Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini | Jardel Dias Cavalcanti | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 4/2/2025
Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 3900 Acessos


Um CD magnífico dos anos 90 acaba de ser transformado em vinil duplo, comemorando seus 30 anos de existência. É Dinamite Pura! Sim, pura dinamite, como diz o nome do vinil. Obra do músico/compositor, poeta, jornalista, ex-secretário de cultura de Londrina Bernardo Pellegrini, acompanhado de uma trupe musical de primeira, O Bando do Cão Sem Dono.

“É possível que você sinta um arrepio na pele”, diz o poeta Ademir Assunção sobre Dinamite Pura. Todas as 19 faixas do vinil duplo provocam esse arrepio, onde não se encontra nada de supérfluo no conjunto brilhante de conexões entre letras/poesias e músicas. Parece um milagre a reunião dos músicos que acompanham os arranjos e letras de Bernardo Pellegrini. Forma e conteúdo vibram juntos se retroalimentando de uma forma intraduzível em palavras.

A profusão de gêneros musicais das composições, que vão do jazz ao rock, do samba ao blues, repentes, valsas e memórias das antigas serestas, mesclam-se numa originalidade rara. Há algo também do Clube da Esquina, mas aqui ampliada num humor que lembra alguns poemas de Paulo Leminski (aliás, presente com um dos poemas musicados no vinil), como também o jogo de palavras que ressoam construções concretistas (onde a forma é o conteúdo amplificado).

O humor também nos faz pensar em Arrigo Barnabé, outro músico londrinense. O jornalista e escritor Paulo San Martin, assim define Dinamite Pura: “Essa multiplicidade de sons, linguagens, poesia e imagens transformam o trabalho de Bernardo Pellegrini numa experiência universal. Sua poesia remete às novas relações amorosas, recria paisagens urbanas, climas e cenas de um Brasil contemporâneo”.

Bernardo não está sozinho nessa empreitada. Chama a atenção a presença forte da poesia no álbum. Comparsas de longa data, Maurício Arruda Mendonça (poeta, músico, tradutor e ensaísta) e Rodrigo Garcia Lopes (poeta, músico, ensaísta e tradutor), emprestam seus poemas a duas das músicas mais tocantes do vinil: “Olha”, de Mauricio Arruda Mendonça, e “Iluminações”, de Rodrigo Garcia Lopes. Experimente o sublime ouvindo estas canções.

Quanto à qualidade musical de Dinamite Pura, não se trata apenas de um trabalho tecnicamente perfeito, gerado por músicos competentes, mas de uma criatividade que se sobrepõe a esses elementos necessários a qualquer obra de arte. A invenção instrumental que beira uma “improvisação organizada”, rara no mundo da música hoje, é o elemento que torna cada composição original, nos levando para paisagens sonoras impressionantes, seja com a entrada sensual de um solo de guitarra, a batida da bateria no ritmo de nosso coração, o solo de um trompete e/ou sax nos elevando para o alto e para dentro de nós mesmos ou a cadência do baixo balançando nosso espírito no vai-e-vem da música. Sobre isso escreve o crítico musical Luís Antônio Giron: “A música de Bernardo Pellegrini comporta surpresas acima da média. O projeto do violonista é criar música fora da padronização do gosto. Une-se a bons músicos para apresentar um cancioneiro respeitável”.

Também presente no disco, a cantora Rosa, uma espécie de Janis Joplin dos trópicos, contamina com sua dicção bluesística várias das músicas do disco, como, por exemplo, “Dei um beijo na boca do medo”, “Dinamite Pura”, “Lunagens”, “Tiau vagal”, dentre outras. E dá-lhe arrepio, como disse o poeta Ademir Assunção.

Gostaria de registrar a presença de um baterista de uma inventividade que beira o absurdo, que é Eduardo Batistella. Não consigo ouvir o disco sem acompanhar atentamente o trabalho da bateria, alma maior de cada composição onde ele toca. O espaço da resenha é pequeno para citar cada um dos músicos de O Bando do Cão Sem Dono, pois todos merecem aplausos.


Uma participação especial é a de Roberto Freire, o criador da somaterapia reichiana, que fez uma locução na "Game". Também seu filho, Paulo Freire, participa do vinil distorcendo a viola com pedal delay na deliciosa música "Trem das maravilhas". Além da sonoridade especial que o vinil proporciona, não podemos deixar de elogiar o excelente trabalho gráfico da edição que inclui capa dupla com as letras e um encarte com toda a história que envolve o vinil e o trabalho musical de Bernardo Pellegrini. No encarte, podemos ver fotos, documentos e relatos sobre a criação do disco, como depoimentos sobre Dinamite Pura, além do relato do próprio compositor sobre o disco e um histórico da carreira musical de Bernardo Pellegrini feito pelo jornalista Felipe Melhado. Visualmente, a capa interna e externa, em suas cores vermelho, azul, amarelo e branco, é outra fonte de prazer ligado ao vinil.

Arranjadores e músicos uniram-se num projeto cujo resultado, Dinamite Pura, não deixa de nos emocionar por sua corrente subterrânea de sentimentos que mesclam dor, alegria, humor, por uma inteligência anárquica e o melhor de tudo, com a criação de música de qualidade (num país que optou hoje pelo mercenarismo musical agro-fascista e demencial).

Bernardo Pellegrini é autor de 6 CDs, todos excepcionais, de uma criatividade musical surpreendente (e que surpresa a cada música!). Quem desejar conhecer esse grande compositor de forma completa é só acessar o site bernardopellegrini.com.br, podendo ouvir as composições e ler as letras de cada um dos seus CDs.

Atenção ao que o poeta Rodrigo Garcia Lopes diz sobre o vinil: “O Dinamite Pura, que sai agora em vinil, é, sem dúvida nenhuma, um dos melhores discos de MPB lançados nos anos 90. Vocês não sabem o que estão perdendo!”

Eu acrescentaria, com versos do próprio Rodrigo Garcia Lopes, em “Iluminações”: “Não diga/ que você/ não liga/ a mínima/ pra toda essa luminosidade/ toda essa luminosidade” que brota da explosão de Dinamite Pura!



Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 4/2/2025

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