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Quarta-feira, 14/8/2002
Se o mundo fosse de Alice
Rennata Airoldi
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Enquanto o mundo gira, artistas repensam a humanidade. Entre ensaios, filmagens e pesquisas, pessoas se confinam em diversos lugares para dar asas à imaginação. Num mesmo espaço, cada mente constrói seu universo paralelo. Somando as personalidades, pode-se obter de uma caixa preta o caos do mundo ingênuo e mágico de Alice ou mesmo a realidade dura e concreta de uma telenovela. Não importa qual seja o resultado desde que seja feito com entusiasmo, sinceridade e verdade. A crença daquele que diz é fundamental para aquele que escuta, acredite.

Estava pensando no tamanho das possibilidades nos dias atuais. Podemos falar de tudo através da arte e existem pessoas que vão se identificar com qualquer assunto e maneira de apropriação. As opções são tantas que, às vezes, tenho a nítida sensação de que nem os artistas sabem mais o que querem dizer. Ou que precisa ser dito. Sentada, assistindo uma peça, muitas vezes não me convenço daquilo que o ator tenta "vender". Talvez porque ele não tenha entendido nada do que quer dizer aquelas ações e palavras ou, talvez, porque ele não saiba o que o impulsiona dentro de sua arte.

O que mais dificulta a vida do artista contemporâneo é o modelo de vida moderno além, é claro, da necessidade básica que todos os seres humanos têm de comer, beber, morar, comprar, pagar contas. O artista também carrega esse grande fardo. Enquanto atores eram seres marginalizados pela sociedade e viviam em guetos isolados, em carroças que percorriam o mundo, em companhias mambembes, não havia a preocupação com o lado material. Uma noite em cada hospedaria e uma apresentação por uma refeição! Tudo pelo amor à Arte.

Ingenuidade e desapego que quase não cabe mais nos dias de hoje. Os atores estudam, lêem, pesquisam e se questionam. (Ao menos espera-se isso deles.) Todos somos reféns do sistema. E quando digo isto, é porque não importa quem você seja ou qual a sua profissão. Você tem um celular, uma televisão, um computador, um carro, um aparelho de som, uma cama, um chuveiro quente e uma escova de dentes. Há como se desfazer de algumas destas coisas; no entanto, dificilmente viveríamos sem nada disso.

Desta forma, vai ficando cada vez mais difícil ser fiel aos próprios princípios. Cada um tem um preço e não existe espírito puro o suficiente para não se corromper diante de nada. Neste momento, faço um adendo: não estou incluindo nesse pensamento ações que prejudiquem uma terceira pessoa. Estou falando do artista diante de sua própria obra. O quanto ele determina o que deve ser feito e o quanto ele é comandado por forças circunstanciais.

Nós sabemos muito bem quais peças terão maior chance de sucesso junto ao grande público, qual o besteirol que precisa ser feito para lotar um teatro, qual o texto que incomoda, qual é o teatro que questiona. Agora, qual o impulso que me move? É difícil responder esta pergunta assim como é difícil negar um salário quando se está sem dinheiro para pagar as contas, por mais que o trabalho em questão não tenha a mínima qualidade artística. Infelizmente, a medida em que o ator deixou de ser o marginal mambembe e passou a ser um modelo de sucesso, caiu continuamente nessa emboscada. Optar muitas vezes entre arte e dinheiro. O difícil é conseguir conciliar um bom projeto com um bom retorno financeiro. Assim, nem sempre conseguimos manter toda a pureza necessária para que a fidelidade à nossa arte e aos princípios seja determinante.

Tirando aqueles que fazem qualquer coisa por não terem discernimento daquilo que realizam, por status, sempre nos deparamos com atores maravilhosos nas situações mais constrangedoras. Em novelas, peças, filmes. É difícil encontrar pessoas que conseguem se manter firmes diante de sua convicção sem olhar para os lados. Não conheço muitas. Aliás pouquíssimos artistas têm esse desprendimento diante de ofertas sedutoras.

Não condeno um lado, nem outro. O que não suporto é a ignorância. Se um amigo recebe uma proposta de trabalho pelo qual receberá dignamente, acho justo que ele aceite, mesmo que não seja a melhor obra do mundo. Mesmo que não seja algo que ele sempre desejou fazer. Não há mal nenhum em querer viver bem. Viver de teatro num país como o nosso, é luxo para poucos. O trabalho é escasso, o apoio a grupos e pesquisadores é mínimo. Por outro lado, acho louvável aqueles que se mantém puros. É raro. Talvez seja um sonho inocente de todos nós e uma bandeira que devemos levantar. Se tudo fosse fantasia, poderíamos trabalhar vinte e quatro horas dentro da caixa preta e nos alimentarmos apenas dos aplausos finais!

Esse é um tormento que circunda a vida dos atores nos dias de hoje. Não daqueles que não têm compromisso com a arte. Esses, vivem conforme sopra o vento. São capazes de qualquer coisa a qualquer preço e não merecem a credibilidade. É desconfortável achar verdade naquilo que não acreditamos. É triste saber que muitos artistas geniais passam fome. É esperado que trabalhos de baixa qualidade artística tenham uma procura enorme em função do salário fixo, pago a cada dia 10...

Vender-se ou não vender-se, eis a questão. Nua e crua, a realidade é uma onda que vai crescendo e inundando tudo em volta. De repente, salve-se quem puder! O importante para o artista é saber que sempre existe uma maneira de retomar suas verdades.

Boletim da Mostra
Esta é a semana dos encenadores na "II Mostra de Teatro 'Cemitério de Automóveis'", que acontece no Porão do Centro Cultural São Paulo. Dedicada a diretores que montaram peças de Mário Bortolotto. Aliás, o autor está concorrendo ao prêmio Shell de melhor texto pela peça: "Hotel Lancaster". Dentro de toda a programação da Mostra, só resta uma última estréia que é "Fábula Podre" dia 20, às 19hrs. E o melhor é que continua sendo um sucesso de público.

* "Hotel Lancaster" (dir. Marcos Loureiro): dia 14 às 19 e às 21 hrs.
* "Leila Baby" (dir. Jairo Mattos): dia 15 às 19 e às 21hrs.; dia 17 às 21 hrs.
* "Fica Frio" (dir. Marco Antonio Pâmio): dia 16 às 19 e às 21 hrs.; dia 17 às 19 hrs.
* "Gravidade Zero" (dir. Elias Andreatto): dia 18 às 18 e às 20 hrs.

Maiores informações sobre a "II Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis" através do site: www.cemiteriodeautomoveis.hpg.ig.com.br


Rennata Airoldi
São Paulo, 14/8/2002

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01. Alice in Chains, por David De Sola de Luís Fernando Amâncio
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