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Quarta-feira, 14/9/2005
Salão do Livro para crianças
Ana Elisa Ribeiro
+ de 4400 Acessos

Belo Horizonte foi palco, de 11 a 21 de agosto, do 6º Salão do Livro e Encontro de Literatura. Desde a primeira edição, tenho não só acompanhado o evento, mas principalmente observado as proporções que os organizadores propõem entre a feira de livros (com supostos melhores descontos) e as atividades culturais, como mesas-redondas, entrevistas e palestras com escritores e oficineiros. E é essa proporção a que mais varia, quase sempre em detrimento dos encontros literários.

Desde a terceira edição que venho participando mais do que como visitante. Sempre, ainda bem, se lembram de mim para fazer algo muito prazeroso. Em 2002, entrei no estande da editora mineira Autêntica para lançar um livro organizado pela sensacional professora Carla Coscarelli, da Faculdade de Letras da UFMG. Carla estava sorridente, como quase todo organizador ou autor, e eu fazia parte do sumário com um capítulo derivado de minha dissertação de mestrado. Foi um encontro de pesquisadores e não tinha cara de festa literária.

Em 2004, o convite foi ainda mais gostoso. Uma tenda de circo, lotada de gente ansiosa, sediaria um supersarau. Seis poetas mineiros leriam ao público poemas de outros e próprios. Ricardo Aleixo apresentou sua poemática multimídia, soberbamente, sob os aplausos dos mais modernos. Carlos Ávila mostrou uma intervenção mais próxima do "banquinho e violão". As pessoas se concentraram menos, mas respeitaram o poeta bissexto. Chacal, do Rio, leu os poemas que todos esperavam. Era, afinal, o nome de fora. A turma do jornal Estilingue, da Faculdade de Letras, trouxe poesia e barulho para o circo. Leram e gritaram no palco. Minha apresentação, também no molde de Ávila, expôs poemas que considero infinitamente belos. Fiz questão de mostrar Adília Lopes aos que jamais ouviram falar nela (mesmo com uma bela coletânea lançada pela 7letras). E qual não foi minha surpresa quando saí dali com a nítida impressão de que as pessoas gostam, sim, de poesia e os espetáculos se "vendem" facilmente. O circo literário montado ali havia sido um sucesso de público e crítica. Os sorrisos não pareciam forçados e não havia grandes protocolos a seguir. O show era de graça e alguns nomes de prestígio haviam sido o melhor marketing para o evento.

Lembro de pessoas assoviando como num show de rock, e de alguns com livros nas mãos como quem pedia autógrafo. Também observei pessoas de todas as idades. Uns com jeito de habitués dos poucos festivais que acontecem na cidade; outros, com jeito de aprendizes. As crianças perscrutando as palavras. Gostando da forma do ritual. E não havia confusão. Era uma festa literária.

Flashes espocavam num ou noutro ponto da arquibancada cheia. Ao final, na descida do palco, estudantes de jornalismo vinham fazer matérias sobre os escritores. Matérias que saíram em jornais-laboratório e ganharam notas boas!

De tudo aquilo, ficou o sabor de festa e a conclusão de que nós podemos fazer eventos literários que dão quorum. Sim, podemos. Mas alguns de nós não querem.

O 6º Salão do Livro, neste ano, trouxe estandes de distribuidoras e livrarias aos borbotões. Quase nenhum desconto muito diferente do que se consegue normalmente. A ênfase foi nos livros infantis, que, dizem, vão formar novos leitores. Os pais, ávidos, atacam as bancas que vendem livrinhos a 1 real, mas sei lá eu se compram para si os livros feitos para adultos, que se espremem entre as bancas de best-sellers à procura de uma literatura mais urgente.

Achei uma banca só da Planeta. Estavam lá, a preço de banana, Santiago Nazarian e uns portugueses menos conhecidos. Ninguém comprava, mas as capas mereciam atenção.

Editoras quase não apareceram, até porque em BH não as há com tanta profusão. Revi alunos, ex-alunos, colegas, amigos. Perdi mesas-redondas interessantes, como uma sobre "Literatura e Erotismo", da qual fazia parte o amigo paulistano Luiz Roberto Guedes, autor do belíssimo Calendário Lunático (Ciência do Acidente).

Todos os dias, às 18h30, havia um encontro marcado com um escritor conhecido. Como o salão deste ano homenageava Fernando Sabino, o "Encontro Marcado" era proposital. Estiveram por aqui Luiz Ruffato, Rubem Alves, Affonso Romano de Sant'Anna, Silviano Santiago e outros. E a cada encontro, um outro escritor era convidado para entrevistar o pivô do evento. E lá estava eu, na quarta-feira, para entrevistar Adélia Prado.

Mesmo com toda a tarimba que tenho para falar em público e entrevistar pessoas, ainda senti um friozinho quando deparei com ela e seus respeitáveis cabelos brancos de poeta assumida. Fiz as perguntas que realmente me interessavam. A relação com a criação, com o livro, com o editor, com a literatura. Fabrício Marques, poeta e coordenador do evento, estava ali, calmo como sempre, me dando a segurança que ninguém mais poderia dar naquele momento. As luzes do palco, muito brancas, ofuscavam a platéia, mas era possível ouvir quando riam das histórias e das respostas que Adélia dava às questões mais corriqueiras. E da entrevista saí reconfigurada. Como aquela poeta é diferente desta! Como ela é mulher, como é mística, como é doce! E esta minha rudeza ensaiada que não sei se será, um dia, vantagem para a poesia.

Eu teria vergonha de dar a Adélia um livro meu. Teria a preocupação de não feri-la com meu horror às cenas de amor explícito. Ela me mostrava, ali, poeticamente, que não abre mão da mais pacata vida familiar, que estudou por prazer, mas orgasmo mesmo ela tem é cosendo as calças do marido e apertando botões nas camisas dos filhos. Na mais perfeita sinceridade, Adélia lia, para todos nós, um poema em que conta que gosta de acordar de madrugada, seja lá a hora que for, para limpar os peixes que o marido pescou. Não para servi-lo, mas para estar a sós com ele na cozinha, esbarrando os cotovelos, na mais enamorada cena de casal. E como aquilo era vigoroso nela! E como não o é em mim!

Quando a entrevista acabou, deixei o local às pressas para ir trabalhar. No caminho, pensei que talvez eu estivesse mesmo dando valor demais às coisas erradas. Mas como saber? Tenho 30, Adélia tem 70. Somos duas poetisas avessas. Tenho ainda 40 anos de reflexão.

No domingo, dia 21, houve mais mesas-redondas, uma das quais, a que não poderia faltar, coordenada pelo escritor Sérgio Fantini, punha em pauta a produção literária mineira nos últimos 25 anos. Luís Giffoni, Marcelo Dolabela e Alécio Cunha falaram do tema, com direito a lista de revistas importantes e nomes batidos e rebatidos por aqui.

O evento terminou às 22h, com o show da banda The Jingles. Mais do que uma banda que toca paródias engraçadas, cada música é um bloco em que os músicos se mostram tão atores quanto outra coisa. Afora os vozeirões do vocalista e da vocalista principais, a platéia tem acessos de riso especialmente na esquete em que a música "Construção", de Chico Buarque, vira o primeiro exame de um rapaz tímido com o proctologista. Ri muito. De sair com câimbras na barriga. E concluí que o Salão do Livro ainda merece mais espaço nesta cidade.


Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 14/9/2005

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