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Sexta-feira, 14/2/2003
Substitutos de caçada
Gian Danton
+ de 3100 Acessos

Se me fosse dado escolher os livros mais importantes do século XX, O Macaco Nu, de Desmond Morris, certamente constaria entre eles. Zoólogo por formação, Morris se destacou pelos seus estudos sobre os comportamentos de primatas antes de voltar sua atenção para os humanos. Em seu livro mais famoso, ele se indaga o que aconteceria se uma civilização extra-terrestre pousasse na Terra e resolvesse pesquisar as espécies animais. Os macacos seriam facilmente percebidos e, dentre eles, um tipo especial de macacos chamaria atenção: o macaco nu, os seres humanos. Os ETs nos pesquisariam a partir de uma comparação com os primatas e é exatamente o que Morris faz em seu livro.

Nós somos tão parecidos com os macacos quanto diferentes. E, no processo evolutivo, um fator que fez com que nos diferenciássemos de nossos primos (Não, a teoria da evolução não diz que o homem descende do macaco, como afirmam alguns desinformados. Na verdade, temos um ancestral em comum). À certa altura, deixamos de nos alimentar de frutas e começamos a caçar. Essa alteração alimentar provocou grandes transformações não só fisiológicas, como também culturais. O homem começou criar pares mais ou menos fiéis entre si, a mulher descobriu o orgasmo (nenhuma fêmea primata conhece o orgasmo) e a caçada se tornou uma diversão em si.

Um animal caçador passa tanto tempo para conseguir comida que a própria caçada precisa ter um atrativo a mais. Como diz Morris, "O ato de comer é tão retardado que a ação de matar tem de constituir uma recompensa em si mesma. Estudos feitos com gatos mostraram que o processo de motivação é bastante dividido. Agarrar a presa, mata-la, dilacerá-la e comê-la são atos sucessivos, cada um com seus sistemas de motivação parcialmente independente".

Nas sociedades modernas, o homem não precisa mais caçar para conseguir sua alimentação. Basta ir ao supermercado e comprar a comida. Isso facilitou muito o acesso à comida (para os que têm dinheiro), mas, por outro lado, deixou uma lacuna, um vácuo. A antiga motivação de caçada não desapareceu, embora ela não possa mais ser usada. Assim, o homem foi obrigado a criar substitutos de caçada.

Há alguns substitutos óbvios, como por exemplo a caçada esportivas, mas os mais interessantes são os substitutos de caçada menos óbvios.

Os esportes são um exemplo deles. O futebol, por exemplo, apresenta ainda muitos elementos de caçada: o trabalho de grupo, a busca da presa (a bola) e finalmente a morte da presa (o gol). O grande fascínio desse tipo de esporte não pode ser explicado senão por uma motivação biológica. Durante uma copa da mundo, por exemplo, milhões de brasileiros se projetam nos caçadores oficiais (os jogadores) e torcem para que eles sejam vitoriosos em sua caçada.

Curiosamente, a maioria dos esportes tem como elemento básico a pontaria, um quesito essencial em qualquer caçada. O fato dos homens gostarem mais de esportes que envolvam pontaria também é explicado por fatores evolutivos. Afinal, eram os homens que saíam para caçar.

Numa era de jogos eletrônicos, o fliperama, aquele jogo em que você tem uma bola que deve acertar vários pontos de uma mesa, ainda apresenta o seu charme por ser justamente um dos jogos que mais se parecem com uma caçada. Nos jogos digitais, os melhores são os que permitem o exercício da pontaria e o trabalho em equipe. São verdadeiros substitutos de caçada.

Para ir além





Gian Danton
Macapá, 14/2/2003

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