A falta de paciência com o cinema | Marcelo Miranda | Digestivo Cultural

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Segunda-feira, 9/5/2005
A falta de paciência com o cinema
Marcelo Miranda
+ de 7700 Acessos
+ 13 Comentário(s)

"Se você não fosse crítico, será que ia gostar?" A pergunta me foi feita recentemente por uma colega de trabalho, após intensas discussões sobre a qualidade (ou falta de) do filme Reencarnação, com Nicole Kidman, ainda cartaz em algumas salas do país. Tudo girava em torno de dois conceitos a princípio meramente pessoais: o filme é bom; e o filme é ruim. Falar e debater isso não é trabalho algum, pelo contrário, é prazer. Não há nada mais estimulante na experiência pós-fílmica (inventei essa expressão?) do que concordar ou, principalmente, discordar do argumento alheio. Mas nunca eu tinha sido desarmado por um comentário tão simplório: "você é crítico e enxerga com outros olhos. Por isso o filme te parece bom".

Não sei explicar o motivo dessas frases terem me incomodado tanto. Muito menos o porquê de ter tido a reação que eu tive: baixinho, quase pra dentro de mim, disse à colega "não é bem isso", virei as costas e saí, desconcertado. O que dizer a ela? O que mais argumentar? Nestas perguntas e afirmações, ela já decretava que jamais mudaria a opinião, pois, na sua cabeça, o único motivo de não ter gostado de Reencarnação era não ter os "olhos do crítico". E ponto final (isso para evitar discorrer sobre o peso terrível que ela colocou nas costas do filme - "é o pior que já vi na minha vida", me levando a pensar, maldosa e silenciosamente, que ela deve ter visto muitos poucos filmes na vida. Enfim...).

Pensando melhor no desfecho do amigável bate-boca, mais uma vez me veio à mente a conturbada relação do crítico com o público. Quem nunca xingou os maiores impropérios ao ver um zé-mané escrever no jornal ou revista absurdos (positivos ou negativos) de determinado artista ou obra? Quantas vezes não nos pegamos pensando "ora, que coisa inaceitável! Quem é ele pra falar isso?" Mesmo os próprios críticos têm rusgas com o trabalho dos companheiros de profissão, menos por se acharem maiores e mais pelos próprios pensamentos e crenças, formados (nos casos dos bons profissionais) por anos de estudos e aprendizados.

Já o público em geral... Esse não tem dó. São poucos os leitores que param e tentam entender os motivos para o crítico tecer determinados argumentos. Menos ainda tentam compreender seu ponto de vista. Se foi contrário ao de quem lê, é guerra decretada. E como a crítica em geral, por viver e estudar aquilo que escreve, por estar inserida em universos quase específicos das artes, já desenvolveu certo refinamento nos gostos, na escrita, nas opiniões, o pensamento médio é normalmente o mesmo: se o crítico gostou, estou fora.

E dá-lhe uma barreira por vezes intransponível entre essas duas entidades, o todo-poderoso crítico e o indefinido público médio (englobando aí ouvintes, leitores, espectadores e afins). Este é um assunto já fartamente debatido, mas jamais concluído. Enquanto existirem os críticos, existirão os detratores dos críticos e essa aura de "do contra" do profissional que se aventura a escrever da obra de arte alheia.

O que me leva de volta à minha colega de trabalho. Naquelas simples palavras que tanto me derrubaram, ela apenas quis dizer que não adianta o público se igualar ao crítico. Este último não vive no mesmo mundo daquele. Nem vale a pena discutir, pois, mais uma vez nas palavras arrasadoras da colega, "a função do crítico é discordar". Discordar do quê - do que ela pensa? do que a massa pensa?? do que eu mesmo penso???

Falta paciência no mundo das artes. Especificamente na área de cinema, na qual atuo com mais afinco e conhecimento, sinto que falta MUITA paciência. Paciência para apreciar um filme mais lento, para aproveitar cada segundo na sala escura com o que de melhor se pode tirar da tela, entender gestos e palavras nem sempre de sentido fechado, esquecer do roteiro por um instante e se embasbacar com imagens, sons, movimentos, corpos, natureza. Enfim, sentir o cinema não como a arte de contar histórias (muitos ainda o enxergam apenas assim), mas como experiência sensorial única, sem comparativos dentro da arte, na qual planos e montagem fazem criar toda uma poesia que resvala da tela para o nosso universo. Não nos preocupar com os lances "geniais" do último roteiro de M. Night Shyamalan, mas tentar entender as reais propostas de uma pequena obra-prima como A Vila. Não nos ater aos detalhes limitados da conclusão de Reencarnação, mas ao rosto sofrido e expressivo de uma Nicole Kidman à beira do colapso, perturbada por algo sem explicações racionais e ao qual ela percebe a gravidade durante a apresentação de uma ópera. Esquecer a "necessidade" de um desenvolvimento "aprofundado" de personagens e mergulhar na (falta de) psicologia de Elefante e sua visão seca e contundente sobre a presença constante da violência no cotidiano de jovens de classe média. Parar de cobrar de todo casal o sexo puro e simples e passar a curtir os momentos eternizados nos olhares encabulados de Encontros e Desencontros. Não buscar apenas referências hitchcockianas no quase-suspense criado em O Outro Lado da Rua e tentar compreender na profundeza dos personagens de Fernanda Montenegro e Raul Cortez e na direção sensível de Marcos Bernstein a relação de solidão e afetividade existente naquele casal e sua busca alucinada, porém interiorizada, de atenção, afeto e amor no final da vida.

São inúmeros os exemplos de filmes pouco compreendidos no cinema recente. A mente falha em horas como essas, mas dá para levantar vários que se encaixariam numa categoria criada aqui, agora: a dos filmes que clamam por paciência. Não por serem lentos, arrastados, chatos. Longe disso. Simplesmente por serem menos afoitos do que a maioria das obras apresentadas a nós anualmente pelo viciado circuito comercial brasileiro. Será que a televisão invadiu com tanta força as mentes dos espectadores, tornando-as massas amorfas e sem raciocínio que, ao se depararem com qualquer outro trabalho audiovisual sem aquele "padrão de qualidade", logo ficam tão revoltadas e incomodadas a ponto de enxovalharem em praça pública o pobre do trabalho despadronizado? Porque só isso explicaria o sucesso de coisas como Os Normais - O Filme, produto televisivo transposto para a tela grande, repetindo os mesmos conceitos e linguagens da telinha, com a diferença de, agora, o espectador pagar para ver. Até quando a cultura do "mais do mesmo", do "quero o que conheço", vai imperar?

É onde entra a função do bom crítico, seja lá de que arte for. Ele deve saber muito bem do que está falando, para encaminhar o receptor nos caminhos mais certeiros para a melhor apreciação da obra. Não adianta querer impor a visão. É preciso propor, provocar, induzir o "alvo" a não simplesmente aceitar o que está escrito, mas tentar formar um ponto de vista próprio a partir dos escritos. Como dizia o francês André Bazin, talvez o mais importante crítico de cinema em todos os tempos (um perigo afirmar isso!), "a função do crítico não é trazer numa bandeja de prata uma verdade que não existe, mas prolongar o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade dos que o lêem, o impacto da obra de arte". Palavras sábias e lúcidas de quem exerceu seu trabalho da forma mais exemplar possível. Num simplismo apropriado, mau crítico é aquele que se acha o descobridor definitivo dos segredos da obra; bom crítico é o que quer entender os significados junto com quem o acompanha ou, no mínimo, dar as referências necessárias para a descoberta. É quase uma continuação do filme, um adendo, um posfácio, fundamental para a evolução, registro e compreensão da cultura em geral.

Só que, de uns tempos pra cá, o crítico não vem sendo muito aceito na função a qual deveria lhe caber. Costumo sempre atacar em meus textos opinativos de cinema o fato de alguns diretores ou produtores considerarem seu espectador um ser incapaz de entender o que está ali, impresso na tela. Olga, por exemplo, é filme que grita por atenção, pede o choro, clama por emoção de quem o assiste, através dos recursos mais artificiais e superficiais possíveis (música altíssima, closes e lágrimas, crianças sendo levadas da mãe), matando totalmente uma possível crença na capacidade mental do espectador em entender os acontecimentos apresentados. Mas se Olga é capaz de ser o segundo maior sucesso do ano no cinema brasileiro e se filmes que pedem um mínimo de participação ativa do público são taxados de "chatos", "modorrentos", "nada envolventes" ou outras adjetivações semelhantes, sem que parte desse público aceite sequer abrir a cabeça para novas idéias de profissionais gabaritados a tentar lhes iluminar, talvez os tais diretores e produtores citados no início deste parágrafo não estejam tão equivocados quanto eu supunha. Ou então, como bem comentou um outro amigo cinéfilo meu, é um círculo vicioso: os filmes oferecidos em larga escala são cada vez mais burros (com honrosas exceções), por conta disso o espectador exige cada vez menos, e ele vai ficando sempre mais "emburrecido". Ou, por fim, o negócio é continuar nessa eterna e triste murada separando hermeticamente os críticos e os espectadores "comuns". E fiquemos todos assim, cada um no seu mundinho, cientes de estarmos pensando a coisa certa - minha colega de trabalho, pelo menos, não tem dúvidas quanto à visão dela sobre Reencarnação, e certamente vive feliz com isso. Talvez os bobos sejamos nós, os críticos "com outra visão", que esquentamos a cabeça demais.


Marcelo Miranda
Juiz de Fora, 9/5/2005

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
9/5/2005
10h38min
Complementando: não sei se "Reencarnação" é o pior filme que vi. É um dos três ou quatro piores... Talvez o título nacional esconda a verdade: o roteirista deste filme deve ser o próprio Edward Wood Jr. reencarnado!
[Leia outros Comentários de Joaquim Azevedo]
10/5/2005
00h19min
Marcelo, é verdade que tem aqueles que não entendem nada e querem opinar com toda a sabedoria do mundo. Deve-se ter paciência com eles, porque quase todo mundo faz isso e não percebe o trabalho que o crítico tem para se tornar conhecedor de toda uma história para lhe dar uma melhor base ao analisar os filmes. A obra, depois que é feita, passa a ser de quem a assiste, não acha?
[Leia outros Comentários de Flávia Medeiros ]
10/5/2005
08h38min
É um prazer enorme poder ter lido um texto tão bem estruturado com este. Na atual conjuntura, poder ter esse tipo de prazer, ao falarmos de cultura e, principalmente de cinema, é raro. Raro, porque cada vez mais pessoas falam e escrevem o que querem, sem embasamento ou certeza alguma. E você, caro Marcelo, como sempre, nos dá o prazer de ótimos textos, recheados de críticas e sensibilidades ímpares. Mais uma vez, parabéns! Sucesso! E que possamos ter o prazer de suas colunas espalhando-se pelo mundo, talvez aculturado e carente de colunistas competentes como você.
[Leia outros Comentários de Carol Piva]
10/5/2005
10h36min
Acredito que o cinema hoje em dia tem sido interpretado pelas pessoas da mesma forma como elas interpretam a TV cotidiana. As pessoas avaliam se um filme é bom (ou não) através da quantidade de cenas banais ofertadas: um tiro certeiro, uma bunda em close... e é só! As pessoas estão perdendo a paciência e a capacidade de refletir sobre cenas mais bem trabalhadas do que somente isso. Não têm "paciência" pra assistir uma boa produção ("Má educação", de Pedro Almodóvar, por exemplo), um filme introspectivo ("Moça do Brinco de Pérola", de Peter Webber, outro magnífico exemplo). Essa falta de paciência e sensibilidade esbarra no maior problema do mundo atual: a velocidade de informação! Cabe a nós, sensíveis pelo mundo das artes, despertar, ao menos em nosso meio, a curiosidade da descoberta por esse mundo onde o tempo está a nosso favor, onde um minuto pode até definir a vida de um personagem, mas venha cá, isso acontece de forma tão bem programada que esse um minuto se torna uma eternidade... e a impaciência, se quiser, por favor, que assente ao nosso lado e espere passar um desse eterno minuto por que o filme ainda está no "ar"... Marcelo, parabéns por continuar nos incitando a curiosidade pela sétima arte. E aos outros, paciência!
[Leia outros Comentários de Maurícia M. Cocate]
10/5/2005
11h51min
Ótimo, Marcelo. Apenas uma ressalva: se "ela" achou o pior filme da vida dela um filme que agradou a você, a conclusão não poderia ser que ela viu poucos filmes na vida, mas sim que ela viu excelentes filmes na vida, a ponto de um bom filme ser o pior... Valeu! André.
[Leia outros Comentários de André Pires]
10/5/2005
16h53min
Se é consolo saber, Marcelo, não é só nos domínios do cinema que falta paciência. Já experimentou ler as críticas de teatro nos jornais? A distância entre o crítico e o público é cada vez maior porque a distância entre o homem e a arte é muito grande. O papel do crítico é atuar como uma ponte entre a obra e o público, oferecendo referências para a fruição sem invadir o espaço opinativo do leitor. Mas como ser ponte, quando não há o que ligar? O artista fala uma língua diferente do chamado "homem médio".
[Leia outros Comentários de Evandro Medeiros]
11/5/2005
15h48min
Talvez, uma resposta seja que todos querem mesmo é o familiar. E da mesma maneira imaginam o papel do crítico como sendo o do colega que vai receitar algo familiar. O crítico também tem um segundo papel neste tipo de pensamento: o homem que será o objeto de tudo que achamos ridículo e discordamos... Afinal, nada melhor do que ter um nome associado a coisas que não queremos saber, entender ou discutir. Alie isso a boa quantidade de críticos que agem como torcida em arquibancada, e você tem uma plausível receita para explicar o que está acontecendo... Duas questões tostines: Se os críticos são tão irrelevantes porque as pessoas ainda os leem antes ou depois de ir ao cinema? E o pior, porque alguém deixaria de ir ou iria a um filme devido a opinião de um único indivíduo, mesmo que seja mais qualificado? Acho que para você desenvolver seu próprio gosto, tem que assistir muitas coisas diferentes, e no processo quem sabe descobre como apreciar um filme... Viajando um pouco, acho que é o mal dos dias de hoje: tudo tem que ser perfeito, não basta apreciar o que cada coisa oferece de bom....
[Leia outros Comentários de Ram]
11/5/2005
21h13min
A verdade é que a paciência deve vir dos dois lados. Mas, se há uma diferença tão grande entre o mundo do crítico e o do leitor, por que as críticas cinematográficas ainda são lidas? O crítico deve "pensar como público" para atingir o leitor? O fato é que quem questiona as opiniões dos críticos é porque lê, e lê porque gosta, porque precisa desse "adendo do filme", por mais que discorde dele. O leitor precisa saber alguma coisa para escolher que filme quer ver. Não que todos os críticos sejam bons, mas depois desse seu texto (escelente, aliás), verei com outros olhos as críticas publicadas nos jornais. Parabéns.
[Leia outros Comentários de Erika Ferreira]
12/9/2005
01h32min
Caro, Marcelo, nesta noite por exemplo sem querer me deparei com dois excelentes textos sobre cinema e apreciação estética ao som do Charles Mingus, será que sou um erudito...? Seu texto é perfeito nas considerações secundárias, porém, penso que a questão vem do inicio, quando o moleque não tem nenhum incentivo a uma verdadeira apreciação estética... a sua angústia ao que me parece é que a tese de Walter Benjamim tenha se confirmado, o trabalhador sai do trabalho e vai ver um filme, ele quer ver as bundas e tiros e pronto, entretenimento puro e simples... penso humildemente que é uma questão de educação e curiosidade despertada, no mais, o lance é que o ser humano é descendente direto da girafa. Penso também que é uma questão de embrutecimento do corpo, só respondem aos mesmos estimulos... Excelente texto esse seu.
[Leia outros Comentários de Danilo Santos Cruz]
15/2/2006
14h59min
Adorei seu texto mas preciso dizer duas coisas: o talento dramático de Nicole Kidman é comparável ao de um espinafre, mas ela é linda e, nesse filme, está muito bonita; Reencarnação é um dos piores filmes que eu já assisti na vida (e nem é pelo tema - embora devam existir ao menos uma dúzia de filmes sobre o mesmo tema infinitamente superiores). Mas todo filme tem alguma coisa pra dizer para alguém. Você gostou do filme porque o filme te disse alguma coisa. Agora, Elefante é um filme de primeira grandeza. Está na minha lista dos 10 melhores de todos os tempos. Para completar: sim, a televisão nos deixou todos burros demais. Não assisto TV há mais de dez anos e nem sinto falta.
[Leia outros Comentários de Daniela Castilho]
10/5/2006
01h30min
Vim ao digestivo cultural meio que sem querer, procurando o nome de algo no google que nem sei ao certo o que foi. Acho que foi o último (muito bom) filme do Spike Lee. Li a matéria sobre ele e acabei indo até ao seu texto incrível sobre a falta de paciencia no cinema, isso que durante tempos me angustiou. Discutia assim como voce com um amigo, dia desses, sobre isso, ele le pouco sobre cinema e me achou arrogante enquanto eu defendia o que era sacar ou nao Encontros e Desencontros da Sofia Coppola. Talvez eu tenha realmente sido, talvez porque eu seja meio leoa em relacao a obras de arte que me tocam de alguma forma. (Continua...)
[Leia outros Comentários de Tainah Negreiros]
10/5/2006
01h32min
Li teu texto e estou meio que de alma lavada. sendo que no mesmo texto voce falou de filmes belíssimos como O Quarto do Filho. Na verdade percebi que o que voce fez foi uma defesa do cinema em virtude dos roteiros filmados que se espalham pelos movieplex do país. Quando eu digo cinema voce deve saber, aquele da imagem carregada de significado... aquele da imagem. Veja só, acho que estou falando demais, porque sinceramente, esse tema que voce abordou é uma das minhas maiores angústias nesses meus 19 anos de vida. Reflexões sobre cinema, a sua não obviedade... Em outra conversa, discutia com outro amigo sobre o filme O filho, dos irmãos Dardenne (grandes artesãos do cinema), ele me questionava o que eu via naquela chatisse, ou complexidade... eu só conseguia pensar que o que me toca tanto nesse filme, como no já citado da Sofia Coppola, é a forma inacreditalvelmente simples de se fazer uma arte honesta. Quando menos é mais. Quando se fala pouco. Falta paciencia sim, voce tem razão. (Segue...)
[Leia outros Comentários de Tainah Negreiros]
10/5/2006
01h34min
(Conclusão...) Criou-se uma necessidade no grande público de que cinema há de ser veloz, creio que na velocidade do capitalismo, pode ser... penso em um monte de coisas sobre isso, penso em um Tarantino frenético que no seu volume dois consegue ainda ser honesto. Acho que o segredo está na honestidade. Deve ser isso... Acredito que os pensamentos sobre isso continuam a me perseguir. Mas, depois do teu texto, tenho boas repostas a dar em discussões. Um abraço!
[Leia outros Comentários de Tainah Negreiros]
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