Rita Lee Jones (1947-2023) | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
56287 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> 'ENTRE NÓS' – 200 obras premiadas pelo IMS em Exposição no Paço Imperial, RJ
>>> 'Meus olhos', de João Cícero, estreia no Espaço Abu
>>> Aulas de skate é atração do Shopping Vila Olímpia para todas as idades
>>> Teatro Portátil fecha o ano de 2024 em Porto Ferreira
>>> Amor Punk de Onurb
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
Colunistas
Últimos Posts
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
>>> O jovem Tallis Gomes (2014)
>>> A história do G4 Educação
>>> Mesa do Meio sobre o Primeiro Turno de 2024
>>> MBL sobre Pablo Marçal
>>> Stuhlberger no NomadCast
>>> Marcos Lisboa no Market Makers (2024)
>>> Sergey Brin, do Google, sobre A.I.
Últimos Posts
>>> E-book: Estágios da Solidão: Um Guia Prático
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O Peachbull de Maresias
>>> Quando Paris era uma festa
>>> Tribalistas e Zé Celso
>>> Eleições Americanas – fatos e versões
>>> O retalho, de Philippe Lançon
>>> Um nada, um estado de ânimo
>>> A Trilogia de Máximo Górki
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> O herói devolvido?
>>> YouTube e aberturas de novelas
Mais Recentes
>>> História da Menina Perdida - série napolitana volume 4 de Elena Ferrante pela Biblioteca Azul (2017)
>>> O Processo Didático 2ª edição. de Irene Mello Carvalho pela Fgv (1978)
>>> Guia Do Mochileiro Das Galáxias, O - Vol. 1 de Douglas Adams pela Sextante (2004)
>>> Ana Terra de Erico Verissimo pela Globo (2001)
>>> Sucesso Entre Aspas - Pensamentos Selecionados de Pagnoncelli Dernizo Vasconcellos Filho Paulo pela Sem editora (1992)
>>> P S Beijei de Adriana Falcão pela Salamandra (2024)
>>> Meishu-sama e o Johrei (coletânea Alicerce do Paraíso Volume 01) de Sama Meishu pela Mokti Okada (2002)
>>> Comédias da vida privada de Luiz Fernando Veríssimo pela Círculo do Livro (1998)
>>> O mulato de Aluísio Azevedo pela Klick (2024)
>>> Jaime Bunda - Agente Secreto de Pepetela pela Record (2003)
>>> Uma Orquestra De Minorias de Chigozie Obioma pela Globo Livros (2019)
>>> O Dom Da Historia: Uma Fabula Sobre O Que E Suficiente. de Clarissa Pinkola Estés pela Rocco (1998)
>>> Ressurreição de Liev Tolstoi pela Cosac & Naify (2010)
>>> Em Fogo Lento de Paula Hawkins pela Record (2021)
>>> Video Girl AI - Volume 1 ao 30 de Masakazu Katsura pela Jbc (2024)
>>> The Art Of Satire de Ralph E. Shikes/ Steven Heller pela Horizon Pr (1984)
>>> Neonomicon de Alan Moore/ Jacen Burrows pela Panini/ Avatar (2011)
>>> Milarepa de Eric-Emmanuel Schimitt pela Nova Fronteira (2003)
>>> As Tentações De Santo Antão de Gustave Flaubert pela Iluminuras (2004)
>>> Les Trottinou Déménagent de Cyndy Szekeres pela Deux Coqs Dor (1998)
>>> O Mito Nazista de Phillippe Lacoue-labarthe pela Iluminuras (2002)
>>> O Livro de Ouro da Mitologia Erótica de Shahrukh Husain pela Ediouro (2007)
>>> Viagem Ao Passado Mítico de Zecharia Sitchin pela Editora Madras (2015)
>>> Arzach de Móbius pela Nemo (2011)
>>> Les Trottinou Et Bébé Trot de Cyndy Szekeres pela Deux Coqs Dor (2009)
COLUNAS

Terça-feira, 9/5/2023
Rita Lee Jones (1947-2023)
Julio Daio Borges
+ de 2200 Acessos

Quando Kurt Cobain veio ao Brasil, em 1993, fez questão de reconhecer a importância dos Mutantes numa entrevista à MTV.

E quando “Technicolor”, o álbum perdido dos Mutantes, enfim teve seu lançamento, em 1999, quem ilustrou o encarte foi Sean Lennon (sim, o herdeiro de John & Yoko).

Só por ter feito parte desse trio, junto aos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, Rita Lee já teria um lugar na música brasileira.

Mas não ficou nisso. O rock era pouco e os Mutantes não só participaram do antológico “Tropicália”, de 1968, como lhe deram um subtítulo: “Panis et Circenses” (o mesmo da canção homônima).

A importância do Tropicalismo é menos teórica - que a do Modernismo e dos modernistas - mas, inspirando-se na Antropofagia, tentou conciliar, em música, o rock e o pop, que vinham de fora, com a nossa tradição de bossa-nova, samba-canção, samba “tout court” - e uma infinidade de outros ritmos.

E Rita Lee - tanto quanto Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa - foi a encarnação disso. Se os baianos descendiam assumidamente de João Gilberto, Tom Jobim e Dorival Caymmi, Rita e os Mutantes foram contemporâneos dos Beatles, Arnaldo Baptista poderia ser o nosso Syd Barrett e Sérgio Dias, o nosso primeiro “guitar hero”.

Que essa turma pra lá de heterogênea tenha se trombado no Brasil foi, para nós, uma benção dos deuses da música. Se não fosse por isso, jamais teríamos performances como a de “Domingo no Parque”, com os Mutantes, e discos como o “Transa”, de Caetano, e o “Gilberto Gil” de 1971 (seu clássico em inglês).

Sem contar o dueto entre Rita Lee e o mestre dos baianos, João Gilberto, em 1980: “Seja em Paris/ ou nos Brasis// Mesmo distantes/ Somos constantes// Tudo nos une/ Que coisa rara/ No amor, nada nos separa”. Uma marchinha da Era de Ouro, dos anos 30 - mas cuja letra prenuncia a relação da “roqueira” com o cancioneiro de seu país.

Não por acaso, ensaiando “Desculpe o auê”, antes de executá-la no Parque do Ibirapuera, João Gilberto queria saber se era bossa-nova ou o que era... A compositora não soube responder.

Do mesmo jeito que não soube responder a Mick Jagger - quando abriu para os Rolling Stones, no Brasil - sobre o uso de uma imagem de Nossa Senhora. O autor de “Sympathy for the devil” não entendia o sincretismo religioso da ovelha-negra-da-família...

E por falar em bossa’n’roll, mereceu um dueto com “a maior cantora do Brasil” - sim, Gal Costa, que elevou “Mania de Você” às alturas. Como, aliás, fez Elis Regina, em 1980 - pois “pra variar, estamos em guerra”...

“Você não imagina a loucura”...

Como se não bastasse, ainda gravou “Mania de Você” com Milton Nascimento - cuja versão ele santificou - e um “ao vivo” inteiro com o Gilberto Gil da fase “Re”: “Refestança”(1977).

Isso tudo e nem falamos de sua parceria com Roberto de Carvalho, originalmente um roqueiro, que, a partir dos anos 80, transformou Rita Lee num ícone da cultura pop, conquistando as paradas de sucesso e as trilhas sonoras das novelas.

E quase chegou a se reunir com os irmãos Dias Baptista, para um “bis”, num show seu - mas ressentimentos, mágoas e traumas não permitiram uma ressurreição dos Mutantes originais, antes de Kurt Cobain, e de Sean Lennon.

Ainda poderíamos falar da feminista, no bom sentido e “avant la lettre”. Também da escritora best-seller. Da debatedora, em “Saia Justa”, com Mônica Waldvogel. Sem contar a mãe, de Beto Lee, e a avó...

Rita Lee foi muita coisa para muitas pessoas.

Por ter, mais ou menos, a idade dos meus pais, Rita Lee foi, na minha infância, como uma tia festiva, barulhenta e extravagante. Na juventude, uma artista sensível de quem ouvi a discografia, relançada em CD. E, na idade adulta, uma personalidade que se deu ao trabalho de responder a um texto meu, sobre um disco seu.

Anos depois, tivemos a oportunidade de publicar um texto seu no Digestivo. E, quando eu disse à estagiária que ela poderia colocar no ar, meio descrente ainda me perguntou: “Mas como assim? É a Rita Lee? Rita Lee???”.

Como se tivesse outra...

À Lovely Rita que um dia me chamou de “James Dean” (por causa das minhas inciais), desejo que “rest in peace” - ou, então, que festeje “ad aeternum” na companhia de Raul Seixas, Cazuza e Renato Russo (entre tantos outros)!

Nota do Editor
Leia também "Orra, meu" e "A Mina de Sampa".


Julio Daio Borges
São Paulo, 9/5/2023

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Lisboa obscura de Elisa Andrade Buzzo
02. Meu pé quebrado de Luís Fernando Amâncio
03. O gosto da cidade em minha boca de Elisa Andrade Buzzo
04. O escritor pode de Ana Elisa Ribeiro
05. As prisões de Guel Arraes e Cláudio Assis de Lucas Rodrigues Pires


Mais Julio Daio Borges
Mais Acessadas de Julio Daio Borges em 2023
01. Minha história com o Starbucks Brasil - 5/11/2023
02. Pelé (1940-2022) - 30/1/2023
03. Diogo Salles no Roda Viva - 30/5/2023
04. Olimpíada de Matemática com a Catarina - 2/9/2023
05. Rita Lee Jones (1947-2023) - 9/5/2023


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Nuovo Dizionario Portatile - Italiano-Tedesco e Tedesco-Italiano
Jagemann e D'Alberti
Stampatore e Librajo
(1811)



Os Diários de Virginia Woolf
José Antonio Arantes
Companhia das Letras
(1989)



Cadeia produtiva da carne bovina de mato grosso do sul
Ido Luiz
Oeste
(2001)



Léo Marinho
Cristina Porto; Walter Ono
Ftd Didáticos
(1997)



Caminhos de Amor e Odio - Ficção - Literatura
Dr. Afranio Luiz Bastos
Bookess
(2015)



Mickey N. 734
Walt Disney
Abril



A Dieta da Superenergia do Dr. Atkins
Robert Atkins- Shirley Linde
Artenova
(1976)



De Volta aos Sonhos
Bruna Vieira
Gutenberg
(2014)



Lambisgóia
Edson Gabriel Garcia
Nova Fronteira
(1984)



Um Crime para Todos
R. Kaufman / P. Barry
Ediex
(1965)





busca | avançada
56287 visitas/dia
1,7 milhão/mês