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Quinta-feira, 27/3/2003
Guerra é entretenimento
Adriana Baggio
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A guerra entre a força de coalizão, composta pelas armas de Estados Unidos e Grã-Bretanha, e o Iraque, é a grande campeã de audiência nas televisões nos últimos dias. Não poderia ser de outra forma. Como nos dias de hoje estamos todos ligados uns aos outros, qualquer espirro lá dá uma convulsãozinha aqui. Por isso a importância de acompanhar de perto este conflito.

No entanto, para os meios de comunicação a guerra é mais do que uma cobertura jornalística obrigatória. Não é de hoje que a mídia procura inovar nas atrações na tentativa de prender a atenção do público. O resultado são produtos televisivos cada vez mais apelativos, para o sexo, para a violência ou para o mau-gosto. Por algum motivo que os psicólogos e os antropólogos devem ter explicação, sentimo-nos atraídos por este tipo de apelo e consumimos avidamente estes programas, independentemente das tragédias reais com as quais precisamos conviver diariamente. Pois bem, a guerra vem alimentar essa tendência de uma maneira mais perniciosa, porque é real, e não uma produção concebida para atrair nossa audiência.

Os conflitos têm sido apresentados de perto. Muita gente já comparou a guerra com o roteiro de um filme hollywoodiano, e realmente as semelhanças estão óbvias demais para negar uma associação. As câmeras de TV estão realmente muito próximas do front, tranqüilas como se estivessem na segurança de um set de filmagem com munição de festim e efeitos especiais. O enredo apresenta aquela famosa trama no qual o mocinho parece não ser tão mocinho assim, e o vilão talvez não seja tão mal. Estamos no meio do filme, e já não temos certeza sobre quem é o bom e quem é o mau, ou para qual devemos torcer.

Para completar, temos também uma cobertura metajornalística da guerra, onde a notícia é sobre como a notícia tem sido divulgada nos diversos cantos do mundo. Ou seja, os bastidores parecem não existir mais. A necessidade de apelo é tão grande que, para chamar atenção em meio à imensa quantidade de estímulos que recebemos todos os dias, é preciso chegar ao âmago e mostrar as coisas na sua forma mais crua.

Fico me perguntando o que vai ser da indústria do entretenimento depois da cobertura desta guerra. O que os filmes vão mostrar, se a gente está vendo tudo de verdade? O que vai ser da ficção se a realidade já alcançou o ponto de principal atração? Que mistérios serão urdidos para capturar a atenção do espectador, se o conhecimento sobre as tramas mais sórdidas está ao nosso alcance?

Deve ser por isso que houve uma leva de filmes com roteiros complicados, daqueles em que a gente pensa que é uma coisa, mas na verdade é totalmente outra, tipo Sexto Sentido, Vanilla Sky, Os Outros, e por aí vai. Ou então, deve ser em reação ao mesmo motivo que um filme bonito e agradável, porém ralo como Chicago, foi o que ganhou mais prêmios neste último Oscar. Já que não podemos competir com eles, vamos inaugurar uma nova fase na indústria do entretenimento. De volta aos roteiros belos, mas ordinários. Gangues de Nova York, feroz e violento, não teve a mesma repercussão. E olhe que as cenas de Gangues são repletas de sangue e brutalidade. No entanto, este representa a guerra, mas uma guerra fictícia, que não tem condições de competir em interesse com a guerra de verdade.

Preocuparam-se tanto com as possíveis armas químicas ou de destruição em massa, mas a força de coalizão não estava preparada para a principal arma dos nossos tempos: a informação. Enquanto as redes norte-americanas e britânicas salientam as vitórias dos aliados, as emissoras do lado de lá mostram que a invasão não tem o sucesso que Estados Unidos e Grã-Bretanha gostariam. Além disso, ainda capitalizam em cima das supostas vítimas dos ataques da coalizão. O resultado é que o mundo todo, que sempre abominou ditadores como Saddam Hussein, passou a quase apoiar as ações do Iraque. A arrogância, a falta de tato, de diplomacia e de sensibilidade fazem com que Bush assuma o papel do mocinho que talvez não seja tão bom assim. E o "mal", de repente, passa a estar com a razão.

Quem vai vencer a guerra? Não importa muito, se formos considerar seu aspecto de reality show. O que a mídia quer mesmo é muita polêmica e confusão. Enquanto houver intriga, mistério, sofrimento e histórias interessantes, a audiência está garantida. Só falta mesmo divulgar um número de telefone para a gente poder votar.


Adriana Baggio
Curitiba, 27/3/2003

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