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BLOG

Sábado, 16/4/2016
Blog
Redação
 
Morro de medo de morrer

A moça à minha frente na fila do cinema carrega nas costas uma enorme tatuagem de águia.

Coisa bonita de se ver, as asas abertas num tom que escapa do branco até o negro, adornada por ligeiros realces cinza, os olhos vermelhos, o enorme bico dourado, resultando num excelente trabalho artístico.

De repente, um estranho vento frio soprou no meu rosto, como se fosse um aviso, uma espécie de lembrete, que aquela imagem tentava me lembrar alguma coisa, mas que na hora não consegui identificar.

Eu já quis fazer tatuagem, mas foi maior o medo da dor, o risco de ficar feio e não poder apagar.

Detesto sentir medo, mas sinto.

Tenho medo de dentista, de cachorro brabo, da solidão, de ratos, de raios, da enxurrada da chuva que pode me arrastar, medos pequenos se comparados ao medo de morrer, que é o maior de todos os medos.

Minha mãe tinha um sono letárgico, o mesmo que eu tenho agora, ligeiro, mas pesado.

Quando criança, eu passava longos minutos observando ela dormir, com medo que parasse de respirar.

Dizem que choramos ao nascer porque naquele exato instante nos damos conta da existência, e sentimos pela primeira vez o gosto do ar, que provoca dor nos pulmões.

Então, apavorados, percebemos o mundo vivo em volta e o primeiro pensamento que nos ocorre é que um dia aquele suspiro terá fim.

Num dia de frio tardio de setembro, um senhor, sempre muito calado e inacessível, que vivia perambulando pelas ruas do Guanandi, apareceu morto, deitado na calçada, ao lado de uma garrafa de cachaça; os olhos abertos, mas sem vida, um sorriso estranho no rosto, como se no último instante, quando a vida lhe escapava, os raros bons momentos pelas quais passou durante a vida errante, desfilassem diante dele.

Foi o primeiro morto que vi.

Meu cachorro Ringo morreu logo depois.

Jogamos seu corpo sem vida num trilheiro de mata perto de casa e eu ia lá todos os dias para ver se algum milagre acontecia, na esperança de criança que ele de repente voltasse a viver, vez que dentro da minha cabeça, permanecia vivo o eco dos seus latidos, já me acostumando com o cheiro da carniça e nem ligando para a decomposição do corpo magro, que antes era cheio de vida e que todos os dias latia de felicidades só de me ver.

E ao lembrar disso, recordei que a imagem que me lembrava a tatuagem nas costas da garota na fila do cinema, vinha de um pássaro que devorava a carcaça do meu cachorro.

Não era uma águia como na tatuagem da moça, talvez um carcará ou algo assim, mas a sua figura majestosa, das garras afiadas que escorregavam na carne podre do meu cachorro morto e o som que escapava de seu bico afiado, ficaram guardadas num canto da minha memória para nunca mais sair, tal e qual a Beatriz de Dante, linda e majestosa, mas apavorantemente medonha.

Mais de quarenta anos tem essa imagem.

A moça da tatuagem sumiu pela larga porta de entrada do cinema, levando consigo aquela imagem que deixou em mim um cheiro de fim, de morte, de coisas ruins, que logo tratei de abortar, permitindo em troca me deixar invadir por um avassalador sentimento de morrer de vontade de viver.

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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
16/4/2016 às 13h14

 
Quem é a favor do golpe?

Andaram perguntando: quem é a favor do golpe? Porque não gritam viva Cunha? Eu respondi.

A pergunta é capciosa. Os opositores do governo não votaram no Temer, quem elegeu ele foram os que votaram na Dilma. Apenas respeitam um procedimento constitucional. Quanto ao Cunha, realmente uma vergonha que continue no congresso. Depõe contra o governo que retirou ele da bem merecida obscuridade à qual tinha sido relegado depois que o Collor caiu.

O Temer me parece um político esperto; safado não sei dizer, decerto não impoluto, mas não vejo nada 100% comprometedor. O problema do atual governo não é a má administração, mas as seguidas tentativas de impedir o livre funcionamento dos poderes. A interferência no legislativo passou de qq limite aceitável, e a interferência no Supremo é confessa, mesmo que de eficácia não comprovada.

A maioria dos opositores do desastroso governo atual não está comemorando tentativa de golpe, apenas enxerga com alívio a existência de um procedimento constitucional que afaste o governo atual, para que não possa interferir no livre exercício dos poderes como vem fazendo.

O fato é o seguinte: há ⅓ do Brasil que é contra esse governo, bom ou ruim, por motivos ideológicos, ou por esperaram vantagens com um outro. Há outro ⅓ que é favorável, ou por motivos ideológicos, ou por estarem recebendo favores. E há o ⅓ maior, que seria mais ou menos contra ou a favor, mas aceitava o governo eleito até que a corrupção, a incompetência, e a interferências na justiça e no congresso ficaram claras e revoltantes. Acho que esse é o grupo maior. Se os congressistas concordarem, a maior chance é do governo cair mesmo. Crimes e contravenções não faltam, as manobras legais podem no máximo atrasar o processo.

Digo mais. Se as ações recentes não tivessem sido tão acintosas, o governo se aguentava até as eleições municipais. Daí o eleitor cansado do desastre votaria na oposição, o PT abandonava a presidente, e ela renunciava. Teria sido menos ruim para o país. Mas a escolha do PT foi o confronto, o suborno, as chicanas, então o processo foi mais rápido do que seria saudável.

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Postado por O Blog do Pait
14/4/2016 às 14h58

 
Se você soubesse que venho inventando em segredo!



Imagem: La Bioguia



Sábado depois da aula, vou acabar a minha quarta tatuagem. Se você soubesse era para ir comigo. Ah... às vezes amanheço mal com as coisas de casa. Chateiam deixando meu sorriso curto... De manhã é tão complicado esquecer tudo!

Se você soubesse eu poderia te ligar logo cedo e dizer que mamãe falou pela décima sexta vez no mosquito da dengue, que vai fazer calor e na televisão de canais ruins disse que não vai chover. Também pede para comprar alguma coisa que sempre esqueço... Se você soubesse que sou uma repetição de esquecimentos!

Te diria que ela tá velhinha. Falava também de filho e da rotina de todo dia. Se você soubesse.

Se você soubesse tudo que venho inventando em segredo. Saberia que olho viagens. Uma ilha bem longe para eu criar coragem de te buscar em casa, ou deixar as passagens. Seu telefone que salvei serve para ter medo.

Hoje tive medo. Não sei mais. Imprimi sua foto de perfil e colei na janela do bangalô e me desenhei como desenhos de criança: eu chegando com um lanche estranho, daquele país distante, que meu inglês ainda texano provavelmente nos colocou numa salada de polvo com camarão com queijo mofado.

Se você soubesse, meu amor, da gente no píer mal acabado, eu te contando que tenho pena de comer camarão. E das coisas que temos que tirar os braços e as pernas. Tenho muita aflição... por fora também.

Acho que você não entende o que falo. Tudo vai bem nas fotos pregadas que nem minhas são. Eu atropelei umas coisas na vida, eu te contaria. E a bagunça que ficou na minha sala.

Ainda no píer eu diria sim para sempre, até ficar velhinha falando dos mosquitos da dengue. Se você soubesse.





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Postado por Blog de Aden Leonardo Camargos
12/4/2016 às 20h41

 
Cinema Independente (5.2 - Final)



Editais e Festivais – O cinema é uma das expressões artísticas que mais utiliza o financiamento público no Brasil, podendo recorrer a duas leis federais de incentivo à cultura – a Lei Rouanet (que abrange toda a área cultural) e a Lei do Audiovisual (específica para o setor). Vale lembrar que mesmo quando uma empresa privada investe em seu filme por meio de uma destas duas leis, na prática estamos falando de dinheiro público, pois a empresa reverte ao projeto que você apresentou um valor que ela teria que recolher como imposto. A Lei Rouanet não abre editais, o recebimento de projetos pode se dar de 1º de fevereiro a 30 de novembro de cada ano, através do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (SalicWeb)( http://sistemas.cultura.gov.br/propostaweb/). Serão aceitas as inscrições de 1.200 obras audiovisuais por ano. Os pedidos são analisados mensalmente em reuniões da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC); sendo deferido, seu projeto terá autorização para captação de recursos publicada no Diário Oficial da União, e você terá um prazo para obter os recursos junto a empresas privadas.

Afora esse mecanismo, há uma infinidade de editais sendo lançados anualmente por empresas privadas e também pelas três instâncias governamentais - o Governo Federal, os governos estaduais e uma grande parte dos 5.570 municípios brasileiros. Na área de cinema, os editais são os mais variados, podendo abranger a produção completa de um filme, ou aspectos específicos, como o desenvolvimento de roteiro, ou ainda a finalização de um longa-metragem. Existem ainda os editais de co-produção de longas-metragens com outros países (geralmente da América do Sul e da Europa) e também os para criação de filmes para a rede pública brasileira de televisão.

Também são muitos os festivais de cinema no Brasil todo, durante o ano inteiro. Há festivais específicos para curtas-metragens, para filmes de animação, para filmes captados em celulares ou tablets, filmes de pequena duração (como o Festival do Minuto etc.). Além disso, muitos festivais de cinema de outros países aceitam inscrições de filmes do mundo todo, o que se constitui uma boa oportunidade para os cineastas brasileiros. A Ancine, inclusive, tem como apoiar a participação de filmes brasileiros em um grande número de festivais ao redor do mundo, seja com a confecção de cartazes, seja com a emissão de passagens para que parte da equipe técnica participe do festival. Naturalmente, salvo para festivais em Portugal, é necessário que o filme esteja legendado no idioma do país onde o festival irá acontecer. Legendar seu filme ao menos em inglês e espanhol já poderá lhe abrir muitas portas. É claro que legendar tem seu custo; de resto, a inscrição em festivais no exterior costuma ter uma taxa de inscrição, quase sempre em euros ou dólares (mas os prêmios oferecidos compensam).

Já no Brasil, a inscrição em festivais quase sempre é gratuita, e em muitos casos pode ser feita inteiramente pela internet, se você tiver seu filme no YouTube ou Vimeo basta informar link (e senha, quando houver); alguns exigem que você envie uma cópia em DVD, ao menos quando seu filme de fato é selecionado para exibição no festival. Em relação a premiação, no Brasil há festivais que apenas dão certificado aos vencedores, enquanto outros premiam em dinheiro e troféu; o festival de Gramado chega a remunerar os filmes selecionados por sua exibição, além de patrocinar a ida de ao menos um integrante da equipe dos longas selecionados. De todo modo, inscrever seu filme num festival, principalmente se ele for um curta ou um média, é uma forma de assegurar a ele uma das poucas oportunidades para ele ser exibido em uma tela grande fora da rede de cineclubes ou de eventuais saraus, e quase sempre para um público que inclui, além de cinéfilos, jornalistas especializados e representantes de distribuidoras independentes.  

Listo a seguir alguns endereços na internet que habitualmente divulgam a abertura de editais e festivais de cinema:




- Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura no Facebook - https://www.facebook.com/mincaudiovisual

Você também pode se inscrever nestes grupos para receber e compartilhar notícias sobre editais e festivais:

- Agenda de editais e programação cultural - https://www.facebook.com/groups/1386387018242926

- EDITAIS E FESTIVAIS CULTURAIS - https://www.facebook.com/groups/183275085071184

- EDITAIS na área da cultura de todo o Brasil. - https://www.facebook.com/groups/165578896830828

- Festivais de Cinema e Networking - https://www.facebook.com/groups/373114612747832

Você também pode criar um Alerta Google para receber as informações sobre “festivais de cinema” – acesse https://www.google.com.br/alerts?source=alertsmail&hl=pt&gl=BR&msgid=MzAwODQ2MjE1NzM1NzkzNjE para criar o alerta. 



***




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Postado por Cinema Independente na Estrada
12/4/2016 às 13h42

 
O Velho e o Grande Cinturão dos Peso-Pesados


Mike Tyson x Trevor Berbick

À Menina, ela que chegou quando ele mais precisou, a estória de sua luta, e também de seu amor


Quando um boxeador está desferindo um golpe, ele baixa a guarda. Nunca está tão vulnerável como ao atacar. Por isso, quem tem a audácia de ir à luta precisa de quem o proteja. Isso, os que não subirem ao ringue jamais saberão. Isso, o Velho, embora velho, só veio a saber depois da queda.

O Velho sofreu um nocaute, mas engana-se quem pensa que o Velho, embora velho, esteja acabado. Durante a queda, tentou se agarrar às cordas, mas seus braços, conquanto hipertrofiados e fortes, não foram capazes de suster o peso daquela derrota. Foi à lona e dali observou o mundo dar-lhe as costas para reverenciar o novo campeão. O Velho caiu quando atacava, e não havia quem o protegesse.

Quando as luzes se apagaram, estava só. Sentia-se abatido, ferido, desnorteado, mas, sobretudo, sentia-se só. Sobre a seqüência de golpes que lhe fora imposta, se não severa demais, como alguns críticos ainda hoje argumentam, indubitavelmente, atingira-o em pontos críticos. “Muitos sucumbiriam em seu lugar. Deveria dar-se por satisfeito em ter saído inteiro daquela luta”, afirmam alguns dos amigos que presenciaram sua queda. Ele, entretanto, não está nem um pouco satisfeito, e, orgulhoso como é, se não tem na opinião dos amigos algo que amenize sua dor, muito menos se dá por vencido. Ademais, o Velho sente que não saiu inteiro daquela luta, como lhe dizem. Algo lhe foi tomado e sente necessidade de reavê-lo. Quando ainda convalescia, era possível notar que a derrota abalara sua autoconfiança, mas o incipiente desejo de revanche que com ela adveio deu-lhe a firmeza de que necessita um homem para recomeçar. Além disso, no dia de sua queda o Velho conheceu a Menina. Ela, ao tomar conhecimento do que lhe sucedera, mostrou-se disposta a ajudá-lo. Com o seu apoio, o Velho, embora, velho principiou a ultrapassar os próprios limites. Ele está se tornando mais forte, e quando se sentir forte o suficiente exigirá sua revanche. Não está disposto a morrer sem recuperar o que, um dia, perdeu. É isso mesmo, o Velho, embora velho, sem títulos e desacreditado, subirá ao ringue ainda uma vez mais. Se acaso perderá ou ganhará é difícil vaticinar. No momento, o que sabe é que não poderá passar sem uma revanche. Sabe também que não está só. A Menina está ao seu lado. O Velho quer uma nova oportunidade de mostrar ao mundo do que é capaz, e, pacientemente, obstinadamente, prepara-se para quando a ocasião da derradeira luta advir.

Embora haja momentos em que pense que fora derrotado pelo mundo, sabe que esta é uma asserção que não se encaixa com exatidão ao seu caso se não acrescentarmos a ela que o Velho perdeu para o mundo porque antes disso perdera para si mesmo. Com a queda, aprendeu que para vencer o mundo cabe a ele vencer a si mesmo. Deste modo, luta contra si mesmo, todos os dias, longe dos holofotes e do público. Assim transcorre sua vida: a cada dia, uma luta e sempre com um adversário mais forte que o anterior, pois a cada luta o Velho torna-se mais forte, mesmo quando é derrotado.

Até a noite da queda, o mundo o reverenciava como um grande lutador. Ainda hoje há quem lhe peça autografo ou lhe diga que é um vencedor, mas o Velho assim não se considera porque entende que sua luta não terminou. “Uma derrota não representa o fim”, diz. Alguns amigos aconselham-no de que é hora de ele se aposentar, de, refestelado numa poltrona, orgulhar-se de seu passado e acompanhar os novos boxeadores. Mas o Velho, embora velho, não é um aposentado e sabe que no futuro nada encontrará em sua vida para se orgulhar caso desista de lutar, pois, intimamente, está convencido de que não atingiu o que, muito antes de tornar-se um boxeador, já desejava e acreditava ser capaz de atingir. Para ele, a luta tem que continuar.

Sim, o Velho quando jovem acreditava ter uma carreira promissora pela frente e os títulos conquistados até aquela fatídica noite não deixavam dúvidas sobre sua força e envergadura. “Ele se tornará campeão mundial dos peso-pesados”, profetizava a crítica especializada. Entretanto, depois de ter visto o mundo sob a perspectiva que lhe oferecera a lona, tudo mudou. Com a derrota, o Velho passou a sentir como se tivesse perdido não apenas todos os títulos já conquistados, mas algo mais importante do que isso; perdera parte da confiança que o mundo e ele próprio depositavam em sua pessoa, e isso ele quer reaver, pois sem isso homem nenhum pode viver.

O Velho mudou muito depois daquele dia em que sua confiança foi ao chão. Tornou-se, desde então, mais concentrado em seus objetivos. Não pensou que perderia, mas sem dar-se conta perdera a vontade de lutar e quando esta vontade é perdida, tudo está perdido. Sem ela, resta-nos a lona ou ocupar um lugar na platéia. Quando perdemos a vontade de lutar, tornamo-nos aposentados à espera que a campainha soe para nós.

Perdidos os títulos, disseram que o Velho estava velho, que ele não era nada. Ler no olhar dos outros semelhante opinião foi o quanto bastou para reanimá-lo a mostrar ao mundo e a si mesmo que não está acabado. Graças isso irrompeu e, pouco a pouco, continua a recrudescer em seu espírito o desejo de lutar uma vez mais, e, por acreditar ser esta a última, quer que seja a grande luta de sua vida. Para ela, obstina-se em treinar com afinco e por conta própria, mas não só, pois sempre procura aprender algo com os grandes boxeadores de todas as épocas.

“Não há tempo a perder”, diz de si para si quando convidado a fazer parte das distrações e dos afazeres cotidianos dos aposentados. Assim pensa, porque o Velho, como disse, quer reconquistar o que perdeu. Além disso, excita seu coração a ambição de conquistar o grande cinturão dos boxeadores. Do Velho foram tomando títulos menos significativos que esse, e os que ainda conserva na parede de seu quarto apenas servem para rememorá-lo de sua derrota. Se fosse um aposentado como muitos de seus amigos, olharia com nostalgia para aqueles diplomas e fotografias, mas o Velho sendo como é, ao mirá-los é possuído por uma raiva que o motiva nos treinos.

Se bem que o tenha tratado como um boxeador, não, o Velho não é precisamente o que entendemos como boxeador. Não que também não o seja, pois o Velho acredita que viver é lutar, e, neste sentido a ele parece que cada um luta do seu jeito. Mesmo aqueles que preferem assistir, refestelados em confortáveis poltronas, aos grandes boxeadores, vez ou outra carecem de ir à luta. Seja como for, o modo de o Velho lutar é escrevendo. Ao Velho somente importa a sua luta, a sua revanche. Não quer viver como toda gente. Não quer estar junto de seus amigos aposentados na platéia. O Velho, embora velho, só quer saber de treinar; o Velho, embora velho, só quer tornar-se mais forte. Ele quer reaver o que lhe fora tomado. Quer o grande cinturão. Se para tal, precisar atacar novamente, ele o fará, mas dessa vez acredita que desfecho será outro. O Velho aprendeu uma importante lição: nunca se está tão vulnerável como quando se está atacando. Por isso, quem ataca precisa de quem o proteja. Por isso, precisa da menina, e agora que ela lá está para protegê-lo, acredita que vencerá.

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Postado por O Equilibrista
11/4/2016 às 18h36

 
Sim, passarão

Sozinho na manhã de domingo, contemplando a janela na qual uma lagartixa devora um bicho de asas, me peguei imaginando se eu pudesse encontrar comigo quando tinha dezessete anos.

Que bom seria, “volver a los diecisiete”, como na música de Violeta Parra, um efebo novamente.

Sabendo o tanto que fui (e ainda sou) turrão, não daria conselhos, não falaria dos perigos das esquinas, que de alguma forma, deles todos escapei, não alertaria sobre doenças, que naquele tempo o açúcar e o sal me causavam prazer, deixaria que se cumprisse o que se passou.

Só queria lhe contar que pela nossa vida passarão coisas belas, misturadas aos imbecis, formando um carrossel de pedras brutas que se precisa lapidar.

A turba insana fará suas vitimas, pregarão calúnias, espalharão inverdades, sem se preocupar que num dia breve lá na frente, “os escafandristas virão explorar suas casas”.

Ah, eu queria tanto te contar coisas que sei que você não vai acreditar: o presidente dos EUA é negro e foi a Cuba - um lugar que muitos ultimamente têm te mandado ir morar - pois o homem foi lá e fumou o cachimbo da paz e na outra semana dançou tango em Buenos Aires.

Woody Allen prossegue genial e Michel Jackson morreu, ele e muitos outros que você gosta.

Sabe aquela frase de Sócrates: “só sei que nada sei”? Pois a humanidade continua pensando que sabe tudo, e quando se dão de frente com o contraditório esmurram o ar, numa cólera insana.

Sua intolerância em alguns assuntos aumentou, ainda assim, preciso lhe contar que você será um cinquentão que nunca guardou mágoas, nem permitiu que as lembranças fossem mais fortes que seus sonhos; continua vestindo calça jeans, camisa de número maior e, aos domingos, sandálias, óculos escuros e boné, porque quando abriu a janela e nada acontecia lá fora, pisou descalço a grama molhada do orvalho e fez, não ficou esperando acontecer.

E errou um bocado, confiou em quem não devia, desmereceu valiosos conselhos, tomou caminhos tortos.

Mas sossegue, você terá uma esposa companheira e dois filhos lindos, de cujos sorrisos lhe farão um sujeito feliz.

Não sei por quanto tempo ainda estaremos por aqui, espero que mais trinta e oito anos, que sempre achei oitenta e oito um belo número final.

Que pena que você não conseguiu decorar nenhum verso do Neruda, mas guardou aquela frase dolorida da Florbela Espanca: “longe de ti são ermos os caminhos”.

É meu amigo, todo amor é frágil e inocente.

Você irá se surpreender com algumas pessoas, para o bem e para o mal, mas elas passarão.

Suas lágrimas salgadas, muitas vezes serão doces, de riso, de alegria, porque a vida não é só infortúnio, ela reserva bons momentos.

Ah meu amigo, você continua se alinhando com as minorias, batendo de frente com os senhores dos castelos e ainda não se deu conta que muitos ainda passarão por sua vida.

Sim, eles passarão, e se perderão no quarteirão da esquina, feitos nuvens passageiras, deixando no ar aquele cheiro estranho dos que seguem as manadas.

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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
7/4/2016 às 14h44

 
Temporada 2016 do Mozarteum

Na noite de ontem, um cometa cruzou o céu paulistano e encheu de brilho a Sala São Paulo, com a apresentação da mezzo-soprano austríaca Angelika Kirchschlager. Acompanhada pela Orquestra de Câmara da Cidade de Bratislava, Cappella Istropolitana, com talento, musicalidade e uma presença absolutamente encantadora, Kirchschlager seduziu a platéia interpretando canções de Franz Schubert (1797-1828) e de compositores vienenses, além de trechos de operetas. Nem só da sisudez de Bruckner e Mahler vivem as salas de concerto. Num programa preponderantemente dito "ligeiro", a mezzo-soprano deu mostra de sua dramaticidade ao cantar a trágica "O rei dos elfos", de Schubert.

O acompanhamento ficou a cargo da Cappella Istropoliana, criada no início da década de 1980. O nome deriva da palavra latina "istropolis", significando "cidade do Danúbio". Formada por músicos de alto nível, em sua maioria solistas de câmara, o grupo dispensa maestro, sendo conduzido pelos gestos do seu "spalla", Robert Mareček. Além de acompanhar nossa diva, esse ensemble abriu a noite com majestade, interpretando a Sinfonia nº 3, D. 200, de Schubert: jovialidade, frescor e limpidez sonora. Já na segunda parte do programa...Não estariam os tímpanos um tanto evidentes para o ritmo valseado, que clama por algo discreto, semelhante ao bater do coração? Dúvida de amador.

As apresentações de 5 e 6 de abril, de Frau Angelika Kirchschalager e da Capella Istropolitana, abriram a temporada de 2016 do Mozarteum Brasileiro, que neste ano celebra 35 anos de existência. Para o próximo mes, dias 23 e 24, está prevista a apresentação da Orquestra Sinfônica de Bamberg. A programação anual completa do Mozarteum está disponível no seu site.

Pelo programa (ótima idéia de incluir tanto o texto como a tradução das letras das canções e dos trechos dos libretos das operetas), temos noticias do trabalho social desempenhado pelo Mozarteum, que proporcionou, nestas três últimas décadas, um sem número de concertos ao ar livre, mais de 300 masterclasses gratuitas e 110 bolsas de estudos. Não fosse isso o bastante, assumiu recentemente um novo projeto, o festival de Música de Troncoso, que acontece anualmente, no município de mesmo nome. Um brinde: longa vida ao Mozarteum Brasileiro!

Como fecho, na lembrança da carismática Angelika Kirchschlager, um registro (de julho de 2010) de sua interpretação de "Du sollst der Kaiser meiner Seele sein" ("Tu deves ser o imperador da minha alma"), da opereta "O favorito", de autoria de Robert Stolz (1880-1975), uma das peças do programa.





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Postado por Eugenia Zerbini
7/4/2016 às 10h49

 
Cinema Independente (5.1)



DIVULGANDO SEU FILME


NA INTERNET

O seu filme já está digitalizado e finalizado em HD, agora é só usar uma conexão com a internet para publicá-lo no para publicá-lo no YouTube (https://www.youtube.com/. Para subir um vídeo para o site, você precisa criar uma conta usando seu endereço de Gmail – se não tiver, basta criar uma conta gratuitamente em https://gmail.com/. Configurado o seu Gmail, você volta ao YouTube para criar sua conta e já pode subir seu filme para lá.

Enquanto o vídeo sobe e é processado (o processo por vezes leva horas, depende do tamanho do vídeo), você pode escolher se deixa o vídeo como público, privado ou não-listado, e também editar as informações que serão lidas por quem acessar – use esse espaço para postar informações sobre o filme, e também divulgar a ficha técnica (a relação de quem participou ou ajudou nas filmagens. Aproveite a lista criada para a confecção dos créditos do filme). O YouTube também vai lhe pedir para inserir tags no vídeo; são marcadores que, embora não fiquem visíveis na página do filme, ajudam o próprio site a recomendar seu trabalho para internautas que estejam assistindo vídeos com tags semelhantes. Uma vez postado no YouTube, o vídeo pode ser facilmente compartilhado em sites, blogs, redes sociais, além de você poder enviar o link por mensagens ou e-mail. Se o vídeo for listado como público, outras pessoas também poderão compartilhá-lo, ajudando a aumentar a sua audiência.

Outro site interessante para o compartilhamento de vídeos é o Vimeo (https://vimeo.com). Em relação ao YouTube, ele tem uma vantagem e uma desvantagem. A vantagem: você pode postar vídeos que fiquem protegidos por senha, e que só serão vistos e/ou baixados pelas pessoas a quem você informar link e senha (isto é muito usado, por exemplo, para o envio de filmes para festivais). A desvantagem é que a versão gratuita (chamada Basic) do Vimeo só permite postar 500 MB de vídeos por semana, limitado ainda a 10 arquivos por dia. Já as contas Plus podem carregar 5 GB e as PRO, 20 GB.

NAS TELAS

Pode ser que você queira apenas mostrar seus filmes na internet, compartilhá-los com seus amigos e eventualmente até ganhar algum dinheirinho se sua produção bombar no YouTube. Mas pode ser também que você queira mais que isso, ambicione ter seu filme exibido na tela grande do cinema, seja na sua cidade, seja pelo Brasil ou mesmo pelo mundo. Isso é possível? SIM. O que não necessariamente quer dizer que seja fácil.

Um meio simples de fazer seu filme ser visto por pessoas numa sala pode ser o contato com organizadores de eventos culturais, como saraus, que costumam acontecer em centros de cultura e locais alternativos (bares ou mesmo praças públicas) de boa parte das cidades brasileiras. Outra opção são os cineclubes – existem 1.370 cineclubes no Brasil, a maioria em cidades de até 20 mil habitantes. Diferentemente dos cinemas comerciais, os cineclubes priorizam a qualidade artística para selecionar os filmes que irão exibir.

Mercado exibidor – A possibilidade de você conseguir passar seu filme independente em um cinema de shopping center da sua cidade (mesmo que seu filme seja um longa-metragem de ficção, que é na prática só o que passa nos multiplex localizados em shoppings) é bastante remota. Como já disse a produtora baiana Solange Lima, “o mercado exibidor foi organizado para o filme importado, a produção nacional em geral só pega as sobras de datas” – e isso que devemos considerar que ela se referia a filmes produzidos comercialmente por companhias cinematográficas com algum tempo de atuação no mercado nacional. O circuito multiplex é dominado por distribuidoras ligadas aos estúdios de Hollywood, como a Fox Filmes, a Columbia Tristar e a UIP (United International Pictures) (e isso não é de hoje, como vimos no caso do filme O Cangaceiro, da Vera Cruz, e já naquela época não era exatamente uma novidade). Paralelamente, há uma série de distribuidoras independentes, que atuam no segmento chamado de “filmes de arte”. Empresas como a Downtown Filmes, Europa Filmes, Lumière Brasil e Pandora Filmes se fazem presentes em rodadas de negociação que acontecem em festivais de cinema, adquirindo os direitos de distribuição de filmes que se destacarem, tanto brasileiros quanto de outras nacionalidades. Esses filmes posteriormente serão exibidos no circuito de filmes de arte, constituído em sua maioria por salas mantidas por Estados e prefeituras (e alguns empreendedores privados), e também nos chamados “arteplex”, conjunto de salas semelhante aos multiplex mas que destina algumas de suas salas ao circuito de filmes de arte. Vale lembrar que aqui estamos falando, sempre, de longas-metragens, formato padrão do mercado exibidor. Curtas e médias acabam circulando majoritariamente pelos circuitos de festivais, cineclubes e demais canais alternativos. De todo modo, antes de cogitar entrar em uma rodada de negociações em um festival, você deve se registrar na Ancine.

Registro na Ancine – A Ancine é a Agência Nacional do Cinema, foi criada em 2001, vinculada então diretamente à Presidência da República, passando ao âmbito do Ministério da Cultura dois anos depois. Seu papel é atuar como uma agência reguladora do audiovisual brasileiro, cabendo-lhe fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e videofonográfica nacional.

Quem se registra na Ancine tem acesso aos serviços que a agência presta, como o encaminhamento de relatórios de acompanhamento de mercado, solicitação de Certificado de Produto Brasileiro, recolhimento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional, que incide sobre a veiculação, a produção, o licenciamento e a distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins comerciais, bem como sobre o pagamento, o crédito, o emprego, a remessa ou a entrega, aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias relativas a rendimento decorrente da exploração de obras cinematográficas e videofonográficas ou por sua aquisição ou importação, a preço fixo; o valor recolhido é destinado ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que é utilizado para financiamento público do setor) etc. O registro na Ancine é obrigatório para todos os chamados “agentes econômicos”, ou seja, aqueles que desenvolvem atividades econômicas ligadas ao audiovisual. Segundo a própria Ancine, agente econômico é “Qualquer pessoa natural ou jurídica que participa, independentemente, como sujeito ativo na atividade econômica (audiovisual ou não).” Ou seja, não são apenas companhias e produtoras que podem se registrar na Ancine, pessoas físicas também podem. O registro é extremamente simples e pode ser feito no Sistema Ancine Digital (http://sad.ancine.gov.br/controleacesso/menuSistema/menuSistema.seam). Você começa informando seu CPF, em seguida preenche um formulário, precisando ao final enviar cópias simples de seu documento de identidade, frente e verso. A documentação irá para análise da Ancine, e em no máximo 30 dias, se tudo estiver correto, você recebe seu número de agente econômico.

Tendo seu registro na Ancine, você poderá solicitar o Certificado de Produto Brasileiro para seu filme (registro gratuito) e também o Registro de Título (neste caso o registro deve ser pago e varia de acordo com a duração do filme e o uso comercial pretendido, indo de R$ 200,00 para curtas-metragens até 15 minutos para o mercado de TV por assinatura e chegando a R$ 3.000,00 para filmes acima de 50 minutos destinados a salas de exibição, mercado de vídeo doméstico, TV aberta e outros mercados, exceto a TV por assinatura). Os valores pagos pelo Registro de Título são considerados contribuição Condecine e revertem ao FSA. Valores idênticos são cobrados também de títulos estrangeiros lançados comercialmente no Brasil.

Na última parte, vamos falar de Editais e Festivais.




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Postado por Cinema Independente na Estrada
5/4/2016 às 20h35

 
Panamá

Faço a todos que assim quiserem ler e saber a seguinte declaração:

"Estive no Panamá uma única vez, no aeroporto. É estranho, viajar ao Hemisfério Norte em 737, narrow body, mas a passagem estava em conta usando milhas. Sentei do lado errado e nem consegui ver o canal. A escala foi muito curta - só deu tempo para comprar um Panamá, termo que até a semana passada se referia apenas ao chapéu, e correr para o 2o embarque. Gostaria de um dia retornar com mais vagar, e conhecer o ponto onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram mais próximos e menos gelados."

Sendo isso tudo que tinha a declarar, aproveito o ensejo para renovar meus mais elevados empréstimos em penhora e consignação.

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Postado por O Blog do Pait
5/4/2016 às 10h55

 
Germina - Revista de Literatura e Arte


View from a Paris window. Fonte:www.allposters.com.br

Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe. Oscar Wilde


Ao longo dos últimos dez anos, foram tantos - inclusive amigos íntimos - os que me disseram que escrever não dará certo, que não deveria me desviar dos caminhos convencionais porque, na opinião deles, não faz sentido alguém se dedicar a algo que não dá dinheiro quando deveria se preocupar em concluir uma faculdade, deixando para escrever nas horas vagas, quando estivesse exausto, que acabou acontecendo o contrário do que tencionavam: recrudesceu em mim a vontade de provar que se uma pessoa realmente acredita no que faz, se há nela uma autêntica paixão, ela se torna capaz de curvar a realidade em torno de si a ponto de tornar real o que antes não passava de uma fantasia pessoal. Muitos ainda não acreditam que seja possível que isso possa acontecer com elas ou alguém próximo, e quando começa a acontecer, obstinam-se em não ver. Ouço, também, destas mesmas pessoas a afirmação de que a realidade arruina com nossas fantasias, nossos sonhos. Ouço isso com tanta frequência que parece-me que, infelizmente para elas próprias, transformaram-na numa lei. Para mim, tudo se resume a um questão pessoal e de difícil resposta, não a uma lei geral, e estou decidido a encontrar, a elaborar, a minha resposta.

Estar na edição de março da conceituada Germina - Revista de Literatura e Arte é um inequivoco incentivo à elaboração dessa resposta. É muito gratificante ver um texto publicado, lido, sentir que estou avançando e sendo reconhecido. Ainda há pessoas que insistem para que eu tome como minha a convicção que assumiram como uma lei geral para suas vidas, talvez para melhor se justificarem a si mesmas pelo caminho que trilham; entretanto, há também aquelas que me incentivam a continuar. Ao longo dos anos, muitas vezes escrevi agradecendo-lhes. Nesta ocasião, em decorrência do que aconteceu em março, gostaria de citar e mostrar minha gratidão a duas delas: a primeira é o Léo, daqui de Petrópolis, com quem poucas vezes conversei, mas sempre me suscitou a impressão de compreender o que move alguém como eu. É bom reconhecer essa compreensão no olhar, senti-la na maneira pela qual nos tratam quando ainda estamos no início e tudo ainda é tão incerto e o mundo, em alguns momentos, parece conspirar contra nós. A outra pessoa, com a qual apenas troquei poucas mensagens por e-mail, e fez diferença, é a editora Silvana Guimarães. Os dois, cada um ao seu jeito, me ajudaram a curvar a realidade em torno de mim, a fazer com que eu começasse a ser reconhecido como escritor. Em março, pela primeira vez, senti, em minha terra, algo que somente havia experimentado em Paris, na Shakespeare and Company, e na Alemanha. Tomo a liberdade de agradecer à Silvana, não apenas por mim, mas por todos aqueles que, como eu, sentem necessidade de divulgar o próprio trabalho e encontram acolhida na Germina. Isso é extremamente importante para quem se envolve com a arte, sobretudo, num país como o nosso. Abaixo o link para os textos que escrevi e fazem parte da edição de março da Germina:

Três Textos

Para terminar, umas palavras de Ernest Becker que se assemelham ao modo como vejo a minha escrita, o meu trabalho.

'A chave para o tipo criativo está em que ele fica separado do conjunto comum de significados compartilhados. Existe algo, em sua experiência de vida, que o faz entender o mundo como um problema. Em consequência, tem que entendê-lo pessoalmente. Isso é verdadeiro para todas as pessoas criativas, em maior ou menor grau, mas é especialmente óbvio no artista. A existência se torna um problema que precisa de uma resposta ideal. Mas quando você já não aceita a solução coletiva para o problema da existência, você terá que criar a sua solução. A obra de arte é, então, a resposta ideal do indivíduo criativo para o problema da existência tal como ele o entende - não apenas a existência do mundo exterior, mas especialmente a sua própria existência: quem é ele como pessoa dolorosamente separada, sem coisa alguma partilhada em que se apoiar. Ele tem que responder ao ônus de sua extrema individualização, de seu isolamento tão doloroso. Quer saber como conseguir a imortalidade como resultado de seus dotes sem igual. Seu trabalho criativo é, ao mesmo tempo, a expressão de seu heroísmo e a justificação desse heroísmo. É a sua "religião particular" - como disse Rank. A originalidade desse trabalho lhe dá a imortalidade pessoal; (...) As pessoas precisam de um "além", mas estendem os braços, primeiro, para o que estiver mais perto. Isso lhes dá satisfação de que precisam, mas ao mesmo tempo as limita e escraviza. É assim que se pode entender todo o problema da vida humana. Para o artista, sua obra é o seu "além", e não o de outras pessoas."

Trecho extraído do livro A Negação da Morte, de Ernest Becker

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Postado por O Equilibrista
2/4/2016 às 09h57

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