G3 | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

busca | avançada
60500 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Neide Nazaré lança EP Equidade que enaltece a força e a delicadeza feminina
>>> Cacá Lopes lança livro Flores do Mandacaru - As Mulheres no Forró
>>> Professores do Ceará lançam livro de crônicas no IFCE em homenagem à Sinval Farias
>>> Bora Pro Baile: Vera Lucia
>>> Originais do Charme anunciam as novas datas de seu novo espetáculo: “Flashblack”
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
Colunistas
Últimos Posts
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
>>> O jovem Tallis Gomes (2014)
>>> A história do G4 Educação
>>> Mesa do Meio sobre o Primeiro Turno de 2024
>>> MBL sobre Pablo Marçal
>>> Stuhlberger no NomadCast
>>> Marcos Lisboa no Market Makers (2024)
>>> Sergey Brin, do Google, sobre A.I.
>>> Waack sobre a cadeirada
Últimos Posts
>>> E-book: Estágios da Solidão: Um Guia Prático
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O underground e o Estado
>>> YouTube, lá vou eu
>>> Sou da capital, sou sem-educação
>>> A literatura infanto-juvenil que vem de longe
>>> O Islã e seu Clone
>>> O Islã e seu Clone
>>> Sobre blogs e blogueiros
>>> O making-off da Navegação
>>> Cultura da hipocrisia
>>> Impresso pra quê?
Mais Recentes
>>> O Poder Da Meditação de Joel Levey e Michelle Levey pela Nova Era (2001)
>>> Deutsch Als Fremdsprache I a Neubearbeitung de Ernst Klett pela Epu (1978)
>>> Estranho de Camila Lackberg pela Planeta (2012)
>>> Libras: Aspectos Fundamentais de Cristina Broglia F. de Lacerda et al. (Organizadores) pela Intersaberes (2019)
>>> A Casa Dos Sonhos de Claire Douglas pela Trama - Ediouro (2024)
>>> O Senhor dos Anéis: A Volta do Anel - Livro Quarto de J.R.R. Tolkien pela Artenova (1976)
>>> Judy. A História Da Pointer-inglesa Que Foi Prisioneira Na Na Segunda Guerra Mundial de Damien Lewis pela Planeta (2024)
>>> As Cabanas Que O Amor Faz Em Nós de Ana Suy pela Planeta Do Brasil
>>> Raiva E Ruína de Jennifer L. Armentrout pela Inside Books
>>> Lua de Sangue de Jo Nesbo pela Record
>>> As Mulheres Do Circo Secreto de Constance Sayers pela Trama - Ediouro
>>> Um Caso De Verao de Elin Hilderbrand pela Bertrand (2011)
>>> Cortabunda o Maníaco do Zé Walter de Jansen Viana pela Banco Do Nordeste Do Brasil, (2011)
>>> Como Se Fosse Um Monstro de Fabiane Guimaraƒes, Alfaguara pela Alfaguara
>>> Teoria Dos Chakras de Hiroshi Motoyama pela Pensamento (2010)
>>> O Chamado Do Serial Killer de John Mark pela Harper Collins (2023)
>>> Ceu Esta Em Todo Lugar de Jandy Nelson pela Novo Conceito (2011)
>>> A Guerra Dos Furacões de Thea Guanzon pela Intrínseca (2024)
>>> Insomnia de Stephen King, Stephen King pela Hodder & Stoughton (2011)
>>> Arte E Ciência De Roubar Galinha de Joao Ubaldo Ribeiro pela Nova Fronteira (2024)
>>> Um Verao Italiano de Rebecca Serle pela Paralela
>>> A República do Apito de Euclydes Zamperetti Fiori pela Caminho das Idéias (2006)
>>> Saúde Visual Por Toda A Vida de Meir Schneider pela Cultrix (2012)
>>> Lúcia Mccartney de Rubem Fonseca pela Nova Fronteira (2024)
>>> Feira de versos - Para gostar de ler - volume 36 [Capa comum] [2013] joao melquiades f da silva e outros de João Melquiades Leando Gomes pela Ática (2013)
COLUNAS

Quarta-feira, 15/11/2006
G3
Rafael Fernandes
+ de 6200 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Todo texto é pessoal. Mas este será ainda mais personalista. Não chegará a uma confissão, mas seu conteúdo será reflexo do amor deste que vos escreve pela guitarra - mais precisamente a guitarra no rock. Sou um devoto admirador de seus guitar heroes (literalmente os "heróis da guitarra", expressão que agora virou nome de jogo de videogame) desde sempre - de Hendrix aos "fritadores" dos anos 80, aos nomes atuais. Portanto, aqui vai um aviso: se você odeia a auto-indulgência dos guitarristas e seus solos pirotécnicos, este não é seu texto. Se você odeia rock este não é seu texto. E mais: se você acredita que o Jack White do White Stripes é um virtuose do instrumento (eu já li isso...), fuja deste texto e vá ler a NME.

Este não será um texto especificamente sobre guitarra rock, mas sobre um show do G3, um projeto criado por Joe Satriani para juntar três guitarristas (Satch é sempre um deles) num show conjunto, em que cada um faz uma apresentação solo de cerca de uma hora e no final todos se juntam para uma jam. O pontapé inicial deu-se me 1996, quando Satriani se juntou ao seu ex-pupilo Steve Vai e a Eric Johnson. A coisa deu tão certo que o projeto continua firme e forte até hoje, sempre com apresentações a cada dois anos, aproximadamente. Já passaram pela formação, além dos já citados, Kenny Wayne Shepherd, Robert Fripp, John Petrucci, Yngwie Malmsteen (numa formação histórica com Vai e Satriani, reunindo o triunvirato da guitarra oitentista num só show), Adrian Legg, Michael Schenker e Uli Jon Roth. Já viraram CD/DVD as formações de 1996 (Satriani, Vai, Johnson), 2003 (Satriani, Vai, Malmsteen) e 2004 (Satriani, Vai e Petrucci). Esse projeto já veio ao Brasil em 2004 com Satriani, Vai e Fripp e retornou há algumas semanas, com Joe Satriani, John Petrucci e Eric Johnson, que fizeram apresentações fantásticas e mostraram características bastante diferentes entre si. No primeiro dia dos shows o Credicard Hall não esteve lotado, mas chegou muito perto disso. O público era composto basicamente de homens de 20 a 40 anos; algumas poucas mulheres, em geral acompanhando seus namorados ou maridos - gostaria de saber qual foi a tática de convencimento deles para levá-las para ver e ouvir quatro horas - quase ininterruptas - de guitarras. Que poder de persuasão! Brincadeiras à parte e antes de voltar ao show em si, é preciso fazer algumas observações sobre o "mundo das guitarras" no Brasil.

Acho incrível como esse mercado se ajeitou em seu nicho, que começou a ganhar mais consistência há cerca de 10 anos, quando uma série de fatores ajudou o seu crescimento: guitarristas internacionais começaram a vir com maior freqüência para o país; novos ídolos da guitarra brasileira (particularmente no rock) surgiram, como Edu Ardanuy, Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Frank Solari, Sérgio Buss, entre outros; revistas de qualidade surgiram (a Guitar Player lançou versão brasileira e foi criada aqui a Cover Guitarra); algumas escolas de música ganharam força (como o Conservatório Souza Lima) e novas surgiram (o IG&T foi inaugurado em 1997, para depois virar EM&T); a abertura comercial do início dos anos 90 começou a surtir efeito e, aliada ao câmbio estável de meados da década, impulsionou o mercado de instrumentos e acessórios, com grande variedade de opções importadas (para todos os bolsos) e levando a melhora significativa da indústria nacional; a tecnologia (internet basicamente) ampliou o acesso a informações. Não à toa, como dito acima, o show do G3 teve grande público, apenas com anúncios em revistas especializadas, alguns anúncios em jornal e artigos pequenos nos grandes jornais apenas na véspera dos shows. Se levarmos em conta que qualquer nova banda internacional "muderna" que enche uma casa de espetáculos de médio porte por aqui é exaltada como "fenômeno" por parte mídia (quase sempre se referindo às apresentações como "catárticas"), é significativo que os guitarristas continuem a encher seus shows por aqui sem grande alarde.

De volta ao G3, a apresentação começou com Eric Johnson, acompanhado de uma banda "só" com baixo e bateria (Roscoe Beck e Tommy Taylor, respectivamente) - e fizeram um sonzaço! Johnson tem um belíssimo timbre, bem característico, uma sonoridade única, doce, em contraponto a sua execução que por vezes "come" algumas notas - não é erro, é estilo de tocar, com uma displicência quase estudada; gosta de usar acordes que acompanhem as melodias. Ele é uma espécie de anti-rockstar: toca torto, meio desengonçado, sem pose. Sua música é uma espécie de fusion, com influência de Steve Ray Vaughan e Jimi Hendrix e com melodias "cantáveis", com ecos de pop - uma combinação bastante interessante que resulta num som encorpado, mas ao mesmo tempo com um sabor adocicado. Abriu o show com a ótima "Summer jam" de seu disco Bloom. Entre outras tantas boas músicas, tocou dois de seus clássicos, "SRV" e "Manhattan", que são excelentes mostras de seu som, e encerrou com "Cliffs of Dover".

John Petrucci veio em seguida como um contraponto: um som pesadíssimo, cortante, altamente influenciado pelo metal e com uma execução precisa, quase sem erros. Acompanhado de seu companheiro de Dream Theater, Mike Portnoy, na bateria e o lendário Dave La Rue no baixo, tocou músicas de seu primeiro e único disco solo: Suspended Animation. Os pontos baixos de seu show foram as baladas "Curve" e "Lost without you" que em alguns momentos chegam a ser bregas; aliás, muitos guitarristas do rock têm enorme dificuldade de fazerem baladas sem soarem bregas. Por outro lado, quando "pegou pesado" em músicas cheias de riffs e licks se deu mais do que bem, como "Jaws of life", "Glasgow kiss" e "Damage control", que encerrou outra excelente apresentação.

Fechando a noite, antes da tradicional jam, veio Joe Satriani - que entrou com o jogo ganho. Ele é um cara cool, com um carisma low-profile (em contraponto à farofice intencional e divertida de Steve Vai, por exemplo); é certamente um dos grandes ícones de uma linha de guitar heroes iniciada nos anos 80 pós-Van Halen (junto com Steve Vai e Yngwie Malmsteen, mas com a diferença de vir lançando apenas discos instrumentais enquanto, por exemplo, Malmsteen lança discos com vocais) e tem um estilo musical que influencia milhares de guitarristas até hoje. Satriani também tem um estilo de tocar característico e suas músicas são construídas, em geral, com estrutura do pop, com espaços distintos para "parte A", "parte B", "pontes", refrões e solos - talvez por isso seja um dos que mais agrade a "não-guitarristas" ou aos que estão se iniciando nessa seara; já a sonoridade é bastante influênciada por Hendrix, blues e Eddie Van Halen (two-hands tapping, alavancadas, etc.).

Seu show começou com a clássica e climática "Flying in a blue dream" (do disco homônimo), seguida da excelente "The extremist" (também de um álbum homônimo). De seu último disco, Super Colossal foram tocadas a faixa-título (uma candidata a novo clássico), as boas "Redshift riders" e "Just like lightnin'" e a divertida "Crowd chant", com interação da banda com o público. Ainda sobrou espaço para mais clássicos: "Satch boogie", originalmente gravado no seu grande clássico disco Surfing with the alien, a sensacional e swingada "Cool Nº 9", "Summer song" (famosa por ter sido vinheta do Vídeo Show, da TV Globo, por muitos anos). Encerrando veio "Always with me, always with you" (famosa por ter sido trilha de comercial de uma marca de cigarro) que contou com um final especial, em que os dois outros guitarristas entraram no palco para finalizá-la; em seguida iniciaram a jam, na qual os três tocaram "Voodoo child (Slight return)" e "Red house" (de Jimi Hendrix, cantadas por Eric Johnson) e "Rockin' in the free world" (clássico de Neil Young, cantado por Joe Satriani). Três grandes canções que serviram de base para a chuva de licks, escalas, bends, alavancadas e fritações desses três fantásticos guitarristas: Joe Satriani, Eric Johnson e John Petrucci, provando que a guitarra rock bem tocada está viva, e muito.


Rafael Fernandes
São Paulo, 15/11/2006

Mais Rafael Fernandes
Mais Acessadas de Rafael Fernandes em 2006
01. 10 vídeos musicais no YouTube - 23/8/2006
02. Quem ainda compra música? - 2/8/2006
03. Ana Luiza e Luis Felipe Gama: bela parceria - 13/9/2006
04. Ney Matogrosso: ótimo intérprete e grande showman - 5/7/2006
05. Uma homenagem a Maysa - 25/4/2006


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
14/11/2006
20h51min
Olá Rafael, eu tb sou um apreciador de guitar heroes e fui no G3 de 2004, onde só foi possivel ver Satriani e Vai. O Robert Fripp confirmou sua fama de freak e se escondeu nao só da plateia mas tb. nas musicas. Particularmente, sou fã da maioria dos guitarristas q já passaram pelo G3, mas confesso q um show desses chega a ser cansativo. No final já não agüento mais tanta demolição. Fora isso, o Satriani é um gênio, sem dúvida, e foi mto. feliz em apostar nesse projeto. Fiquei feliz com a volta do Eric Johnson pois é um cara "não-guitar-heroe" e faz contraponto aos outros. Agora, é inevitavel almejar q Eddie Van Halen possa ser um eventual participante, pois foi o precursor de mto do q guitarristas fazem no dias de hj e o proprio VH está parado há um bom tempo (correm boatos d q eles voltarao ano q vem)... Enfim é esperar pra ver, se vai dar certo, e se algum dia o Eddie fará parte do G3. Se o Yngwie Malmsteen e seu enorme ego conseguiram, o Eddie tb consegue.
[Leia outros Comentários de Diogo Salles]
14/11/2006
21h22min
Rafael, gostei mt da sua resenha. Poucas vezes vi um review tão completo e que falasse da emoção que foi um show. Infelizmente eu não fui ao show, embora adore esse mundo de guitarras, rock, heavy metal. (Odiei a brincadeira sobre as poucas mulheres, pq eu iria feliz ao show e ficaria as 4 horas tomando cerveja e viajando no som.) Achei mt interessante o Digestivo ceder espaço pro rock, mesmo q seja para um virtuose; acho q tem mt coisa boa q não é apenas modismo ou revolta. Rock, metal tb é culura, ora. Parabéns. Continue a falar sobre outros shows de rock, pq se formos depender da imprensa especializada para ler textos de qualidade...
[Leia outros Comentários de Camila Martucheli]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Consumidor Versus Propaganda
Gino Giacomini Filho
Summus
(1991)



Quando os Porquês Aparecem
Alcione Koritzky
Novo Ser
(2011)



Marketing - Perspectivas e Tendências Vol4
Luciano Crocco; Renato Telles; Ricardo M. Gioia
Saraiva



Livro Gibis Hamlet Classics Illustrated 2
William Shakespeare - Adaptação Steven Grant e Tom
Abril Cultural
(1990)



Maria Dorothea a Musa Revelada História da Mulher Que Inspirou o Mito
Alexandre Sanchêz
N/d
(2006)



Livro História do Brasil A Semana de 22 A Aventura Modernista no Brasil História em Aberto
Francisco Alambert
Scipione



Nada a Perder Momentos de Convicção Que Mudaram Minha Vida
Bispo Edir Macedo
Planeta
(2012)



O Anjinho Danado - Série Lagarta Pintada
Maria Julieta Sebastiani e Outro
Ática
(1988)



Introduzione Al Diritto Comunitario
Giorgio Gaja
Laterza
(1999)



Diabetes: Conviva Bem Saboreando
Maria Cristina Sugayama
Casa do Editor
(1999)





busca | avançada
60500 visitas/dia
1,7 milhão/mês