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COLUNAS
Segunda-feira,
14/10/2002
A Cultura e o Planejamento da Cidade
Almandrade
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A produção cultural o planejamento urbano que estamos presenciando e consumindo, chamam a atenção para uma época de políticos, burocratas e empresários à frente dos destinos da cidade.
Se o planejamento foi levado a condição de aspirina para resolver um mal incurável: a desordem urbana; a cultura foi transformada em divertimento descartável para uma população urbana que corre desesperada atrás do um ócio.
A revolução industrial criou uma obsessão de progresso, mas em relação ao pensar, não avançou o homem, ao contrário; reduziu sua capacidade de reflexão, criando um tipo sociedade que privilegia o consumo e despreza as idéias.
Paradoxalmente, o aumento da informação resultou na diminuição do repertório. A prática de um conhecimento quando subordinada a interesses que negam o princípio desse conhecimento é também a negação da cidadania.
A arquitetura, o desenho da cidade e dos objetos deixam de ser dispositivos de acomodação do homem com o meio ambiente onde vive; e passa a ser o exercício burocrático de desenhar o território, de adaptar a cidade para a razão perversa de uma sociedade, que nega todos os valores em nome de um crescimento econômico e da concentração de rendas que fazem o cotidiano da vida moderna.
Na produção da cidade a atividade intelectual foi excluída e substituída por uma relação de trocas e favores. Nesse ambiente urbano, com uma baixa qualidade de vida e um estado de regressão cultural, a festa é sempre o alvo das denominadas políticas culturais que desconhecem o processo de suas práticas e as questões mais evidentes, como: as transformações das linguagens artísticas e suas leituras.
O que os administradores da cultura não entendem é que as artes têm suas próprias materialidades, não são campo de pouso para outras políticas, nem mesmo as ditas culturas que ignoram problemas acerca do moderno e do contemporâneo, a origem, a história dessas linguagens e a lógica de suas revoluções.
Enquanto artistas, arquitetos, intelectuais, produtores de bens artísticos, mesmo excluídos do processo de decisão, temos o compromisso de resgatar a reflexão sobre as práticas culturais e a imagem da cidade.
Almandrade
Salvador,
14/10/2002
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