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Quarta-feira, 18/3/2015
Pendurados no Pincel
Marilia Mota Silva
+ de 4000 Acessos

Um senhor já velho, de cabelos ralos e espinha curvada, entrou decidido na Livraria da Travessa e foi direto ao caixa. Queria saber se a Travessa teria interesse em comprar sua coleção da Enciclopédia Britânica, completa e bem conservada.

O caixa olhou o homem como se o visse em meio ao fog do túnel do tempo. Quando recobrou a fala disse apenas não...não, não interessava. O homem virou as costas, ferido pelo olhar do outro, mas o rapaz recuperou-se em tempo e sugeriu: - A Biblioteca Nacional talvez se interesse; algum colecionador...

Quanto valeria hoje uma boa enciclopédia? Dificilmente valeria alguma coisa já que não há demanda. No entanto, esse era um bem precioso há não muito tempo.

* * *

Ana herdou dos pais a casa em que viveram a vida toda. Junto com a casa, os serviços de prata e porcelana inglesa, móveis de jacarandá, arcas, oratórios, orgulho da família há gerações. Desesperou-se: o que fazer com aquilo?

Tentou empurrar alguma coisa para a filha. A menina não aceitou nem um samovar de prata. - Quem vai manter isso polido? Móveis também não. Sua casa era "Ikea", funcional e simples, e melhor ainda, ela não se importaria de deixar tudo pra trás, quando se mudasse. Aconselhou a mãe a doar a museus a prataria antiga e os móveis, a quem se interessasse. Ana relutava: seria como apagar a memória de seus pais, a tradição e história, a saga da família. Adiou a decisão por alguns anos, até que se desfez de tudo, e foi um alívio! Menos bagagem, mais vida.

* * *

A casa própria sempre foi a pedra fundamental do sonho americano. Os últimos anos, no entanto, registram uma queda consistente no interesse dos jovens pela casa própria. Preferem alugar o imóvel a fazer um financiamento que os manterá na coleira dos bancos por décadas a fio.

* * *

Outra tendência que vem ganhando momento: morar em casas bem pequenas. As casas espaçosas de subúrbio vem perdendo posições no interesse do americano. Com menos espaço para guardar coisas, compra-se menos, o aquecimento e refrigeração não custam tanto, a vida fica melhor, mais simples, dizem os que fizeram essa escolha.

* * *

A taxa de casamentos tem diminuido e a dos divórcios aumentado. Estudiosos tentam definir que tipo de contrato poderia ser feito para um casal que quisesse formar família. Tempo de duração, tarefas, direitos e responsabilidades. O róseo romantismo agoniza. Requiescat in pace.

* * *

Quase metade (47%) das mulheres americanas, em idade de reproduzir, não tem filhos. Parte delas decidiu que não quer ser mãe, ponto. Outra parte congelou os óvulos para a eventualidade de desejarem procriar depois da menopausa. E o terceiro grupo, as mais jovens, ainda tem tempo para pensar no assunto.

* * *

Por todo lado, há sinais de que o mundo, como o conhecemos, desaparece sob nossos pés, como as calotas polares, nesse longo verão de nosso descontentamento.

Essa lista poderia seguir por várias páginas, que os exemplos são muitos. Vou lembrar só mais um:

O Estado Nacional, que marcou o começo da Idade Moderna, está enfraquecendo como contraste em fotografias velhas. As fronteiras se diluem, formam-se blocos de países, mas não é só isso.

Uma superestrutura abraçou o globo, sem fazer alarde. Dessa vez, os bárbaros é que fomos invadidos, e sem catapulta ou drone, sem um tiro:

Google, Apple, Facebook, Amazon, Alibaba, Uber, Netflix, Airbnb, Coursera, sem falar no capital financeiro, ignoram fronteiras; seu mercado é o planeta. E esse processo está apenas começando.

No Brasil colonial, D. João, o Astuto, proibia a construção de estradas entre as províncias. Impedindo a comunicação, o pequeno Portugal pôde manter seu domínio sobre um país incontáveis vezes maior que ele.

Hoje estradas virtuais conectam cada canto do planeta. E nas nuvens de Sillicon Valley está o olho que tudo vê e tudo sabe: hábitos, interesses, dados pessoais, o local em que cada um se encontra. Nunca antes na história desse planeta o poder se concentrou de tal maneira e em tão poucas mãos. E sem armas, sem industria bélica.

Estamos como nesses filmes-catástrofe em que o chão se parte sob nossos pés, o vulcão explode, o mar se eleva e, como se não bastasse, nuvens compactas de insetos escurecem o sol.

Ou como nos cartoons, quando a casa treme, a escada cai e o gato continua no ar, pendurado no pincel, segundos antes de se despencar.

Fases de transição: Quem se arrisca a sugerir como estaremos em vinte anos? Ou mesmo dez.



Marilia Mota Silva
Rio de Janeiro, 18/3/2015

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