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Segunda-feira, 27/12/2004
Música em 2004

Julio Daio Borges




Digestivo nº 207 >>> Mesmo com o lugar-comum da pirataria e da digitalização, a música passou bem em 2004 – com resultados desiguais, claro, mas para todos os gostos. Começando pelo erudito: em mais uma temporada exemplar, o Mozarteum Brasileiro trouxe até à Sala São Paulo, ao Parque do Ibirapuera e ao Theatro Municipal, Nelson Freire&Martha Argerich, Gidon Kremer, José Van Dam e o Octeto da Filarmônica de Berlim, entre outras atrações. Na linha descendente, da sempre forte “MPB clássica”, brilharam Theo de Barros, os Filhos de Caymmi (em homenagem aos seus 90 anos), o Orfeu em reedição primorosa (no embalo dos 90 de Vinicius de Moraes) e o trio de sanfoneiros, Dominguinhos, Oswaldinho e Sivuca. No quesito “clássico dos clássicos”, tomou de assaltou a audiência o remasterizado Elis&Tom, com dolby 5.1, inaugurando o segmento de DVD-áudio. Derraparam na pista, Caetano Veloso, em pouco convincentes interpretações em inglês, e seu ídolo João Gilberto, em mais uma edição caça-níqueis de seus shows ao vivo (dessa vez, em Tóquio). Outros veteranos desempenharam bem: Djavan, em nova etapa da vida, recobrou a inspiração; Tom Zé, depois do infarto, seguiu na mesma inventividade incansável; e Jair Rodrigues, embora tenha decepcionado em aparições ao vivo e na televisão, não fez feio em A Nova Bossa (pouco divulgado). Zeca Pagodinho sofreu de ascensão, de consagração e de perseguição; e Carlos Fernando (com o apoio de Toninho Horta) viu seu talento relançado 10 anos depois (2004 foi ainda marcado pelos 10 anos da morte de Tom Jobim). Entre os astros da “nova” ou “jovem” MPB, se destacaram a sempre-em-evidência Vanessa da Mata (com CD novo e no e-Festival) e a veterana, e bem mais discreta, Mônica Salmaso. Zélia Duncan apostou tudo em (re)interpretações mas não emplacou. Na dura seara instrumental, despontou – com maciço apoio da mídia – o duo Yamandú&Paulo Moura, mas quem levou mesmo adiante a tradição do violão foi Leandro Carvalho, em três momentos: no seu CD Cromo, em uma apresentação no Itaú Cultural e no mui recentemente prensado London Poem (que, em 2005, certamente merecerá comentário especial). Foi brilhante Nicolas Krassik, ao misturar violino e choro. E, engrossando esse coro, marcharam com firmeza, João Carlos Assis Brasil, Leo Mitrulis e Fernando Moura. Na categoria revelação (apenas para cair num chavão de qualquer retrospectiva barata), agradou Marcos Sacramento, indubitavelmente um dos maiores cantores hoje em atividade. E o rock, cinqüentenário, esteve vivo graças à old school de Sting, Yardbirds, Morrissey e Glenn Hughes, sem falar na instrumentação ousada de gente como Alex Masi e Randy Coven.
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Editor
 

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