Colunismo em 2004 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
41111 visitas/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Inscrições abertas para o Festival de Cinema de Três Passos
>>> Lenna Bahule e Tiganá Santana fazem shows no Sons do Mundo do Sesc Bom Retiro
>>> CCBB Educativo realiza oficinas que unem arte, tradição e festa popular
>>> Peça Dzi Croquettes Sem Censura estreia em São Paulo nesta quinta (12/6)
>>> Agenda: editora orlando estreia com livro de contos da premiada escritora Myriam Scotti
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
Colunistas
Últimos Posts
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
>>> Claude 4 com Mike Krieger, do Instagram
>>> NotebookLM
>>> Jony Ive, designer do iPhone, se junta à OpenAI
>>> Luiz Schwarcz no Roda Viva
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Quem é (e o que faz) Julio Daio Borges
>>> A importância do nome das coisas
>>> A revista Bizz
>>> Temporada 2008 do Mozarteum Brasileiro
>>> O iPad muda tudo? #tcdisrupt
>>> Vida e morte do Correio da Manhã
>>> E a Holanda eliminou o Brasil
>>> Magia Verde
>>> A loucura por Hilda Hilst
>>> Uma suposta I.C.
Mais Recentes
>>> Fundamentos De Marketing - Serie Gestão Empresarial de Basta / Marchesini pela Fgv (2006)
>>> Livro Psicoterapia de Emergência e Psicoterapia Breve de Leopold Bellak, Leonard Small pela Artes Médicas (1978)
>>> Sociologo E Positivista Vol.11 de Comte pela Escala (2012)
>>> Muitas Vozes de Ferreira Gullar pela José Olympio (1999)
>>> Livro O Mundo Contemporâneo Novalgina 70 Anos de Kopfschmerzen Jeder pela Fisicalbook (1996)
>>> Alma Dos Animais: Estágio Anterior Da Alma Humana? de Paulo Neto pela Geec (2008)
>>> Entrevistas. Processos de Miguel De Almeida pela Sesc (2003)
>>> A Mulher do Mágico de Brian Moore pela Companhia das Letras (2000)
>>> Livro Como Se Realiza A Aprendizagem de Robert M. Gagné pela Livros Técnicos e Científicos S.A (1976)
>>> O principe de Maquiavel pela Martin Claret (1998)
>>> O Cartaginês de Nauaf Hardan pela Edicon
>>> San Francisco Real City de Kristine Carber pela Dorling Kinders (2007)
>>> Soldados de Salamina (2º Ed. - 1º reimpressão) de Javier Cercas pela Biblioteca Azul (2020)
>>> O Ouro Maldito Dos Incas: A Conquista Do Império Inca Contada Por Um Soldado De Pizarro de Lúcio Martins Rodrigues pela Conteúdo (2011)
>>> Viver com Inspiração de Akiva Tatz pela Maayanot (2000)
>>> Livro El Juez De Paz Y El Jurado En El Brasil Imperial 1808-1871 Control Social Y Estabilidad Política En El Nuevo Estado de Thomas Flory, traduzido por Mariluz Caso pela Fondo De Cultura Económica México (1986)
>>> Colecao Grandes Obras Do Pensamento Universal (maquiavel - Belfagor, OArquidiabo, A madragora de Maquiavel pela Escala Editora - Lafonte (2007)
>>> Soldados de Salamina - 2º Edição (1º reimpressão) de Javier Cercas pela Biblioteca Azul (2020)
>>> Jung e a Interpretação dos Sonhos - Manual de Teoria e Prática de James A. Hall pela Pensamento (1993)
>>> Livro Bilionário Por Acaso A Criação do Facebook Uma História de Sexo, Dinheiro, Genialidade e Traição de Ben Mezrich pela Intrínseca (2010)
>>> Livro As Origens da Cabala de Eliphas Levi pela Pensamento
>>> Jovens Pesquisadores - Diversidade Do Fazer Científico de Tânia Rodrigues Da Cruz pela Ufrgs (2003)
>>> Livro Discricionariedade na Área Fiscalizatória de André Saddy e Outros pela Ceej (2022)
>>> Florestan - A Inteligência Militante de Haroldo Ceravolo Sereza pela Boitempo (2005)
>>> Livro D. João Carioca A Corte Portuguesa Chega Ao Brasil de Lilia Moritz Schwarcz pela Quadrinhos Na Cia (2007)
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2004

Sexta-feira, 24/12/2004
Colunismo em 2004
Julio Daio Borges
+ de 6300 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Outro dia, eu disse ao Fabio que tinha mania de encerrar ciclos e quem participa dos bastidores do Digestivo também sabe que eu sugeri um Especial sobre o ano de 2004. Essas duas idéias se cruzaram quando eu passei alguns dias tentando encontrar um tema à altura do fechamento do ano, aqui na Coluna (afinal esta é a minha última antes de 2005). Então se colocou o desafio de refletir sobre o meu "colunismo" em 2004, pois, olhando em retrospecto, percebo que ele se firmou de novo, este ano, como não acontecia desde 2000 ou antes (antes do Digestivo Cultural, portanto).

Depois que eu inventei o Digestivo — digo o formato, que começou como Newsletter e que se manteve até agora, durante mais de 4 anos —, eu me afastei das colunas que vinham escrevendo desde 1998. O Digestivo, na verdade, era a minha "coluna" e eu estava tão completamente envolvido com esse formato (das Notas) que não via outra coisa possível para a internet e para os novos tempos. Eu abraçara a teoria do aforismo de Nietzsche e acreditava que livros inteiros podiam mesmo ser reduzidos a meia-dúzia de frases — quanto mais textos e afins. Em suma, o "colunismo", para mim, havia caído em descrédito (ainda que eu tenha chamado Colunistas para compor o site em 2001).

De repente, porém, o Digestivo passou por uma primeira reestruturação. Era 2002 e eu estava tentando colaborar periodicamente com a grande imprensa, quando me vi com um texto inteiro sobre o fim do no. (hoje não me admira que ninguém quisesse aceitá-lo). Assim, mais uma vez, juntei as duas pontas e cobri um buraco, numa sexta-feira lá atrás. Foi o Giron quem insistiu para que eu publicasse meu "ensaio" sobre a derrocada do no. no Digestivo mesmo e eu, novamente cansado de esperar as respostas da imprensa, mandei bala. Agora lembro: o Sérgio Augusto sinalizava com a possibilidade de eu colaborar com OPasquim21 e desfolhei, na seqüência, o texto sobre o, à época, estreante programa Saia Justa. Outra vez, desisti de esperar o veredicto do Ziraldo (que decidia tudo e que, ao mesmo tempo, viajava muito) e emplaquei, once more, no Digestivo Cultural.

Foram tantas as trocas da guarda no site em 2002 que eu não estou certo se me mantive como Colunista, às sextas-feiras, como agora. Lembro que queria abordar temas especiais e que ambicionei uma série sobre a internet (eu estava empenhado na defesa da nova mídia, que a velha imprensa ainda insistia em atacar). Foram três textos só: sobre o amor virtual, sobre os blogs e sobre as comunidades virtuais. Embarquei, também, num certo resenhismo (Kafka, Wittgenstein) e em algumas campanhas "cívicas" (pela derrota do Lula e pelo minimamente bom português).

No fundo, eu experimentava muito e não me fixava em nada. Mesmo em termos de linguagem. Ao contrário do que fazia nos Digestivos, eu não tinha um "projeto" para as minhas Colunas e sentia como se tivesse de reinventá-las a toda hora. Para ficar bonito, eu poderia dizer que, como Ferreira Gullar em seu primeiro livro de poemas, cada Coluna minha nascia e morria "completa" — enfrentava eu as dores do parto, mas ela, recém-nascida, não fecundava nada. Eu me justificava pensando que só tinha de me manifestar em ocasiões especiais e o Polzonoff me cobrava textos maiores temendo que eu pudesse enferrujar. O problema é que me apaixonara de tal forma pelos Digestivos, e eles me absorviam tanto, que não sobrava "energia para", nem "vontade de", escrever mais. Fora que a preocupação de ganhar dinheiro não me permitia despender mais tempo compondo textos (a não ser que a imprensa me aceitasse como colaborador; a internet, como se vê, sempre mantendo a ligação nefasta com a gratuidade...).

Bom, eu espero que isto não esteja uma confusão. Em 2003, eu segui com o resenhismo (Freud, Roth), arrisquei uma crítica de cinema (Rivera-Kahlo), desconstruí um ídolo antigo (Rubem Fonseca) e entrei num especial da Livraria Cultura. Mas foi apenas em 2004 que minha Coluna pôde, enfim, decolar.

Logo, este texto (este que você está lendo) é igualmente uma tentativa no sentido de explicar por que agora (em 2004) funcionou e antes (2002-2003), não. Talvez porque eu cheguei a algumas conclusões este ano, como Colunista do Digestivo Cultural — e acho que vale a pena compartilhá-las (embora eu não pertença a nenhuma das três ou quatro "gerações de ouro" do site, contando a atual...).

Em primeiro lugar, como todo mundo sabe, em 2004 rompi com a barreira da primeira pessoa. Foi naquele texto sobre São Paulo, que gerou outras tentativas (infrutíferas) e que acabou como uma pretensa mistura entre literatura e memória. Sei que não é nem uma coisa nem outra, mas foi importante escrever sobre minhas lembranças. Eu me pus em cena e percebi que eu poderia render assunto.

Isso se amarra a um segundo ponto. Subitamente, conclui — depois de todos estes anos nesta indústria vital... — que minha experiência poderia interessar às pessoas. Muitas ainda devem se perguntar: "Quem é esse mala que escreve em primeira pessoa?" — mas eu tenho fé que o contingente de indivíduos que encontram, nas minhas reminiscências, algo de aproveitável tem significativamente aumentado. (Quando eu não mais acreditar nisso, prometo que paro.)

Particularmente, eu sempre gostei de ler os jornalistas que refletiam sobre seu ofício. Me vem agora o exemplo do Daniel Piza — de quem quase todo mundo tem saudade na Gazeta —, pois, em 1996-2000, ele misturava a "juventude" de quem estava começando com um certo "descuido" ao apontar o dedo para a imprensa brasileira, estando num jornal que não era dos diários mais importantes (digo, Folha e Estadão). Num de seus arroubos, o Daniel me disse, por e-mail, que sua coluna era uma das poucas "de idéias" no Brasil. Eu o havia chamado de "lobo solitário". Ele tinha vinte e tantos; eu, vinte e poucos.

Em 2004, no Digestivo, eu percebi que tinha passado por coisas únicas e que — mesmo que elas não o fossem — eu poderia dividi-las com a audiência, pelo simples fato de que ninguém dividia mais. Nem o Daniel Piza (que foi para o Estadão). Isso se materializou especialmente na Coluna "Vida virtual, vida real"; mais indiretamente na "Auto-análise" e na "Manias"; e mais pessoalmente na seqüência "Mens sana..." (1, 2 e 3). Claro, não se trata de nenhuma grande revelação. Em alguns casos, até, o que mais importa é a abordagem (e não, propriamente, o conteúdo). E, ah, houve também um "Making of..." — que, nesse processo, foi fundamental.

Quem escreve e publica com freqüência vive meio fechado numa cúpula. No íntimo, nunca sabe se está agradando. Se sabe, desconfia — porque, pelo elogio, pode cair numa fórmula; e porque, como se sabe, ninguém pode escrever só para o público. É uma sinuca. Quando se termina um texto, ele escapa da mão como um balão de ensaio e vai flutuar no céu sem que se possa controlá-lo. As pessoas podem admirá-lo — e nós, autores da arte, podemos até concordar —, mas ele continua fora de alcance. Os textos — atenção, isto é chavão — têm vida própria. Quando saem bons, o mérito não é nosso — porque eles, homens-feitos, não são nossos mais. E quando saem ruins, a culpa é nossa — porque, como balões de ensaio falhados, não foram bem projetados, não foram bem planejados ou não receberam o correto impulso, tendo caído ou pegado fogo no meio do percurso.

Mesmo assim, parece que eu encontrei em 2004 um caminho para as minhas Colunas. Algumas idéias já vêm prontas e eu consigo desenvolvê-las a contento (acho). Poucas vezes me perdi no assunto ou tive de dar (a elas) um final abrupto (porque não foram pensadas estruturalmente ou porque eu não sabia como terminá-las). E, repetindo, algo me diz que uma meia-dúzia de três ou quatro gosta dessa mistura atual de "crônica" com "vivência" de editor de cultura. Não figura entre minhas ambições fundar um novo gênero. Penso que o desejo de todos, que escrevem, é encontrar uma clareira e poder explorá-la. Como eu encontrei (acho, de novo) nos Digestivos. Lá, estou em casa; e, lá, parece que nada falha. Oxalá eu sinta isso, um dia, nas Colunas — embora me agrade o nervosismo de se lançar e de ter de encontrar "soluções" para continuar caminhando num terreno pantanoso (eu gosto dessa expressão).

2004 foi um tempo de despertar. Também no Globo, no Estadão, no Suplemento Literário de Minas Gerais, no Rascunho. E qualquer salto, em qualquer direção, em 2005 e depois, tem sua vara fincada neste ano.


Julio Daio Borges
São Paulo, 24/12/2004

Mais Julio Daio Borges
Mais Acessadas de Julio Daio Borges em 2004
01. Parati, Flip: escritores, leitores –e contradições - 16/7/2004
02. Mens sana in corpore sano - 14/5/2004
03. 1964-2004: Da televisão à internet – um balanço - 30/4/2004
04. Por que a crítica, hoje, não é bem-vinda - 25/6/2004
05. Ensaio de interpretação do Orkut - 20/8/2004


Mais Especial Melhores de 2004
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/12/2004
23h29min
Valeu pela retrospectiva sobre suas experiências no Digestivo em 2004. 2005 tá batendo na porta e a gente que curte altos papos está esperando mais do DC. E eu sou um deles e estou torcendo para que o ano novo seja um ano de mais vitórias para você. Feliz 2005!!!
[Leia outros Comentários de Pepê Mattos]
21/1/2005
15h30min
Julio, parabens pelo Digestivo Cultural na revista da GV. Chegaste em terra firme, agora tens que se estabelecer e civilizar. Parabens!
[Leia outros Comentários de itibere muarrek]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Problema é Seu a Solução é Nossa
Emanoel Lourenço
Literare Books
(2016)



Um Leão Chamado Christian
Anthony Bourke &john Rendall
Nova Fronteira
(2009)



Você Não Está Sozinho
Max Lucado
Thomas Nelson
(2010)



Livro Infanto Juvenis Em Cima Daquela Serra
Eucaneã Ferraz; Iara Kono
Companhia Das Letrinhas
(2013)



De Repente, o Desejo
Susan Fox
Unica
(2013)



A Casa das Belas Adormecidas
Yasunari Kawabata
Estação Liberdade
(2022)



Livro Não Fale De Boca Cheia E Outras Dicas De Etiqueta Para Crianças
Suzana Doblinski e Albertina Costa Ruiz
Mundo Cristão
(2001)



Palácio Itamaraty: Brasilia - Rio de Janeiro
Vário Autores
Banco Safra
(1993)



Livro Beber Jogar F
Andrew Gottlieb
Planeta
(2009)



Starters
Lissa Price
Editora Novo Conceito
(2020)





busca | avançada
41111 visitas/dia
2,0 milhões/mês