As deficiências do jornalismo não são só aquelas que vocês conhecem | Sérgio Augusto

busca | avançada
124 mil/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Bela Vista Cultural | 'Saúde, Alimento & Cultura'
>>> Trio Mocotó
>>> O Circo Fubanguinho - Com Trupe da Lona Preta
>>> Anaí Rosa Quinteto
>>> Chocolatte da Vila Maria
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
Últimos Posts
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Revista Ato
>>> Juntos e Shallow Now
>>> Contos Clássicos de Fantasma
>>> O bom, o ruim (e o crítico no meio)
>>> O surpreendente Museu da Língua Portuguesa
>>> As Últimas, de Pedro Doria e Carla Rodrigues
>>> Kafka: esse estranho
>>> Live: tecnologia e escola
>>> Cuba e O Direito de Amar (3)
>>> Política versus literatura
Mais Recentes
>>> Livro de Bolso Literatura Brasileira Quincas Borba Coleção Pocket de Machado de Assis pela Lpm Pocket (1997)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Código da Vinci Edição Especial Ilustrada de Dan Brown pela Sextante (2005)
>>> Ciência Magia ou Superstição de Tácito da Gama Leite Filho pela Vida (1987)
>>> Livro Literatura Estrangeira 1222 uma Obra de Arte do Suspense, Realmente Não da para Parar de Ler de Anne Holt pela Fundamento (2012)
>>> As Aventuras De Floribella - Portugues Brasil de Jaqueline Moretzsohn Patricia^vargas pela Landscape (2006)
>>> Linha de costura de Edith Derdyk pela Iluminuras (1997)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Conde Enfeitiçado Os Bridgertons 6 de Julia Quinn pela Arqueiro (2015)
>>> O Rei Do Rock de Luis Fernando Verissimo pela Globo (1978)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Som da Montanha de Yasunari Kawabata pela Estação Liberdade (2009)
>>> Livro Literatura Estrangeira Um Perfeito Cavalheiro Os Bridgertons 3 de Julia Quinn pela Arqueiro (2014)
>>> Economia, espaço e globalização na aurora do seculo XXI de Georges Benko pela Hucitec (1999)
>>> Simply Mick: Mick Hucknall Of "Simply Red" - The Inside Story de Robin McGibbon; Rob McGibbon pela Orion
>>> Livro Literatura Estrangeira O Guardião de Memórias de Kim Edwards pela Sextante (2007)
>>> Livro de Bolso Religião Fonte Viva Coleção Fonte Viva 4 de Francisco Cândido Xavier pela Feb (2007)
>>> Livro Literatura Estrangeira Marina `` Todos Temos Um Segredo Trancado a Sete Chaves no Sótão da Alma. Este é o Meu´´ de Carlos Ruiz Zafón pela Suma de Letras Brasi (2011)
>>> Psicologia Social do Racismo. Estudos sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil de Maria Aparecida Silva Bento pela Vozes (2019)
>>> Os Filhos De Wang Lung de Pearl S. Buck pela Globo (1952)
>>> Gnosticismo, esoterismo e magia de Richard Smoley pela Madras (2004)
>>> Livro Literatura Brasileira O Santo Inquérito de Dias Gomes pela Bertrand Brasil (2005)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Visconde Que Amava Os Bridgertons 2 de Julia Quinn pela Arqueiro (2013)
>>> Introdução ao Latim Jurídico: Lucerna Iuris de Dárcio Rodrigues; Hélcio Madeira pela Quartier Latin (2005)
>>> Livro Infanto Juvenis Rua do Berro Dente do Vampiro de Donbavand Tommy pela Salamandra (2009)
>>> Your Special Wedding Vows de Sharon Noylor pela Sourcebooks Casablanca (2004)
>>> Livro Literatura Estrangeira O Duque e Eu Os Bridgertons Volume 1 de Julia Quinn pela Arqueiro (2013)
>>> Uma Noite No Chateau Marmont de Lauren Weisberger pela Record (2011)
ENSAIOS

Segunda-feira, 28/4/2003
As deficiências do jornalismo não são só aquelas que vocês conhecem
Sérgio Augusto
+ de 8400 Acessos
+ 3 Comentário(s)

Um clássico do jornalismo no cinema: 'A Primeira Página' ('The Front Page', 1974), de Billy Wilder, com Jack Lemmon

“Você conhece alguém mais infeliz do que eu?”

Pelas aspas dá para notar que a pergunta não é minha. Quem vive (ou vivia) perguntando isso aos amigos é o Millôr Fernandes. Na primeira vez em que ele me lançou esse repto, meu primeiro impulso foi responder: “Sim, conheço. Eu.” Mas segurei as pontas, disse outra coisa ou apenas sorri, pois nem de brincadeira ou por delicadeza eu consigo me dizer infeliz.

Será isso um carma, uma maldição às avessas, uma forma branda de esquizofrenia, uma manifestação de autismo incipiente? Ou apenas uma ilusão, uma defesa para ocultar a profunda sensação de infelicidade que me devora sem que eu, idiota, me tenha dado conta disso? Nunca fiz análise, a não ser sintática, mas já me consultei, informalmente, com vários psicanalistas, e mais de um deles me disse que a razão da minha felicidade foram uma infância e adolescência sem traumas memoráveis (não tenho culpa de ter sido filho único e neto único na Santa Teresa dos anos 40 e 50) – e, acima de tudo, a ventura de haver decidido na mais tenra idade o que iria ser quando crescesse.

Salvo por um fugaz flerte, ali pelos quatro, cinco anos, com a sedutora profissão de motorneiro de bonde, o jornalismo sempre foi a minha meta; tanto que aos dez eu já co-editava um tablóide mimeografado, a que demos o paródico nome de Sujeira da Imprensa, cujo slogan era “um jornal 0% educativo”. Não nego que adoraria ter me tornado um genial pianista, mas, como nunca estudei piano, essa fantasia jamais perturbou o meu real projeto profissional. É possível que eu tenha sofrido alguma influência do cinema americano e seus destemidos e heróicos repórteres, mas, se ela houve, foi subliminar.

Se nunca me decepcionei? Evidente que sim. Só os cretinos e conformistas não se decepcionam com a sua profissão, ao menos uma vez na vida.

Malgrado tudo, como dizem os franceses, volta e meia me assalta a paranóia de que posso ter errado de profissão, que em outra atividade eu poderia ter me saído infinitamente melhor, que escrever não é bem a minha, que poderia ter estudado biologia, por exemplo, e ser hoje uma sumidade mundial e ter até conquistado para o Brasil o seu primeiro Nobel. Agora é tarde para recomeçar o que quer que seja, muito menos biologia. E já que não dá mais para sair do jornalismo, só me resta torcer para que as circunstâncias em que o praticamos se aprimorem cada vez mais. Um nicho na Internet, só, não basta. Precisamos conquistar para a nossa profissão as mesmas regalias de outras. Pombas! Somos ou não somos o quarto poder? O futebol, a despeito de sua popularidade, não é nem o quinto.

Por que o Elio Gaspari, craque inconteste do jornalismo, não pode receber algum para sair à rua com um boné da churrascaria Tourão na cabeça e qualquer perna-de-pau do Botafogo pode? Por que o Janio de Freitas, como os automobilistas que ele tanto admira, não pode ser patrocinado por diversas empresas e até usar uma jaqueta cravejada de logomarcas?

A propósito dos 500 anos do achamento do Brasil, toquei na revista Bundas em algumas figuras, a meu ver, com perdão da palavra, emblemáticas de nossa história, como o Bacharel de Cananéia e o governador Luiz Vahia Monteiro, o Onça. Por já ter escrito sobre o Onça na revista Bravo!, fui gozado por um poeta amigo, que, sem levar em consideração os outros portugueses só mencionados no artigo de Bundas, lançou a suspeita de que eu, malandramente, contrabandeara textos de uma revista para outra. Os dois artigos eram diferentes, mas ainda que fossem idênticos, pergunto: e daí? Por que, diabos, um músico pode subir num palco e cantar pela enésima vez um tema do seu repertório – e até ser estrepitosamente aplaudido por isso – e nós, jornalistas, somos obrigados a apresentar sempre uma obra inédita? Isso não é justo.

Gostaria de poder repetir os meus modestos hits, em especial os que já caíram no esquecimento e aqueles que, porventura, tenham deixado saudade em alguns leitores. Tenho certeza de que diversos leitores de Bundas, Bravo!, do Estado de S. Paulo e onde mais venho me apresentando (viram como já incorporei o jargão dos artistas?) apóiam essa reivindicação, e não me surpreenderia se alguns deles até me fizessem pedidos, como as platéias costumam fazer com os músicos. Também lastimo não me beneficiar de um recurso equivalente ao play-back a que os músicos recorrem a torto e a direito – e sem oferecer qualquer abatimento no preço do ingresso! Se se aceita que um cantor entre em cena e, rigorosamente, nada cante, apenas acompanhe com movimentos labiais a sua própria voz pré-gravada, por que nós, jornalistas, além da obrigação de produzir sempre um texto novo, ainda temos de digitá-lo com nossos próprios dedos?

O scanner e o comando ctrl + c (vulgo control-copy) seriam o play-back do jornalista. A gente abriria e marcaria um texto na tela do monitor, teclaria ctrl + c, alt + tab + z, e o reabriria em outra página, destinando-o a outra publicação. Vou dar um exemplo:

Seus personagens favoritos foram criados por Pirandello, Molière, e Feydeau, mas ele teve de se contentar com os que autores menos nobres criaram, alguns especialmente para ele, o que não deixa de ser uma glória. Nas telenovelas de Gilberto Braga, seu mais fiel Molière, há quase sempre um papel sob medida para a sua distinta figura – geralmente um varão de fino trato, culto, inteligente, bonachão e ranzinza. Não foi esse o José Lewgoy que as gerações mais antigas aprenderam a admirar, mas, como seus amigos podem atestar, é esse o José Lewgoy que mais se casa com o perfil do ator, certamente o mais refinado e cultivé que já tivemos. O único, que eu saiba e conheça, capaz de discutir cinema, teatro, literatura, artes plásticas, balé e música de igual para igual com especialistas de cada uma dessas áreas. E às vezes levando vantagem.

Isso aí era o lead de um perfil do Lewgoy que publiquei na revista República. Quantos de vocês o leram? Quantos gostariam de ler o resto? Tsk, tsk, vão ficar na vontade. Nem em disquete ele será reeditado. E em CD, então, nem pensar. Profissãozinha limitada, essa nossa.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado na revista Bundas, em sua edição de 11 de julho de 2000.

Para ir além






Sérgio Augusto
Rio de Janeiro, 28/4/2003
Mais Sérgio Augusto
Mais Acessados de Sérgio Augusto
01. Para tudo existe uma palavra - 23/2/2004
02. O melhor presente que a Áustria nos deu - 23/9/2002
03. O frenesi do furo - 22/4/2002
04. Achtung! A luta continua - 15/12/2003
05. Filmes de saiote - 28/6/2004


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
18/6/2003
19h50min
Sérgio: só para lhe dizer que este seu artigo é perfeito! Existe alguém mais infeliz que você? Sim, eu, que penso o mesmo e jamais o escrevi e nem tenho onde fazê-lo, pois ando mais fora do mercado do que, como se dizia nos seus nossos tempos de chanchadas tão bem biografadas por você, umbigo de vedete......Parabéns. Seu velho introdutor no jornalismo e fã. Paulo Alberto
[Leia outros Comentários de Paulo Alberto Montei]
19/6/2003
12h42min
Sérgio: Para com isso! Parece aqueles entediados burgueses dos filmes do Bergman. Eles até podem, com aquele clima (depressão sazonal) e padrão econômico nórdico, sofrer de tédio, mas você, que tem todo o espaço para expressar suas inquietações e vive em um país ensolarado e tão cheio de vida, até pode estar infeliz, por n razões, que vão desde a indigência cultural hegemonica que, ressalte- se não é só brasileira, até a vigarice eleitoral recente que deixou perplexa e estupefata toda aqueles que esperavam por mudança. Concluindo, você - e todos nós que acreditamos em mudanças -pode estar infeliz, Proibido é ser infeliz. Um cara que é lido pela elite intelectual brasileira e escreveu um livro como Lado B (coletãnea de artigos), que li e achei fantástico, não pode cair na armadilha da depressão.
[Leia outros Comentários de Jorge Alberto Benitz]
19/6/2003
17h29min
Tudo isto é verdade, Sérgio, ou uma de suas instigantes perspectivas. Para prevenir-me de carências futuras, sou dos que recortam textos para a caixinha de guardados, os dignos de notas. Muitos jornalistas colhem em suas caixinhas os seus diletos e os republicam em livros. Agora um tanto de verdade em outra perspectiva: não gosto de shows musicais, nem de refrão, não assisto jogos, noticiário esportivo, Jô ou Faustão e, embora tenha alguns discos que escute inúmeras vezes, acho que grande parte das formas de replay que citaste é que deveria ser banida dos nossos hábitos culturais.
[Leia outros Comentários de Jean Scharlau]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Meu 1º Larousse Dicionário
Vários Autores
Lafonte
(2011)



Objeções de um Rottweiler Amoroso
Reinaldo Azevedo
Três Estrelas
(2014)



Feliz
José Carlos de Lucca
InteLítera
(2015)



The Picture in the Attic + Bad Blood
Richard MacAndrew; Cathy Lawday; Sue Leather
National Geographic Learning
(2018)



The Walking Dead - 4 Volumes
Robert Kirkman
Galera
(2011)



A Educação Pré-Escolar 333
Marieta Lúcia Machado Nicolau
Ática
(1997)



Tempos Interessantes: uma Vida no Século Xx
Eric J. Hobsbawm
Companhia das Letras
(2002)



Livro de Bolso Literatura Brasileira Dom Casmurro Coleção a Obra-Prima de cada Autor
Machado de Assis
Martin Claret
(2010)



Livro Infanto Juvenis Garoto Em Parafuso
Samir Thomas
Scipione
(2004)



Cyrano de Bergerac
Edmond Rostand
Scipione
(1992)





busca | avançada
124 mil/dia
2,0 milhões/mês