Nostalgia do país inventado | Marcelo Barbão | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 22/4/2003
Nostalgia do país inventado
Marcelo Barbão
+ de 4000 Acessos

Ah, a nostalgia. Quantos livros, novelas, poemas (bons ou desprezíveis), foram escritos motivados pela nostalgia. Da família, da amada (o), da infância e, como uma mistura de tudo isso, do lugar onde se nasce.

O país abandonado, os restos deixados para trás renderam muitas linhas. E, apesar do tema batido, ainda pode render muitas e muitas histórias interessantes. Inventadas ou reais.

É com esta nostalgia que a escritora chilena Isabel Allende procura se reafirmar depois do seu livro anterior, o fraquíssimo 'La ciudad de las bestias', onde se aventurou por uma espécie de literatura juvenil que conseguiu desagradar até os fãs mais ardorosos da escritora.

Com 'Mi país inventado', Allende (que é parente distante do ex-presidente chileno) retoma o estilo de literatura "jornalística" que marcou os seus primeiros trabalhos. E quando volta ao habitat natural, ela consegue montar um panorama impressionante do povo e da cultura chilena. É preciso dizer, antes de tudo, que os chilenos talvez sejam o povo mais parecido com os brasileiros em toda a América do Sul (para o bem ou para o mal). Isso foi algo que eu já havia percebido na minha única viagem para Santiago.

Mas, com a descrição minuciosa e cheia de coloridos de Allende, essa sensação fica mais forte. Os chilenos vivem num país meio mágico. Primeiro pelo formato, separados do mundo pela cordilheira dos Andes, voltados para o Pacífico e cercados por extremos radicais: ao norte o deserto mais seco e ao sul a maior geleira do mundo. No meio, um povo hospitaleiro, mas que já entrou em guerra com seus três vizinhos. Onde o socialismo democrático teve sua experiência mais importante que terminou numa ditadura sangrenta como poucas no continente latino-americano.

Isabel Allende usa todos esses elementos para montar esse livro onde reflete sobre a questão da identidade cultural que todos temos e que começa a ser moldada desde que nascemos. Apesar da mudança de país, essa influência perdura, como é o caso da própria autora que, hoje em dia, mora em São Francisco e, conforme confessa no começo do livro, foi pega pela onda de comoção que varreu os EUA depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Foi a partir desse primeiro sentimento que ela começou a desenvolver essa volta ao passado.

Uma volta que começa com as memórias do seu avô (que nos levam a outro pensamento depois de ler o primeiro volume das memórias de Gabriel García Márquez - como são importantes os avôs na vida dos escritores latinos!), de sua família pouco convencional mas que permitiu que, ainda jovem, Isabel Allende viajasse por vários países e conhecesse outras cultura. O que a obrigou a conhecer novamente o Chile a cada vez que tinha que voltar, criando uma relação de estranhamento e redescoberta que marca todo o texto. Muitas vezes, ela precisa recorrer às memórias de outros para contar sua própria relação com o país.

A nostalgia só começa em 1973, quando o golpe militar dirigido pelo general Pinochet contra o governo de Allende, muda completamente a face do país. A escritora ainda permanece dois anos, mesmo sendo uma jornalista conhecida e tendo trabalhado numa revista feminina que tinha como objetivo acabar com a situação subalterna da mulher chilena na sociedade. Saiu do país em 1975 levando um pouco de terra chilena na mala.

Foi para a Venezuela onde, apesar da infelicidade, escreveu sua primeira e famosíssima novela, 'La casa de los espíritus'. Foi o começo da carreira da escritora que a levou aos EUA no final dos anos 80, saindo de um divórcio e recomeçando, mais uma vez, sua vida.

Se 'Mi país inventado' foi uma tentativa de reconquistar seus fãs depois do fracasso de 'La ciudad de las bestias', Isabel Allende conseguiu se redimir com estilo. Se o objetivo era fazer uma declaração de amor e saudades ao seu país natal, duvido que algum chileno não se emocione com a história. E quem não conhece o Chile, que planeje as próximas férias. A terra de Pablo Neruda merece:

"Hay exilios que muerden y otros
son como el fuego que consume.
Hay dolores de patria muerta
que van subiendo desde abajo,
desde los pies y las raíces
y de pronto el hombre se ahoga,
ya no conoce las espigas,
ya se terminó la guitarra,
ya no hay aire para esa boca,
ya no puede vivir sin tierra
y entonces se cae de bruces,
no en la tierra, sino en la muerte."

'Exilios', Pablo Neruda

Para ir além:
Mi país inventado
Isabel Allende
Editorial Sudamericana
220 páginas
R$ 55,10


Marcelo Barbão
São Paulo, 22/4/2003

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