É clássico, pode acreditar | Tais Laporta | Digestivo Cultural

busca | avançada
66616 visitas/dia
2,9 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Semana Gastronômica do Granja
>>> Mulheres em meio ao conflito:sobre inclusão, acolhimento e sororidade incondicional
>>> Arsenal da Esperança faz ensaios de teatro com moradores em situação de rua
>>> Vem pra Feira do Pimp Estoque: Economia Circular com catadoras, catadores e artistas!
>>> Companhia de Danças de Diadema apresenta Nas Águas do Imaginar no Brincando na Praça
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
>>> Minha história com o Starbucks Brasil
>>> O tipógrafo-artista Flávio Vignoli: entrevista
>>> Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
Colunistas
Últimos Posts
>>> Temer fala... (2023)
>>> George Prochnik sobre Stefan Zweig (2014)
>>> Hoffmann e Khosla sobre inteligência artificial
>>> Tucker Carlson no All-In
>>> Keleti: de engenheiro a gestor
>>> LeCun, Bubeck, Harris e a inteligência artificial
>>> Joe Satriani tocando Van Halen (2023)
>>> Linger by IMY2
>>> How Soon Is Now by Johnny Marr (2021)
>>> Jealous Guy by Kevin Parker (2020)
Últimos Posts
>>> Toda luz que não podemos ver: política e encenação
>>> Sarapatel de Coruja
>>> Culpa não tem rima
>>> As duas faces de Janus
>>> Universos paralelos
>>> A caixa de Pandora do século XX
>>> Adão não pediu desculpas
>>> No meu tempo
>>> Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)
>>> CHUVA
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Blue Man Group: uma crítica bem-humorada ao rock
>>> Everybody Wants To Rule The World 2022
>>> O melhor nacional do ano
>>> Outliers, de Malcolm Gladwell
>>> Frida Kahlo e Diego Rivera nas telas
>>> É Julio mesmo, sem acento
>>> O Tigrão vai te ensinar
>>> O que não me mata, me fortalece
>>> A Caixa de Confeitos
>>> Não é assim um smartphone
Mais Recentes
>>> A Espada selvagem Conan 28 de Conan pela Panini Comics (2021)
>>> Understandingunderstanding de Richard Saul Wurman pela Richard Saul Wurman (2017)
>>> Cinco Vidas de Leni Riefenstahl pela Taschen (2001)
>>> O Petróleo de Daniel Yergin pela Paz & Terra (2009)
>>> Geografia e Literatura: ensaios sobre geograficidade, poética e imaginação de Eduardo Marandola Jr. & Lúcia Helena Batista Gratão pela Eduel (2010)
>>> Amor em Movimento de João Carlos da Silva pela Biblioteca 24 Horas (2011)
>>> Estatística Recursiva e Física Estatística Recursiva de Eugênio Evangelista Souza pela Biblioteca 24 Horas (2011)
>>> As Chaves de Restauração de Lucas P. Silva pela Biblioteca 24 Horas (2015)
>>> O Soldadinho De Chumbo: Livro interativo de Hans Christian Andersen pela Estrela cultural (2018)
>>> O Clube dos Sete de Marconi Leal pela 34 (2015)
>>> O Riso. Ensaio Sobre O Significado Do Comico de Henri Bergson pela Edipro (2018)
>>> 7 Livros das autoras: Feliz Cidade, Em tom monocórdico, Calu, O desejo, Os meninos, Godofredo o peixe e Democrécio na sapolândia de Noeli Schwaab; Cirlei Rossi( ilust Daisy Startari) pela Do Brasil (2005)
>>> Uma Garota De Muita Sorte de Jessica Knoll pela Rocco (2015)
>>> A Quase Grande Guerra Do Pudim De Natal de Júlio Emílio Braz pela Serena (2021)
>>> Habitar a Terra - Qual o caminho para a fraternidade universal? de Leonardo Boff pela Vozes (2023)
>>> Poder - Uma Força Sedutora de Anselm Grün pela Vozes (2021)
>>> O Poder Dos Mantras de Sá, Hávini pela Luz da Serra (2020)
>>> Somos Todos Canalhas de Clovis De Barros Filho e Júlio Pompeu pela Leya (2015)
>>> O Quadro Perdido. A Busca De Uma Obra Prima De Caravaggio de Jonathan Harr pela Intrínseca (2023)
>>> Devagar de Carl Honoré pela Record (2023)
>>> Harry Potter E A Criança Amaldiçoada - Parte Um E Dois de J.k. Rowling pela Rocco (2016)
>>> A Primeira e Última Liberdade de Aldous Huxley pela Cultrix (1972)
>>> Magos Negros - Mafia e feitiçaria sob a ótica espírita de Robson Pinheiro e Pai João de Aruanda pela Casa Dos Espíritos (2016)
>>> Reinventando O Fogo de Amory B. Lovins pela Cultrix (2023)
>>> Trânsitos - os Períodos Importantes de Sua Vida de Betty Lundsted pela Pensamento (1993)
COLUNAS

Quarta-feira, 12/9/2007
É clássico, pode acreditar
Tais Laporta
+ de 4700 Acessos

“O que é clássico para você?” Ao ouvir a pergunta, quem acompanhava os tradicionais Concertos BankBoston teve uma bela surpresa, visto que a temporada 2007 sofreu uma evolução conceitual. Batizada de Clássicos Personalité, a nova série tira de cena a pura erudição – o Julio acompanhou nos anos anteriores – para abrir alas a um experimentalismo corajoso. E faz questão de salientar que, nem por isso, os concertos deixam de ser clássicos. A velha separação entre música clássica e popular perde o sentido com imortais do jazz, MPB, tango e choro. Exato, o mesmo que nasceu nos morros cariocas. É do ouvinte a definição do que é “clássico”, sem se preocupar com o apartheid dos gêneros musicais.

Para os criadores da campanha, a mudança melhor atende ao público-alvo dos concertos. Depois que o Itaú comprou o BankBoston, em agosto de 2006, a marca foi incorporada ao Itaú Personalité, primeiro banco a prestar atendimento personalizado ao varejo no Brasil. Até o ano passado, o Itaú preservou a identidade da série, com exceção do nome (Concertos Itaú Personalité). “Este ano, não só reeditamos os concertos, como também adequamos a filosofia da série, de modo que o público questione a própria música”, revela Fernando Chacon, executivo de marketing do Personalité, durante a apresentação da temporada 2007.

Roberto Ring, que além de curador e diretor artístico dos concertos, é um dos grandes violoncelistas brasileiros, conta que nunca esteve tão instigado intelectualmente em um projeto musical. “Um sonho de criancinha”, reconhece. O motivo, segundo ele, é a dissolução de rótulos musicais perigosos. “Os ouvintes de música popular consideram a música clássica arrogante, intelectualóide. E quem gosta de 'música clássica' vê o gênero popular como superficial, simplista, sem profundidade”, dispara. “É tudo preconceito”, resume o artista, já que é possível encontrar grande complexidade em composições dos popularíssimos Chico Buarque e Pixinguinha – para citar poucos.

Para Ring, parte deste preconceito é reforçada pelos próprios músicos que sobem ao palco. “A formatação do espetáculo em si, aquela roupa de ‘pingüim’ do músico transmite uma postura distante. Por que não mostrar que é uma pessoa em carne e osso?”, questiona o curador. Mas Ring reforça que os concertos da série Personalité não são melhores nem piores que os tradicionais do circuito paulista. Apenas diferentes. “Há séries maravilhosas no Teatro Cultura Artística, no Teatro Municipal, o Mozarteum, as apresentações da OSESP. Nossa proposta é ousada, mas não necessariamente melhor”, acrescenta.

O exemplo mais agudo do erro em separar o clássico do popular é, segundo Ring, a genialidade de Mozart. Festejado, amado e campeão em audiência há séculos, Mozart pode ser definido como um compositor popular. Mas o diretor dos concertos – nos quais será membro do conjunto residente, o Solistas Personalité – lamenta a resistência do público ao tentar dar a Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Chico Buarque o mesmo prestígio a que Mozart tem direito.

Uri Caine – Um dos exemplos mais marcantes do espírito da série está na proposta do polêmico pianista Uri Caine (que mereceu a alcunha de “Furacão”, do trocadilho hurricane, em inglês). Ele ficou mundialmente conhecido por readaptar, com ousadia, compositores até então intocáveis. De apresentação marcada para o segundo concerto, o pianista promete desconcertar arranjos de forma transgressora.

Seu último trabalho, Uri Caine Esemble Plays Mozart, sintetiza toda a discussão: clássico e popular são inseparáveis, sim senhores. Ele funde gêneros sem qualquer pudor, mas não perde a disciplina musical. Introduz um bando de instrumentos do jazz e do rock, sem contar as turntables (aquelas mesas de vinil usadas por DJs), prontas para fazer uma releitura moderna de Mozart. Uri Caine arrepia os pêlos dos tradicionalistas ao introduzir sons de pássaros e macacos na obra do compositor, uma verdadeira selva em Mozart.

O português Leonel Santos, organizador do site Jazz Logical definiu sabiamente a proposta do músico. “Desde logo, os arranjos para aquela formação surgem desajustados para os ouvidos mais conservadores. Mas a forma como ele introduz elementos microscópicos estranhos, alterações na melodia, subvertendo o ritmo, dissonâncias e brechas de todo o tipo sobre a linha da composição, jogando com os instrumentos, uns improvisando sobre a pauta que outros tocam. Improvisação versus pauta. Instrumentos contrapondo outros. O tema que se desloca do violino para o piano, do piano para o violino-clarinete ou para o trompete; ao mesmo tempo que os outros instrumentos constroem novas melodias, novos contrapontos, parecendo associar-se ou dissociar-se aleatoriamente. Puro jazz”, finaliza.

Os Concertos – Os compositores que surgirão das cortinas do Clássicos Personalité são autores de arranjos feitos especialmente para a série e terão a oportunidade de executar suas próprias criações. Para Ring, esta é uma grande aposta no músico brasileiro, sem contar a oportunidade de reunir nomes de nossa música junto a artistas internacionais. O corpo fixo, Solistas Personalité, reforça essa aposta nas raízes brasileiras. “Nada mais natural”, lembra Ring, “já que o próprio Itaú, de onde parte o projeto, tem nome originado do tupi-guarani (pedra negra)”, comenta.

Serão seis atrações internacionais, com o total de 18 apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro. A programação completa está no site da série, que também informa as minúcias de cada artista que subirá ao palco nos próximos quatro meses. Vale destacar as presenças de Romain Guyot (clarineta), Lee Konitz (saxofone), Ohad Talmor (saxofone) Hagai Shahan (violino) e os brasileiros Nelson Aires (piano), Antonio Carlos Carrasqueira (flauta), Paulo Sérgio Santos (clarineta), Maurício Carrilho (cordas) e Caio Márcio (violão). Um banho de clássicos.

Para ir além
Clássicos Personnalité


Tais Laporta
São Paulo, 12/9/2007

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Séries da Inglaterra; e que tal uma xícara de chá? de Renato Alessandro dos Santos
02. Sombras Persas (III) de Arcano9


Mais Tais Laporta
Mais Acessadas de Tais Laporta em 2007
01. 10 livros de jornalismo - 20/6/2007
02. O engano do homem que matou Lennon - 16/11/2007
03. Qual é O Segredo? - 18/7/2007
04. O melhor das revistas na era da internet - 10/1/2007
05. Gleiser, o cientista pop - 24/1/2007


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Geografia Ilustrada União Soviética Volume 31
Roberto Civita
Abril Cultural
(1971)



No Escuro: Momentos Íntimos
Pamela Burford
Nova Cultural
(1999)



O Egito dos Faraós - 3ª Edição
Federico A. Arborio Mella
Hemus
(1998)



O Dom de Perdoar
Roberto de Carvalho
Aliança
(2016)



Livro Infanto Juvenis Um Inimigo Em Cada Esquina Série Vagalume
Raul Drewnick
Ática
(1995)



Como Acalmar Clientes Irritados
Rebecca L. Morgan
Qualitymark
(2003)



Onze Minutos
Paulo Coelho
Gold



Aventura na África
Marian Hostetler
Vida
(1988)



Joaquim Maria de Machado de Assis
Luzia de Maria
Brasiliense
(1986)



Para Além da Criação
Carlos Carretto
Paulinas
(1971)





busca | avançada
66616 visitas/dia
2,9 milhões/mês