A imaginação do escritor | Renato Alessandro dos Santos | Digestivo Cultural

busca | avançada
54638 visitas/dia
2,1 milhões/mês
Mais Recentes
>>> 'O homem não foi feito para ser feliz' cearense Maurício Mendes lança romance de estreia
>>> Burnout, corpo, memória e ancestralidade: Verônica Yamada lança 'Tempos Amarelos'
>>> CCBB Educativo celebra o Dia do Patrimônio com experiências artísticas e gratuitas
>>> IV Festival SP Choro In Jazz, em setembro, faz homenagem a Hector Costita e Laércio de Freitas
>>> A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas) reestreia na sede da Cia de Teatro Heliópolis
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Chegou a hora de pensar no pós-redes sociais
>>> Two roads diverged in a yellow wood
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre as sanções em curso
>>> Waack: Moraes abandona prudência
>>> Jakurski e Stuhlberger na XP (2025)
>>> As Sete Vidas de Ozzy Osbourne
>>> 100 anos de Flannery O'Connor
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
Últimos Posts
>>> Jazz: música, política e liberdade
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Jensen Huang, o homem por trás da Nvidia (2023)
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Made in China
>>> Entre o copo, a vitrola, a fumaça e o boicote
>>> A menos-valia na poesia de André Luiz Pinto
>>> Descascando o abacaxi na Nova Inglaterra
>>> O Crítico, em Exercício Findo, de Décio de Almeida Prado
>>> O cão da meia-noite
>>> YouTube, lá vou eu
>>> Entrevista com Sérgio Rodrigues
Mais Recentes
>>> Livro Procurando Nemo de Lisa Ann Marsoli pela Edelbra (2003)
>>> Madame Bovary - Lacrado - Coleção Folha Cine Europeu - Vol. 18 de Claude Chabrol pela Folha de S. Paulo (2011)
>>> Lili Marlene - Lacrado - Coleção Folha Cine Europeu 16 de Cássio Starling Carlos pela Folha de S.Paulo (2011)
>>> Revista Bonijuris 31 de Ives Granda Martins; René Dotti pela Bonijuris (2019)
>>> O Amanuense Belmiro de Cyro Dos Anjos; Antonio Cândido (intr.) pela Garnier (2001)
>>> Serviço Social e Sociedade 90 de Maria Aurenice Mendes Frazão Rodrigues pela Cortez (2007)
>>> Revista Comissão Mineira de Folclore de Domingos Diniz pela Newton Paiva (2001)
>>> Revista Comissão Mineira de Folclore 21 de Domingos Diniz pela Newton Paiva (2000)
>>> O Caminho da Montanha Pubamito de Mestre Israel Amazonia Boxer pela Da Autore
>>> Jesus E Nós Na Eucaristia de Afonso Niehues pela Vozes Didático (2009)
>>> Clarinha na Ilha 2ª edição. ilustrações de Rogerio Cavalcanti de Maria Clara Machado pela José Olympio (1983)
>>> Tudo Sobre Arte de Stephen Farthing pela Sextante (2011)
>>> Mensagens dos Mestres de Coração a Coração 2ª edição. de M Stella Lecocq pela Roka (1999)
>>> Cantigas de Trovadores Medievais em Português Moderno - coleção REX de Cleonice Berardinelli pela Simões (1953)
>>> Eine Stadt in Angst: Aus dem friedlichen ort machen sie eine brutale de Patrick Buchanan pela Shocker (1972)
>>> Conversations Avec Goethe (edition originale) de Frédéric Soret pela Montaigne (1932)
>>> O Batedor de Carteiras - Lacrado - Coleção Folha Cine Europeu de Coleção Folha pela Folha de São Paulo (2011)
>>> Os Incompreendidos - Lacrado - Coleção Folha Cine Europeu de François Truffaut pela Folha de São Paulo (2011)
>>> Compre Cadeira Igrejas para Hoje Focadas Em Jesus de Sidney Costa pela Alphaconteúdos (2015)
>>> Projeção do Corpo Astral de Sylvan J. Muldoon, Hereward Carrington pela Pensamento (1995)
>>> Tarô - Espelho da Vida Novas Técnicas de Disposição das Cartas de Mario Montano pela Pensamento (1995)
>>> A Mente Na Psicologia Budista de Herbert V. Guenther / Leslie S. Kawamura tradução pela Cultrix (1990)
>>> Magos - os Mundos Mágicos da Fantasia de Isaac Asimov (org.) pela Melhoramentos (1990)
>>> Lonely Planet Usa (travel Guide) de Lonely Planet, Regis St Louis, Amy C Balfour, Sara Benson, Michael Grosberg, Adam Karlin, Mariella Krause, Adam Skolnick, Ryan Ver Berkmoes, Karla Zimmerman pela Lonely Planet (2014)
>>> Americanah de Ngozi Adichie Chima pela Fourth Estate London (2013)
COLUNAS

Terça-feira, 25/4/2017
A imaginação do escritor
Renato Alessandro dos Santos
+ de 5600 Acessos


É um autor em ebulição. Quem leu Uma aventura perigosa (Buriti, 2015), agora, tem a oportunidade de ler O pacto (Clube de autores, 2017), e, nessa toada, irá perceber o salto que George dos Santos Pacheco deu em sua empreitada infatigável pelo terreno da ficção; no caso, do romance, forma literária em que a imaginação de um escritor é colocada à prova, e, nesse desafio, o autor levou a melhor.

Se no romance anterior a estrutura simples não comprometia a narrativa, e mesmo ali a imaginação impunha-se já panorâmica, neste, o leitor de George irá se deparar com um autor esforçando-se para encontrar a melhor maneira de contar sua história, e ele, claro, a encontra ao dar voz não apenas ao narrador personagem tradicional, mas a dois personagens, que, cada um a seu tempo, conduzirão a narrativa como orienta a cartilha pós-moderna, e é aí que George acerta.

Um pouco de enredo?

Um anti-herói depara-se diante de ninguém menos do que o próprio Capeta. É que Théo, personagem principal, não é flor que se cheire e, num acordão com o Beiçudo, regressa da morte desmemoriado e, então, traz o leitor para dentro de sua vida. Como a memória dele está em pane, as coisas vão acontecendo sem que ele e o leitor possam entender bem quem é esse personagem-narrador em busca de saber exatamente quem é. Como um quebra-cabeça, as peças só vão encaixar-se lá pelo fim da segunda parte do romance, quando entra Bidu, o segundo personagem-narrador de O pacto.


As cenas de sexo estão de volta, mas não tão explícitas como no romance anterior. Ménage à trois, chifres, estupros, pedofilia têm seu lugar em O pacto, nem sempre de forma gratuita, mas percorrendo um dos caminhos da literatura contemporânea em que o sexo é menos sugerido e mais levado ao primeiro plano narrativo, sem pudor, sem censura. Nenhum demérito, mas o contrário: banir o sexo da literatura seria insistir em um comportamento vitoriano que não diz muito a um século XXI em que ele, o sexo, é esmiuçado com um único clique; a internet está aí, e não há por que torcer o nariz para o que até então, na literatura, vinha escondido lá em meio às lianas narrativas em que muitos leitores nem sequer percebiam o que vinha sugerido. Por que não lembrar da cena de sexo oral de Basílio em Luísa ou das travessuras, digamos assim, de Bovary e de Belle de Jour?

Mas o autor não precisa de sexo para fazer o leitor atravessar seu livro de um lado a outro. O enredo encarregou-se disso. Desde Aristóteles, as peripécias são reconhecidas por suas surpresas, e a coisa não poderia ser diferente aqui: do contato de Théo com – com Houaiss, tome nota: Azucrim, Canheta, Coisa à toa, Mofento, Pé-cascudo, Pé de cabra, Pé de gancho, Pé de pato, Rabudo, Romãozinho, Sapucaio, sim, o Mofino tinhoso, até as máscaras que vão caindo, uma a uma, a narrativa segura-se, deslizando suave como um carrinho de rolimã ladeira abaixo. E nós, apoiando-nos confortáveis, anexados ao brinquedo, de capacete e tudo, vamos descendo a ladeira com George, para depois subir e novamente descer, e subir, num ritmo sempre capaz de fazer os leitores voltarem ao ponto onde pararam a fim de descobrir cada vez mais o que fez Théo antes de perder a memória.


Palmas ao autor, que com O pacto demonstra claramente o que é o passo adiante dado na carreira de um escritor, que, sempre insatisfeito, buscará a forma mais adequada para expressar o que pretende contar debaixo do véu artístico da ficção, algo que o romance, pasto de imaginação, é capaz de oferecer a um artista – como o George, o romancista em ebulição por trás de O pacto.


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 25/4/2017

Quem leu este, também leu esse(s):
01. As palmeiras da Politécnica de Elisa Andrade Buzzo
02. Apresentação: Ficção e Sociedade de Heloisa Pait


Mais Renato Alessandro dos Santos
Mais Acessadas de Renato Alessandro dos Santos em 2017
01. A imaginação do escritor - 25/4/2017
02. Um parque de diversões na cabeça - 30/5/2017
03. Manchester à beira-mar, um filme para se guardar - 3/10/2017
04. Nós que aqui estamos pela ópera esperamos - 4/7/2017
05. Séries da Inglaterra; e que tal uma xícara de chá? - 1/8/2017


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Infanto Juvenis Viva a Poesia Viva Coleção Jabuti Verso Livre
Ulisses Tavares
Saraiva
(1998)



O Estudante 2
Adelaide Carraro
Global
(1996)



Novo código civil: projeto aprovado pelo senado federal
Antonio claudio da costa,juarez de oliveira
Oliveira mendes
(1998)



Iniciação Espírita 415
Allan Kardec
Edicel
(1995)



Cadernos do Chdd Ano 10 Número 18 Novo Foto Original
Fundação Alexandre de Gusmão
Fag
(2011)



A manopla de Karasthan
Filipe Faria
Presença
(2002)



Natureza Morta (inspetor Gamache - Livro 1)
Louise Penny
Arqueiro
(2022)



Subjetividade um Objeto para uma Psicologia
Regina Helena de Freitas Campos
Casa do Psicologo
(2007)



No Mans Mistress
Roberta Leigh
Harlequin Books
(1987)



A força da cultura
Daniel denison robert hooijberg nancy lane colleen lief
Campus
(2012)





busca | avançada
54638 visitas/dia
2,1 milhões/mês