ver um autor de quadrinhos nacionais tratado como verdadeiro popstar e ver milhares de pessoas comprando e lendo literatura. Crianças sentavam no chão, deliciando-se com livros como se fossem brinquedos, uma visão reconfortante num país que ainda sofre com o analfabetismo funcional e baixíssimos níveis de leitura.

E, inevitavelmente, acabei me lembrando do garoto que passou a viagem infernizando os passageiros, chutando a bandeja. Meus filhos estão acostumados a viajar desde muito pequenos e ambos têm um ritual: mal entram no avião, cada um pega um livro ou gibi e passam a viagem inteira entretidos com palavras e desenhos. Como dizia Monteiro lobato, a diferença entre um bruto e um civilizado é apenas de educação. E educação passa pelos livros. Sejam eles físicos ou virtuais. Daí a importância de eventos como a Bienal do Livro.

Para ir além






Gian Danton
Macapá, 6/9/2010

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01. História da leitura (I): as tábuas da lei e o rolo de Marcelo Spalding


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
10/9/2010
11h48min
As imagens que marcaram: autor de quadrinhos tratado como popstar e milhares de pessoas consumindo literatura, concordo, são imagens de Bienal. Mas note, o nome já diz: Bienal, movimento a cada dois anos. A educação que transforma o bruto tem que ser diária, cotidiana. A Bienal, sem desmerecê-la, é elitizada, para poucos. Precisamos que saraus, feiras de livros, movimentos literários periféricos sejam incentivados, precisamos que a literatura não tenha apenas palco para estrelas, estas ficam longe da terra. Há que se trabalhar na comunidade em que se vive, juntando a família e amigos para ler uns aos outros, tal qual fazemos para jogos de futebol e último capítulo de novela. Isto, sim, seria impressionante. A Bienal é maravilhosa, mas também, com as verbas e incentivo que tem, não poderia ser diferente. É um evento livreiro que marca a vida, precisamos de movimento literário que componha a vida.
[Leia outros Comentários de Eliana de Freitas]
10/9/2010
16h02min
Quando há filhos que comportam-se, que leem, estes com certeza tiveram o privilégio de um processo educacional, que é cada vez mais raro. Continuar a educar os nossos filhos pra terem uma leitura de mundo que privilegie o respeito ao próximo é ótimo, e, quando é alguém que lê, é excelente. Desperta a curiosidade e refina a intelectualidade.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
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