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Quinta-feira, 7/11/2019
Teatro sem Tamires
Elisa Andrade Buzzo
+ de 3900 Acessos

Eu sei, Tamires, que você ficou com medo das salinhas escuras do Sesc; vimos alguns atores estranhos, mas tudo bem, tenho essa mania de às vezes frequentar as mesmas salas mesmo já sabendo das peças fracas, às vezes por ficar do lado de casa, outras vezes por causa da comida antes, do passeio pelo shopping, ou pelo simples frequentar um lugar. Coisa, aliás, que aqui precisou se reinventar, numa vida outra, que não a minha.

Teatro é um pouco assim, a gente frequenta, como frequenta a vida. E, no palco, vê ela própria como uma coisa moldável, diante do falseamento, pronta a explodir. É tudo um teste, uma experiência; e nesse tubo de ensaio vigoroso, que nem sempre me dá ganas, o sangue pulsa numa temperatura mais que humana. E agora lembro daquela peça no Viga, em que fomos com o grupo do balé, misturando as falas de tantos Shakespeares pra gerar um monólogo de amor com aquele ator tão carismático? Às vezes teatro pode ser tão leve, tão divertido como pegar o metrô Sumaré entre amigos. Depois, temporariamente amainados os sentimentos, dominados os desejos, entrar na circulação da cidade.

E aí, então, tudo o que tenho perdido foi como? A “Sagração da Primavera” ardendo no encarnado do Municipal? Aqui eu vi o balé voltando-se ao original, no Teatro Camões. E troquei o Municipal não pelo São Carlos, mas pela Gulbenkian, e em mais noites transfiguradas frequentei o Teatro Aberto, entre a verdade e a mentira nas relações amorosas não acompanhei a plateia no riso, o Teatro D. Maria em montagens com nus ousados. Você ficaria instigada, Tamires, e as peças no Teatro Maria Mattos, no Teatro da Politécnica renderiam altos papos. No São Luís, noites claras, não só no canto cigano de Diego el Gavi, mas com Monica Salmaso cantando Vinicius de Moraes e eu ficando mais triste, mais sozinha, com “Estrada branca”.

E se até mesmo no Tivoli dei de cara com um palco tão pequeno para um balé, e uma companhia russa mambembe... Vivendo e aprendendo nos teatros, Tamires. Lá também vi pela primeira vez Toquinho, os dedos fortes nas cordas, e não me saía da cabeça o Vinicius. E, agora, penso: será que no teatro eu acabo pensando mais em outra coisa do que no próprio espetáculo? A vida repercute em cheio no palco. E às vezes o caminho até o palco é mais bonito, mais claro, como no bailarino Thiago Soares de peito desnudo e cabelo meio índio ao meu lado, focado pela luz numa perfeição plástica no seu "Sumaúma" que em Lisboa virou "O Duelo", ou no público subindo para o palco da sala principal da Gulbenkian, como se estivéssemos entrando numa espécie de claro matadouro diante da escuridão da plateia.

Tamires, isso é apenas um incompleto e apressado rascunho que tudo perde, nada consegue reter de dois anos de fúria teatral. Senta-se na plateia com certa descontração e desleixo, mas ali o fogo vai queimar - nada parecerá fora dos eixos da sufocante roda, tudo será como é numa premonição fatalizada. Ah, vi também uma ópera moderna do Pedro Mexia no Teatro da Trindade com a plateia mais mal-educada já vista, um musical fadístico, "Severa", no Politheama, para lembrar que aqui também severos são os sentimentos, ainda que no lânguido esquecimento da duração de um espetáculo. E, se quero ir sozinha, também quero companhia; comenta-se, guarda-se, serena-se e exagera-se. E esqueço e temos que ir ao teatro e ver os cartazes todos de peças já idas e não há muito mais espaço nas paredes para as peças vindouras, como naquelas do Teatro Experimental de Cascais. Portanto, são quantas as vidas, inventadas, irrealizadas, indecisas, renegadas, necessárias para o teatro? O teatro cabe na crônica? Decerto cabe na voz abissal de Ricardo Ribeiro, no grande palco do Centro Cultural Belém, em ilusões cenográficas.

E como ontem disse Emília, na Politécnica, com a Isabel Muñoz Cardoso, numa fina encenação entre sutilidades de olhos ensombrados e desvios de cabeça, diante de um mundo esfacelado no presente monstruoso, e frente a frente com a memória, única matéria preciosa intacta: “na vida recorda-se mais do que se vive”. Tenho ainda essa mania de percorrer por um tempo as mesmas salas, sem desistir das boas peças, aos poucos criando um repertório do passado, inventando um amor, mesmo já prevendo o the end, pelo simples frequentar este lugar.


Elisa Andrade Buzzo
Lisboa, 7/11/2019

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