Umas e outras sobre Franz Kafka | Daniel Lopes | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Segunda-feira, 27/8/2007
Umas e outras sobre Franz Kafka
Daniel Lopes
+ de 10700 Acessos
+ 2 Comentário(s)

I
Alguns lêem esse tal de Kafka de que todo mundo fala e dizem, "é isso?", fecham o livro e nunca mais irão ler nada do autor. Outros lêem e dizem, ainda mornamente, "é isso...", até que não é tão ruim. Outros, de primeira, já detectam sua singularidade e genialidade, "é isso!", e nunca mais conseguem largá-lo.

Mas há ainda um quarto grupo. O daqueles que haviam feito uma leitura indiferente, apressada, e, por conta de algum incentivo, mais à frente resolveram ler uma segunda vez, para então achar na obra de Kafka um lugar ideal para passar horas e horas. Alguns começam mesmo a estudar o alemão, pura e simplesmente para melhor fruir os textos do escritor. Tal é o meu caso.

II
Comigo, serviram de incentivos, primeiro, um brilhante ensaio de J. M. Coetzee - "Translating Kafka", que está em seu livro Stranger shores: literary essays (o resenhei aqui no Digestivo) - que aborda a escrita do autor de O castelo e as particularidades da língua alemã. Depois, tive o prazer de ler na EntreLivros um dossiê todo dedicado a nosso autor em questão. Por então, já havia começado a ler uma gramática de alemão, mas o estudo ia na velocidade de uma lesma subindo duna.

Quando por fim tive acesso a Kafka (L&PM Pocket, 2007, 240 págs.), biografia de autoria do historiador, escritor e crítico de arte francês Gerárd-Georges Lemaire, já havia dominado mais a língua em que Kafka escrevia, e inclusive comprado Die Verwandlung (A metamorfose), para ler comparando com uma tradução que tenho em casa. Em breve, disse eu quando o livro chegou, iniciarei o processo; antes, vou ler o livro de Lemaire.

III
Franz Kafka, nascido em 3 de julho de 1883, parecia estar condenado desde sempre à condição de ser à parte. Isso porque, como membro de uma família de judeus alemães, ele pertencia, em Praga, a um grupo hostilizado tanto por nacionalistas tchecos anti-germânicos, como por alemães anti-semitas.

IV
Forma-se em Direito com ótimas notas, mas apenas para declarar depois que "desde o início eu tinha a intenção de abandonar a profissão de advogado". Freqüenta círculos de intelectuais em que se discute filosofia e outras áreas do conhecimento, mas reluta em exprimir suas opiniões, e parece andar por tais locais apenas pelo gosto de manter-se atualizado das questões que inquietam seus contemporâneos.

V
A primeira vez que travou conhecimento com Max Brod, que viria a se tornar seu melhor amigo, foi em 1902, numa conferência na faculdade de direito, ambos recém-incorporados à instituição. Brod, mais expansivo, subiu ao púlpito para defender seu ídolo Schopenhauer, segundo ele um ser perfeito e acima de qualquer contestação. Kafka, sempre menos à vontade para se manifestar em público (ainda que no futuro um de seus principais prazeres seria ler seus textos em círculos de literatos), esperou o futuro companheiro tomar o caminho de casa para então criticar-lhe o que considerou seus julgamentos simplistas. O que tinha tudo para desaguar numa rivalidade braba, acabou levando àquela já conhecida união, talvez a mais sólida e mais frutífera (se considerarmos que Brod não obedeceu ao desejo de Kafka, de queimar todos seus manuscritos quando viesse a morrer) da historia da literatura. É que, como escreveu Lemaire na biografia, "o que acontece entre eles durante essa discussão inflamada não se assemelha exatamente a afinidades eletivas, em seu sentido usual. É antes a revelação de uma mesma paixão compartilhada pela literatura".

VI
Quem lê Kafka não imagina, mas uma de suas primeiras paixões literárias foi o francês Gustave Flaubert, que ele lia no original. Goethe, Thomas Mann, outros escritores de língua alemã e, na pintura, Vincent van Gogh são influências mais previsíveis.

VII
"É falsa a idéia daqueles que representam Kafka como um ermitão ou um anacoreta", escreveu Max Brod. "Ele exigia da vida antes bem mais do que bem menos". E assim, Kafka, Brod e mais outros colegas irão percorrer com freqüência os cabarés de Praga, àquela altura verdadeiras instituições culturais, com toda uma mística a envolvê-los, locais que eram de encontros de intelectuais, artistas e autoridades.

VIII
Dentre os melhores textos de Kafka, estão as abundantes cartas que escreveu para membros da família e outros conhecidos. Vejamos. Em novembro de 1908, quando, por encargo de seu emprego numa agência estatal de seguros, esteve na cidade de Spitzberg, escreveu a Max Brod: "Tenho tanta necessidade de alguém para ter um contato unicamente amigável, que ontem voltei para o hotel com uma prostituta. Ela é velha demais para ser melancólica, ela somente se lamenta; tanto que não fica espantada que não sejamos tão gentis com uma prostituta como com uma amante. Eu não a consolei, pois ela também não me consolou".

IX
Seu primeiro livro, Betrachtung ("consideração" ou "contemplação" ou "meditação"), foi publicado a duras penas. Invertendo a lógica, havia um editor muito interessado na obra, o escritor é que a achava muito ruim e indigna de ser impressa. Aceitou enfim entregar os originais ao editor, mas lhe deixou estupefato ao dizer: "Se em vez de publicar meus manuscritos, o senhor me devolvê-los, ser-lhe-ei mais agradecido". Era uma pessoa muito insegura.

Bem ou mal, bom ou mau, o livro saiu, e teve pelo menos uma grande vantagem: livrou seu autor de um angustioso peso nas costas, lhe deixando mais livre para partir à escritura de obras de maior fôlego e qualidade.

X
Kafka não era uma pessoa religiosa. No entanto, tinha grande estima pela história e cultura judaicas, e em seus últimos anos iria se dedicar com afinco à aprendizagem do hebraico. É interessante saber que tiveram grande influência em sua obra os espetáculos teatrais de grupos de judeus orientais a que assistiu no Café Savoy praguense, instigado por Max Brod, um sionista de carteirinha. Como sabemos, em livros como A metamorfose não há a predominância de misticismo ou ideologias religiosas. O que há, nessa e em outras histórias, são personagens de traços e gestos exagerados (pense na maneira espalhafatosa com que o oficial de Na colônia penal explica o funcionamento de uma máquina de tortura), e esse tipo de comportamento dos protagonistas é típico do teatro iídiche que Kafka freqüentou tanto e com tanta empolgação.

XI
Existem enredos kafkianos na esfera política e também na pessoal. Nesta, um exemplo é a história do relacionamento do escritor com sua amada Felice Bauer, que tinha 25 anos quando o conheceu. Ele, em cartas a Felice, alterna momentos de otimismo quanto ao futuro dos dois a outros de irônico pessimismo; comenta o progresso da escrita de seus textos literários, ou melhor, mais comumente o não-progresso, a estagnação, o fracasso irrevocável. O que ele quer de Felice, esclarece Lemaire, é "que ela, em suma, aceitasse viver com dois homens em perpétuo conflito", um Kafka "que oscila sem parar entre o real e o imaginário". O longo noivado não iria dar em nada.

Como não há nada ruim que não possa ser piorado ainda mais (principalmente em se tratando da vida de Kafka), ele, malandramente, manteve durante um período correspondência e rápidos encontros com Grete Bloch, amiga de Felice! Isso ao mesmo tempo em que pedia esta em casamento! Outra exclamação: em algumas noites, ele chegava a escrever duas cartas, uma para cada moça!

"Cara senhorita Grete", redige ele em abril de 1914, "se eu segurasse sua mão, em vez do telegrama, seria muito mais agradável".

XII
Um parêntese. Num desses momentos de terror de que nossa espécie é pródiga, a "cara senhorita Grete", figura bastante interessante e de convívio agradável, teria sido morta a coronhadas em 1944 por alemães nazistas que a capturaram numa pequena cidade da Itália fascista. Ela era judia.

XIII
A impressão é que ele estava condenado a viver de maneira pendular, com larga contribuição de seu caráter intempestivo. Outra mulher determinante que apareceu em sua vida foi a bela, inteligente e extravagante Milena Jesenská, que envia correspondência a Kafka quando este está numa pensão com intenções de melhorar sua hipocondria, em 1920. Eles se encontrarão algumas vezes, e trechos das cartas que ele enviou a Milena dão uma dimensão do vai-e-vem do caso: em abril daquele ano, ele lhe pede amavelmente que escreva suas correspondências em tcheco, sua (dela) língua natural, observando: "Não que você não conheça perfeitamente o alemão. Você o conhece a fundo, de maneira espantosa, e, quando acontece de não dominá-lo, ele mesmo se inclina perante você"; já em setembro do mesmo ano o tom é outro: "Por que falar, Milena, de um futuro comum que jamais acontecerá?"; e em novembro: "Se não for bom que paremos de nos escrever, é porque me engano redondamente. Mas não estou enganado, Milena".

E então, a reviravolta das reviravoltas. Quando ela vai a Praga no inverno do ano seguinte, Kafka toma a decisão de deixar sob sua guarda os diários que nunca confiara a ninguém, assim como os esboços de seu romance Amerika. Talvez ele pressinta o fim iminente, e não há mesmo muitas pessoas de confiança com quem possa deixar seus textos.

XIV
Berlim, 1923. Em seu penúltimo ano de vida, Kafka e Dora Diamant, sua última companheira, não têm vida financeira fácil. A uma irmã, o escritor pede que lhe envie manteiga, e a outra, nota que "minha lâmpada a petróleo queima às mil maravilhas", omitindo que ela queima porque a eletricidade foi cortada por falta de pagamento.

As tosses insuportáveis o deixam ainda mais desesperançoso. Anos depois, Dora lembraria que "ele só respirava nos dias em que escrevia".

XV
Era uma pessoa de inúmeros defeitos e uma grande virtude, a tenacidade. Mesmo depois do diagnóstico de que não lhe restam mais que três meses de vida, com a tuberculose em curso irreversível e a garganta dolorida a ponto de não permitir-lhe sequer beber água, ainda assim ele segue escrevendo, num sanatório da cidade de Kiesinger, onde morrerá no 1º de junho de 1924. Escrevia principalmente missivas para amigos e familiares - algumas com ironia e mesmo humor negro!

Se dermos crédito à descrição que Max Brod fez dos seus últimos momentos, concluiremos que mesmo aí Kafka não deixou de ser Kafka, desesperado sim, mas sempre pronto para uma ironia cortante. Segundo seu amigo de toda uma vida, quando o médico afastou-se para limpar a seringa, o escritor moribundo alertou-lhe: "Não vá embora". O médico: "Mas eu não estou indo". Franz Kafka: "Mas eu estou indo".

Para ir além






Daniel Lopes
Teresina, 27/8/2007

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
22/8/2007
00h48min
Belo texto, Daniel. Kafka foi e continua sendo um dos maiores escritores de todos os tempos. Merece cada vez mais ser lido, entendido e compreendido.
[Leia outros Comentários de Rafael Rodrigues]
17/10/2008
18h14min
O texo é bastante esclarecedor. Tão esclarecedor que eu humildemente me encontro entre aqueles que lêem a primeira vez, lêem a segunda vez e, com certeza, lerão muitas e muitas vezes.
[Leia outros Comentários de Adamastor C Filho]
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