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COLUNAS
Quinta-feira,
5/5/2016
Submissão, oportuno, mas não perene
Guilherme Carvalhal
+ de 4900 Acessos
A leitura de Submissão, de Michel Houellebecq, se justifica menos pelas suas qualidades artísticas e mais pela polêmica que provoca. É um livro de momento, tendo em vista os profundos choques culturais que afetam o mundo, como a intensa migração de pessoas do Oriente Médio à Europa e os atentados terroristas deflagrados contra a França, país do escritor.
Esse choque cultural se dá por várias dimensões na obra. O personagem principal, François, é um professor universitário, figura desapegada a vínculos e sentimentos, porém estudiosa de Joris-Karl Huysmans, escritor francês naturalista (da geração de Émile Zola) que migrou para o decadentismo e para um apego maior ao mundo espiritual. Entre seus estudos e suas relações afetivas mais carnais do que emocionais, ele acompanha uma mudança na política de seus país, quando o islâmico Ben Abbes é eleito presidente.
A premissa de um futuro assolado por um inimigo previsível é algo corrente. George Orwell e Aldous Huxley lançaram à cultura global através da literatura o receio por uma sociedade controlada e pela individualidade suprimida por um estado poderoso. Porém, o contraponto de Houellebecq se encontra na via oposta, quando a presença do inimigo acaba gerando resultados encarados como positivos.
Em Submissão, a eleição de Ben Abbes através de sua Fraternidade Islâmica acaba sendo um contraponto aos modelos políticos franceses, como a tradicional ambivalência das alas esquerdista e direitista. Com sua medidas contra os princípios do estado laico (no país onde tal conceito se originou), ele inicia mudanças de cunho islâmico e o resultado inesperado acontece, com melhorias em questões de emprego e economia. Aí vem a principal sacada do livro, de colocar o leitor em contradição com as expectativas de que a islamização representaria a decadência dos valores europeus. Essa temida islamização acaba sendo a salvação para os princípios ocidentais da estabilidade econômica, do emprego e da segurança.
Essa relação entre ocidente e oriente não é nenhuma novidade nas obras literárias. Desde obras como Canção de Rolando que as diferenças culturais e os interesses políticos e financeiros entre nações de duas religiões quase antagônicas no campo prático vem sendo expostas em livros. A preponderância militar e econômica a partir da Idade Moderna desenvolveu uma relação de representação mais significativa do oriente pelo crivo da visão do ocidente, o que levou Edward Said a afirmar que o oriente não se representa, mas é representado pelos outros. Um exemplo simplório desse processo é a história de Aladdin, que é expressa com valores e estética típicos do ocidente.
A realidade criada por Houellebecq mostra o efeito contrário, das invasões de islâmicos na sociedade ocorrendo paulatinamente até a tomada do poder político — e pela via democrática. É o momento então em que a Europa se viria submissa a um modelo político novo, representada ela própria por um padrão diferente do seu. E, se o ocidente sempre se enxergou na função de modernizar um povo bárbaro, ele próprio se viu impulsionado pelos padrões ditos bárbaros.
A figura de François tem pouca relação com o andamento das mudanças políticas que ocorrem. Seu perfil é neutro e passivo, apenas observando sem interagir. Suas poucas preocupações residem apenas no âmbito privado, e essa é uma outra crítica nesse conflito de cultura. De um lado, há o europeu individualizado e preocupado apenas consigo mesmo, enquanto do outro surge o elemento estrangeiro imbuído de forte senso de pertencimento a uma cultura e a uma religião, tanto que o grupo político chama-se Fraternidade Islâmica. A crítica então se estende a essa individualismo, que acaba formando uma população desapegada das questões pública, a ponto dessa ser tomada pelo inimigo (uma ideia já também fartamente discutida em várias obras).
Submissão é um livro oportuno pelo momento em que a Europa vive, de incertezas com relação as ondas migratórias e de insegurança pela violência perpetrada por grupos extremistas. Não há maiores novidades em seu texto exceto pela fantasia de uma França impulsionada por um governo islâmico. Sua polêmica é proveitosa pelos debates que suscita, porém deixa uma forte sensação de não ter perenidade, de que aquilo que enseja discutir seja rapidamente esquecido caso as dúvidas e os problemas atuais sejam solucionados.
Guilherme Carvalhal
Itaperuna,
5/5/2016
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