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COLUNAS
Quinta-feira,
3/4/2014
A utopia das paredes de vidro
Carla Ceres
+ de 4200 Acessos
Uma parcela dos defensores do vegetarianismo e dos direitos dos animais parece crer que bombardear seus seguidores nas redes sociais com imagens chocantes do sofrimento que causamos a outros seres é uma forma eficaz de modificar nossos hábitos alimentares e de consumo. De modo geral, aceitam a famosa frase de Paul McCartney: "Se matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos".
A ingênua frase de efeito aparece logo no início do documentário Paredes de vidro, estrelado por Paul. Sem dúvida, as imagens da crueldade por trás das paredes dos matadouros impressionarão muitas pessoas e até converterão boa parte delas ao vegetarianismo. No entanto, com esse vídeo acontece o mesmo que aconteceria se os matadouros tivessem de fato paredes de vidro: a maioria das pessoas preferiria não assistir, não olhar. Em contrapartida, os sádicos fariam fila para acompanhar cada detalhe e os curiosos menos sensíveis apostariam entre si para saber quantos minutos do "espetáculo" conseguiriam suportar sem passar mal.
Convém não nos enganarmos quanto aos bons sentimentos da humanidade. Se quisermos realmente mudar seu comportamento, precisamos conhecê-la e levar em conta todos os seus aspectos. Sim, alguns de nós são capazes de atos notáveis de generosidade. Mas esses atos só são notáveis por serem exceções ao egoísmo de sempre. De acordo com pesquisas na área de economia comportamental, gostamos de ter uma autoimagem positiva e até fazemos alguns sacrifícios para mantê-la sem, no entanto, abrir mão de nossos interesses.
Um exemplo bem a calhar é o caso do cantor Roberto Carlos que deixou cair sua máscara de defensor dos animais em troca de um cachê equivalente a uma quantidade assombrosa de bois mortos. O que aconteceu? Ele não quis nem saber quantas mortes foram necessárias para acumular os milhões que recebeu. Seu arrependimento agora, caso já tenha caído em si, deve estar ligado aos prejuízos que esse ataque de materialismo acarretou a sua imagem de pessoa sensível e espiritualizada.
A curiosidade mórbida que levaria espectadores às paredes de vidro dos matadouros não se transformaria necessariamente em compaixão. Poderia, isso sim, tornar-se um vício e uma fonte de embrutecimento emocional. Milhares de pessoas se deliciam acompanhando programas de jornalismo sensacionalista e procurando fotos de acidentes na internet. Quantos fãs dos Mamonas Assassinas se gabaram de ter visto seus corpos carbonizados sem se perturbar? Se ainda há quem considere a insensibilidade ao sofrimento humano uma virtude, imagine a indiferença quanto aos animais.
Claro que fotos de desastres sem sobreviventes deixam pouca margem para uma atitude compassiva. Talvez a multidão se sensibilize e entre em ação quando perceber que pode ajudar, certo? Esqueça! A multidão se reúne ao redor de acidentes, fica olhando, mas não se mexe para prestar auxílio. O comportamento é tão conhecido que tem até nome: apatia do espectador. Pena que, em outras situações, a paralisia desapareça e a multidão se reúna exigindo uma atitude. Quando isso acontece? Quando alguém está prestes a se atirar de um prédio e o povo unido começa a bradar "Pula! Pula!"
A humanidade não é flor que se cheire. Nunca foi. Pra começar, somos egoístas, comodistas, agressivos, hipócritas e vaidosos. Mas estamos melhorando. O âmbito de nossa responsabilidade moral tem se ampliado ao longo do tempo. Não consideramos normal um ser humano que se importe só consigo mesmo. Esperamos que se interesse, no mínimo, por sua família. Ensinamos às crianças suas responsabilidades para com a comunidade e o ambiente. Como sempre, essas mudanças surgem a partir de pequenos grupos de pessoas sensíveis dispostas a se mobilizar por uma causa.
Os defensores dos animais têm obtido vitórias significativas, mas alguns militantes erram ao transformar Twitter, Facebook, Instagram e blogs em shows de horrores. Perdem seguidores ou são ignorados por eles, geram antipatia pela causa e, pior ainda, acabam, sem querer, promovendo a dessensibilização das pessoas. Uma foto ou outra, em momentos específicos, pode ajudar muito. Uma torrente constante de fotos horrendas leva à conclusão de que o mundo é assim mesmo e não há nada a ser feito.
Há outros recursos à disposição para influenciar as pessoas quando a empatia falha. Apelos ao egoísmo inteligente, por exemplo, conseguem fazer milagres. Quem deseja contrair o mal da vaca louca? Quem quer ingerir os hormônios e os antibióticos que tornam o gado "saudável"? Cada pessoa responde a um tipo de estímulo. Combiná-los gera eficiência.
Nota do Editor
Carla Ceres mantém o blog Algo além dos Livros.
Leia também "De onde vem a carne que você come?", de Wellington Machado.
Carla Ceres
Piracicaba,
3/4/2014
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