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Quinta-feira, 23/6/2016
O bosque das almas infratoras
Elisa Andrade Buzzo
+ de 4100 Acessos

Caminha por esses resquícios de bosques cortados por ruelas e cingidos de bolsões de estacionamentos. Quem por aqui está acaso se lembra de seu próprio nome e o que exatamente o traz? Elevam-se as construções dos institutos do hospital que aos poucos invadiu as ruas próximas, devastando como uma doença se espalha e finca raízes para apodrecer. Aqui brotaram prédios, médicos, funcionários, e nos dias de semana chovem doentes buscando a cura, o alívio, ou o entendimento.

E nas ruazinhas destransitadas há cancelas separando os lugares ermos daqueles mais ermos ainda, onde só entram os perdidos ou quem tem muita certeza do destino, adentrando no interior do espigão prestes a descambar para o leito do rio. Pergunta: onde está o instituto? A entrada para os raros transeuntes é liberada pela borda. Nem tudo é trancafiado, há sempre locais de passagem obliterados. O segurança diz: é um prédio amarelo e alto; siga em frente e verá.

A partir daí, ninguém mais; a não ser uma inacessível mulher de branco fumando por trás de um gradeado. À medida que se caminha fica-se cada vez mais perto à avenida-rio, escoadouro. Ao ronco dos ônibus une-se o rumor vagaroso das árvores, de espécies tão indistinguíveis pela sua altura, tão bem-postas no final ameno do verão. Sabe que encontrará o instituto, mas isso já não lhe importa.

Explica: vou na triagem. No amplo hall o porteiro permite sua entrada na dimensão dos esquecidos, dos que inventam histórias e nelas acreditam. Corredores amplos e amarelos grudam na memória, e o grupo de entendidos aguarda quem chega num balcão. Nele chega dobrando um par de corredores vazios, cada sala com uma placa informativa. Aqui tudo tenta ser bem explicado, para que não haja meias verdades nem duplos entendimentos.

Depois de preencher uma longa ficha de inscrição, uma consulta em que se refazem as mesmas questões numa sala com uma grande janela. Lá está o último pedaço de vegetação visível, reconfortante. Suas respostas soam artificiais, interpretação de um ator de si mesmo, de uma vida recriada em palavras dosadas com dramaticidade.

O monólogo é entrecortado pelas questões moduladas com gentileza. Já pensou em suicídio? Já deixou de fazer alguma coisa por causa de alguma indisposição? Já... Por que “já”, se a vida é no agora e será no depois? Pensa: Os doentes do corpo, estes aqui estão todos dormindo. Acordados e andando nesses bosques estão os de alma infratora.


Elisa Andrade Buzzo
São Paulo, 23/6/2016

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