Pelas curvas brasileiras | Tais Laporta | Digestivo Cultural

busca | avançada
57800 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Curso - audiodescrição para redes sociais
>>> Afeto, arte e transformação social: Luna Maggalhães lança livro “Vai Pintar” em Jacarepaguá
>>> Série Vozes de Marias, do Festival das Marias, traz depoimentos sobre criação feminina
>>> Evento: Escritora e artista paulistana Kênia Marangão lança obra no FLIM no dia 17, sábado
>>> CCBB RIO ÚLTIMOS DIAS DA MOSTRA INDÍGENA
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
Colunistas
Últimos Posts
>>> Drauzio em busca do tempo perdido
>>> David Soria Parra, co-criador do MCP
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Entre o tempo que passou e todo o tempo do mundo
>>> Corrida de ratos (e outros roedores da tevê)
>>> Se eu fosse você 2
>>> O nome da Roza
>>> Existe na cidade alguém, assim como você...
>>> Chicletes
>>> 15 destaques do cinema internacional em 2005
>>> Sobre o Acordo Ortográfico
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> O espelho
Mais Recentes
>>> Sob O Signo De Gêmeos de Rosamunde Pilcher pela Bertrand (2004)
>>> Promoção 2 Livros: Não se Iluda, Não + Não se Apega, Não de Isabela Freitas pela Intrinseca (2015)
>>> 8 Ou 80 - Seu Melhor Amigo E Seu Pior Inimigo Moram Aí, Dentro De Você! de Branca Barao pela Dvs (2012)
>>> Logaritmos de Elon Lages Lima pela Sbm (2013)
>>> Jesus, O Divino Amigo de Antonio Demarchi pela Petit (2012)
>>> As Partidas Dobradas de Sergio Bueno pela Ebm (2014)
>>> Tibério - As Memórias do Imperador de Allan Massie pela Ediouro (2000)
>>> Sonhe Alto - Como Dar o Melhor de Si Mesmo de Ben S. Carson; Cecil Murphey pela Cpb (2025)
>>> Evangelizar É Fazer Jesus Acontecer de Alírio José Pedrini pela Loyola
>>> Como Lidar Com O Déficit De Atenção Com Hiperatividade de Natália Ortega pela Astral Cultural (2023)
>>> Bençao De Paz de Francisco Cândido Xavier pela Geem (2025)
>>> Carrossel Sombrio E Outras Histórias de Joel Hill pela Tag (2020)
>>> Parábolas Eternas de Legrand pela Soler (2004)
>>> Ame e Dê Vexame de Roberto Freire pela Sol e Chuva (1987)
>>> As sete mortes de Evelyn Hardcastle de Stuart Turton pela Tag (2019)
>>> Selfie-purpurina de Fernanda Bastos pela Petrópolis (2022)
>>> Materializações de Uberaba de Jorge Rizzini pela Nova Luz
>>> Fundamentos De Matematica Elementar: Complexos, Polinômios... - Vol. 6 de Gelson Iezzi pela Atual (1993)
>>> Geração Y - O Nascimento de Uma Nova Versão de Líderes de Sidnei Oliveira pela Integrare (2010)
>>> O Jardim de Bronze de Gustavo Maljovich pela Tag (2020)
>>> Libertinagem e Estrela da Manhã de Manuel Bandeira pela Folha (2008)
>>> Eu Não Sei Quem Você é de Penny Hancock pela Tag (2021)
>>> Mais Perto de Deus de Erwin W. Lutzer pela Vida (2013)
>>> O Novo Catecismo: a vida em cristo de Wilsom João Sperandio pela Vozes (1993)
>>> A Revolução Dos Bichos de George Orwell pela Companhia Das Letras (2021)
COLUNAS

Terça-feira, 11/7/2006
Pelas curvas brasileiras
Tais Laporta
+ de 9200 Acessos
+ 1 Comentário(s)

flor
Ilustra by Tartaruga Feliz

Por que as esquinas possuem contornos arredondados? Por que geladeiras e elevadores têm a forma de cubos gigantes? Sob olhares desatentos, essas perguntas não merecem explicação. Mas os amantes do design as respondem com apenas dois nomes: beleza e funcionalidade. Sim, o design está em tudo, ainda que não percebamos, e ainda que ele exista para harmonizar as relações entre o humano e o resto do mundo. Com a intenção de explorar as raízes desse conceito no Brasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC) inauguraram a I Bienal Brasileira de Design, aberta para visitação até 6 de agosto no espaço da Oca, Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

A mostra destaca a inventividade e multiplicidade da produção brasileira, e ressalta que sua origem vem antes de Cabral ter aportado nestas terras: os índios, nossos primeiros designers, foram os responsáveis por aliar o despudor do corpo ao artesanato. "Os artefatos criados ao longo de cinco séculos revelam projetos de design implícitos ou evidentes: noções de função, uso e padrões estéticos vigentes", aponta a socióloga Elizabeth De Fiore. Essa intuição natural ajudou a moldar a identidade do design nacional, que concebeu cores, formas e texturas pelas mãos de pessoas anônimas, representantes da cultura regional. Por esse motivo, não se pode dizer que a Bienal é somente uma exposição artística, mas, sobretudo, de objetos cotidianos, necessários e atuais.

Mobiliários dos anos 50

Nessa linha, a mostra faz um passeio pelas décadas do século XX, com destaque para objetos artesanais e industrializados, cujos projetos seguiram conceitos semelhantes dentro de sua época. Para as gerações mais antigas, uma verdadeira sensação de déjà-vu diante de móveis, eletrodomésticos e utensílios que não se vê há muito tempo. Para completar a ala histórica, duas figuras ilustres recebem homenagem no mesmo espaço: Rui Barbosa (o primeiro a defender a importância do desenho na arte industrial) e Santos Dummont, que além de grande inventor, soube aliar forma e função - o relógio de pulso, por exemplo, é uma criação atribuída a ele.

A designer francesa Charlotte Perriand, uma das mais importantes do século XX, também recebe, post-mortem, um espaço dedicado ao seu trabalho no último piso da Oca. O andar traz uma ampla visão de sua trajetória, seus projetos e idéias, assumidamente inspirados na paixão que nutria pelo Brasil, onde viveu por muitos anos. Nessa estadia, conviveu com grandes designers e arquitetos brasileiros, que foram fortemente influenciados por sua obra. "Devemos observar aqui essa disposição, a presença de um alto índice de invenção, na busca de peculiaridades que ainda podem ser exploradas", observa o designer Aloísio Magalhães.

Projeto de Charlotte Pierrand


Outro piso da Oca é dedicado às novas funções do design contemporâneo, transformado radicalmente pela tecnologia e pelo mercado. Os centros urbanos merecem destaque pela nova necessidade de uma interferência planejada, a exemplo dos projetos de sinalização brasileiros, que ganharam repercussão internacional. Também destacam-se as logomarcas brasileiras, as capas de livros e CDs e - um objeto que, para os brasileiros, vai além da função de locomoção - os automóveis. "O design de carros no Brasil sempre interessou aos estrangeiros, da Europa à África. O Fox, por exemplo, é o primeiro projeto nacional com presença mundial", ressalta Fábio Magalhães, curador geral da mostra. De fato, a partir dos anos 50, com a implantação da indústria automobilística por aqui, a produção de carros transformou a cara do Brasil. E o Brasil transformou a cara dos automóveis.

"As sandálias da marca Havaianas são outro fenômeno de produto popular que é consumido pelas classes A e B dos países desenvolvidos", lembra Magalhães, ressaltando que a tecnologia proporcionou uma facilidade extraordinária para produzirmos, em larga escala, um design com identidade própria, sensualidade e paixão pelo arredondamento. Sem sombra de dúvida, nada representa melhor o Brasil do que a curva, presente nos relevos disformes, nas vegetações tropicais e, claro, nas formas humanas. É uma geometria aconchegante e receptiva, que faz o estrangeiro se sentir em casa. Nessa brecha, entra a diferença entre arte e design - a relação do pensar com o fazer - como lembra o curador geral da exposição. "O artesanato é ligado à tradição, já o design exerce uma função de ruptura, sempre à procura de novos caminhos, ainda que sua fonte de inspiração seja sempre a cultura brasileira".

Minimalismo estético dos anos 90


Faça um teste: repare nos objetos à sua volta, perceba suas formas, espessuras, peso e movimento. Tente encontrar algo que não tenha sido concebido para o fácil manuseio e o conforto. Desde os grandes projetos de arquitetura aos objetos mais simples, todos incorporam a anatomia do corpo humano. O século XX, especialmente o que sucede o modernismo, deixou de lado os detalhes desnecessários e aderiu ao minimalismo. Essa limpeza varreu os adornos barrocos e neoclássicos para dar lugar ao útil e simples. Ou seja, nos ares futuristas, o belo deixa de ser prioridade e passa a brilhar ao lado do funcional. Ninguém mais quer a estética no caos do desconforto.


Tais Laporta
São Paulo, 11/7/2006

Quem leu este, também leu esse(s):
01. 40 de Julio Daio Borges
02. A Banda Mais Bonita da Internet e a Memética de Noah Mera
03. Mais um texto sobre Francis de Eduardo Mineo
04. Eleições: democracia como um falso slogan de Jardel Dias Cavalcanti
05. Os melhores do cinema brasileiro em 2003 de Lucas Rodrigues Pires


Mais Tais Laporta
Mais Acessadas de Tais Laporta em 2006
01. Guimarães Rosa no Museu da Língua Portuguesa - 1/11/2006
02. Pelas curvas brasileiras - 11/7/2006
03. Ninguém segura Lady Macbeth - 2/8/2006
04. Sem cortes, o pai do teatro realista - 17/5/2006
05. Confissões de uma ex-podcaster - 20/9/2006


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
19/7/2006
02h52min
Muito bem lembrado. Penso que uma das melhores coisas que a modernidade fez por nós foi banir o raio do rococó. A simplificação para a funcionalidade é uma coisa boa que os tempos trouxeram. Só tem uma coisa que complicou mais do que a gente supunha ser possível: controle remoto. Você tem seu DVD, sua TV, seu Surround, seu antigo VHS e o corolário disso são vários controles remotos somando centenas de botões, a maioria absolutamente indecifrável, cujas funções misteriosas são diretamente proporcionais ao tamanho das letras e símbolos impressos no centro, dos lados, abaixo e acima de cada um deles, de preferência traçados como minúsculas ranhuras que rapidamente se enchem de sujeira e somem contra um fundo negro. Coisas de uma mente maligna. Isso é o que há de mais excessivo no barroco rococó, deslocado de sua antiga área formal, ressuscitado e invadindo a funcionalidade das coisas.
[Leia outros Comentários de Guga Schultze]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Cid - Horácio - Polieucto
Corneille
Martins Fontes
(2005)



Natural Capitalism: Creating the next industrial Revolution
Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins
Back Bay



Muu
Jane Smiley
Rocco
(1996)



Literatura Coleção Núcleo
Eça de Queirós
Núcleo
(1991)



Livro Comunicação Processos e Produtos
Dulcília Schroeder Buitoni, José Eugenio de O. Menezes, Orgs.
Plêiade
(2014)



A Semente de Mostarda
Bhagwan Shreerajneesh
Tao
(1979)



Terapêuticas para a Regeneração Celular
Dr. José Maria Campos
Pensamento
(2009)



S. Bernardo e Caetés - 2 Clássicos de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos
Best Bolso
(2011)



Evidências da Vida Após a Morte
Jeffrey Long; Paul Perry
Lafonte
(2017)



85 Letras e um Disparo
Sacolinha
Global
(2007)





busca | avançada
57800 visitas/dia
2,5 milhões/mês