Ao longo dos anos, recebi dois livros do Scliar através da Companhia das Letras — mas não consegui ler nenhum dos dois. Um era uma recriação do episódio da "expulsão dos vendilhões do templo"; e o outro era (também) sobre a Bíblia (supondo que uma mulher a tivesse escrito — a Pilar até resenhou).
Já havia cruzado, lógico, com o "jornalismo" de Scliar, mas não gostava das suas crônicas. Sobretudo depois de ele admitir que as escrevia no avião, sem muita inspiração.
Scliar só foi me impressionar na Fliporto — da qual ambos participamos —, em 2008.
Ele dominou a plateia. E como eu estava assistindo, me dominou também.
Contou o episódio de ter sido plagiado internacionalmente. Assim compreendi que ele desempenhava o papel do escritor público, muito melhor que todos nós ;-)
Meses depois, recebi uma espécie de anuário daquela Fliporto, e lá estava a narração da história do plágio, em toda a sua riqueza de detalhes.
Sua morte me surpreendeu. Há pouco mais de dois anos me pareceu muito ativo, lúcido, dando conta, exemplarmente, das demandas de todo escritor nacionalmente conhecido.
Perdemos alguém que sabia falar aos leitores. Algo que pode ser tão importante quanto escrever para manter viva a chama da literatura...
O prof. Aníbal Bragança, da Universidade Federal Fluminense, dará a aula magna que abre a primeira turma do curso de Letras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. O curso é um bacharelado com linha de formação em tecnologias da edição.
A aula do prof. Bragança, um dos maiores especialistas em edição do país, será aberta e gratuita, bastando que os interessados estejam presentes no dia 21 de março, às 19h, no campus I da instituição, em Belo Horizonte.
A história da produção de livros será o foco da aula aberta e objeto de discussão ao longo dessa nova graduação. O bacharelado em Letras terá duas entradas por ano, com turmas noturnas de 40 alunos. O CEFET-MG é público e gratuito.
Confesso que fiquei impressionado com a atualidade do bate-papo. (Talvez o mérito seja todo do Rafael e do Diogo, editores do Tungcast.) Hoje acrescentaria Wikileaks e mídias sociais no Egito, na Líbia e no resto do mundo árabe.
Enfim, um ano muda quase tudo na internet. Mas essa entrevista (agora em duas partes) continua sendo um dos retratos mais fiéis de mim no final da primeira década de Digestivo Cultural ;-)