Olimpíada de Matemática com a Catarina | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

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Sábado, 2/9/2023
Olimpíada de Matemática com a Catarina
Julio Daio Borges
+ de 2400 Acessos

A Catarina está no oitavo ano, a sétima série da minha época. Sempre foi boa em matemática, desde pequenininha. Lembro que ensinei a tabuada pra ela antes da escola. Escrevi num caderno, sei lá, a tabuada do dois e falei para ela ir completando, até a tabuada do nove. Ao contrário da maioria das crianças ― que não vai bem em matemática ―, a Catarina gostou. Depois me lembro que ensinei raiz quadrada, também antes da escola. E a Catarina continuou gostando.

Matemática sempre foi uma das melhores médias dela no boletim. Junto com alemão (ela estuda em colégio alemão) e inglês. A Catarina tinha uma certa dificuldade em português e humanas (História e geografia, principalmente). Mas eu disse pra ela que essa divisão entre “exatas, humanas e biológicas” é bobagem ― e que ela poderia ir bem em tudo. Neste ano, depois da confusão da pandemia, ela está indo bem em tudo.

Quem me lê, imagina que eu era bom em português, mas, não, em matemática. De fato, minha melhor nota no vestibular da Fuvest não foi em matemática, mas em redação (eu tirei dez). Na escola, eu ia bem em física, lembro que já passava no terceiro bimestre e podia tirar zero em todas as últimas provas (de física). Acontece que eu fiz Poli/USP e fiz tantas provas de matemática, física, química, cálculo, mecânica, programação, eletromagnetismo, circuitos elétricos, circuitos digitais, (micro)eletrônica... que acabei pegando a manha de fazer prova de “exatas” (vá lá).

Então, quando a Catarina não avança em algum exercício da escola, e a Carol também não consegue resolver, elas me passam. Geralmente, eu resolvo. Não me assusto com fórmulas e equações, nem com problemas de lógica. No Portal dos Livreiros, estou resolvendo problemas de “lógica de programação” o tempo todo ― ultimamente, por exemplo, me debrucei sobre o problema da alteração de preços na Amazon, no MercadoLivre, na Shopee e na Estante Virtual (ao mesmo tempo). No Portal, tem HTML, ASP (VBscript), PHP e Python. Já utilizamos MS-SQL e SQLite, hoje usamos MySQL e estamos migrando pro PSQL. (O Digestivo já roda no Postgres!) Ah, e ainda tem um pouco de CSS e Javascript (e Bootstrap). Tudo na AWS.

O fato é que apareceu uma “Olimpíada de Matemática” na escola da Catarina, para fazer com os pais. Como a Catarina foi medalhista do Canguru ― e a foto dela está num daqueles cartazes que efeitam a escola ―, a Carol me incentivou: “Por que você não se inscreve com ela?”.

Fiquei pensativo alguns dias, mas acabei nos increvendo. Afinal, nem me lembro mais de quando fiz minha última prova. Talvez a do CEAG, da FGV/SP, onde acabei entrando, mas acabei não fazendo (passei na prova mas não fiz o curso). Isso foi antes de a Catarina nascer. Ou talvez as provas de alemão do Goethe-Institut, onde fiz uns três anos mas sinto que não sei quase nada (de alemão). Ou as provas da Fuvest, que prestei de novo quando estava me formando na Poli. Acabei entrando em Filosofia na USP ― que era o que eu queria mesmo ―, mas o curso era à noite, eu trabalhava durante o dia (longe), cruzava a cidade (havia menos trânsito)... acabei abandonando. Mas continuei lendo. Atualmente estou apaixonado pelas Meditações, do imperador romano Marco Aurélio, que reli em português (havia lido em francês, em 2011, mas não havia aproveitado tanto).

Enfim, depois de tanto tempo, eu não tinha nem estojo mais. Acho que desfiz o meu (último) quando a Catarina terminou a educação infantil e eu dei pra ela minhas lapiseiras (eu já não usava lápis), minhas “minas”, meus apontadores e minhas borrachas. Minha coleção de borrachas perfumadas dei para ela levar, uma dia, na escola e foi um sucesso. A verdade é que não encontrei meu último estojo em nenhum lugar e tive de comprar outro, junto com um par de lápis, borracha e apontador. Também caneta azul, preta e vermelha ― porque, embora eu tenha as minhas, que ainda uso... “vai que elas falham na hora prova?”.

A Olimpíada foi hoje de manhã, um sábado, na escola ― e era composta de duas provas: uma individual (cada pai e cada filho individualmente fazendo a mesma prova, em salas separadas); e uma prova em dupla (cada pai fazendo com seu filho, lado a lado).

Cheguei na minha sala de pais e, a exemplo de outros dois pais, fui sentando logo na última carteira da minha fileira. Embora fosse bom aluno, eu sempre gostei do fundão, em que dava para ver a sala toda. Sentar na frente, na minha época, só servia para ser “zoado” e levar tapa no pescoço (“pescotapa”).

O pai à minha esquerda contou que já havia participado da “Olimpíada” em anos anteriores ― e, como sua filha era boa em matemática, haviam ficado em segundo lugar. Mas foi o pai à minha direita que me chamou a atenção: como foi o primeiro a sair, deve ter acertado tudo, pensei (ou deve ter desistido da prova).

Me fez lembrar do André, um colega nosso da Poli, nos últimos anos da nossa ênfase em Computação. Não me lembro do sobrenome dele agora, mas o André era carioca, vinha da Marinha, sempre terminava primeiro e, invariavelmente, tirava a maior nota. Era uma humilhação. Tanto que, quando o André foi tirar uma dúvida com o Brisac, outro colega e amigo meu, o Brisac, descrente, respondeu: “Não aredito, André, que você está tirando uma dúvida comigo ― toda a minha vida converge para este momento!”.

Na primeira prova da Olimpíada, das oito questões, eu não consegui resolver duas. Uma era de perímetro, onde achei que faltavam informações para encontrar a resposta. Naturalmente, nâo faltavam: bastava escrever a fórmula do perímetro que a equação se resolvia sozinha ― porque uma das incógnitas aparecia com sinal positivo e depois com sinal negativo (então ela mesma se anulava).

Quem me explicou isso, no intervalo, foi aquele pai que saiu primeiro da sala. Ele não só tinha saído primeiro como tinha acertado tudo (conforme eu havia imaginado). E pior: o filho dele também. (Ambos haviam resolvido toda a prova e ― em salas diferentes ― haviam chegado aos mesmos resultados.) Enquanto isso, eu e a Catarina não tínhamos nem terminado toda a prova e nem chegado aos mesmos resultados (em todas as questões). “Esses dois já ganharam, Nininha”, falei pra ela. (Ou foi meu ascendente em Áries quem falou, não sei.)

Na segunda prova, que fizemos juntos, eu e a Catarina fomos melhor. Também, eu havia tirado minhas dúvidas, no intervalo, com o pai que “gabaritou” a prova (os professores de matemática da escola, durante o intervalo, não podiam comentar a primeira prova ― já que, na segunda, alguns conceitos apareceriam de novo).

Dito e feito: a questão do perímetro caiu, novamente, na segunda prova, mas transformada numa questão de área (“mais fácil”, observou a Catarina). Só nos embananamos numa questão de função, que eu até consegui resolver, mas não consegui fazer a “prova real”. E numa questão em que o número “abc”, composto por três algarismos diferentes, era igual à soma “ab + bc + ca”.

Depois ― conferindo com o professor ―, eu percebi que até comecei certo, transformado “abc” em “(100 * a) + (10 * b) + c”. E transformando “ab + ba + ca” em “[(10 * a) + b] + [(10 * b) + a] + [(10 * c) + a]”. O que daria “100a + 10b + c”, de um lado, e “11a + 11b + 11c”, do outro. O professor de matemática da Catarina me disse que ― se eu tivesse continuado ― teria chegado a “89a”, de um lado, que seria igual a “1b + 10c”, do outro. Logo, “a” só poderia ser “1”. Portanto, “c” era “8” e “b” era “9”. Entenderam? Rs.

Quando fiz vestibular pela primeira vez, era dominado pelo meu sol em Aquário, não era nada competitivo e só fui conferir minha pontuação, na saída da primeira fase, porque meu colega Ricardo Reis insistiu ― e acabamos descobrindo que fizemos, praticamente, os mesmos pontos. Ele acabou entrando em medicina, na Pinheiros (USP), e eu, na Poli.

Mas, hoje, é engraçado: meu ascendente em Áries fala mais alto e não me conformei enquanto não entendi onde havia errado e por quê. Assim como meu colega e amigo Alê ― que no cursinho era quem gabaritava em matemática ―, não “sosseguei” enquanto, munido das respostas, não resolvi todas as questões que haviam ficado para trás.

Todas essas emoções e lembranças me assaltaram antes, durante e depois da Olimpíada. Então, agradeço à Carol, por ter tido a ideia, à Catarina, por ter aceitado participar comigo, e à escola, por ter realizado o evento.

Há muito tempo que “escola” e “estudo” são assuntos “da Catarina” ― e eu quase havia me esquecido do quanto fui feliz na escola, no cursinho, até nas provas, inclusive no vestibular, embora tenha passado bastante raiva na Poli.

Assim como a Carol, espero ter transmitido esse “amor ao estudo” ― à escola e até aos profesores ― para a Catarina, que, por mérito dela (e para a nossa sorte), é uma excelente aluna, cercada de amigas e de amigos, admiradora dos seus professores, e apaixonada pela escola (sobretudo quando voltou ao “presencial” depois da pandemia).

Que fase maravilhosa da vida! Pena que para a equação da vida, em si, não exista fórmula. Cada um tem de descobrir a sua ;-)


Julio Daio Borges
São Paulo, 2/9/2023

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