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COLUNAS
Quarta-feira,
7/8/2002
O Quarto do Filho é emocionante
Clarissa Kuschnir
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O Quarto do Filho, que já chegou às locadoras no mês de julho, é um filme que não pode deixar de ser conferido. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano de 2001 (prêmio máximo do festival), o filme de Nanni Moretti faz jus ao prêmio: é bonito, sensível, mas muito triste.
A história se passa em uma pequena cidade da Itália, onde vive a família do psicanalista Giovanni. Sua mulher, Paola, e seu dois filhos adolescentes: a menina Irene e o rapaz Andrea.
Giovanni passa o tempo todo ouvindo seus pacientes e não percebe que seu filho Andrea está passando por problemas típicos da adolescência, a não ser quando é chamado na escola do rapaz porque ocorreu um incidente com Andrea.
A fim de dar mais atenção ao filho, ele começa a querer ser companheiro e ouvir mais Andrea. Os dois, que adoram esportes - o pai que corre todos os dias a beira do cais ao fundo musical da música de Piovani, e o filho que joga tênis e mergulha - resolvem ir dar uma corrida juntos para conversarem. Uma cena muito bonita, por sinal: tanto pela fotografia que o filme proporciona, como pela aproximação entre o pai e o filho. A partir daí, o pai quer participar das atividades dos filhos.
Em um domingo, quando os dois iam mergulhar, Giovanni é chamado às pressas por um paciente e Andrea acaba indo mergulhar com a turma.
Quando Giovanni retorna da casa do paciente, recebe a notícia que seu filho morreu acidentalmente mergulhando. Desconsolado, o pai perde o rumo e culpa primeiro, o paciente, em seguida, a si mesmo, pela morte do filho. O psicanalista fica pensando que poderia ter evitado o acidente do filho e que tudo seria diferente se o tivesse acompanhado no mergulho.
A família passa viver o martírio da perda de um filho: a mãe Irene chega ao limite de procurar a namorada do filho; para seu consolo, recebe uma carta dela. Inclusive, quando a menina chega na casa de Giovanni, a primeira coisa que faz é pedir para ir ao quarto de Andrea. Foi quando eles perceberam que ela havia estado ali junto com ao filho pouco tempo antes dele morrer.
Nanni Moretti, o diretor do filme, disse que a idéia do roteiro foi exatamente a de lidar com a morte de um ente querido. De todos os seus filmes, o Quarto do Filho foi o que mais o envolveu. O esboço foi feito no final de 1995, mas, na época, a esposa de Moretti estava grávida e não convinha lidar com esse assunto; então ele abandonou o projeto e só retornou depois que terminou Aprile.
O próprio Moretti interpreta o protagonista Giovani, psicanalista que sofre a perda do filho. Ele consegue transportar sua dor para os espectadores: uma tristeza que chega a ser angustiante e que só acaba quando Giovanni resolve fazer uma viagem de carro com sua mulher e sua filha, e vê que tem de continuar vivendo. Mas, durante o filme, ele procura uma maneira de entender a morte, que pode acontecer com qualquer pessoa mas nunca com alguém próximo a nós.
Até os menos sensíveis, provavelmente, não deixarão de derramar algumas lágrimas por esse premiado drama familiar italiano, que, além da Palma de ouro, recebeu três Donatelo, o Oscar do cinema italiano nas categorias: melhor filme, melhor atriz (Laura Morante) e melhor trilha sonora, composta por Nicola Piovanie. Foi também prestigiado pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (FIPRESCI).
O filme está disponível e, VHS e DVD para locação e vendas.
Para ir além


Clarissa Kuschnir
São Paulo,
7/8/2002
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