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Sexta-feira, 18/1/2008
Editar bem, com Matinas Suzuki Jr.
Tais Laporta
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Visão de conjunto, liderança e equilíbrio emocional. São três qualidades que todo editor precisa ter para gerir seu veículo com competência, seja ele qual for. Matinas Suzuki Jr., que carrega nas costas mais de 30 anos em edição jornalística, acrescenta a esta lista uma série de requisitos indispensáveis ao bom editor: habilidade de negociação; visão de longo prazo; reciclagem; criatividade; aprofundamento etc. Todos estes tópicos foram amplamente examinados pelo jornalista no curso "Jornalismo: O Editor", na Casa do Saber.

Matinas veio do interior de São Paulo, ainda bem jovem, para deslanchar uma carreira ascendente em importantes veículos brasileiros. Permaneceu por 16 anos na Folha de S. Paulo, período em que passou por diversas editorias, sua grande oficina profissional. Na TV Cultura, apresentou durante três anos e meio o programa de entrevistas Roda Viva. Também foi diretor editorial na Editora Abril e co-presidente do IG, desde seu surgimento. Nos últimos dois anos, participou da implantação e direção da rede de jornais Bom Dia, do grupo Traffic, que circula em cidades paulistas como Bauru, Sorocaba, Jundiaí e São José do Rio Preto.

Para Matinas, o jornalismo brasileiro sofre uma forte deficiência quanto à formação específica de seus editores. Não existem treinamentos, fora dos próprios veículos de trabalho, para aqueles que desejam entender melhor o processo de edição. Faltam critérios, segundo ele, para determinar a seleção e hierarquização de notícias nos meios impressos e eletrônicos, ao contrário da imprensa nos EUA, cuja maturidade editorial está, neste sentido, bem mais à frente de nós, como o próprio profissional observou quando esteve por lá.

"O jornalismo norte-americano é melhor que no resto do mundo porque eles criam fórmula para tudo", comenta Matinas. Os melhores manuais de redação e estilo, segundo o jornalista, são de veículos de língua inglesa, como o da The Economist. "Os americanos têm a tradição de esquematizar o fazer jornalístico. Criam roteiros com critérios para entrevistas, apuração e edição ensinados em qualquer escola de jornalismo, ao contrário dos brasileiros, que carecem deste material", lamenta. Seria o equivalente a dizer que trabalhamos num projeto às escuras, sem um esboço para nos orientar.

Matinas cita exemplos de grandes editores que fizeram a história da imprensa norte-americana no século XX, entre eles Stanley Walker, do New York Herald Tribune, William Shawn, da New Yorker e David Astor, do Observer. Por meio de seu pioneirismo, tornaram-se modelo a ser exportado para a imprensa mundial. "Qualquer aprendiz que queira entender o bom jornalismo deve conhecer a história destes grandes editores (ou publishers, como eram conhecidos os fundadores dos jornais) e também dos veículos que ajudaram a construir", aconselha.

O The New York Times, que agora abriu seu conteúdo integral pela internet, é, na visão do jornalista, um dos melhores exemplos de qualidade editorial raramente encontrada no jornalismo. Surpreendentemente, uma das seções que deveria ser das menos interessantes no jornal, é uma das preferidas de Matinas. "Os obtuaristas do NYT fazem um trabalho fantástico. Os melhores jornalistas do veículo estiveram e estão nos obituários. Eles descobrem histórias surpreendentes de famosos e anônimos, apuradas com muito cuidado, sem aquele sentimentalismo ou frieza das notas convencionais", conta, e aconselha os interessados a darem uma espiada na seção.

Os americanos não só trazem histórias surpreendentes das ruas para as redações, como também preservam a cultura do bom texto, uma preocupação meio esquecida por aqui, na opinião de Matinas. "Hoje, infelizmente, a qualidade do texto não é um 'valor' na imprensa brasileira, diferente da norte-americana, que não deixa passar uma linha sem reescrevê-la", conta. Para ele, a geração atual que ainda valoriza o bom texto no Brasil pode ser contada nos dedos: Ruy Castro, Fernando Morais, Sérgio Augusto.

Outro problema que a imprensa brasileira ainda precisa superar, de acordo com o jornalista, é a mentalidade de que o editor não passa de um jornalista em posição hierárquica superior. Na verdade, o sucesso do veículo depende, e muito, da capacidade do editor em gerir equipes, de relacionar-se com pessoas difíceis e de pensar como um verdadeiro administrador. Só assim, conhecendo a economia da empresa, vulnerável a altos e baixos, o editor pode fazer o veículo durar por mais tempo. "Não são os mais inteligentes ou mais capacitados que fazem as melhores coisas, mas os que têm equilíbrio", acredita.

Matinas lembra que o bom editor deve não apenas posicionar seu veículo, mas garantir que ele tenha personalidade. "A pior coisa para um veículo é não ter 'cara'. Toda grande publicação tem suas manias", conta Matinas. Também é do editor a responsabilidade em preservar os valores da publicação, cuidar para que a seriedade jamais seja questionada, garantir que ele tenha histórias humanas além da parte utilitária e não deixar perder a exclusividade na cobertura de certos assuntos. "Um bom editor faz a diferença no veículo", resume.

Não poderiam ficar de fora da discussão os dilemas éticos enfrentados por todo editor quando a questão financeira passa a interferir diretamente no conteúdo. Matinas reconhece a quase utopia dos veículos com independência financeira, mas defende que uma publicação deva sempre preservar seu bem maior: a credibilidade. "A maior busca por lucro pode significar menos qualidade ou independência. Por isso, o veículo deve lidar com este paradoxo de forma equilibrada", afirma.

Aos que sonham um dia tornar-se editores, Matinas alerta logo de início: "Se você quer ficar rico, talvez o jornalismo não seja o melhor caminho". E completa: "Editar é uma opção de vida, de paixão. Não é uma profissão fácil, porque deve-se tomar as piores decisões nos piores momentos. Não existe 'meio' compromisso no jornalismo. Mas se você for decente como profissional, e conseguir dizer 'não' ao dinheiro e a outras propostas quando necessário, conseguirá ter uma vida também decente", aconselha o jornalista.


Tais Laporta
São Paulo, 18/1/2008

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