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ENSAIOS

Segunda-feira, 18/4/2005
Paradoxos da modernidade
Pedro Maciel
+ de 14200 Acessos
+ 1 Comentário(s)

"É preciso ser absolutamente moderno", proclamava Rimbaud. A modernidade se inicia em meados do século 19 com Baudelaire e Flaubert na literatura, Manet e Courbet na pintura, seguidos pelos impressionistas e simbolistas (Cézanne e Mallarmé) e pelos cubistas e surrealistas, que representariam somente uma modernidade mais exaltada. Antoine Compagnon, em Os cinco paradoxos da modernidade, Ed. UFMG, narra a história dessa modernidade, desde o aparecimento da primeira obra considerada moderna, a Olympia de Manet, para ele o primeiro paradoxo.

Compagnon discorre sobre o segundo paradoxo dos tempos modernos, ressaltando as colagens de Picasso e Braque, os caligramas de Apollinaire, os ready-mades de Duchamp, os quadros abstratos de Kandinski e a Recherche de Proust. O terceiro paradoxo, para ele, é o manifesto do surrealismo, datado de 1924. A pop art e a sua relação com o mercado é o quarto paradoxo e, o quinto, é a história do pós-moderno.

O crítico Copangnom ainda discute a morte da arte no capítulo "O Mercado dos Otários: Expressionismo e arte pop". Como Octávio Paz anotou, "a rebelião tornou-se comportada, a crítica retórica, a transgressão cerimônia. Não digo que vivemos a morte da arte, mas vivemos a da idéia da morte da arte moderna".

Para Compagnom, desde 1919, quando Duchamp rabiscou um bigode e um bode numa reprodução fotográfica de A Gioconda, já se anunciava o fim da arte. Este suposto "fim" se manifesta, por exemplo, nas reproduções em serigrafias dos ícones populares de Andy Warhol. Ou em Duchamp, que se auto-intitulava "anti-artista" e sua obra (os roto-relevos e os ready-mades), onde questiona as noções ligadas à obra de arte, como criatividade, originalidade, beleza, autonomia. Toda a obra de Duchamp antecipa as idéias do filósofo Walter Benjamin, autor do ensaio "A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica".

Warhol retomaria a obra de Duchamp sob o ponto de vista da crítica e do mercado. A arte contemporânea passa a ser apenas uma mercadoria. "A oposição entre o artista e o público, entre cultura de elite e cultura de massa, se dissolveu", diz Compagnon. A mídia passa a ser a grande parceira da arte e não mais a tradição. A arte pop é o começo do desfecho das previsões das vanguardas históricas, nihilistas e futuristas.

Desde então, não haveria mais necessidade de inovação. Do dândi de Baudelaire, encarnação do herói moderno, só restam os farrapos na roupa de couro negro de Warhol. Mas onde foi parar a melancolia? A arte, totalmente desprovida de transcendência, se reduz a uma especulação.

"Oposta à estética clássica" – escreve Compagnon – "cuja ambição é de transcender o tempo, a estética romântica (...) repousa num mal-estar experimentado na sua relação com o tempo, na consciência do inacabado da história". Flaubert anotou que "a imbecilidade consiste em querer concluir".

Para Compagnon, a história da arte moderna começou com os românticos e está terminando com o movimento pós-moderno. É impossível ser pós-modernista, porque o moderno é o recente, o atual, o agora. A modernidade é um projeto burguês, para todos os efeitos, e a pós-modernidade é a decadência deste projeto. O pós-moderno é a cura da superstição do novo, um movimento anti-moderno, pré-moderno ou ultra-moderno? A pós-modernidade é uma releitura da arte clássica e das vanguardas do princípio do século. Segundo Oscar Niemeyer, "o mérito que existiu no pós-moderno foi o de ter acabado com o racionalismo da Escola Bauhaus".

Mas o pós-modernismo também insurge contra o purismo geométrico, "rompe com o estilo funcional internacional e reivindica o direito ao ecletismo, ao localismo e à reminiscência", segundo Compangnon. A máxima dos modernistas diz que "da função decorre a forma" (form follows function) e os pós-mdernistas ironizam num jogo de palavras: "do fiasco decorre a forma" (form follows fiasco).

O pós-modernismo e seu ecletismo, como já dizia Lytoard, "é o grau zero da cultura geral contemporânea(...) É fácil encontrar um público para as obras ecléticas, fazendo-se kitsch, a arte lisonjeia a desordem que reina no gosto do amador. O artista, o crítico e o público, juntos, deleitam-se com tudo e a hora é de relaxamento."

Nota do Editor
Ensaio gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no caderno "Idéias/Livros", do Jornal do Brasil, a 31 de maio de 1997.


Pedro Maciel
Belo Horizonte, 18/4/2005
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
1/6/2005
12h19min
Olá, Pedro, gostei do seu artigo, achei rico e possui uma bela síntese de combinação e interligação da preciosa arte de séculos passados com a cultura hodierna. Aprecio esse estilo de pensar. Um abraço, Tania
[Leia outros Comentários de Tania Montandon]
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