| Mais Recentes >>> Duma Key de Stephen King pela Objetiva (2009) >>> Livro Ramsés A Batalha de Kadesh Volume III de Christian Jacq, traduzido por Maria D. Alexandre pela Bertrand Brasil (1999) >>> Banaras: Walks Through India's Sacred City de Nandini Majumdar pela Roli Books (2015) >>> Vampiros Emocionais: Como Lidar Com Pessoas Que Sugam Você de Albert J. Bernstein pela Campus (2001) >>> Livro As Intermitências Da Morte de José Saramago pela Companhia Das Letras (2005) >>> Livro O Primo Basílio Coleção Bom Livro de Eça de Queirós pela Ática (2002) >>> Livro Ramsés O Templo de Milhões de Anos Volume 2 de Christian Jacq, traduzido por Maria D. Alexandre pela Bertrand Brasil (1999) >>> Cambridge English Prepare! Level 4 Student's Book de James Styring, Nicholas Tims pela Cambridge English (2015) >>> Como Cuidar Da Nossa Agua de Bei pela Bei (2010) >>> Livro HQ Mulher Maravilha e Mais: a Coroação da Rainha Núbia e Ártemis: Procurada! Volume 11 de Michael W. Conrad, Stephanie Williams, Vita Ayala, Emanuela Lupacchino, Marguerite Sauvage, Skylar Partridge, traduzido por Mario Luiz C. Barroso pela Panini Comics (2023) >>> Método Para uma Filosofia da Libertação de Enrique D. Dussel pela Loyola (1986) >>> Introdução A Filosofia de Julián Marías pela Livraria Duas Cidades (1966) >>> Aurículo Acupuntura - Eu Won Lee 4ª Ed. de Eu Won Lee pela Bioaccus >>> Livro Four A Divergent Collection de Veronica Roth pela Katherine Tegen Books (2014) >>> Trilogia A Busca do Graal (COLEÇÃO COMPLETA) de Bernard Cornwell pela Record (2003) >>> Livro Pequena História Do Brasil Holandês de Hildegard Feist pela Moderna (1998) >>> Pontos De Pressão Acupuntura Sem Agulhas - Dr. Keith Kenyon de Dr. Keith Kenyon pela Pensamento >>> Lua Nova - Portuguese CAPA DO FILME de Stephenie Meyer pela Intrinseca (2012) >>> Programa de Admissão de Vários Autores pela Companhia Editora Nacional (1958) >>> Livro O Evangelho Segundo O Espiritismo de Allan Kardec, traduzido por J. Herculano Pires pela Lake (2022) >>> Amanhecer de Stephenie Meyer pela Bbinfinite (2012) >>> S. Tomás - Os Grandes Pensadores de E. Chiocchetti pela Cultura Moderna (1936) >>> Terminglês Glossário De Expressões Inglesas - E. P. Lunna 7ª Ed. de E. P. Lunna pela Aduaneiras (2003) >>> Acontece de Laé De Souza pela Eco Arte (2012) >>> Compêndio De Anatomia Humana de Luiz Arnaldo Biagio pela Manole (2000)
|
|
COLUNAS
Quarta-feira,
16/4/2003
Acordei que sonhava
Rennata Airoldi
+ de 4400 Acessos
Há maneiras e maneiras de se contar uma história. Aqui, nesta peça, este é o grande diferencial. Não é só uma peça, não é só um show, não é só um musical. A apropriação e o desenvolvimento do tema é sem dúvida surpreendente. Acordei que sonhava é o novo trabalho do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Com direção e adaptação de Claudia Schapira, a peça é uma releitura do clássico de Calderón de la Barca, A Vida é Sonho. Para quem não conhece, o texto conta a história de um príncipe que é mantido prisioneiro por seu próprio pai durante vinte anos, até que... têm um dia de rei! Mas fica para ele a eterna dúvida: seria a vida um sonho ou seria o sonho uma realidade?
Bem, nada de novo até aqui. O que há de realmente renovador é que o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos tem uma ampla pesquisa mesclando teatro com a cultura Hip Hop e, a partir daí, surge uma mistura muito interessante que resulta nesta experiência cênica. A direção musical é do DJ Eugênio de Lima. Na peça, se entrelaçam a música, o texto, o ator, o DJ, a arte multimídia e proporcionam juntos, para o espectador, uma vivência. Ao assistir, toma-se conhecimento da estética e da cultura proposta, e a vontade de interferir ativamente é constante. É uma grande parafernália, sem dúvida. Televisões, câmeras, microfones. Mas nada sem propósito ou sem função. Tudo isso é muito bem aproveitado. Não vemos nenhum elemento poluindo ou deslocado do contexto.
A peça começa meio sem dizer exatamente "a que veio". Porém, aos poucos, vai tornando-se um organismo que respira, pulsa e fala. Mais que isso: que nos faz pensar! Refletir sobre nós mesmos e sobre nossa própria vida. É um ato de muita coragem e ousadia apropriar-se assim de um texto tão conhecido e de maneira tão precisa. Um dos momentos mais hilários é a transposição do texto para os dias atuais, através da crítica à mídia. Programas de TV e shows esdrúxulos que vemos todos os dias denegrindo a imagem do ser humano na pequena tela que invade nossas casas. Não basta criticar toda a situação mas é preciso saber criticar, saber colocar de maneira correta a situação para que o espectador seja capaz de tirar suas próprias conclusões. Agir, acima de tudo. Aqui, isso é feito de maneira sublime.
Outro fato que surpreende são mulheres fazendo personagens masculinos de maneira ímpar. Não há maneirismo, nem vozes ou corpos forçando um gestual caricato. Em nenhum momento, a cena repele o olhar do espectador. Isso porque fica muito claro que todos os atores sabem muito bem sobre o quê estão falando. Há uma segurança e uma verdade inquestionável.
É um grito que ecoa! A música presente, quase o tempo todo, os DJs e as frases rimadas do Hip Hop são um tempero extra. Poucas vezes, surge a oportunidade de se assistir uma peça onde o conjunto, ou seja, todos os elementos que compõem o espetáculo, funciona de uma forma tão harmônica. Nada se sobrepõe. A música não é mais que a cena, mas, neste caso, é impossível pensar a cena sem a interferência musical. Confuso? É como ver uma flor onde todas as pétalas se somam formando o conjunto com caule e aroma, resultando no requinte fatal.
Há uma grande diferença entre um grupo que se reúne simplesmente para montar uma peça e um núcleo de pesquisa que se propõe a pensar e realizar arte sob determinado ponto de vista. Aqui, além da qualidade artística, fica também a maneira inovadora e acessível de se contar um clássico. É preciso ressaltar ainda que o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos foi um dos contemplados pela Lei de Fomento ao Teatro. Acredito que, somente com incentivos e parcerias, é possível transformar o teatro em um mecanismo de transformação cultural, educacional e social. Tomara que esta iniciativa (de juntar música, teatro e vídeo) se mantenha e se propague, pois, no mundo de hoje, nenhum segmento artístico sobrevive isolado. É tempo de globalização! Mas é preciso, também, saber unir, somar os elementos e não juntá-los sem nenhuma coerência.
"Eu entendi com o coração o que devo expressar. Se não for urgente e preciso, é melhor calar" (frase dita na peça por Maysa Lepique).
Para ir além
Acordei que sonhava está em cartaz na Funarte (sala Carlos Miranda), que fica na Alameda Northmann, nº 1058. Sempre às sextas e sábados, 21 hrs.; domingos, 20 hrs. Até o dia 24 de junho. Maiores informações pelo telefone: (011) 3662-5177.
Rennata Airoldi
São Paulo,
16/4/2003
Quem leu este, também leu esse(s):
01.
Como Steve Jobs se tornou Steve Jobs de Julio Daio Borges
02.
Colocando o preto no branco das câmeras digitais de Vicente Escudero
03.
Itinerário de leituras off-line de Julio Daio Borges
04.
Vania Abreu tão perto e tão longe da Multidão de Fabio Silvestre Cardoso
05.
Eu. de Evandro Ferreira
Mais Acessadas de Rennata Airoldi
em 2003
01.
Zastrozzi - 2/7/2003
02.
Temporada de Gripe - 17/11/2003
03.
As Nuvens e/ou um deus chamado dinheiro - 4/6/2003
04.
O Belo Indiferente - 24/9/2003
05.
José Tonezzi: Arte e Pesquisa Sem Fronteiras - 12/2/2003
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|
|