Para levar a Mônica a sério | Arcano9 | Digestivo Cultural

busca | avançada
104 mil/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Paulistana Marina Cyrino Leonel lança livro infantil “Clay”: uma história sobre vocações
>>> MorumbiShopping desafia a imaginação e a criatividade das crianças com o evento LEGO® Minecraft®
>>> Mila Nascimento participa de painel do 1º Café Literário do Interior Paulista
>>> AIEnruta. Anna Colom. Gira Brasil
>>> Zebra sem nome Com Cia Cênica
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
Colunistas
Últimos Posts
>>> Professor HOC sobre o cessar-fogo (2025)
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
>>> Ratamahatta (1996)
>>> Santo Agostinho para o hoje
>>> Uma história da Empiricus (2025)
>>> Professor HOC sobre Trump e Zelensky
>>> All-In com John e Patrick Collison (2025)
>>> Jakurski, Stuhlberger e Xavier (2025)
>>> Naval Ravikant no All-In (2025)
Últimos Posts
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia para descomplicar vida moderna
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Oscar Wilde, dândi imortal
>>> Mas isso é arte???
>>> A proposta libertária
>>> Bataille, o escritor do exagero
>>> Crise existencial blogueira
>>> Ter e Não Ter, de Hemingway
>>> O assassinato de Herzog na arte
>>> House, 6ª Temporada
>>> A arapuca da poesia de Ana Marques
>>> Glauber e o Golpe: da esperança ao desencanto
Mais Recentes
>>> A Irmandade das Calças Viajantes de Ann Brashares pela Rocco (2003)
>>> As idéias e as formas de José Guilherme Merquior pela Nova Fronteira (1981)
>>> Horizontes da Crítica de Fábio Lucas pela Movimento Perspectiva (1965)
>>> The Electric Welder de V. Tsegelsky pela Mir (1968)
>>> Contos De Irmãos de Ana Carolina Carvalho pela Salamandra (2009)
>>> Lawyers Desk Book the Lawyers Everyday Instant Answer Book de William J. Casey pela Ibp (1974)
>>> Composição Hidroeletrolítica de Tecidos Após Queimaduras de Ruy Geraldo Bevilacqua pela Usp (1967)
>>> Topografia Notas de Aulas de José Carlos de Paula Freitas pela Ufmg (1973)
>>> Termos Técnicos Mais Usados Em Siderurgia de Diversos pela Usiminas (1972)
>>> Coletânea de Entrevistas Virtuais, Mg Gente Que Fez na História do Bra de Rogério Alvarenga pela Santa Clara (2008)
>>> The Grasshopper de Reinaldo Domingos pela Fisicalbook (2020)
>>> Itália By Train de Tim Jepson pela Julio Louzada (1995)
>>> The Multifidus Back Pain Solution de Jim Johnson pela New Harbinger (2008)
>>> Encontro Pontual de Diversos pela Scor Tecci (2010)
>>> A Vida Em Flor de Dona Bêja de Agripa Vasconcelos pela Itatiaia (1966)
>>> Curso de Medicina Homeopática Volume 4 de Ângela Maria Quaresma Lemos pela Viking (1989)
>>> Pedagogia da Alfabetização da Oralidade à Escrita de Eglê Pontes Franchi pela Cortez (1988)
>>> Narrativas Poéticas de Diversos pela Santander (2013)
>>> Como Vivem os Espiritos de Antonio Fernandes Rodrigues pela Petit (1997)
>>> Deus Me Livre! de Luiz Puntel pela Àtica (1985)
>>> A Sabedoria Do Guerreiro de Thomas Cleary pela Record (2001)
>>> O Mundo Globalizado - Política, Sociedade e Economia de Alexandre de Freitas Barbosa pela Contexto (2008)
>>> Dez Dias De Cortiço de Ivan Jaf pela Ática (2014)
>>> O Livro Hindu do Amor o Kama Sutra Aforismos Sobre o Prazer Vatsyayana de David Jardim Júnior pela Ediouro
>>> O Mordomo da Casa Branca de Wil Haygood pela Novo Século (2013)
COLUNAS

Segunda-feira, 27/1/2003
Para levar a Mônica a sério
Arcano9
+ de 4400 Acessos

Na ordem decrescente, os meus super-heróis favoritos, e porque eu gosto deles:

5) Cavaleiro da Lua (Marvel) - Hummm... nunca entendi direito seus poderes. Também, foi pouco publicado no Brasil. Mas o que eu me lembro que me fascinava e continua me fascinando nele é que trata-se de um super-herói formado por sete pessoas diferentes. Sete! Sete pessoas tinham que deixar de existir momentaneamente para que o Cavaleiro da Lua pudesse sair por aí lutando contra o crime. Difícil entender como o super-herói consegue pensar com tanta voz diferente na cabeça.

4) Surfista Prateado e Rom (Marvel) - Coloco os dois juntos na minha lista porque, filosófica e espiritualmente, para mim, são muito parecidos. Suas histórias sempre eram mergulhos na reflexão sobre a solidão das estrelas e a inevitabilidade do destino. Lírico. Belíssimo.

3) X-Men e Novos Titãs (Marvel e DC) - De novo, estão juntos na mesma gaveta da minha mente. Acho que é porque os dois grupos são tão heterogêneos, coloridos... e sempre tiveram alguma coisa de draminha adolescente... adorava ver o Mutano apaixonado pela Estelar, que não lhe dava a mínima bola (na época que o George Péres desenhava os Titãs), ou a Kitty Pride tentando mostrar aos outros X-Men que ela era "digna" de ser incluída nas missões principais (na época que o Dave Cockrun desenhava os X-Men).

2) Monstro do Pântano (DC) - Há uns dois anos, ele certamente seria meu número 1. Eu lembro de ter chorado lendo uma história da inesquecível série de argumentos escritos pelo Alan Moore. Até hoje trato a leitura do Monstro do Pântano como uma espécie de ritual - o quarto precisa estar meio escuro, velas precisam estar acesas, eu preciso fazer meia hora de meditação antes. Acho que o que mais me fascina no personagem nem é o fato dele representar a necessidade de se pensar nas forças da natureza e levá-las a sério, mas sim seu romance com a humana Abigail Cable (acredite: cheguei a pensar em tingir meu cabelo de branco e negro, como ela.)

1) Mônica - Isso mesmo: a Mônica do bairro do Limoeiro, amiga da Magali.

Antes de dar mais detalhes sobre o porquê da minha insólita escolha para medalha de ouro, é melhor explicar o motivo que me leva a escrever sobre quadrinhos. Na esteira de "A Ciência de Jornada nas Estrelas" foi lançado nos EUA e aqui na Grã-Bretanha um livro que, certamente, vai ser comprado por impulso por muitos nerds aí no Brasil: "The Science of Superheroes" (Lois H. Gresh e Bob Weinberg, Wiley Publishing, 200 páginas). Como o próprio título já deixa claro, trata-se de uma obra que visa analisar e explicar, à luz da ciência que atualmente temos acesso, o que é possível, o que é plausível e o que é balela no mundo dos superpoderes da Marvel e DC - e até da Disney. Quando eu vi o livro a venda na Queensway já era tarde demais: já havia pago as 16 libras e o estava devorando enquanto aguardava meu burrito em um tex-mex no shopping Whiteleys.

Livros de ciência para fácil digestão por pessoas não iniciadas não são uma novidade. É incrível o sucesso que fazem. Estou falando das obras do Stephen Hawkins, como "O Universo numa Casca de Noz", ou mesmo "A Ciência de Jornada Nas Estrelas", a que me referi acima. Por que fazem sucesso? Hummm... minha teoria é que, ao contrário do que acontecia com a maioria de nós nas aulas de física e química do colegial, quando tínhamos que lutar contra o sono para nos empolgar em entender um pouco mais por que vinagre e bicarbonato de sódio juntos criam bolinhas, esses livros lidam com o que realmente sempre entendemos por ciência: o ir ao limite, o desafiar do impossível. Máquinas do tempo, principalmente, mas também voar à velocidade da luz, vencer a força da gravidade, criar vida do nada. Entender porque não daria para ouvir uma explosão em pleno espaço é entediante, por que fala da limitação causada pelas leis físicas que castram nossa imaginação. Mas entender como uma nave poderia singrar as estrelas e nos levar até Alfa Centauro é excitante, porque fala de como a ciência poderia ser amassada e jogada no lixo. É tudo uma questão de chamar de idiota aquele professor de física que reside no nosso inconsciente e que sempre nos lembra do que não podemos fazer, e não do que poderíamos fazer.

Assim como "A Ciência de Jornada nas Estrelas", "The Science of Superheroes" é particularmente apelativo para pessoas que têm ou tiveram alguma relação com o tópico. Eu li muito gibi quando era jovem, e não posso negar que tinha curiosidade em saber, de fato, se seria possível um homem respirar em baixo d'água, como o Aquaman, ou ser reduzido ao tamanho de um átomo ou ganhar poderes fabulosos devido a uma mutação genética. Essas dúvidas o livro respondente, nunca perdendo de vista o bom humor. Um momento interessante é quando o livro tenta explicar a sério os principais poderes do Super-homem. A superforça de Clark Kent é atribuída a dois elementos principais: o primeiro é que Kripton, onde teria nascido o herói, circundava um sol vermelho. O efeito do sol amarelo do nosso sistema solar fortaleceria, assim, o herói - mas os autores do livro rapidamente explicam que isso não tem o mínimo fundamento científico. O segundo elemento é que Kripton tinha uma gravidade muito maior à da Terra antes de explodir. Assim como um humano que consegue levantar 100 kg na Terra pode levantar 600 kg na Lua, Super-homem se aproveita da gravidade fraquinha do nosso planeta. Mas aí entram os cálculos. Segundo os autores do livro, se o Super-homem realmente pudesse erguer com seus braços, por exemplo, um caminhão, a gravidade que deveria existir em Kripton para que ele tivesse essa habilidade indica que o planeta natal do herói seria... 1000 vezes maior que o Sol, que já é centenas de vezes maior que a Terra. É claro que os autores ignoram a hipótese de que existam planetas com uma maior densidade de matéria, e isso pode ser um detalhe importante. Mas ainda que Kripton tivesse existido com esse tamanho imenso, ou com essa densidade imensa, dá para imaginar a força que o foguetinho que trouxe o Super-homem à Terra precisaria ter para se libertar da gigantesca força gravitacional de Kripton?

É claro que o livro também fala do que é completamente possível. Adivinha que herói poderia existir sem problemas, segundo o livro? Batman, é claro. Não se trata de algo de se estranhar, visto que Bruce Wayne não tem superpoderes. No entanto, há algumas décadas, acreditava-se que os itens de seu famoso cinto de utilidades não passassem de sonhos impossíveis: mini bombas de gás e explosivos, cordas super-resistentes... Pois é, mas aí os quadrinhos, seguindo a tradição de Julio Verne ou outros escritores de fantasia, antecipou o futuro. Praticamente todos os itens do cinto de utilidades, que antes julgavam ser impraticáveis, hoje já estão disponíveis. Batman, o visionário.

Também há os heróis que o livro aponta como impossíveis não por causa das leis da física apenas - como o super-homem, mas por causa de leis ainda mais incontornáveis: as da lógica. Tomo como exemplo o Flash. De onde ele tira tanta energia para correr? De suas refeições? Se for assim, quantas refeições por dia ele faz? E quanto ele come em cada uma delas? Você poderia argumentar que ele tem um metabolismo acelerado, e que pode comer mais e processar tudo mais rápido. Ainda assim, o Flash teria que passar boa parte de seu dia comendo ou no banheiro, se desfazendo dos restos da digestão. E quanto ao calor causado por tanta corrida? Será que o Flash sua? Se ele suar, deve suar prá caramba. "All that running might steam off the sweat, but the chemical residue might make the Flash the superheroe whose body odour announces his presence before he arrives!", brincam os autores.

Além de explicar de modo leve os dilemas envolvendo alguns dos super-heróis mais famosos, o livro também tem um outro lado interessante, já que mescla a ciência com um pouco da história dos heróis. Ele explica quais foram as eras de ouro e prata dos heróis, e porque eles foram criados, muitas vezes por pura pressão mercadológica. O livro também termina com uma série de entrevistas com alguns artistas envolvidos na atual produção de quadrinhos. O interessante, nesse caso, é que quase todos falam a mesma coisa no tocante à presença da ciência nas histórias em quadrinhos: deve haver um esforço para que as regras do universo sejam respeitadas, mas esse esforço nunca deve tiranizar a imaginação necessária para criar boas histórias. É isso aí. Histórias em quadrinhos não devem ser feitas para ser lidas na sala de aula. Elas são principalmente para o horário do recreio. É claro que um pouco de ciência não faz mal a ninguém, e pode até ajudar a história a ser mais legal.

Quanto à Mônica, agora. Ler a Mônica me dá superpoderes. Eu viajo no tempo e no espaço - retorno a um período da minha infância onde as tardes eram quentes e indolentes, e o futuro vasto e desconhecido. E meu pai vinha do trabalho toda a noite e me levava pela mão para comprar paçoca Amor no bar da esquina. E eu brincava com uns moleques na rua de terra. E empinava pipa. Sim, a Mônica é certamente minha maior ligação com o arcano9 que só existe na lembrança. Quanto à sua superforça, há várias explicações - que não constam do livro, mas que são evidentes após diligente pesquisa em tomos de biologia: a menina nasceu com uma disfunção hormonal que a faz ter mais testosterona que as meninas e os meninos de sua idade. Isso certamente é aliado à predisposição genética para desenvolver músculos e a um desequilíbrio comportamental que a faz ter ataques de fúria, que por sua vez a faz bater no Cebolinha com toda a força em seu corpinho, causando no pobre menino todo tipo de concussões e hematomas. Tudo isso é extremamente plausível. Olha só. Acho que a dentucinha merece ser levada mais a sério...


Arcano9
Miami, 27/1/2003

Quem leu este, também leu esse(s):
01. A Crise da música ― Parte 1/3 de Rafael Fernandes
02. Duofel: som e imagem de Fabio Silvestre Cardoso


Mais Arcano9
Mais Acessadas de Arcano9 em 2003
01. Quem somos nós para julgar Michael Jackson? - 10/2/2003
02. Um brasileiro no Uzbequistão (V) - 8/9/2003
03. Um brasileiro no Uzbequistão (I) - 30/6/2003
04. Um brasileiro no Uzbequistão (III) - 28/7/2003
05. Empolgação - 10/3/2003


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Matemática Pensar e Descobrir : O + Novo 8ª Série Matemática
Giovanni e Giovanni Jr.
Ftd
(2002)
+ frete grátis



Livro Ciências Exatas Métodos Quantitativos para Economistas e Administradores Volume 1 Cálculo Funções de Uma Variável
Pedro a Morettin
Atual
(1981)



Rei da Vodca: a Saga da Familia Smirnov
Linda Himelstein
Zahar
(2010)



Comentários à Novíssima Reforma do CPC
Joel Dias Figueira Júnior
Forense
(2002)



Perdoa-me
Francisco Almeida Prado
Novo Século
(2013)



Medicina Da Alma
Robson Pinheiro
Casa Dos Espiritos



L'imagination
Jean-Paul Sartre
Puf
(1981)



A Garota da Capa Vermelha
Sahah Blakley
Id
(2011)



Savitri - A Jornada de uma Alma
Luiza Lage
Essencial
(2020)



Convergências - Ciências - 6º Ano
Vanessa Michelan - Elisangela Andrade
Sm
(2016)





busca | avançada
104 mil/dia
2,4 milhões/mês