House M.D. | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Quarta-feira, 31/12/2008
House M.D.
Rafael Fernandes
+ de 7400 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Nota do Autor
Este texto contém informações sobre a mais recente temporada da série House, que podem estragar a surpresa para quem ainda não assistiu. São os famosos spoilers.

Há sempre bons programas para assistir na televisão, em especial nos canais à cabo. Embora sejam uma minoria comparada à oferta de canais e programas inúteis ou de baixo nível, é mais do que o suficiente para preencher algumas horas da semana com qualidade sem prejudicar outras atividades. Afinal, como eu sempre defendo, o problema ao se utilizar uma mídia, como a TV, o videogame, ou a internet, não está na mídia em si. A questão é como ordenamos tudo isso dentro do nosso tempo e de nossas preferências. De um filme pastelão a um documentário sobre guerra não faltam alternativas. Dentre tantas, destaco neste texto uma das minhas séries favoritas: House (House M.D., nos EUA), que está na sua quinta temporada e é exibida no Brasil via Universal Channel, às 23 horas das quintas-feiras. Há também exibição na Rede Record, que veicula a terceira temporada.

Em House, como em boa parte das séries que precisam atingir um certo nível de "industrialização", os roteiros seguem uma linha básica: introdução, viradas e soluções muito parecidas na maioria dos episódios. No caso dessa série há sempre um esquete que apresenta o caso ― e, em geral, a pessoa doente não é quem esperamos. Após o intervalo, o caso é mostrado ao doutor, que reluta em aceitar, até o momento em que um detalhe desperta seu interesse. A partir daí, uma sucessão de tentativas de solução são pensadas, até que uma é aplicada. E erradamente. Próximo ao fim do episódio, alguém tem um grande insight, ou "epifania", na maioria das vezes House, claro ― e em muitas delas ao conversar com seu amigo Wilson ― e o caso é resolvido brilhantemente. Essa repetição virou até motivo de piada na Internet. Observando assim, parece apenas uma série boba. Mas aí entram os grandes diferenciais.

A série tem boas histórias. Dentro de cada episódio são apresentados os dramas e comportamentos dúbios dos pacientes e dos próprios médicos. Os personagens, fixos ou não, são interessantes, conflitantes e incoerentes ― sem exagerar na dose pra nenhum dos lados. As atuações são ótimas. Destaco o protagonista (Hugh Laurie), cada vez melhor, e seu único amigo, Dr. Wilson (Robert Shean Leonard), meio careta, meio bobalhão, mas que aos poucos teve aumentada sua dose de humor e incisividade. Todas as temporadas apresentaram ótimos textos, muito bem amarrados e diálogos com timming preciso. Por fim, dois dos pontos mais altos: as ironias e o humor ácido que o protagonista apresenta, por vezes sendo politicamente incorreto, mas sem perder inteligência. E, claro, suas frases de efeito, que são grandes aforismos. Não à toa existem sites destinados a listá-los. Além da já clássica "todo mundo mente!", destaco duas das minhas preferidas, entre tantas: "Nós podemos viver com dignidade ― nós não podemos morrer com ela" e "Você tem três chances na vida: seja bom, se torne bom ou desista".

O protagonista, um cínico, é o extremo da sinceridade, mas o texto e a atuação impedem que seja uma caricatura. O médico usa o artifício do "hard talk": a conversa dura, direta, sem concessões, mexendo na ferida dos colegas e dos pacientes ― e, claro, dos telespectadores ― de forma cortante e mordaz. É dissimulado, arrogante e manipulador. Também é idiossincrático, com uma visão de mundo que raramente vemos na TV ― muito menos na vida real. Iconoclasta, é contrário a qualquer exaltação de pessoa ou mito ― seja um deus, um médico ou um atleta. A exceção está em qualquer adulação que infle seu próprio ego. Não crê nas relações afetivas, nas convenções sociais e nem no ser humano em geral. Tenta sempre desmascarar os auto-enganos das pessoas. House é um misto de anti-herói e herói. Seu comportamento muitas vezes inadequado o impede de ser um herói de fato, mas ao mesmo tempo faz com que torçamos para ele continuar disparando suas frases bombásticas. Por isso que é um personagem tão forte e, por que não, querido ― apesar de sua personalidade conter muito do que é percebido como condenável na interação social. Mas ele também apresenta paradoxos. É ranzinza, mas não perde uma piada. Não quer contato com os pacientes, mas vai ao limite para curá-los. Evita se relacionar com seus colegas, mas sempre recorre a eles (que, apesar de tudo, são fiéis). Quer desmistificar muitas das visões românticas e ingênuas sobre a vida, mas tenta fazer as pessoas enxergarem o mundo com mais clareza. Como já dito, é um descrente, mas se interessa intensamente pelos dramas e conflitos humanos ― incluindo seus próprios.

Quando acompanhamos desde sempre uma série e revemos temporadas anteriores é possível notar como sofre alterações. No começo, House tinha um tom mais sóbrio, mais sério; o protagonista e os demais personagens tinham atitudes fechadas demais, presas. Aos poucos, todos foram se soltando, ficaram mais fluidos. House ganhou um humor mais escrachado, sem deixar de lado a sobriedade. E pela já citada previsibilidade do roteiro, muitas vezes são inseridos novos personagens para dar mais conflitos. Nesses casos, há alguns resultados interessantes, mas em geral aparentam uma certa forçação de barra sem o toque de surpresa que deveriam. Numa das temporadas anteriores, apareceu um novo financiador para o hospital, manipulador e arrogante (lembrou alguém?), que começa a impor suas vontades aos funcionários do hospital, usando sempre seu dinheiro como chantagem, e que, claro, entra em conflito com o médico. Em outra, um policial tenta prender House pelo seu vício em remédios para dor. Apesar de alguns bons momentos, já sabemos de antemão quem "ganha" no final.

Por isso acho que a temporada anterior (a quarta), apesar das controvérsias, se saiu bem com a inserção de novos personagens e da "competição" incentivada pelo doutor pelas três vagas na sua equipe. Assim, com mais personagens, houve mais dinâmica e mais alternativas. Foi uma temporada de transição que deu um fôlego que faltava à série, trouxe ótimos personagens e um final dramático. O resultado mais claro dessa mudança apareceu no começo da quinta temporada, que levou a série de volta à sua melhor forma. Ela começou com a ruptura de Dr. Wilson com House. Achava que tal ruptura seria mais longa, mas já no quarto episódio Wilson se reconcilia com seu amigo. Apesar de ótimas participações de Michael Weston como um detetive durante os episódios iniciais, o episódio do "retorno" do relacionamento e os seguintes mostram como essa amizade enriquece o programa, como os atores estão cada vez melhores e que essa interação dos dois é vital para a trama. Um dos meus episódios favoritos é aquele em que Wilson, após se separar da última dentre tantas esposas que teve, vai morar com House, que começa uma série de trotes juvenis (como colocar sua mão numa bacia com água quente enquanto dorme) contra o amigo. O inesperado acontece e Wilson entra no "jogo" e serra a bengala de House. A cena dela quebrando é um dos melhores momentos de toda a série. Outro grande momento foi a participação do músico Dave Matthews como um pianista clássico renomado que tem problemas mentais. A cena dele finalizando uma música que o médico compunha há anos é ótima. Para quem procura diversão com inteligência, vale a pena dar uma olhada em House.

Assista a um vídeo promocional da quinta temporada (com legenda feita por um fã):



Rafael Fernandes
São Paulo, 31/12/2008

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01. O Aspirante a Corrupto de Carla Ceres
02. Kafka, cartas imaginárias de Jardel Dias Cavalcanti


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
12/1/2009
09h16min
Realmente, esta série é o que há de melhor na TV atualmente. Tanto é que, nas suas férias, optei por não apelar para nenhum outro programa ou série atual: Estou revendo "Anos Incríveis". Só ela para bater "House" em qualidade e quantidade de informação, mesmo que sejam de universos completamente diferentes...
[Leia outros Comentários de Marcos Lauro]
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