Pare, Lola, Pare - e veja este filme | Daniela Sandler | Digestivo Cultural

busca | avançada
44126 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Teatro do Incêndio e Colmeia Produções convidam o público a partilhar saberes no ciclo Incêndios da
>>> ZÉLIO. Imagens e figuras imaginadas
>>> Galeria Provisória de Anderson Thives, chega ao Via Parque, na Barra da Tijuca
>>> Farol Santander convida o público a uma jornada sensorial pela natureza na mostra Floresta Utópica
>>> Projeto social busca apoio para manter acesso gratuito ao cinema nacional em regiões rurais de Minas
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Aproximações políticas, ontem e hoje
>>> Surf em cima do muro
>>> E não sobrou nenhum (o caso dos dez negrinhos)
>>> Semana da Canção Brasileira
>>> Cartas@de.papel
>>> 24 Horas: os medos e a fragilidade da América
>>> Ai de ti, 1958
>>> Cultura, técnica e uma boa idéia
>>> Aqui você encontra?
>>> Desvirtualização no Itaú Cultural
Mais Recentes
>>> Entenda o Direito de Thaméa Danelon pela Cedet (2022)
>>> Jesus O Servo Poderoso de Clark Peddicord pela Candeia (1992)
>>> Como o Corpo Humano Funciona de Globo pela Globo (1992)
>>> As Armas Da Persuasão 2.0: Edição Atualizada E Expandida de Robert Cialdini pela Harpercollins (2021)
>>> Empresas Familiares. Seus Conflitos Clássicos E Como Lidar Com Eles de Grant Gordon pela Disal (2008)
>>> Uma Aventura de Asterix o Gaulês - os Louros de César de Uderzo - Goscinny pela Record (1985)
>>> Uma aventura de Asterix o gaulês - O presente de César 21 de Goscinny - Uderzo pela Record (1985)
>>> Guia Completo Sobre Diabetes de American Diabetes Association pela Anima (2002)
>>> Manual De Farmacoterapia de Barbara G. Wells; Joseph T. DiPiro, outros pela Amgh (2006)
>>> Uma aventura de Asterix o gaules - Asterix entre os Belgas 24 de Uderzo - Goscinny pela Record (1985)
>>> Ayrton Senna: Um Tributo Pessoal de Keith Sutton pela Siciliano (1994)
>>> Host Defense Dysfunction In Trauma, Shock And Sepsis: Mechanisms And Therapeutic Approaches de M.d. Faist, Jonathan L. Meakins Eugen pela Springer Verlag (1993)
>>> A Vida Não É Justa de Andréa Pachá pela Harper Collins (2017)
>>> Nazismo: As Grandes Reportagen de Aventuras Na Historia pela Caras (2015)
>>> Germinal de Émile Zola; Silvana Salerno(Adp.) pela Seguinte (2016)
>>> História Econômica Do Brasil de Caio Prado Jr. pela Brasiliense (2025)
>>> A Cruz E O Graal de Ellwood pela Cultrix/pensamento (1999)
>>> Método Silva De Control Mental de Jose Silva, Philip Miele pela Editorial Diana, S.a. (2005)
>>> Daniel e as Bactérias de Flavio Alterthum e Fernando Vilela pela Binah (2025)
>>> A Indústria e a água de David Veiga Soares pela Do autor (2023)
>>> O caminho do mago de Deepack Chopra pela Rocco (1987)
>>> Mitologia Grega 3 Volumes de Junito de Souza Brandão pela Vozes (1989)
>>> Ximlóp de Gustavo Piqueira pela Joaquina (2025)
>>> A Alegria Espera Por Voce de Upile Chisala pela Leya (2023)
>>> A era do escândalo de Mário Rosa pela Geração (2012)
COLUNAS

Quarta-feira, 22/8/2001
Pare, Lola, Pare - e veja este filme
Daniela Sandler
+ de 5400 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Yara Mitsuishi

Você se lembra de Corra, Lola, Corra? A mesma dupla - o diretor Tom Tykwer e a atriz Franka Potente - está em A Princesa e o Guerreiro (Alemanha, 2000), em cartaz aqui nos Estados Unidos. Com Tykwer não dá para usar o clássico "se você gostou de..., não perca este...". Não é que a obra do cineasta não tenha a sua marca. Muito ao contrário - o acento do diretor sempre está lá, para quem quiser ver: no rigor compositivo, na sensibilidade e atenção às minúcias emocionais dos personagens, na obsessão por temas como destino, coincidências e acaso. No entanto, a maioria das pessoas ainda associa Lola ao grafismo das cenas, à estética pop-quadrinhos e ao humor quase histérico. Ainda bem, no entanto, que Tykwer não se prende a fórmulas - nem às próprias.

Mantendo a identidade criativa do diretor, cada um de seus filmes explora temas e estéticas diversas, de modo sempre surpreendente. Foi assim com Wintersleepers - Inverno Quente, a história delicada e emocionante de um grupo de pessoas que têm suas vidas subitamente interligadas por um acidente de carro numa gelada cidadezinha de montanha. Nesse filme, a estilização que é óbvia em Corra, Lola, Corra aparece em registro sutil - por exemplo, na identificação de cada personagem com uma cor básica. A garota passional e afetuosa só veste vermelho; sua amiga séria e sensível só usa verde; o homem misterioso com problemas de memória só usa preto... o recurso é tão bem utilizado que um amigo meu, que assistiu ao filme comigo, nem percebeu. O mesmo fenômeno ocorre agora com A Princesa e o Guerreiro, em que vários temas e modos dos filmes anteriores aparecem transformados.

De uma certa forma, dá até para dizer que A Princesa... é um cruzamento entre Lola (1998) e Wintersleepers (1997). Corra, Lola, Corra é um filme frenético e estimulante, em que até mesmo a morte aparece com leveza, não apenas pelo recurso narrativo dos três finais diferentes como também pelo tratamento formal. Wintersleepers, por sua vez, é denso, suave, lento; triste e esperançoso ao mesmo tempo. Wintersleepers destila dor e encantamento; em Corra, Lola, Corra não há tempo para sentir nada que não a vertigem "montanha-russa" do filme. Em A Princesa e o Guerreiro, há ação de sobra, seqüências vertiginosas, socos no estômago (do espectador e dos personagens). As pessoas da platéia cravam as mãos no braço da poltrona, tensas; algumas não contêm o grito de susto ou espanto. No entanto, a história do filme é uma história de amor: de dor e de encantamento, costurada com fios sutis mas certeiros. E quanto mais se pensa na história, mais bonita e sensível ela parece.

Em suma: é filme de deixar as pernas bambas de tanta ação, mas ao mesmo tempo é filme de fazer pensar depois que a sessão acaba.

A admirável Franka Potente, a ruiva Lola, agora é chamada Simone e está de cabelos loiros. Seus traços fortes e sua interpretação intensa carregam um pouco da Lola para este filme, mas a sensação de familiaridade inicial logo se dissolve diante de mais uma caracterização forte. Simone, ou Sissi, como é chamada (não há de escapar a associação com os filmes sobre a princesa Sissi, que virou imperatriz, interpretada por Romy Schneider), é enfermeira num manicômio. Sissi é afetuosa, atenciosa, magnética, rodeada pela corte de pacientes que a adoram.

De novo, Tykwer fala de destino. Em Corra, Lola, Corra, era a especulação sobre o acaso e sobre as "conjunções de fatores" necessárias à ocorrência de um evento. Por um lado, um questionamento do destino - como se o evento final, resultado de pura chance, não tivesse maior importância que os demais possíveis desfechos. Por outro lado, a confirmação da "força" do destino: afinal, o desfecho não estava nas mãos de Lola nem ao alcance de uma decisão racional, mas determinado por uma conjuntura maior que vontades e indivíduos. Já Wintersleepers era estruturado pela coincidência - pelo fio tortuoso e inesperado que ligava as vidas dos vários personagens. Poderia parecer um simples elogio do acaso - o destino das pessoas, no entanto, engendrava-se tanto por fatos externos como por suas decisões pessoais e sua conduta.

A Princesa e o Guerreiro ecoa esses temas: acaso versus coincidência versus vontade autônoma. Um ato aparentemente isolado e sem conseqüência acaba por transformar a vida de Sissi e por ligá-la indelevelmente à vida de Bodo (o guerreiro). Esse ato, no entanto - a mão do acaso, a chance - não teria seu efeito se não fosse potencializado por uma série de coincidências e pela intervenção decidida e voluntariosa de Sissi.

O ato está no começo do filme - uma carta que Sissi recebe de Meike, uma moça misteriosa (não dá para saber se é amiga, namorada ou parente de Sissi) que mora numa mansão encastelada num penhasco à beira-mar. Se o título do filme sugere romantismo medieval, a imagem confirma a impressão... como sempre, porém, a estilização é sutil, e, como nas cores de Wintersleepers, o tom épico e cavalheiresco pode passar despercebido sob a roupagem naturalista e discreta do filme.

Vou resistir à tentação de contar o que acontece depois - a surpresa dos fatos e cenas é sempre uma das delícias de um filme. Digo este tanto: Tykwer mistura situações delicadas e comoventes com cenas chocantes e violentas; trata os personagens, inclusive sua Sissi, de forma quase impiedosa (e, se você tem estômago sensível, prepare-se para uma aflitiva cena de traqueostomia); e acaba até enfiando uma cena em que um personagem corre no meio do trânsito pesado (citando seu próprio Lola...). A Princesa e o Guerreiro funde conto-de-fadas e filme policial; a mistura, longe de indigesta, funciona. Mesmo porque os contos-de-fadas originais - estórias populares européias - primam tanto pela fantasia romântica quanto pelo terror e violência.

De todo modo, a platéia torce pela heroína, que, além de princesa, revela-se a verdadeira guerreira da história. Não adianta destino, coincidência ou ser "feito um para o outro" se não houver esforço e luta. Os apaixonados que assistirem ao filme hão de sair convencidos de que, sim, devem lutar e dar a cara a bater...

Para saber mais

http://www.spe.sony.com/classics/buyitonvideo/2001/princesswarrior.html



Daniela Sandler
Rochester, 22/8/2001

Quem leu este, também leu esse(s):
01. O caso Luis Suárez de Humberto Pereira da Silva


Mais Daniela Sandler
Mais Acessadas de Daniela Sandler em 2001
01. O primeiro Show do Milhão a gente nunca esquece - 8/8/2001
02. Quiche e Thanksgiving - 21/11/2001
03. A língua da comida - 29/5/2001
04. Notícias do fim-do-mundo - 24/10/2001
05. Mas isso é arte??? - 29/8/2001


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
18/4/2002
13h29min
Eu adoro qualquer filme que a Franka Potente trabalhe....Por isso sou suspeito para dar a minho opinião!!!!
[Leia outros Comentários de Joao Luiz Palma ]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro A Mão Invisível
Adam Smith, traduzido por Paulo Geiger
Penguin, Companhia das Letras
(2013)



Depois de Auschwitz
Eva Schloss
Universo dos Livros
(2013)



Flower Arrangement the Ikebana Way (capa Dura)
Senei Ikenobo
Shufunoyomo
(1988)



Raios de luz espiritual - Ensinos esotéricos
Francisco Valdomiro Lorenz
Pensamento



Livro Obra Reunida
Rachel De Queiroz
J. Olympio Editora
(1989)



O Manual da fotografia digital 464
Doug Harman
Escala
(2013)



Livro Infanto Juvenis Pollyanna Moça Biblioteca das Folhas Volume 93
Eleanor H. Porter
Companhia Nacional
(2002)



Buenos Aires Gtb Guia do Turista Brasileiro
Lucio Martins Rodrigues / Bebel Enge
Conteudo
(2011)



Faz Chover
Fernandinho
Thomas Nelson
(2015)



O Bar do Ponto
Luis Góes
Luis Góes
(2000)





busca | avançada
44126 visitas/dia
1,7 milhão/mês