Quatro autores e um sentimento do mundo | Marilia Mota Silva | Digestivo Cultural

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Quarta-feira, 10/4/2013
Quatro autores e um sentimento do mundo
Marilia Mota Silva
+ de 6100 Acessos

Tive a sorte de ler, em seguida, quatro livros muito bons: Aprender a Rezar na Era da Técnica, de Gonçalo M. Tavares; Diário da Queda, de Michel Laub; Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera; e Canções para Ninar Adultos, livro de contos de Fred Di Giacomo.

Todos foram escritos recentemente, em português, por autores (homens) jovens. E mesmo sendo obras com enredo, horizonte e ambições diferentes, têm pontos em comum que chamam a atenção:

- Os quatro refletem sobre o patriarcalismo, suas crenças e mitos, a identidade masculina. Do livro de Fred, refiro-me ao conto "Gênesis".

- Nos romances, pais ou avôs se suicidam com um tiro na cabeça. Há suicídio fracassado, morte por doença; Alzheimer. Há morte por facadas, crime cometido por toda uma cidade. No conto se arma um parricídio.

- Todos examinam o passado, como quem olha pela última vez a casa onde viveu e vai embora sem olhar para trás. Sem saudade.

Há 500 anos, na Renascença, houve uma volta aos antigos gregos. A Odisseia de Homero reapareceu depois de séculos esquecida. As asserções de Telêmaco sobre a autoridade hierárquica, necessária para organizar o caos do mundo foram acolhidas alegremente pelos homens da época. Igrejas, Estados, famílias, a sociedade moderna se construiu sobre aquelas bases. Hoje essa estrutura de poder está se diluindo.


Aprender a Rezar na Era da Técnica é um retrato de um mundo doente, que divide a sociedade entre caça e caçador, vencidos e vencedores. É Portugal sob os ditames do Euro: uma doença, uma mudança no organismo semelhante à mudança da moeda num país, que surge com outros valores, outras referências
Talvez por isso, os personagens importantes tenham nomes estrangeiros: Lenz, Hamm, Frederich. As mulheres, Maria, Julia e o louco Rafa tem nomes portugueses.

Lenz Buchmann, o protagonista, é o super-homem de Nietzsche, plenamente realizado. Cirurgião reverenciado por sua competência, despreza profundamente seus pacientes. Despreza a doença, despreza a fraqueza. Lenz é filho do militar Frederich Buchmann, homem de hierarquia, de comando. Uma vez, quando Lenz era adolescente, seu pai mandou-o foder a empregadinha, e ficou ali olhando, dando ordens. Nem se dirigiu à menina: "máquina não tem alternativa". Quando estava na guerra, matou um subordinado, sem pensar duas vezes, porque não gostou do jeito que o soldado olhou para ele.

É esse pai que se mata com um tiro na cabeça, aos 58 anos, quando começa a declinar fisicamente. "Um Buchmann morre pelo chumbo". Tempos depois do pai, seu irmão Albert, que tinha herdado a fraqueza da mãe, morre de doença.

Lenz se vê na responsabilidade de levar bem alto a bandeira da família, de honrar o nome do pai! Decide deixar a medicina e entrar para a política, o "mundo dos grandes acontecimentos e das grandes doenças". Amoral como a natureza, forte e sem complacência, torna-se logo um dos homens mais importantes da cidade, e já planeja matar o presidente para tomar seu lugar quando uma grave doença o reduz ao tipo de gente que ele mais desprezava.

Lenz passa a depender dos cuidados de sua secretária Julia e de seu irmão surdo-mudo, filhos do soldado que o pai matou por capricho.

A certa altura, com o progresso rápido da doença, Lenz tenta se suicidar, mas já não tem forças para apertar o gatilho. Terá que assistir passivamente à própria decadência, à perda de cada um de seus poderes e competências.

Quando a memória começa a lhe faltar, pede que escrevam o nome de seu pai em uma folha, nome que ele lê e murmura várias vezes para não esquecer. O surdo-mudo, assim que se vê sozinho com o moribundo, substitui a folha por outra onde escreveu uma frase "patética, vergonhosa, que atentava contra seus valores mais íntimos" e Lenz lê a frase devotadamente, pensando que lia o nome do pai, "o importante homem de armas".

A cusparada que ele, reunindo todas as forças, tenta dar no sacerdote que lhe trouxe a extrema-unção, apenas escorre no seu queixo e canto da boca. O padre sequer nota sua intenção. Julia, que já é de fato a senhora da casa e de tudo que era dele, apenas lhe enxuga a baba. A autoridade hierárquica, o patético ubermensch reduzido à completa irrelevância. No fim ele vê a luz, fachos de luz - que vêm da televisão. E se deixa ir. O poderoso nome Buchmann desaparece com ele. Assim seja.


Diário da Queda, do gaúcho Michel Laub é a história de três gerações de homens marcados por Auschwitz, ainda que apenas o avô tivesse estado lá, e jamais falasse do assunto. Avô, pai, filho e João, o gói bolsista em uma escola judaica. João sofre um tratamento cruel dos colegas devido a sua condição.

Uma escola judaica é mais ou menos como qualquer outra. A diferença é que você passa a infância ouvindo falar de antissemitismo: há professores que se dedicam exclusivamente a isso, uma explicação para as atrocidades cometidas pelos nazistas, que remetiam às atrocidades cometidas pelos poloneses, que eram ecos das atrocidades cometidas pelos russos, e nessa conta você poderia botar os árabes e os muçulmanos e os cristãos e quem mais precisasse, uma espiral de ódio fundada na inveja da inteligência, da força de vontade, da cultura e da riqueza que os judeus criaram apesar de todos esses obstáculos."

Um inimigo comum, um inimigo que cometeu contra eles todas as atrocidades, por inveja de sua inteligência: essa crença internalizada intensamente desde os primeiros anos cria barreiras mais intransponíveis que os muros mais altos que se possam construir; é o "nós contra eles". Cria também o conforto de pertencer - a um povo, a uma religião, a uma história. E cria um estímulo poderoso para enfrentar desafios, superar-se, dar o melhor de si. É uma fórmula eficaz para se manter um povo unido, não importa que idioma fale ou onde esteja no mundo. No entanto, seu uso excessivo pode levar ao ressentimento, ao ódio, à vitimização, efeitos destrutivos.

"Depois que fiquei amigo de João também comecei a olhar para os meus amigos sem entender porque eles tinham feito aquilo, e como eles tinham me cooptado, e comecei a ter vergonha de ter gritado gói filho de uma puta, e isso se misturava com o desconforto cada vez maior diante do meu pai, uma rejeição à performance dele ao falar de antissemitismo, porque eu não tinha nada em comum com aquelas pessoas além do fato de ter nascido judeu, e nada sabia daquelas pessoas além do fato de elas serem judias, e por mais que tanta gente tivesse morrido em campos de concentração não fazia sentido que eu precisasse lembrar disso todos os dias. Não fazia sentido que eu quase tivesse deixado um colega inválido por causa disso, ou porque de alguma forma havia sido influenciado por isso, o discurso de meu pai como uma reza antes das refeições, a solidariedade aos judeus do mundo e a promessa de que o sofrimento dos judeus do mundo nunca mais haveria de se repetir, enquanto o que eu vi durante meses foi o contrário: João sozinho contra um bando, sem se importar de ser humilhado, sem nunca ter dado um sinal que demonstrasse a derrota quando era enterrado na areia, e foi por causa dessa lembrança, a consciência de que a covardia não era dele, e sim dos dez ou quinze que o cercávamos, uma vergonha que grudaria em mim para sempre se eu não tomasse uma atitude, foi por causa disso que decidi mudar de escola no final do ano."

No livro de Laub é o avô que se mata. O avô que se negava a falar de Auschwitz. O avô que, em seus verbetes, referia-se à mulher como os gregos do tempo de Homero. Nem tanto uma pessoa, mas um lugar, a terra onde germina a semente do homem. O pai, com Alzheimer tenta recuperar as lembranças felizes, contaminadas pela necessidade de falar sobre Auschwitz obsessivamente, como se desse modo pudesse superar o ressentimento, o vazio emocional que seu pai lhe deixou. O filho, atormentado pela culpa, pelo rancor, pela tirania de memórias que não lhe pertenciam, desperdiça sua vida em autocomiseração e alcoolismo. Até que em vias de perder a terceira mulher e de perder o pai para o Alzheimer, decide deixar para trás o passado, a vitimização, o alcoolismo, e tornar-se pai, dar-se esse presente. E não há de estragar a vida do filho, com as cargas de um passado que não lhe pertence.


Em Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera é o pai bem sucedido, publicitário premiado que, velho e doente, decide se matar. A única coisa que merece seus cuidados é a cadela que o acompanha fielmente, e que ele deixa sob a responsabilidade do filho.

O romance é a história desse filho, traído pelo irmão, abandonado pelo pai que se mata, e de sua procura por um avô desconhecido com quem, seu pai diz, ele se parece: Avô Gaudério, fiel, romântico, brigão, apaixonado! Corre a lenda de que a cidade inteira o matou a facadas. Mas há quem diga que ele ainda vive em uma caverna nos arredores da cidade.E vive bem, feliz, a sua moda.

A sociedade moderna obrigou o homem a esconder sua verdadeira natureza? O pai, mesmo bem sucedido, morreu sozinho, tendo uma cadela como único afeto e companhia. O homem precisa se conhecer, reconciliar-se com suas perdas, e construir sua vida de acordo com seus sonhos e valores.


Em Canções para Ninar Adultos, de Fred di Giacomo, um caleidoscópio iluminado, agudo, feroz e divertido, o conto Gênesis fala do pai mítico, o grande patriarca, o tirano invejoso e ciumento que aleija os filhos, transforma-os em velhos anões - pequenos e impotentes. Na história da Bíblia, Abraão esteve a ponto de sacrificar o próprio filho, por ordem de seu Deus, o Pai original, que lhe exigiu essa prova de amor supremo.

Aqui o pai não se suicida. É o filho que precisa matar o tirano:

"Subitamente, o filho puxa a cabeça de Abraão em direção ao rio. Surpreendido, o homem deixa-se arrastar. Corisco queria apenas vingar a mãe e os irmãos, afogando o algoz ancestral, mas se choca ao perceber que, naquele momento, pela primeira vez em sua história, abraça o velho pai. Os dois corpos de homem se entrelaçam e, num paternal movimento, misturam as gerações.

***

Nunca poderemos saber se pai aninhava filho ou se filho aninhava pai. Choravam tanta que suas lágrimas abundantes poderiam fazer o rio transbordar-se em mar. O dia acabava num céu amplo e alaranjado que aos poucos se apagava - escuro. Das águas lodacentas da tristeza, levantou-se o primeiro homem inteiro a enxergar aqueles tempos novos."

Novos tempos. Nesse século ainda fresco, quatro autores com histórias e perspectivas diferentes, apontam o foco de luz para um mesmo ponto. O mundo que construímos fracassou. Enterrem-se as ideias, as ilusões, os mitos e ressentimentos que nos trouxeram a esse impasse. Estamos no portal de novos tempos, um novo renascimento.


Marilia Mota Silva
Rio de Janeiro, 10/4/2013

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