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Quinta-feira, 4/7/2013
A rede contra as raposas analógicas
Carla Ceres
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No princípio, era o caos nos transportes e um espírito de indignação pairava sobre as massas. Até aí, sem novidades. Sobreviver no Brasil implica driblar as várias faces do caos, que nossos políticos cultivam em benefício próprio e no dos empresários que os apoiam. Um espírito de indignação generalizada sempre pairou sobre os brasileiros. Então vinte centavos de aumento na passagem de ônibus levaram o povo às ruas da capital paulista. A manifestação liderada pelo Movimento Passe Livre terminou em violento confronto com a polícia. A grande imprensa e todas as esferas de governo se posicionaram contra os manifestantes.

Provavelmente os protestos não teriam se espalhado nem ido muito além das reivindicações por um transporte público que não trouxesse aos usuários pensamentos sobre vagões de gado e navios negreiros. Mas a polícia, na manifestação seguinte, cometeu um erro politicamente imperdoável: forneceu vítimas identificáveis à indignação popular. Até então, boa parte da opinião pública estava acomodada. O que via na televisão eram manifestantes genéricos, que a TV chamava de "vândalos arruaceiros", em confronto com policiais também genéricos, "em cumprimento do dever". Qualquer psicólogo sabe que as pessoas não conseguem ter fortes sentimentos de empatia e compaixão por multidões distantes. Podemos até sentir pena, mas não chegamos a nos mobilizar. A coisa muda de figura quando, no meio da multidão, surgem vítimas em particular. Policiais agrediram manifestantes, jornalistas e até transeuntes que nada tinham a ver com a questão. Fotos, vídeos, relatos e comentários sobre a violência injustificável chegaram às redes sociais, em tempo real. As velhas raposas analógicas da política, incapazes de compreender a internet, demoraram a reagir e ainda não o fizeram de forma adequada nem a seus interesses nem aos do povo. A grande imprensa foi mais rápida em mudar de ideia e apoiar o movimento. Mesmo assim seu erro inicial de avaliação lhe custou caro em termos de credibilidade, audiência e patrimônio.

Os protestos ganharam amplitude internacional e encamparam reivindicações das mais diversas áreas à medida que aumentava o número de participantes. Para desespero dos políticos - que ainda procuram uma liderança identificável que possam cooptar, intimidar ou usurpar - o movimento se articula de forma descentralizada e dinâmica, na velocidade da rede. Ainda assim, podemos identificar certos tipos de manifestantes:

Os sem partido

De acordo com várias pesquisas, a maioria dos manifestantes não tem filiação partidária e se mostra insatisfeita com a atuação dos políticos. Basta, no entanto, conversar com esses supostos apartidários para descobrir que alguns simpatizam fortemente com algum partido e oferecem argumentos - às vezes, estapafúrdios - para defender seus representantes. "Coitada da Dilma! Ela está presa no olho de um furacão, não pode fazer nada. Mas, se ela pudesse, eu tenho certeza que ela estaria aqui na rua, protestando com a gente. É só ver a história de vida dela", disse uma jovem, antes do pronunciamento da presidente Dilma.

Os oportunistas

Políticos e celebridades, que tentam pegar carona nos protestos para aparecer, têm se dado mal por excesso de concorrência ou desconfiança popular. Já os criminosos, que se infiltram nas passeatas para saquear estabelecimentos comerciais, têm lucrado bastante.

Os pseudoapartidários

Diante dos gritos de "Sem partido!", que pipocavam cada vez que um símbolo de partido político aparecia nas manifestações, os defensores dos partidos começaram a agir de forma dissimulada, não apenas nas ruas, mas, principalmente, nas redes sociais. A insatisfação do povo com os políticos atrapalha os sonhos de poder dos militantes. Procuram, portanto, focar o desagrado popular sobre os partidos adversários.

Os festivos

Nas grandes cidades, os pedestres costumam caminhar na defensiva, por medo da violência. No transporte coletivo, a proximidade forçada leva até o sujeito mais sociável a perder o bom humor. Durante as manifestações, no entanto, a aglomeração de pessoas ganha um tom festivo e fraternal graças ao objetivo em comum: protestar. O brasileiro não sabe ir às ruas sem fazer festa, cantar, batucar, namorar, levar a família, tirar foto, fazer vídeo, postar na rede. A maioria dos manifestantes acredita que suas reivindicações serão atendidas e que o país mudará pra melhor. Tamanho otimismo pode chegar às raias da inconsequência. Algumas mães saem pra protestar com seus bebês no colo.

Se continuarmos analisando, surgirão outras subdivisões como: os que protestam em causa própria; os que depredam o patrimônio público; os que apoiam o movimento do alto de seus prédios, piscando as luzes, jogando papel picado e estendendo panos brancos; os que representam determinadas comunidades; os que apoiam da internet. Mesmo levando em conta os proporcionalmente poucos, mas lamentáveis, casos de violência, o movimento tem sido pacífico e já obteve vitórias importantes como o arquivamento da PEC da Impunidade.

Nota do Editor
Carla Ceres mantém o blog Algo além dos Livros. http://carlaceres.blogspot.com/


Carla Ceres
Piracicaba, 4/7/2013

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