Ruy Castro n'O B_arco ― parte 2/2 | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

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Quarta-feira, 23/12/2009
Ruy Castro n'O B_arco ― parte 2/2
Rafael Fernandes
+ de 5300 Acessos

Em julho de 2009 Ruy Castro ministrou um curso sobre biografias no Espaço O B_arco, em São Paulo. O texto com a primeira parte de suas aulas já foi publicado, tendo como foco o seu processo de trabalho. A seguir, a segunda parte, com algumas observações e curiosidades sobre as biografias que escreveu.

Chega de Saudade
Esse foi um livro que Ruy fez porque era algo que queria ler ― uma narrativa sobre como a bossa nova aconteceu. Mas como ninguém se propôs a fazer, Ruy acabou desenvolvendo o projeto. O surgimento da ideia veio de uma sobra de material da entrevista que fez com Tom Jobim para a Playboy. Outro fato que o motivou foi a familiaridade que tinha (e tem) com os dois temas básicos do livro: bossa nova e Rio de Janeiro. Além disso, nos anos setenta e oitenta a bossa era declarada "morta" por todos e havia um estigma contra o estilo. Para conseguir desenvolver o projeto do livro, Ruy "inventava" matérias no Rio (estava morando em São Paulo, na época) para conseguir bancar a passagem e a hospedagem. Durante as pesquisas, um fato curioso: todo mundo queria ser "o pai" da bossa nova. Um letrista falava que começou numa letra sua, um músico numa música que compôs, um ator numa peça etc. Ruy considera que o "começo" do estilo não está numa data ou numa música, mas sim num local: as Lojas Murray, que eram referência e ponto de encontro dos músicos, que iam lá procurar discos. Ele considera que o grupo da bossa nova tinha conhecimento sofisticado e moderno de música ― sabia o que acontecia no mundo. Um fato bastante curioso desse período se refere a Jonas, que era crooner do Garotos da Lua. Antonio Maria disse, na época, que "esse negócio de cantar baixinho não está com nada". Com isso, fez Jonas ser demitido por essa característica, dando lugar a João Gilberto. Justamente ele que, posteriormente, se tornou o ícone do "cantar baixinho".

O Anjo Pornográfico
Em 1991 Nelson Rodrigues parecia esquecido. Não havia nada nas livrarias e os atendentes sequer o conheciam. Nos sebos era raro encontrar exemplares de seus livros, era preciso entrar em longas listas de espera. Ainda assim, Ruy Castro percebeu que havia uma demanda pelo trabalho de Nelson. Mesmo em 1992 a ideia de que a obra dele era "suja" persistia. Mas a partir do lançamento dessa biografia, aos poucos, Nelson foi "ressurgindo". Hoje sabemos de seu valor. Ruy contou que não achava um título para o livro. Lendo uma entrevista do escritor para a revista Manchete, achou uma afirmação do escritor que chamou sua atenção: "sou e sempre fui um anjo pornográfico". Por fim, Ruy considera que a redação de jornal foi o principal "palco" de Nelson Rodrigues.

Estrela Solitária
A primeira ideia foi de fazer um livro sobre alcoolismo, tendo a história de Garrincha como um dos fios condutores. Por coincidência descobriu que o costureiro da Leda Nagle era de Pau Grande. Ele, então, colocou o Ruy dentro da casa de muita gente que conviveu com Garrincha, e que sabia muitas histórias sobre sua vida. Daí, o projeto foi se moldando para uma biografia do boleiro. Um pequeno mito desfeito foi de que os jogadores da seleção brasileira de 58 pressionaram o técnico Feola para uma mudança, com um suposto intuito de barrar Joel. Didi, Bellini e até mesmo próprio Joel desmentiram essa história ― apesar de ela ainda ser aceita. No livro, provavelmente um dos principais mitos jogados para escanteio foi o de que "Elza acabou com Garrincha". Por diversos motivos. Antes de tudo, porque Ruy disse que não se pode atribuir a mais ninguém a culpa do alcoolismo ― só ao próprio dependente. Além disso, eles começaram a namorar em 1962. Nesse momento, Elza já era a Elza ― tão famosa quanto Garrincha. Não faria sentido ela se beneficiar da fama dele. Outro fator é que também nessa época o jogador vivenciava seu último auge, já com problemas crônicos no joelho e com o alcoolismo. No final das contas, a carreira da artista é que foi prejudicada. O ônus foi para ela, o falatório era de que Garrincha casou com Elza, a "cantora puta". E ela ainda abandonou sua carreira no Brasil para ir com ele à Itália. Ruy observou também que por parte de Garrincha houve a ingratidão do dependente de colocar a culpa nos outros. Ele também considera que o lançamento da biografia ajudou Elza a retomar sua carreira.

Carmen
Ruy Castro sempre faz questão de ressaltar que o biografado é a pior fonte de si mesmo. Um belo exemplo é Carmen Miranda, que disse ser uma "mentirosa compulsiva". Nos Estados Unidos ela mentiu sobre início de sua carreira. Afirmara que os pais só descobriram que ela cantava quando foi para os EUA. O que não fazia o menor sentido, já que quando lá chegou ela tinha anos de carreira. Já estava famosa aqui ― já era a Carmen Miranda. O autor também não confia no material oficial de Hollywood, pois foi criada uma biografia artificial para a artista. Era divulgado que ela nasceu em 1914 (foi em 1909) e que fora criada em convento (o que não é verdade). Além disso, maquiaram a origem da família e profissão dos pais com o intuito de facilitar sua aceitação por parte das famílias americanas. Seu pai era barbeiro e sua mãe lavadeira. Ruy Castro colocou no livro e fez questão de ressaltar que Carmen não sofria com sua imagem nem com os papéis oferecidos. Estava satisfeita. Os artistas da época, inclusive, queriam cristalizar uma imagem particular para construir uma carreira em cima disso. Ela só reclamava dos filmes em si, que eram ruins. Outro dos mitos desfeitos foi de que a cantora só fez sucesso nos EUA por causa da política de boa vizinhança. A realidade é que investiram em Carmen por uma questão de indústria, visando o lucro. Simplesmente porque era, como tantos outros, uma artista competente com potencial comercial. Ela até chegou visitar, em 1940, soldados americanos. Mas era artista da Fox em Hollywood e todos os artistas da empresa fizeram o mesmo. Outro mito desvendado: que Carmen "enlameava o nome do Brasil", supostamente por causa do estereótipo. Ruy diz que "só na cabeça de meia dúzia pessoas" como Davi Nássar, porque "Carmen não gravou música dele".


Rafael Fernandes
São Paulo, 23/12/2009

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