Nem tente evitar Philip Glass | Arcano9 | Digestivo Cultural

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Segunda-feira, 12/5/2003
Nem tente evitar Philip Glass
Arcano9
+ de 4700 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Glass's music opens up an universe of changing permanence. I find that it has an enormous effect on the ability of the viewer to sit and watch images. (Godfrey Reggio, diretor de Koyaanisqatsi)

Adjetivos contrastantes são com freqüência empregados para definir seus trabalhos. "Entediante" e "repetitivo" são os básicos, que se desdobram em descrições mais positivas, como "hipnótico" e "intenso". O fato é que Philip Glass está aí. Ele é provavelmente o compositor erudito nascido no século 20 que mais faz sucesso atualmente. E não sucesso no sentido elitista, sucesso entre a meia dúzia de aficionados que acompanha a evolução do mundo dos concertos, quartetos de câmara e sinfonias. Glass é hoje um compositor pop. E quer ser mais pop ainda.

I am not asked to do these epics, mythic things. I am considered an art composer, I am considered a little bit too highbrow, but I am not highbrow at all. (Philip Glass)

Lembro-me de um tempo hoje distante. Eu acabara de entrar na faculdade. Havia recém-descoberto o jazz pós-tradicional, e estava particularmente entusiasmado com o Bebop e com tudo que Miles Davis havia gravado. Minha namorada, porém, estava em outra: Debussy. Lhe disse que nunca havia travado contato profundo com a música erudita, e que achava a maioria das composições entediantes. "Você quer ver o que é entediante?", perguntou ela. Me levou para a discoteca da faculdade, e me forçou a ouvir uma (pequena) fração de Music in 12 Parts (1971-1974), de Glass.

When I listen to music, I am not listening for mood or atmosphere. I hear it in terms of language of music and I hear a grammar which is totally different. (Philip Glass)

O compositor era realmente cult. E eu não conseguia engolir que alguém gostasse daquela repetição nauseabunda de arpejos e arpejos com toques de crueldade matemática (depois descobri que Glass estudou matemática na universidade). Mas foi naquela mesma época que, por coincidência ou não, meu irmão passou a considerar Glass uma espécie de ídolo. Um ídolo improvável para os preocupados com o progresso doentio nas cidades. Ele havia comprado a trilha sonora de Koyaanisqatsi e a música retumbava na sala de estar de casa.

Minimalismo - Escolas de arte e música contemporâneas em que a ênfase é a simplicidade e a objetividade. Os compositores minimalistas rejeitam a esterilidade emocional da música serial.

Não vi o filme na época - era muito difícil ter uma oportunidade, ele era tão alternativo que só grupos rosacruzes e maçônicos pareciam ter uma cópia em vídeo. Meu irmão tocava a fita cassete no carro quando íamos viajar para o interior, com o objetivo de admirar as belezas naturais que ainda escapavam as mãos malignas do homem. Nas curvas da estrada entre Itajubá e Presidente Wenceslau, ou entre Camanducaia e Monte Verde, a partitura espelhava minha cabeça tombando para a esquerda e para a direita, subitamente pensando se tudo valia a pena.

With no pressure from the industry, (Glass and Reggio) were able to develop something really new, with music as an equal partner to the image. (Richard Wolfson, Financial Times)

No ano 2000, sábado à tarde, Shaftesbury Avenue lotada de chineses, calçada suja, tempo chuvoso, cheiro de latas de Coca-Cola amassadas e bitucas de cigarro. Passo em frente ao Curzon Soho e descubro que Koyaanisqatsi está sendo exibido. A entrada me faz entender, pela primeira vez, pela primeiríssima vez, o verdadeiro poder de Glass. São longos minutos contemplativos, legitimamente taoístas. Tresmalho-me nas imagens, sim, mas as imagens não têm o menor sentido sozinhas. Quando as luzes acendem, a música permanece. Lentamente mutável.

(...) If you look at my music, you will see that for the most part, it is for theatre, for opera, for dance, or for cinema, which is a form of theatre. (Philip Glass)

Ele compôs trilhas sonoras originais para 26 filmes, e colaborou em mais 39 produções para cinema e vídeo. Interessante é que parece que suas trilhas sonoras têm aparecido cada vez mais em filmes de primeira linha de Hollywood do que em filmes destinados a ser cult, como Koyaanisqatsi (1982). Alguns exemplos: a trilha de Kundun (Martin Scorsese, 1997); O Show de Truman - O Show da Vida (Peter Weir, 1998); e, é claro, As Horas (Stephen Daldry, 2002). Além de As Horas, ele também foi indicado ao Oscar pela trilha de Kundun, mas não levou.

Music isn't glued to the image. The spectator finds a way to personalise it and in a way the spectator becomes my collaborator as you make up the connections yourself (Philip Glass)

Diz que "amaria" fazer a trilha sonora de produções ainda mais comerciais, para jovens, como os filmes da trilogia O Senhor dos Anéis. Isso deve acontecer em breve. Mais um sinal disso é a presença dele na mídia. No final do ano passado, ele foi garoto-propaganda da BBC aqui na Grã-Bretanha. Aparecia em uma foto, sentado sozinho em um banco no Central Park de Nova York. Embaixo, o slogan da campanha da BBC: Everybody needs a place to think. Também neste ano, ele foi homenageado em um evento concorridíssimo no Barbican.

Glass's score for The Hours (...) helps a sequence of faces and fragmented stories become a satisfying movie. Like Glass's music itself, the film is threaded with repeated, rhyming gestures (John Walters, The Guardian)

A trilha sonora de As Horas me cativou, é a melhor que ouvi em quase dez anos. É um Glass evoluído, que não poderia jamais me entediar. Ou sou eu que fiquei mais velho e entendo as sutis nuances que fazem sua música ser rica, mas não obviamente rica. É também uma das peças eruditas mais vendidas em Londres, sendo exibida com destaque nas prateleiras mais à vista de redes como a HMV. Há quem ainda tente evitar Glass, mas se esse é seu caso, acho que você não vai conseguir evitá-lo muito mais tempo.

Philip Glass (1937-) - Compositor, nascido nos EUA. Um dos mais importantes nomes do minimalismo na música. Seu trabalho tem tido grande influência no desenvolvimento de uma nova geração de músicos.


Arcano9
Miami, 12/5/2003

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01. Leitura, curadoria e imbecilização de Ana Elisa Ribeiro


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
16/6/2003
21h38min
Koyaanisqatsi é realmente um cult. A trilha de As horas muito boa. Mas antes de ter escrito a coluna vc realmente deveria ter ouvido kundum e ficar imaginando uma mandala sendo levada pelo vento. Tem pouca coisa mais proxima de Tao que isso. Incrivel é lembrar que o filme é do scorcese...
[Leia outros Comentários de Jorge]
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