Vagas? Talvez. Quem sabe? Depende de você também. | Jardel Dias Cavalcanti | Digestivo Cultural

busca | avançada
55164 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Maio no MAB Educativo: tecnologia, arte e educação na 23ª Semana Nacional de Museus
>>> Espetáculo Há Vagas Para Moças de Fino Trato promove programa educativo no Teatro Yara Amaral do Ses
>>> Fios que resistem: projeto reconecta a história das bordadeiras no litoral paulista
>>> Expo Cult - Semana de Arte do Agora estende prazo de visitação até dia 31/5
>>> Luiz Martins apresenta novas séries em serigrafia na MH8ARTE
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
Colunistas
Últimos Posts
>>> Pedro e Cora sobre inteligência artificial
>>> Drauzio em busca do tempo perdido
>>> David Soria Parra, co-criador do MCP
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A maçã de Isaac Newton
>>> O paraíso de Henry Miller
>>> Independente Web Radio 3
>>> O recado de Maradona
>>> Em defesa da normalidade
>>> Guinga e sua Casa de Villa
>>> A teoria do caos
>>> O humor no divã de Freud
>>> Sobre caramujos e Omolu
>>> Eu não uso brincos
Mais Recentes
>>> Ditadura A Brasileira 1964-1985 de Marco Antonio Villa pela Leya (2014)
>>> Dominic (º edição) de William Steig pela Ftd (2017)
>>> A Lava Jato E Os Petroladrões de Ivo Patarra pela Cedet (2018)
>>> Rônia - a filha do bandoleiro de Astrid Lindgren - Ilon Wikland pela Companhia Das Letrinhas (2017)
>>> O Pistoleiro - A Torre Negra Vol. I de Stephen King pela Objetiva (2004)
>>> Como Pensar Sobre As Grandes Idéias de Mortimer J. Adler pela E Realizacoes (2013)
>>> 2061 uma Odisseia no Espaço III (2ª Edição) de Arthur C. Clarke pela Nova Fronteira (1989)
>>> H.p. Lovecraft. Medo Classico - Volume 1 de Ramon Mapa; Walter Pax pela Darkside (2017)
>>> A Estranha Madame Mizu - 14º Reimpressão de Thierry Lenain pela Companhia das Letrinhas (2017)
>>> O Projeto Fênix Edição Comemorativa de Gene Kim pela Alta Books (2020)
>>> R Para Data Science de Hadley Wickham pela Editora Alta Books (2019)
>>> Fundos De Investimento Imobiliário. Aspectos Gerais E Princípios De Análise de Roni Antônio Mendes pela Novatec (2020)
>>> How We Know What Isn't So: The Fallibility Of Human Reason In Everyday Life de Thomas Gilovich pela Free Press (1991)
>>> Análise De Séries Temporais Em R: Curso Introdutório de Pedro Ferreira pela Gen Atlas (2020)
>>> Accelerate: The Science Of Lean Software And Devops: Building And Scaling High Performing Technology Organizations de Nicole Forsgren Phd, Jez Humble, Gene Kim pela It Revolution Press (2018)
>>> Exame De Certificação Anbima Cpa-20 de Lilian Gallagher pela FGen; Atlas (2021)
>>> Tratado Elementar de Magia Prática de Papus pela Pensamento (1924)
>>> Introduçao a Economia de N gregory mankiw pela Thomson Cengage Learning (2008)
>>> Admirável Mundo Novo de Aldous Leonard Huxley pela Biblioteca Azul (2014)
>>> Estar Sendo. Ter Sido de Hilda Hilst pela Nankin Editorial (1997)
>>> As lágrimas amargas de Petra von Kant de Reiner Werner Fassbinder pela L&Pm (1983)
>>> Madéia, hipólito as troianas de Eurípides pela Zahar (1991)
>>> Conceito Marxista do Homem de Erich Fromm pela Zahar (1967)
>>> Escritos De Filosofia III. Filosofia E Cultura de Henrique Cláudio De Lima Vaz pela Loyola (1997)
>>> Escritos De Filosofia II. Ética E Cultura de Henrique C. De Lima Vaz pela Loyola (2000)
COLUNAS >>> Especial Não há vagas

Segunda-feira, 21/4/2008
Vagas? Talvez. Quem sabe? Depende de você também.
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 3400 Acessos
+ 4 Comentário(s)

Você acabou de se formar? Prepare-se, pois uma vida difícil é o que te espera. Quer encontrar um trabalho digno? Anime-se, tenha paciência, não se desespere tão rápido, reze para todos os santos, mesmo que você nem acredite neles, acenda velas de todas as cores e que seja uma para Deus e outra para o Diabo. Sem isso, você já estará derrotado de antemão.

Há dois tipos de formandos e o que cada um é, ou escolheu ser, vai determinar seu desempenho no difícil mercado de trabalho do mundo contemporâneo. Claro que há variáveis mínimas, mas elas não são determinantes.

O primeiro tipo, que vai se dar melhor na vida, é o que cumpriu suas tarefas da melhor maneira possível. Se especializou ao máximo, conhecendo uma ou mais línguas, tendo domínio sobre as tecnologias digitais atuais e que está seguro do que quer e de como conseguir se mover com um certo traquejo no universo de sua especialidade. Mesmo assim encontrará dificuldades, mas a culpa do fracasso, se houver, não será apenas sua, mas do mercado com suas variáveis inconstantes.

O tipo acima sempre teve uma visão razoável do futuro, do que precisaria para navegar em águas turbulentas, foi se formando e se informando ao mesmo tempo, reconhecendo as zonas de perigo e as veredas que melhor lhe serviriam. Para tanto, deu duro, estudou com seriedade, manteve-se atualizado, enfrentou intempéries com calma, sabendo que o futuro dependia do presente bem realizado. É um tipo raro que soube domar sua mente e seu corpo para torná-los dóceis à sua expectativa de realização profissional. Afinal, sabemos o quanto custa passar dias e noites estudando enquanto nossos amigos se deleitam pelas noites enchendo a mesa de cerveja e de papo-furado. Sendo felizes, enquanto na nossa labuta naufragamos na solidão e tristeza ou na ilusão de que estamos perdendo a vida. Tudo tem seu preço. Nossa inveja, depois recompensada, vai, inclusive, alimentar nosso desejo de sucesso. Será nossa revanche, num futuro próximo, pois os dias passam rápido para todos. Mate-se o presente em nome do futuro, franciscanamente, é claro. Mas nem tanto, pois somos humanos. E no pouco tempo que temos longe do trabalho, ainda gozamos de um razoável prazer, por pouco que seja.

Há o outro tipo de profissional, fadado ao desencanto e ao fracasso. Mesmo com velas acesas para todas as forças desconhecidas seus destino é problemático. Mal formado, mal informado, com precárias condições de visão de mundo e um corpo escaldado apenas no prazer do não fazer nada, ou apenas o mínimo, viverá seu fracasso de forma quase total. Desestressado enquanto se formava, aberto ao prazeres das facilidades, pouco dado à auto-repressão dos instintos, viveu ao sabor do vento, enganando a si mesmo e aos outros. Teve seu diploma, mas não teve o conhecimento necessário ao ofício. Pagou, mas não levou. As barreiras vão ser maiores para ele do que para o outro caso a que me referi anteriormente. No segundo caso, trata-se de um desqualificado, mesmo que diplomado, segundo a terminologia do mercado.

Em geral, se formou em uma universidade particular, onde se paga caro por um diploma e pela ilusão de uma possível carreira brilhante que o canudo traria, ou seja, uma garantia de um lugar no futuro (ao menos é isso que informam os cartazes destas universidades). Mera ilusão, salve-se as raras exceções. Incerto quanto ao movimento de sua especialização, quanto às saídas possíveis, viverá aos trancos e barrancos como um desesperado em busca de oportunidades raras e apenas acessíveis aos bem qualificados. Estará sempre um passo atrás.

Basta ver o resultado das provas da OAB, que comprovam o desastre que é ser um cidadão mal formado. O mesmo exame, se fosse aplicado à medicina, reprovaria mais da metade dos irresponsáveis diplomados que sacrificarão a vida de seus futuros pacientes. Diploma não é mais garantia de qualificação profissional. E num mundo altamente especializado, poucos estarão governando muitos da forma que bem entenderem.

O mercado não está para peixe e a competição chega a ser desumana em algumas circunstâncias. Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos. O exército industrial de reserva continua como dado do capitalismo moderno. Achatando os salários e pressionando a concorrência a se especializar mais e mais, mesmo que isso ainda não garanta um futuro próspero, o mercado faz suas vítimas seqüencialmente. A peça A morte do caixeiro viajante já anunciava as regras desumanas das relações de trabalho no capitalismo e Tempos modernos de Charles Chaplin colocava a máquina engolindo o trabalhador como metáfora da alienação do trabalho. Utopias negativas para um futuro (no qual vivemos hoje) sombrio.

Há um inconveniente histórico para o inchaço do mercado de trabalho atualmente que vale a pena ser comentado. Antes, os homens disputavam o espaço apenas com outros homens. Com a revolução feminina, as mulheres saíram para as ruas, se especializando tanto quanto os homens e conquistando sua liberdade financeira e de lugar no mercado trabalho. Elas estão por toda parte, ocupando espaços antes apenas reservados apenas aos homens, como, para ficar apenas com um exemplo, na carreira militar.

Veja-se também as universidades, entupidas de belas moças estudiosas, enquanto os homens, no período em que deveriam estar estudando já estão metidos em sub-empregos que não os levarão a nada, apenas à subserviência a uma vida medíocre, pobre e infeliz.

Os termos do mundo do trabalho mudaram muito também. De uma sociedade industrial e fabril passamos para uma sociedade tecnológica e de prestação de serviços. Um fato novo, positivo, mas que ainda não tem sua medida acertada. Hoje você pode viver razoavelmente bem como micro-empresário de uma locadora de DVDs, por exemplo. Ou vendendo produtos naturais, ou sendo dono de um sex shop ou seja lá o que for. Mas ainda assim, você só se dará bem se entender das variações do mercado, de marketing empresarial etc. Se não, vai afundar em dívidas e será o próximo suicida do pedaço.

E nestes casos, dos novos micro-empresários, onde entra o sujeito que se especializou, fazendo de seus anos juvenis o tempo de estudos para uma carreira que era seu sonho? Fracassado no mercado de trabalho, sentindo-se um peixe fora d'água, procura soluções paliativas que vão ao desencontro de suas aptidões ou, sendo weberiano, de sua vocação. Longe da vocação, só há danação, eu adianto.

Sem sua vocação, lhe resta a sujeição a uma vida governada pela idéia apenas da necessidade da sobrevivência. Um pedaço de ser humano começa a existir, movido a calmantes, álcool ou destempero. Um mar de frustrações que na primeira briga de trânsito vai sacar seu revólver e resolver sua pendência com a vida em sociedade num gesto insano de violência.

Matar um leão a cada dia, parece ser o lema do mundo contemporâneo. Há que se escolher saídas melhores e quem quiser que escolha as piores. Cada qual deve assumir a responsabilidade de ser o que se é e de ter escolhido aquela e não esta vida. Mudar as coisas é pensar sobre elas e entendê-las em sua diversidade e riqueza. O mapa do mundo é maior do que pensamos e com tanta informação não se pode ter uma desculpa para dizer que nunca se viu o mapa.

Ressoa em minha mente agora a frase do psicanalista W. Reich: "A crise social na qual vivemos se deve basicamente a inabilidade das pessoas em governarem suas próprias vidas". É bom começar a pensar, se você ainda está a caminho do futuro.


Jardel Dias Cavalcanti
Campinas, 21/4/2008

Mais Jardel Dias Cavalcanti
Mais Acessadas de Jardel Dias Cavalcanti em 2008
01. Quem destruiu Anita Malfatti? - 16/9/2008
02. Escrevo deus com letra minúscula - 5/3/2008
03. Arthur Bispo do Rosário, Rei dos Reis - 11/11/2008
04. Evidências do Nada: a poesia de Paulo Ferraz - 1/1/2008
05. Jogos olímpicos na China - 2/9/2008


Mais Especial Não há vagas
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
21/4/2008
12h28min
Se para os que podem freqüentar uma faculdade - 2 ou 3 por cento da população - o mar não está pra peixe, o que dizer da maioria que nunca chegará ao ensino superior (e talvez nem ao secundário)? Só a necessidade de sobrevivência? Mas não é isto que 97% dos humanos têm feito desde que desceram das árvores - com ou sem vocação? A questão aqui não é louvor ao "pobre", criticar as "zelites", ou outros proselitismos oportunistas, mas uma possível constatação: sendo a sobrevivência a verdadeira aptidão dos humanos, o "viver a vida como ela é", esse tipo de resignação estóica, não seria uma sabedoria tão boa como qualquer outra aprendida na faculdade? Não é também matar um leão por dia? Se sucesso profissional (acumulação de riquezas e satisfação de vaidades) não são parâmetros suficientes para garantir uma "satisfação existêncial" (e concordo com isto), uma vida "de acordo consigo mesma" não seria uma boa leitura do mapa? Então, se em cima tá ruim, em baixo também está.
[Leia outros Comentários de Gildo Staquicini Jr.]
21/4/2008
21h17min
Faltou dizer que os pertencentes ao "segundo tipo" também podem se dar bem na vida com uma pequena ajuda de seus pais, tios e outros conhecidos que lhes arrumam empregos com base no velho Q.I. (quem indica). Infelizmente isso ainda ocorre aos montes no Brasil.
[Leia outros Comentários de Marcio Souza]
22/4/2008
11h53min
Bem, agora pense diferente: e se cada um dos universitários, ao sair da faculdade, formasse, com os colegas, a empresa que lhe(s) dará futuro, o que aconteceria? Mais riqueza para o país, sem dúvida. O Brasil está doente porque aqui não se incentiva o empreendedorismo, a iniciativa individual; estão todos procurando a maldita "segurança" do emprego público... E ainda hoje tentam nos convencer dos malefícios da "mais-valia". Se você, junto com seus colegas, abrisse(m) uma empresa, diretamente estaria(m) dando emprego para mais uns tantos, fora as negociações indiretas (clientes, fornecedores etc.). O Brasil precisa de jovens empreendedores, que não queiram se acomodar com o velho empreguinho público!
[Leia outros Comentários de Leonardo Valverde]
23/4/2008
10h20min
Realmente, esqueci de dizer que o "quem indica" é uma pequena tábua de salvação para alguns raros, pois os feudos se organizam para a proteção e segurança próprias, em todos os espaços. Se você tem o seu QI, guanhou na loteria.
[Leia outros Comentários de Jardel]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Você É Insubistituivel
Augusto Cury
Sextante
(2002)



Canavial
Joilson Pinheiro
Do Autor
(2010)



Portinari 90 Anos
Vários autores
Salamandra
(1993)



Administração Orçamentária Comparada: Brasil - Estados Unidos
J. Teixeira Machado Jr.
Fgv
(1960)



Zico
Lucia Rio
Relume Dumará
(2000)



Exame da Ordem Questões Comentadas - 3º Edição - Cd (no Plastico)
Ivan Horcaio
Primeira Impressão
(2008)



O vazio refletido na luz do nada
Flávio Viegas
Do autor



Minha Tia Me Contou
Marina Colasanti
Melhoramentos
(2007)



A casa da colina
Jonathan Black
Record
(1977)



A Presença de Duns Escoto no Pensamento de Edith Stein
Francesco Alfieri
Perspectiva
(2016)





busca | avançada
55164 visitas/dia
2,5 milhões/mês