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COLUNAS
Terça-feira,
20/12/2016
Lançamento de Viktor Frankl
Celso A. Uequed Pitol
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Há títulos que dão uma ideia errada do livro que nomeiam. Este é o caso de “O sofrimento de uma vida sem sentido”, do psiquiatra austríaco Viktor Frankl. O leitor desavisado tende a pensar que se trata de uma obra de auto-ajuda, impressão que parece confirmar-se pelo subtítulo “Caminhos para encontrar a razão de viver”.
Trata-se, é claro, de um engano. Quem conhece minimamente a obra de Frankl reconhecerá logo um dos temas mais caros, o do sentido da vida, e o relacionará imediatamente ao seu livro mais conhecido, “Em Busca de Sentido”, relato das experiências passadas num campo de concentração nazista, onde os internos encontravam, mesmo no mais profundo desespero, um sentido para suas existências. Mas o que conhecem a sua obra são uma pequena minoria – e o simples fato de alguém confundir esta coleção de textos de Frankl com obras de auto-ajuda já o faria sorrir. Seria, de certa maneira, a demonstração cabal de que, em nosso tempo, a busca pelo sentido da vida é mesmo endêmica: há muitos livros que falam sobre o sentido da vida, para um número imenso de pessoas. O homem moderno, com tantas necessidades satisfeitas, segue um profundo insatisfeito em temas fundamentais de sua existência. Qual a razão? As páginas deste livro procuram indicar uma resposta.
Os textos são oriundos de conferências de Frankl, dadas em várias cidades europeias. Merece particular atenção o texto de abertura, contendo uma reavaliação de Adler, Jung e Freud. Também é digno de nota o artigo sobre o sentido do sofrimento (retirado da obra de outro grande austríaco, Max Scheler) e as lições que pode-se extrair dele; e, por fim, uma interpretação da literatura contemporânea sob a ótica da psiquiatria. Em todas elas Frankl reafirma um traço distintivo do homem em relação ao resto dos animais – justamente o traço que vem sendo negligenciado pelo mundo contemporâneo: a busca pelo sentido.
Celso A. Uequed Pitol
Canoas,
20/12/2016
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