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Segunda-feira, 8/7/2019
Blog
Redação
 
João Gilberto

Se existe uma música popular brasileira - e, no mundo inteiro, ela pode ser reconhecida como tal - devemos isso à bossa-nova, portanto, devemos isso a João Gilberto.

Ele não gostava do termo - e preferia falar em samba - mas é inegável que, como intérprete, João Gilberto foi um divisor de águas na música brasileira.

Para quem duvida, basta ouvir os registros das canções de Tom Jobim no tempo do samba-canção. João Gilberto precisava de um compositor, é fato, mas Tom Jobim também precisava de um intérprete - e sem esse encontro, e sem as letras de Vinicius de Moraes, estaríamos ainda presos aos “boleros” e não haveria o que chamamos de “MPB”.

São conhecidos os relatos de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros de sua geração, sobre o acontecimento estético que foi a audição de João Gilberto. Se não fosse por ele, Caetano Veloso teria continuado a fazer cinema; Chico Buarque teria insistido na arquitetura; e Gilberto Gil permaneceria funcionário da Gessy Lever.

E nem é preciso ser fanático por música brasileira para perceber o talento de João Gilberto para reduzir o “samba” a um mínimo de elementos. Se pudéssemos comprimir a trilha sonora do Brasil em uma cápsula - e lançá-la no espaço-tempo -, esta cápsula seria a música de João Gilberto.

Sua síntese é tão essencial que suas interpretações não envelhecem - e seus registros continuam modernos, há mais de meio-século. Não podemos dizer o mesmo da própria MPB - e, muito menos, do que veio depois dela...

A forma definitiva que João Gilberto deu a algumas composições se tornou um desafio para intérpretes depois dele. Os mais inteligentes, como Elis Regina e Wilson Simonal, não se atreveram a se ombrear com ele - e seguiram pela rota oposta: a dos cantores que cantavam “para fora”; a dos cantores “com voz”.

Os críticos vão dizer que João Gilberto abriu caminho para cantores “sem voz”, mas a culpa é tanto dele quanto é do microfone ou do registro fonográfico. Ou do século XX, ou da “indústria”...

O lado ruim do seu gênio obsessivo é que nos deixou, relativamente, poucos registros. (Ou, talvez, isso seja um mérito.) E os conhecedores são unânimes em afirmar que toda a sua arte está contida nos três primeiros LPs.

Justamente aqueles que não estão mais disponíveis - pois, contra sua versão em CD, João Gilberto se insurgiu, na década de 90, e eles ficaram “fora de catálogo” desde então. Por mais perfeccionista que João Gilberto seja (e por mais que tenha razão na contenda): Que perda para o gosto musical das novas gerações!

Todo o folclore sobre a sua personalidade “sui generis”, digamos assim, foi explorado mais do que o recomendável. (E devemos silenciar a respeito.) Já seus amores - ou desamores - se tornaram um capítulo final triste, na disputa pelo seu espólio.

Pensando em Vinicius, que nos deixou em 1980, e em Tom, que nos deixou em 94, talvez devamos guardar, de João Gilberto, não os seus últimos anos, em manchetes nada musicais, mas, sim, seu último registro em disco, o “Voz e Violão”, de 1999.

Entre versões de Caetano e Gil - talvez por insistência do próprio Caetano, que era o produtor -, João ainda nos brindou com uma pérola de Tom Jobim, “Você vai ver”, polida por ele, naturalmente. E, mais uma vez, afirmou: “Eu sou do samba, pois o samba me criou”. Fechando com “Chega de Saudade”, o começo de tudo...

Tom Jobim costumava dizer que o Brasil precisava merecer a bossa-nova. Pois, antes dela, o Brasil precisa merecer João Gilberto.

Para ir além
"João Gilberto na Casa de Chico Pereira" e "Basta João" ;-)

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Postado por Julio Daio Bløg
8/7/2019 às 12h20

 
Pelagem de flor III: AMARELO

Das sementes da papoula floresceu
o pelo-de-topázio. Carregando fardo ameno,
ele resfolega atento ao que lhe pulsa
entre as veias e as costas.

Molhando-lhe o dorso, escorre a seiva
da amazona de lírios, que ao repouso
lhe roça o falo com sedução.
E lábios de pétalas.

Vindo do Leste, ele acorda os pássaros.
Meu cavalo da manhã despertando
para o coito.

Meu cavalo de sol carregando
a vida. Que o recebe em berço
de gozo.


(Do livro O camaleão no jardim

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Postado por Blog da Mirian
6/7/2019 às 08h48

 
Mirage, um livro gratuito

No fim de 2018, o estúdio de design Coverge lançou uma chamada para criações literárias, artísticas e fotográficas com o tema “Visceral”. Segundo palavras dos idealizadores, as histórias deveriam contemplar características de “horror passivo”.

As produções seriam reunidas em uma antologia que, por sua vez, integraria o projeto Delírios. Voltado para expressões artísticas de cunho fantástico, a iniciativa pretende dar oportunidade para escritores e artistas independentes divulgarem seu trabalho, que recebe os cuidados editoriais da equipe da Coverge. O primeiro lançamento do projeto Delírios aconteceu em agosto de 2018 e foi a coletânea de contos cyberpunk ACID+NEON.

As obras enviadas para “Visceral” foram numerosas e diversas, o que motivou a equipe da Coverge a lançar duas antologias: Carcoma e Mirage. Os livros foram organizados por Washington Albuquerque, Castro Pizzano, Cláudya Spíndola e Hezi Santos.



Eu tive a oportunidade de contribuir com o conto “Desejo Sangrento” na coletânea Mirage. Os livros podem ser baixados gratuitamente nos links abaixo.

MIRAGE
CARCOMA

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Postado por Luís Fernando Amâncio
8/6/2019 às 12h15

 
A MECÂNICA CELESTE

Aura dos Anjos estranhou não acordar com o canto do galo Dioscórides que invariavelmente aos primeiros albores da manhã exercia, com pontualidade, o ofício que a natureza lhe dera. Abrindo a janela do quarto, notou que, apesar da hora, a lua continuava boiando, soberana, no alto do céu, absolutamente alheia à tirania dos relógios e às leis da mecânica celeste. Saiu então apressada para o quintal rumo ao galinheiro, onde, empoleirado, o galo dormia a sono solto, a crista caída, as asas recolhidas. Ora essa, murmurou com seus botões, já são oito e vinte e o sol ainda não nasceu! Entregue às suas cismas, quase esbarrou na avó Mariquinhas que, de mortalha arrepanhada, arrancava uns pés de margaridas para fazer seu desjejum. Vó Mariquinhas, que é que a senhora está fazendo aqui? Seu lugar é lá no cemitério, disse a menina. Então, com muita paciência, sua avó explicou que nos dias de Lua Cheia os mortos voltavam ao mundo dos vivos para completar tarefas deixadas em meio, e coisas assim. No seu caso, por exemplo, era urgente trocar a mortalha pela roupa luto fechado dos domingos de plenilúnio, pois deixara de assistir à missa quando fora levada para o Além. Acompanhada pela avó, Aura dos Anjos entrou em casa, acendeu o pavio da lamparina e correu a chamar os pais em seu socorro, mas nem os gritos da menina para que se levantassem; nem os tapinhas que deu nos seus rostos foram suficientes para acordá-los de seu sono de pedra. Deus meu!, exclamou assombrada, eles estão mortos. E desatou num choro convulsivo. Não estão não, tranqüilizou-a avó, quer dizer, estão e não estão. Como assim?, perguntou a neta entre soluços. É que, nos dias de Lua Plena, quando o sol não nasce cedo, os vivos entram em estado de letargia, pois, do contrário, sua convivência com os mortos acabaria por afetar-lhes a razão. Mas você, minha neta, ainda não está preparada para entender dessas coisas. Na igreja, onde as imagens estavam cobertas de roxo, o Monsenhor Rezende, ostentado um solidéu desbotado e a estola puída, ainda retirando aos piparotes uns grãos terra da batina apodrecida, iniciara sua prédica do alto do púlpito, quando a avó entrou no templo, onde um punhado de defuntos atentos assistiam ao ofício. Quando o relógio da torre da igreja ecoou as cinco badaladas da antemanhã do novo dia, o galo Dioscórides, abrindo freneticamente as asas, empinou a crista e soltou seu canto, anunciando o retorno da tirania dos relógios e o restabelecimento das leis da mecânica celeste. Muito esquisito isso! Quando acordei eram oito e vinte da manhã... Será que o tempo está andando pra trás?, perguntou-se a garota. A mãe de Aura dos Anjos acordou estremunhada com o canto do galo e apressou-se no preparo do café da manhã, lamentando a ausência da filha, que sempre a poupava daquela tarefa. Felizmente, pensou, o marido ainda dormia, porque, se levantasse com o café ainda por fazer, desataria num destampatório do tamanho do mundo, acusando a mulher de desmazelo e culpando a filha por ter morrido de nó nas tripas depois de devorar uma jaca inteira com caroço e tudo. Levando a mão à boca para conter um grito de susto, a mãe, que ainda não se habituara a perda filha, deparou-se com o bule fumegante na trempe do fogão de lenha. Depois, firmando-se nas pernas bambas, lembrou com orgulho que a filha era assim mesmo: nunca deixava de fazer o café da manhã. E sua filha mais uma vez preparara o café para a mãe. Para a avó Mariquinhas, católica fervorosa em vida, ou a menina era dotada de poderes desconhecidos ou estava morta mesmo e seu espírito ainda não de desprendera do lugar em que vivera. Conhecia casos assim em que os mortos agiam como se existissem, repetindo a rotina quotidiana, como rezava a tradição oral de seu povo desde tempos imemoriais. Era esse o mistério que dava continuidade ao mistério da vida: um mistério dentro de outro mistério, igual àquelas bonecas russas, as chamadas matrioskas, umas dentro das outras e todas dentro de uma só.

Ayrton Pereira da Silva



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Postado por Impressões Digitais
1/6/2019 às 18h01

 
Lançamento de livro

Durante o evento Pensar Edição Fazer Livro, já divulgado aqui, haverá o lançamento do segundo livro da coleção Pensar Edição, publicada numa parceria entre as editoras Moinhos e Contafios, de Belo Horizonte, que pretendem compor um catálogo de obras sobre estudos do livro e da edição. O primeiro volume foi Livro - Edição e tecnologias no século XXI, de autoria da professora e escritora Ana Elisa Ribeiro. O segundo volume, com lançamento previsto para o dia 1 de junho, às 16h30, no Sesc Palladium, é Literatura infantil e juvenil - campo, materialidade e produção, organizado por Marta Passos Pinheiro e Jéssica Tolentino, ligadas ao CEFET-MG. Entrada franca. A obra será vendida por R$ 45 e pode ser encontrada no site da editora Moinhos.


LeP



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Postado por Ana Elisa Ribeiro
30/5/2019 às 13h26

 
Jornada Escrita por Mulheres

A I Jornada Escrita por Mulheres, na Faculdade de Letras da UFMG, acontece em 29 de maio, ao longo do dia, com atividades voltadas à produção de escritoras brasileiras. O evento é gratuito.


LeP



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Postado por Ana Elisa Ribeiro
23/5/2019 às 16h09

 
Pensar Edição, Fazer Livro 3

Sábado, 1o de junho, de 9h às 18h, no teatro de bolso do Sesc Palladium, em Belo Horizonte, ocorrerá a terceira edição do Pensar Edição Fazer Livro, evento promovido pelo Grupo de Pesquisa em Escritas Profissionais e Processos de Edição, sediado no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, em parceria com a editora Moinhos. Este ano, serão oferecidos uma oficina de livro-poema, com o poeta e designer Mário Vinicius; duas mesas de debates, a primeira sobre ilustração, com Cláudia Jussan, Marilda Castanha e Nelson Cruz, sob mediação da editora Jéssica Tolentino, e a segunda mesa sobre feiras de livros independentes, com a participação dos agitadores Jão (Faísca Mercado Gráfico), Wallison Gontijo (Textura e Urucum) e Larissa Mundim (e-Cêntrica, em Goiânia), sob a mediação da jornalista Flávia Denise. Por último, uma palestra sobre o conceito de obra, com o professor Luis Alberto Brandão, da UFMG. As atividades são gratuitas e as inscrições estão abertas até dia 29.


LeP



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Postado por Ana Elisa Ribeiro
23/5/2019 às 15h54

 
Juntos e Shallow Now

Se já não bastasse todas as polêmicas que a política nos fornece, Paula Fernandes, em parceria com Luan Santana, lançou uma versão para “Shallow”. A canção de Nasce uma Estrela (2018), que rendeu um Oscar para Lady Gaga, foi traduzida de forma bem livre pela cantora sertaneja. O que, convenhamos, não é algo inédito na história da música brasileira. Quem não se lembra que Sandy & Júnior, ao traduzir “Immortality”, parceria de Bee Gees e Celine Dion, trocou “We don’t say goodbye/ We don’t say goodbye” por “O que é imortal/ Não morre no final”? Ah, se houvesse internet banda larga na época!

Em sua versão tupiniquim, “Shallow” reencarnou como “Juntos”. Até aí, tudo bem. O grande ponto de crítica da versão brasileira foi o refrão. Talvez por falta de habilidades com tradução lírica, ou por uma escolha infeliz, Paula Fernandes, que assina a letra, tacou um “juntos e shallow now”, uma mistura de idiomas que não é muito comum por aqui. Ficou confuso, ficou estranho e virou sucesso – ao menos na rede de memes.

A tradução de músicas estrangeiras é algo bastante comum no Brasil. A Jovem Guarda, por exemplo, teve versões célebres. É o caso de “Banho de Lua”, de Celly Campello, que veio ao mundo como uma canção italiana (“Tintarella di Luna”, de Mina). “Pare o Casamento”, de Wanderléa, veio do original “Stop the Wedding”. E “Era um garoto que como eu amava os Beattles e os Rolling Stones”, gravado por Os Incríveis e, com mais sucesso, pelos Engenheiros do Hawaii anos mais tarde, também era uma música italiana, interpretada por Gianni Morandi – e, acreditem, o título longo é a tradução literal do original.

A ideia, vamos ser sinceros, é muito boa. Você pega uma fórmula de reconhecido sucesso e faz uma letra em português, já que nem todo mundo tem a obrigação de dominar um idioma estrangeiro. Voilá, você tem um produto pronto para tocar à exaustão nas FMs, ou, atualizando, nos aplicativos musicais de streaming. O Latino, grande hitmaker brazuca, proporcionou alguns bons luxos ao seu macaco de estimação (in memoriam) graças às versões “Festa no apê” e “Despedida de solteiro”. Há quem goste.

O sertanejo, gênero musical em que nossa Lady Gaga Paula Fernandes se enquadra, também já abusou dessa fórmula. Chitãozinho & Xororó, nos anos 1990, provaram que também existe sedução vinda do norte do Paraná e fizeram uma versão para “Have You Ever Really Loved a Women?”, de Bryan Adams, sucesso no filme Don Juan DeMarco (1995). No mesmo espírito, um filho menos famoso de Francisco e seu parceiro, Cleiton, lançaram “Na Hora de Amar”, versão de “Spending My Time”, do grupo sueco Roxette. Houve muitas outras ocorrências do tipo, mas vou poupá-los do histórico.

Mas falar em versão brasileira para clássicos estrangeiros seria impossível sem mencionar dois cases de sucesso. O primeiro deles foi a banda Yahoo, fundada pelo guitarrista Robertinho de Recife, especializada em traduzir baladas de hard rock para o idioma português. Em um tempo em que o rock era pop, eles emplacaram músicas em trilhas sonoras de novelas e circularam por alguns dos bons programas de auditório do período.

Além deles, houve Angélica, que conseguiu, com “Vou de Taxi”, aos 15 anos, se tornar uma marca competitiva no acirrado mercado de “loiras apresentadoras de programas infantis”. A versão brasileira para “Joe le Taxi”, sucesso interpretado originalmente por Vanessa Paradis, foi uma das dez mais tocadas no Brasil em 1988. Anos depois, Angélica tentaria novo sucesso com versões. E eu até entendo que alguém tenha acreditado que uma versão de “Linger”, dos Cranberries, poderia emplacar. Agora, turbinar “Light My Fire”, clássico do The Doors com a frivolidade de “Bye que bye bye bye” só poderia dar certo. Se o objetivo fosse criar uma coisa muito exdrúxula, é claro.

Essa pequena coletânea de versões brasileiras Herbert Richers para sucessos internacionais não tem, verdadeiramente, um propósito muito claro. Mas o leitor pode entendê-la como uma ameaça. Enquanto você fica aí, horrorizado com a criatividade de Paula Fernandes, saiba que vem muito mais por aí. Sempre vem. Força, amigos, juntos e shallow now somos mais fortes.

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Postado por Luís Fernando Amâncio
20/5/2019 às 14h08

 
PROCURA-SE

Gratifica-se a quem achar

haveres meus abstratos

que cansei de procurar.

Quem viu por aí, ao acaso,

algumas tardes antigas

quando um menino escutava

um realejo longínquo

que já não se escuta mais?

Quem viu por aí, ao acaso,

um álbum de selos daqueles

de tempos bastante antigos

que transportava um menino

até distantes países

sem se mover do lugar?

Quem viu por aí, ao acaso,

estampas do sabonete Eucalol,

almanaques dos gibis

que coloriam de festa

manhãs de Natal tão modestas?

Quem por acaso sentiu

um aroma de alfazema

um cheiro etéreo e fugaz

de outras eras provindo

de um quarto de três mocinhas

as minhas irmãs meninas

que se foram sem voltar?

Quem entreviu ao acaso

as minhas musas de então,

se elas preferem agora

o exílio da escuridão?

Quem viu por aí, ao acaso,

feito um delírio acordado,

minhas rotas fantasias,

fantasmas rondando a esmo

nos corredores de outrora

da casa paterna morta?

Quem viu acaso um menino

vagando qual peregrino

que esqueceu de envelhecer?...

Ayrton Pereira da Silva



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Postado por Impressões Digitais
1/5/2019 às 16h56

 
Dicionário de Imprecisões

Sábado, 11 de maio, durante a feira literária Urucum, a poeta Ana Elisa Ribeiro lançará seu novo poemário intitulado Dicionário de Imprecisões. O evento terá início às 14h e seguirá com autógrafos até as 17h, no Guaja (Av. Afonso Pena, 2881, na região central da capital mineira).

O livro, oitavo volume de poemas da autora, é resultado de uma parceria com a editora e gráfica Impressões de Minas, que vem se destacando no mercado editorial, com a produção de livros-design feitos quase artesanalmente. O Dicionário de Imprecisões é o segundo projeto com a autora belo-horizontina, com quem já fazem o planner poético desde 2017.

Entrada franca

Preço no lançamento: R$35


LeP



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Postado por Ana Elisa Ribeiro
1/5/2019 à 00h46

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