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Terça-feira, 2/5/2017
Viena expõe obra radical de Egon Schiele
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 5600 Acessos



De Viena, especial para o digestivocultural.

A magnitude da pintura de Egon Schiele, um dos mais importantes artistas modernistas de Viena, está representada em duas grandes exposições em Viena. Os museus Albertina e o Leopold Museum (que agrupa a maior coleção de Schiele do mundo) expõem uma enorme quantidade de desenhos, aquarelas, pinturas e esboços que perpassam por toda a carreira do artista. Há cartazes por toda a cidade chamando o público para apreciar a desconcertante e impudica arte de Schiele.

Desde seus autoretratos, em que se metamorfoseia em um agrupamento de músculos esqueléticos e ossos com gestos retorcidos, angustiados e depressivos, até sua percepção do erotismo infantil e juvenil de meninas que expõem sua genitália despudoradamente, seja se masturbando ou apenas abrindo as pernas para o público, essas exposições reúnem a maior parte da obra do artista, com trabalhos pertencentes a coleções particulares e acervos dos próprios museus.



A relação entre erotismo e depressão parece ser a tônica maior de sua obra. A desconfiguracão do corpo através das posturas simplesmente retorcidas e contraídas para dentro de si mesmas ou causada pelo mergulho nos prazeres eróticos, marca uma ruptura drástica com a tradição do corpo asséptico, racional e ideal da representação clássica. Estamos na Viena de Freud, que descobriu a sexualidade infantil e o inferno do inconsciente (esse caldeirão fervente dos desejos reprimidos).

Para desvelar os universos da psique humana e liberar as forças irracionais do desejo, Schiele mergulha numa poética da erotização das linhas, do esmaecimento das cores, apelando para a fluidez tanto de uma como de outra. O resultado é espantoso. A aparente delicadeza das figuras faz transbordar a libido dos personagens, exibindo o traçado de corpos mergulhados em prazer e angústia sexual e existencial.

Diferente de Gustav Klimt, que cria atmosferas também sexuais, mas iluminadas por dourados decorativos e sutis que não nos perturba, Schiele apresenta a crise da consciência sexual diante da descoberta do corpo inibido e das limitações impostas a esse corpo pela finitude da vida biológica.

Era necessário uma nova pintura para representar a vazão da irracionalidade exposta por Freud à sua Viena fin de siècle. E essa pintura explodiu na arte de Egon Schiele e alguns outros pintores, como foi o caso de Oscar Kokoschca e também de poetas e romancistas vienenses (alguns declaradamente leitores e seguidores das ideias de Freud).



A beleza da obra de Schiele resplandece ainda hoje e nos perturba de igual maneira. Nos apresenta um desenho e uma pintura que é fruto de uma cultura que encarou a tensão entre desejo e civilização. A mesma civilização que Freud brilhantemente expôs em seu ensaio "A civilização e seus descontentes".

Não só a representação dos temas eróticos liberava ou tensionava o desejo contido dos espectadores reprimidos de Schiele, mas a qualidade de seus traços sinuosos e libidinosos e as cores das peles das mulheres rosadas e avermelhadas de prazer proporcionavam a mesma liberdade.

Junto com a representação da angústia da liberação dos corpos aos seus prazeres e a representação das práticas "perversas" que tanto a sexualidade livre como a culpada podem proporcionar, o modernismo de Schiele também se libertou da linha platônica que produzia um desejo metafísico em oposição ao mundo carnal solicitado por Nietzsche e Freud e que extravasou no expressionismo europeu.



A própria persona de Schiele tem um lugar especial na sua obra. As experimentações revolucionárias no domínio do autoretrato nos permitem ver a luta do artista consigo mesmo, a arte e o mundo.



Delicadeza, angústia, prazer e depressão encarnaram na forma da pintura de Schiele, como também passaram a existir no coração do homem moderno: aquele que se tornou ciente de sua finitude, de sua perversão, da sua brutalidade e violência como condição intrínseca ao animal humano. A arte estava pronta para olhar dentro da fera. E nós, quando estaremos prontos?


Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 2/5/2017

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