007 ― Quantum of Solace | Alexandre Inagaki | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Sexta-feira, 19/12/2008
007 ― Quantum of Solace
Alexandre Inagaki
+ de 7800 Acessos

Não há mais Guerra Fria. E, ao contrário de outros tempos, nos quais bastava-se identificar um personagem como "comunista" para que o espectador soubesse por quem deveria torcer, mesmo em superproduções de cinema não é mais tão simples e maniqueísta distinguir os amigos dos inimigos. James Bond precisou se adaptar a esta nova realidade trazida pelo século XXI. E se nos áureos tempos de Sean Connery e Roger Moore o agente 007 enfrentava hordas de inimigos sem sequer desalinhar seu terno ou seu impecável penteado, o James Bond interpretado por Daniel Craig sangra, tem o rosto marcado por cortes e hematomas, apanha mais que palmeirense no meio da torcida da Gaviões da Fiel e, feito Fox Mulder, não pode confiar em ninguém, uma vez que o grande inimigo da vez é uma organização internacional misteriosa e sem rosto, que se infiltra em todos os lugares e é capaz de derrubar governos com a facilidade descompromissada de quem chupa um Chicabon numa tarde ensolarada de verão.

Outro diferencial significativo no James Bond interpretado por Daniel Craig, que volta ao papel após sua excepcional personificação em Cassino Royale, é a exigência física do seu 007. Nunca vimos um Bond correr tanto, envolver-se em pancadarias, saltar de prédios, andaimes e carros em movimento, tornar-se praticamente um personagem de videogame em meio a seqüências frenéticas de ação. Se nos filmes da década de 1960 a maior prova de exigência física do agente inglês era perambular de cama em cama, o 007 personificado por Craig bate e apanha muito mais do que trepa, embora, verdade seja dita, o nível estético das Bond girls permaneça impecável. Mas o maior diferencial do James Bond do século XXI está na construção do personagem: trata-se de alguém mais realista, mais sofrido, um homem emocionalmente instável que, embora jamais perca de vista o objetivo de suas missões, possui motivações pessoais para cada ação que faz.

Após a reconstrução do personagem James Bond em Cassino Royale, fartamente elogiada por crítica e público que se renderam à atuação de Daniel Craig, o melhor ator da franquia desde o hors-concours Sean Connery, como prosseguir no mesmo alto nível? A resposta procurou ser dada por 007 ― Quantum of Solace, cuja trama é uma espécie de continuidade do primeiro filme com Daniel, que havia terminado com a morte da única mulher pela qual James Bond se apaixonou de verdade: Vesper Lynd, maravilhosamente interpretada por Eva Green em Cassino. Uma mulher que, no entanto, traiu Bond e fez com que ele se tornasse ainda mais amargo, cínico e cético do que um assassino profissional já precisa ser. E as seqüências iniciais de Quantum of Solace, que mostram 007 chutando bundas em uma perseguição frenética de carros na Itália, já mostra o estado de nervos de Bond: um homem que não mede conseqüências nem hesita ao matar suas testemunhas em vez de interrogá-las, na sanha por saber a verdade sobre os responsáveis pela morte de Vesper e, também, a fim de descobrir qual é a misteriosa organização capaz de fomentar golpes de estado em países como a Bolívia, e que se infiltra inclusive no serviço secreto britânico.



Quantum of Solace não consegue superar seu antecessor Cassino Royale, muito por conta das suas personagens femininas, que sequer chegam aos pés de Vesper Lynd. Camille (Olga Kurylenko) surge na trama apresentando as mesmas motivações de Bond para suas ações: traumas do passado que pedem por vingança em seu sangue. Porém, é uma personagem frouxamente construída pelos roteiristas do filme, que encanta na tela com sua faiscante presença física, mas perde de goleada na inevitável comparação feita com a Vesper que Eva Green interpretou em Cassino. Faz melhor papel a atriz Gemma Arterton, que honra a tradição de nomes esdrúxulos da franquia com sua personagem Strawberry Fields, uma funcionária administrativa do serviço britânico que sucumbe aos músculos torneados de Bond e vai para a cama com o agente. Strawberry também é protagonista de uma cena impactante que remete diretamente à mais famosa das cenas do clássico 007 Contra Goldfinger.

Menos mal que Quantum possui atuações marcantes de coadjuvantes de luxo como Judi Dench (pela sétima vez consecutiva no papel de M, a chefe imediata de Bond), Giancarlo Giannini (no papel de Mathis, o agente experiente que protagoniza outra cena marcante do filme, que ilustra a frieza objetiva que tomou conta do Bond de Daniel Craig após a perda do amor de sua vida) e Mathieu Amalric, o excepcional ator francês de filmes como Reis e Rainha e O escafandro e a borboleta, e que faz o que pode no papel do vilão da vez, um empresário falsamente filantrópico. É uma pena que o roteiro de Quantum seja superficial, mas há aqui um nítido problema de comparação com o filme anterior, que humanizou James Bond de uma maneira inédita em todas as produções da série e o tornou um personagem muito mais complexo e verossímil.

No balanço geral, 007 ― Quantum of Solace é uma diversão de primeira qualidade, com seqüências de ação que não fazem feio frente a concorrentes mais contemporâneos como a trilogia de filmes estrelada pelo personagem Jason Bourne. E se não apresenta as mesmas nuances do roteiro de Cassino Royale, que tornou o filme anterior um dos melhores de toda a franquia, a atuação sólida de Daniel Craig prova que ele é um Bond que veio para ficar e fazer história. Esperemos pelo próximo longa-metragem da série: o novo 007 definitivamente conseguiu estabelecer seu lugar no século XXI, apesar do fim da Guerra Fria e do novo cenário globalizado.

P.S.: Barbara Broccoli, produtora dos filmes de James Bond, já especula ver um 007 negro no futuro. Nada mais natural, após Lewis Hamilton e Barack Obama terem dissipado diferenças raciais neste ano de 2008.

P.P.S.: O tema musical de 007 ― Quantum of Solace era para ter sido interpretado por Amy Winehouse. Os produtores do filme, porém, optaram por chamar a dupla Alicia Keys e Jack White no seu lugar, para a insatisfação da problemática cantora inglesa. Polêmicas à parte, "Another way to die", da dupla Keys & White, não fez feio na pesquisa feita pelo site Gigwise para eleger os melhores temas musicais dos filmes de James Bond, ficando no décimo lugar entre 22 canções. O vencedor foi "A view to a kill", do Duran Duran, tema de 007 ― Na mira dos assassinos, de 1985.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado em seu blog, o Pensar Enlouquece, Pense Nisso. Leia também "James Bond na nova ordem mundial".


Alexandre Inagaki
São Paulo, 19/12/2008

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