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Quinta-feira, 17/3/2016
Os novos filmes de Iñárritu
Guilherme Carvalhal
+ de 4100 Acessos



De sua aparição ao público com Amores Brutos até o superindicado ao Oscar O Regresso, Alejandro González Iñárritu consolidou sua carreira como um dos maiores diretores de cinema do novo século. De um cinema mais autoral no México ele migrou para Hollywood, onde suas duas últimas produções foram mais marcadas pela qualidade técnica e levou o Oscar de Melhor Filme de 2015 com Birdman.

A estreia de Iñárritu se deu com Amores Brutos (2000), uma tradução pouco clara do original Amores Perros, pela forte simbologia com cachorros. Esse filme apresenta uma característica que será comum aos dois próximos trabalhos do autor, que são histórias de personagens diferentes que se entrelaçam.

Aqui, o ponto de convergência entre três histórias é um acidente de carro provocado por um rapaz que cria cachorro para brigas em rinha. Nesse acidente ele bate em Valeria, uma modelo, e seu cachorro foge, sendo resgatado por um velho que na verdade é um assassino profissional. É um filme, como sugere o título em português, bruto sobre relações humanas e afetivas, e foi indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

No seu segundo filme, 21 gramas (2003), Iñarritu começa a transição México-Estados Unidos. Se primeiro filme foi plenamente mexicano e situado na cidade do México, agora sua trama já está do outro lado da fronteira e é falado em inglês.

Nesse filme, novamente o ponto de convergência entre três personagens é um acidente de carro. Nesse caso, Jack, um ex-presidiário convertido e repleto de aspirações divinas um pouco inortodoxas atropela um homem e o mata. O coração da vítima acaba sendo transplantado a Paul, que possui uma situação de saúde complicada. Paul começa a investigar sobre seu doador e acaba tendo contato com Cristina, a esposa.

Iñarritu mostra nesses dois primeiros filmes seu potencial em realizar obras com forte apelo dramática, focando na condição humana, nas suas fragilidades e na necessidade de buscar apoio. Ele explora as angústias e os anseios, seja na pessoa casada em busca de refúgio na infidelidade, seja em uma pessoa doente em busca de esperança. Suas obras são de uma profunda análise humana exibida em forma de sétima arte.

Já em Babel (2006) a proposta de vidas que se entrelaçam ganha cunho internacional. Um casal norte-americano viaja ao Marrocos e deixa seus filhos sob os cuidados de sua empregada mexicana. O casal viaja pelo Marrocos e leva um tiro disparado pelos filhos de um criador de cabras, rifle esse que pertencia a um japonês que tenta inserir socialmente sua filha surda-muda que sofre devido ao suicídio da mãe. Devido ao incidente do tiro, o casal não retorna para casa e a empregada leva ilegalmente as crianças para o México, onde seu filho irá se casar.

Aqui os dramas pessoais dos filmes anteriores se misturam ao contexto do choque cultural de pessoas em locais diferentes. São as crianças levadas a uma festa no interior do México, a emprega imigrante ilegal nos Estados Unidos, a polícia marroquina investigando o disparo contra estrangeiros, o japonês que foi a um safári na África. Esse filme é uma das principais obras a retratar o mundo globalizado, utilizando de diversas localidades e idiomas, mostrando justamente o conceito de Babel, de mundo multicultural onde o entendimento não é um fator significativo.

Já Biutiful (2010) tem uma mudança de padrão, trazendo elementos de sua filmografia anterior e indicando alguns passos para seus trabalhos sequentes. Não há mais o esquema de histórias cruzadas, mas o mergulhar na realidade de Uxbal, um contrabandista espanhol em meio à descoberta de um câncer, os contatos com a ex-esposa, as dificuldades com o crime e a polícia e a criação dos dois filhos. A narrativa fragmentada e esse mergulhar nas mazelas humanas são o pé ainda ficando nos seus trabalhos anteriores.

O lançamento de Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) representa uma forte guinada na sua filmografia. Do cinema de estilo autoral, quase visceral, iluminação pesada e locações reais, ele migrou para o estilo de Hollywood, com efeitos especiais e computação gráfica. Porém, essa mudança não significou uma perda de qualidade.

Birdman traz a história de um ator na meia-idade que vive eclipsado pelo seu passado de sucesso quando interpretou o personagem Birdman nas telas. Agora, envolvido na produção de uma peça teatral, ele se vê eclipsado por atores mais jovens e famosos e seus egos, além de se ver perseguido pela voz de seu antigo personagem.

O filme apresenta algumas marcas do trabalho de Iñárritu, como a profundidade dos dramas humanos e o mergulhar na pessoalidade dos personagens. Um dos pontos principais da diferença é o que se tem para desmascarar nos personagens. Nos trabalhos anteriores, ele apresenta temas como pessoas com doenças terminais, os choques culturais, pobreza, violência. Em Birdman o drama pessoal é mais ameno, como o indivíduo que se sente deslocado do mundo, que lida com o sucesso do passado que não enxerga mais no presente.

Sair de um padrão mexicano para uma produção estadunidense parece afetar diretamente o modo como se conduz a história. Os dramas latino-americanos ou de países de Terceiro Mundo referem-se à pobreza, à violência, ao indivíduo em conflito com o aparelho estatal. Em Birdman, esse conflito se apresenta na família, na carreira, em alguns aspectos de maneira mais existencial.

O passo seguinte do diretor, com O Regresso, levou mais adiante essa mudança de padrões. A história aqui é simplória, para não dizer que é batida. Um grupo de caçadores de peles sai para uma área selvagem dos Estados Unidos no século XIX. Após a caçada, um deles é ferido brutalmente por um urso e, enquanto se recupera, vê um dos membros do grupo matar seu filho. Ele então se recupera e vai atrás de vingança.

O grande demérito desse filme dentro de todo o histórico de Iñárritu está na fragilidade do roteiro. É um filme bem produzido, sendo um belo retrato da época, com efeitos especiais e fotografia muito bons e a atuação premiada de Leonardo DiCaprio. Só que esse ganho não compensa o roteiro fraco, ainda mais por se tratar de um diretor que tem histórias bem elaboradas e tramas complexas em seu histórico.

Pelo lado pessoal, Iñárritu conseguiu um grande mérito com esse filme, pois agora se junta a John Ford e Joseph L. Mankiewicz como os únicos a ganharem o Oscar de Melhor Diretor por dois anos seguidos. O Regresso obteve sucesso de bilheteria e suas premiações ajudaram a garantir seu nome junto ao público.

Iñárritu já mostrou seu forte talento para produzir grandes obras. Sua mudança de estilo trouxe um filme grandioso do nível de Birdman e um pastiche de sucesso como O Regresso. Fato típico da indústria de cinema. Resta saber se essa será uma característica marcante em suas obras de agora em diante.


Guilherme Carvalhal
Itaperuna, 17/3/2016

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