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ENSAIOS

Segunda-feira, 21/12/2009
Entre o jornalismo e a academia
Ronaldo Correia de Brito
+ de 6200 Acessos
+ 4 Comentário(s)

Um editor famoso afirmou que se foi o tempo em que uma crítica desfavorável condenava uma obra literária. Insistiu na irrelevância da crítica na promoção e venda de livros, reforçando o papel do editor e dos mecanismos de mídia e mercado. Ao fazer essa declaração, ele reforçou a imunidade do autor best-seller e a mudança de perfil do consumidor de livros. A crítica literária talvez ocupe, nos dias de hoje, um espaço limitado a um pequeno universo de leitores.

No jornalismo, os espaços reservados à literatura foram ocupados pelas resenhas, um tipo de texto que se afasta do ensaio acadêmico. Os leitores preferem informações ligeiras e superficiais. Ou talvez a literatura tenha perdido o prestígio em relação às outras artes. Há excesso de informação e escassez de tempo para ler.

Certa vez perguntaram a João Cabral de Melo Neto quanto os seus livros vendiam. Mesmo se tratando de um grande poeta, o jornalista procurava associar o valor da obra ao poder de venda. João Cabral citou um número irrisório, mas ressaltou um outro valor não mensurável: mesmo sendo pequena a tiragem de seus livros, o conteúdo se multiplicava pela força inerente à poesia, pela capacidade de transformar e transtornar.

Algumas críticas ficaram tão fortemente ligadas aos textos originais, que fazem parte da história desses livros. Posso citar o ensaio de Sartre sobre O Estrangeiro, de Camus; o de Emerson sobre "Folhas de Relva", de Whitman; e os de Edmund Wilson sobre os simbolistas Yeats, Valéry, Eliot, Proust, Joyce, Gertrude Stein, L'Isle-Adam e Rimbaud. Harold Bloom tornou-se um especialista em Shakespeare e seus estudos podem ser incluídos entre as formas de crítica a que Guimarães Rosa se referia, uma reinvenção ou redescoberta do autor.

Os exemplos de crítica que acabo de citar estão mais próximos do modelo acadêmico: análises minuciosas, profundas, para leitores que curtem literatura. Sartre e Emerson também eram escritores e exerceram a crítica numa perspectiva diferente de Edmund Wilson e Harold Bloom. Mas nada parecido com o atual abismo entre o ensaio e a resenha.

O pouco espaço reservado ao jornalismo literário e os novos tipos de leitores transformaram a crítica em divulgação e apreciação ligeira. Ela mais pontua que analisa. O jornalista inventa maneiras de chamar a atenção do leitor, através de resumos de obras e sugestões de leituras.

Chegamos a uma questão prosaica: continuam existindo várias formas de crítica literária, em função do público a quem se destina. Talvez o editor tenha razão ao afirmar que uma crítica não desbanca um autor da moda, por mais desfavorável que seja. A crítica sofre os embates do mercado, e tenta situar-se livre dos números e das listas de mais vendidos. Mesmo com baixo poder de fogo, mesmo dispondo de espaços menores e desprestigiados, a crítica continua ajudando não apenas a provocar e criar leitores, mas também a fazer escritores.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no Terra Magazine, em dezembro de 2009.


Ronaldo Correia de Brito
Recife, 21/12/2009
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
21/12/2009
18h52min
Acho que a crítica literária migrou para a internet e, ao abandonar um pouco do discurso acadêmico, creio que ela não esteja empobrecendo, mas se aproximando das pessoas que gostam de boa literatura. Sujeitos como Ricardo Piglia e Mario Vargas Llosa conseguem comover seus leitores mesmo com textos teóricos, e isso é simplesmente fantástico! Acho que os amantes de textos herméticos e truncados poderiam experimentar esse tipo de leitura mais apaixonada. Não é porque é leve que ela se torna superficial, muito pelo contrário.
[Leia outros Comentários de Eder]
30/12/2009
10h57min
Ronaldo, se a crítica não tem mais poder de destruir um livro, ainda teria o de promovê-lo? Ou nem isso? Ainda há críticos que conseguem olhar na multidão os diferenciados e apostarem nas promessas?
[Leia outros Comentários de Renato Lima]
30/12/2009
11h42min
No meu ponto de vista, a literatura apenas segue uma tendência minimalista mundial. Usam-se computadores para acelerar cálculos, alguns deles, inclusive, usamos sem nem saber como são feitos. A formulação matemática fica para trás em prol da interpretação do resultado. As viagens agora são de avião, e cada vez mais rápidas. Um mesmo livro é facilmente lido por vários indivíduos ao mesmo tempo, uma discussão em torno dele não pressupõe um resumo detalhado, mas pode mesmo acontecer em diálogos que nunca serão escritos em papel, ao contrário de como acontecia no passado, quando além de o encontro físico ser mais difícil, o número de cópias não possibilitava a disseminação do texto. O aumento absurdo da oferta de livros, contos e material literário quase que obriga a existência de uma modalidade catalogatória de escrita. Isso não significa, no entanto, que os resumos e ensaios tenham acabado, mas apenas que não seguiram o mesmo ritmo de crescimento que a internet.
[Leia outros Comentários de Miguel Lannes Fernan]
16/1/2010
02h08min
Sou jornalista e acho meu trabalho bastante inócuo. Dia desses, tentei entrevistar uma professora minha (faço história no momento) e ela se recusou, pois afirmou que seria irresponsabilidade transformar anos de trabalho em algumas aspas. O jornalismo é isso, um abismo sem nome no coração da academia. Se preferirmos, uma pseudo-ciência sem métodos ou objetos. Esse é o motivo pelo qual não existe mais crítica no país, as pessoas se formam jornalistas e nada mais.
[Leia outros Comentários de Thiago]
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