DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Além do Mais
Sexta-feira,
25/6/2004
Il Giustino
Julio
Daio Borges
+ de 1500 Acessos
|
Digestivo nº 181 >>>
As pessoas falavam pelos corredores que o seu “forte” não era música barroca. E, realmente, Bach nos parece mais distante do que Mozart ou Beethoven. Mas não tão distante. A Cultura FM, por exemplo, tem programas inteiros dedicados ao gênero, e Marta Fonterrada, no seu “Música em toda parte”, deixa escapar um sorriso e um maldisfarçado “gosto” ao anunciar – como sempre faz: “E, agora, Bach...”. Pois não foi diferente na Sala São Paulo, com a Venice Baroque Orchestra, sob a condução de Giuliano Carmignola, pelo Mozarteum Brasileiro. Houve um predomínio de Vivaldi – aquele que se fez um dia duvidar se os germânicos eram mesmo os maiores em música (há, também, os italianos...). Carmignola teve, inclusive, seu momento Paganini, ao empunhar o violino em fúria e fazer a orquestrar parar, a fim de lhe dar passagem, durante os três concertos depois do intervalo. Quem precisava se convencer da importância do barroco, teve aí o seu instante de glória. A Sala silenciou. No bis, as tradicionais “Quatro Estações” (representadas por um movimento apenas), embora não fossem mais necessárias. Os “Mestres Venezianos” (além de Vivaldi: Albinoni, Tartini e Galuppi) tinham dado conta do espetáculo. E se a ascendência de Carmignola sobre o “ensemble” pudesse, de repente, parecer estranha ao interpretar uma época em que justamente – por exemplo, na estatuária – os artistas (como Aleijadinho) não assinavam seu nome, o livreto conseguiria deixar os ouvintes “descansados”: Eddynio Rossetto explicava, exato, que o próprio “concerto” e a forma “solo” enfatizaram precisamente os “contrastes” – que fizeram do barroco quase sinônimo de “conflito” interminável. Assim, mesmo que a obra se impusesse sobre seu autor (apesar de “Antonio fa presto”, o Vivaldi), o virtuose, subitamente, despontaria – desembocando, séculos depois, na era da interpretação quase pura, os anos 1900s, de maestros, instrumentistas e prima-donas. E se Bach tinha sido a estrela que despontara num céu encoberto, o barroco tinha inaugurado algumas das principais formas que nos chegaram.
>>> Mozarteum Brasileiro
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
Bored to Death, por Jonathan Ames (Televisão)
02.
Ensaios de Literatura Ocidental, de Erich Auerbach (Literatura)
03.
As Cem Melhores Crônicas Brasileiras (Literatura)
04.
Alguns poemas traduzidos, de Manuel Bandeira (Literatura)
05.
A seguir cenas dos próximos capítulos (Televisão)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|