High School Musical e os tweens | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

busca | avançada
54172 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Festival SP Choro In Jazz apresenta a série online Sound Talks de 30 de abril a 9 de maio
>>> hoovaranas - Show do álbum Três (2024)
>>> Cine Nave apresenta sessão gratuita e seguida por debate em São Paulo
>>> Nos 100 anos de Surrealismo, editora paulista publica coletânea com textos fundamentais do movimento
>>> Matheus Fonseca lança ‘Feitiço Carioca’, uma bossa sobre amores inacabados
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
Colunistas
Últimos Posts
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> Trackback is dead
>>> Cristal
>>> Um alucinante encontro com Lula
>>> O Mito da Eleição
>>> Mondrian: a aventura espiritual da pintura
>>> Projeto Itália ― Parte I
>>> A Última Ceia de Leonardo da Vinci
>>> Antenas quebradas
>>> Ação Social
Mais Recentes
>>> Le Livre du Connaiseur de Cigare de Zino Davidoff pela Robert Laffont (1967)
>>> Como Desvendar Segredos de David Craig pela Cutrix (2015)
>>> Echec et Maths de Stella Baruk pela Seuil (1973)
>>> Salud, Derecho Y Opinion Publica (spanish Edition) de Monica Petracci pela Grupo Editorial Norma (2004)
>>> The Complete Guide To Whiskey: Selecting, Comparing, And Drinking The World's Great Whiskeys (pocket Guide Series) de Jim Murray pela Triumph Books (1997)
>>> Table Knives And Forks (shire Library) de Simon Moore pela Shire (2008)
>>> Sarfishes ,Serpent Stars,Sea Urchins & Sea Cucumbers of the Northeast de Wesley Roswell Coe pela Dover Publications (1972)
>>> Cruzamento Industrial - Red Angus x Nelore de Paulo Eduardo Fonseca Loureiro pela Ct (2003)
>>> Ppromocão da Saúde e Difusão de Conhecimento de Andre Luiz da Silva Lima pela Pimenta Cultural (2024)
>>> Planolandia - Um Romance De Muitas Dimensoes de Varios Autores pela Conrad (2002)
>>> A Quarta Revoluco Industrial E Os Novos Paradigmas Do Dir Ed. 2021 de Fisciletti pela Fisicalbook (2021)
>>> Shots In The Dark: The Wayward Search For An Aids Vaccine de Jon Cohen pela W. W. Norton & Company (2001)
>>> Strategic Management In The Fashion Companies de Stefania Saviolo, Salvo Testa pela Etas (2002)
>>> Passionate Minds: Women Rewriting The World de Claudia Roth Pierpont pela Vintage (2001)
>>> Marihuana. Uno Scandalo Internazionale de Guido Blumir pela Einaudi (2002)
>>> Loonshots de Safi Bahcall pela Griffin (2020)
>>> Antonio's: Caleidoscopio De Um Bar de Mario De Almeida pela Editora Record (1992)
>>> The Secret Life Of The Grown-up Brain: The Surprising Talents Of The Middle-aged Mind de Barbara Strauch pela Penguin Books (2011)
>>> The Temple Of The Sagrada Familia de Jose Maria Carandell pela Triangle Postal (2004)
>>> Guia de Escaladas da Urca de Flavio Daflon e Delson Queiroz pela Companhia da Escalada (2013)
>>> Sequestros Alienígenas de Mario Rangel pela Cbpdv (2001)
>>> Quiet Strength: The Principles, Practices, And Priorities Of A Winning Life de Tony Dungy, Nathan Whitaker pela Tyndale Momentum (2008)
>>> Negotiation: Readings, Exercises, And Cases de Roy J Lewicki, David M Saunders, John W Minton, Bruce Barry, Roy Lewicki, David Saunders, John Minton pela Mcgraw-hill/irwin (2002)
>>> Flying Off Course Third Edition de Rigas Doganis pela Routledge (2002)
>>> Introduction To Fuzzy Arithmetic de Arnold Kaufman, Madan M. Gupta pela Van Nostrand Reinhold Company (1991)
COLUNAS

Quarta-feira, 9/1/2008
High School Musical e os tweens
Rafael Fernandes
+ de 18600 Acessos
+ 2 Comentário(s)

BLOCO 1 ― Os tweens e seu impacto
Há alguns anos os marqueteiros americanos descobriram um mercado fenomenal: os pré-adolescentes, lá denominados "tweens" ― junção de teens com between (entre). Quem o mercado não quer chamar de criança, mas ainda não chegou à adolescência ― embora com comportamentos cada vez mais próximos disso. Um grupo que tem opiniões relevantes nas escolhas familiares, com um poder de compra de US$ 39 bilhões só nos EUA. Uma pesquisa (necessário cadastro gratuito para ler) indica que os tweens atuais se desenvolvem mais rápido que outras gerações tanto no nível físico quanto no emocional e não gostam de referências infantilizadas. No Brasil o grupo é representado fortemente pelas classes A e B. Recentemente foi lançado aqui o primeiro aparelho celular desenvolvido especialmente para crianças e adolescentes. O mercado de celulares para esse público cresceu 33% entre 2005 e 2006.

Sua força é percebida com clareza quando há um "fenômeno" de vendagem, sejam Os Menudos, Harry Potter, Backstreet Boys ou RBD. Muitas vezes não são apenas os pré-adolescentes que aderem à moda, mas também as ditas crianças, adolescentes e em certos casos até adultos. Mas o foco de atuação das campanhas publicitárias está mesmo nos tweens. Um dos mais recentes estouros de consumo e exposição é o filme High School Musical (HSM, daqui para frente), que explodiu pelo canal por assinatura Disney Channel, nos EUA, depois passando a epidemia ao resto do mundo. Lá na terra do tio Bush a parte dois bateu vários recordes em seu segmento: foi visto por 17,2 milhões de pessoas no horário nobre (que lá corresponde ao horário das 20hs às 22hs) e se tornou o filme de maior audiência dos canais a cabo básicos.

Essa é a geração do tudo ao mesmo tempo agora, da urgência. Nasceu e está crescendo num mundo em que a troca de informação de forma massiva e rápida é modo de vida. De uma só tacada podem ver TV, vagar pela Internet, ouvir música, conversar via MSN, jogar on-line etc. Estão sendo educados assim, é dessa forma que consomem informação. E o fazem não só de forma multimídia, mas também "multi-produto": o filme não é só cinema. Ou TV. É cinema e TV, brinquedos diversos, YouTube, site de relacionamentos, DVD, MP3, jogos, camiseta, celular, e o que mais vier. Isso é de um grande impacto mercadológico, cultural e comportamental. São pessoas habituadas a consumir vorazmente os mais diversos produtos, tornando-se público-alvo relevante para as empresas. Uma geração na qual cultura e entretenimento não se diferenciam.

BLOCO 2 ― High School Musical 1 e 2

Tanto o HSM 1 quanto o 2 não apresentam nada de novo. São bem feitos e têm qualidades se levarmos em conta seu público. Apresentam estética de TV, afinal foram feitos para tal. Utilizam os clichês de filmes colegiais dos EUA: a nerd tímida, o atleta popular, a patricinha, o bobo, a impermeabilidade dos grupos, dificuldades com mudanças, embate entre arte e esporte, a trama surrada do amor impossível que se torna possível etc. Tudo isso agrupado de maneira quase didática e com resoluções dramáticas banais, mas edição ágil, diálogos espertos, boa dose de humor e alguns ótimos momentos. Utilizam um artifício comum em campanhas publicitárias: o conceito "aspiracional" ― o que os espectadores querem ser. O público-alvo é até os 14 anos. Mas o universo do filme retrata garotos de 17, 18 anos. Um expediente semelhante é usado em diversas séries americanas como The OC, Barrados no Baile, One Tree Hill, entre outras, em que adultos de 20 a 25 anos interpretam papéis de colegiais. Nesses casos, é possível atingir tantos os adolescentes, que se vêem retratados por pessoas mais velhas, até jovens de vinte e poucos que se enxergam na figura dos atores representando um tempo que já passou. No final das contas fica a intenção de se ter certos comportamentos próximos de adolescentes, até de adultos, mas sem suas preocupações e responsabilidades.

Os dois filmes são comédias românticas moldadas para pré-adolescentes. O primeiro é uma versão turbinada e atualizada de Nos tempos da brilhantina (referência citada no segundo filme), em que um amor de verão ressurge nas aulas, mas esbarra no problema de "castas" da escola. No segundo são retratadas as férias de verão, com o chefe inescrupuloso, a armação da riquinha, preocupações com o futuro, deixar ou não os amigos, a indicação de que a divisão em grupos de amizades pode ser uma bobagem, o fato de aquele cara bobo se mostra alguém nem tão bobo assim, a inevitabilidade de mudanças e o final feliz, claro. Não posso acreditar que, afora os excessos consumistas da criançada (ops, dos "tweens"), os pais possam achar ruim um filme cujas mensagens principais são respeito, honestidade, valorização do trabalho e do esforço, e que ainda prega a boa relação e diálogo com os pais. Se alguns desses pais reclamarem demais, podemos lembrar que alguns momentos do filme são até melhores do que muito material "adulto" por aí ― menos por mérito, mais por nivelamento por baixo.

As músicas, trejeitos e coreografias remetem a boy bands, R&B, hip-hop e artistas pop ― aqui, basicamente Michael Jackson na época boa. Apelam a clichês melódicos, rítmicos e harmônicos dos estilos citados e também, claro, de vários musicais. Alguns dos compositores e produtores da trilha sonora têm participação em outros filmes musicais do próprio Disney Channel ou em discos de artistas-produto como Bratz, Christina Aguilera, Aaron Carter, The Calling, Everlife e de Jesse McCartney, outro candidato a galã juvenil, que chegou a ser colega de elenco de Zac Efron (o moçoilo do HSM) na série Summerland.

BLOCO FINAL ― Quanto mais produto, melhor
O filme não basta por si só. Não é uma obra de cunho exclusivamente musical e/ou cinematográfica. É ― repita-se ― um produto, ou melhor, o centro do "multi-produto", que vai desde o programa em si e suas seqüências a DVDs, cinema (em 2008), discos, MP3, camisetas, canecas, jogos ― coloquemos diversos etceteras aqui. E não esqueçamos das carreiras-solo: Zac Efron apareceu no mais recente blockbuster de John Travolta, Hairspray. Vanessa Hudgens, a moçoila do HSM, já tem disco-solo, com abordagem musical de quem aspira ser Beyoncé um dia. Sua antagonista, Ashley Tisdale, também gravou um disco, numa mistura light de Britney Spears e Christina Aguilera ― não à toa estas duas começaram a carreira no Mickey Mouse Club, também da Disney. Afinal, a intenção não é ser original: é parecer alguém que já fez sucesso.


Deja Vu 1: Vanessa Hudgens no video Come back to me, de seu disco solo


Deja Vu 2: Ashley Tisdale em He said, she said

Antes de qualquer novo lançamento do entretenimento vem a definição do público-alvo, que deverá ter seus desejos atendidos ― a satisfação do "cliente" antes da relevância artística. Ou melhor, não há relevância artística, já que tais lançamentos se tornaram produtos como sabão em pó, relógio, roupas, cosméticos, carros ou uma jujuba. Antes do HSM 2 ser feito houve uma enquete na Internet para saber o que o público queria ver no filme. Foi divulgado o número mundial de 45 milhões de acessos, que opinaram em temas como qual frase deveria estar na camiseta de um certo personagem ou qual o sanduíche os protagonistas deveriam comer. Esse tipo de promoção, além de ser uma fonte de pesquisa para os produtores, dá a idéia de inserção dos espectadores no filme, aumentando sua sensação de experiência ativa. Os filmes também geram consumo e comportamento indiretos: as roupas das personagens, seus celulares, atitudes etc. É uma tendência: os produtos não se sustentam sozinhos: há todo um esforço conjunto, que ocorre amarrado ou paralelamente a eles. O mercado dos tweens é um poço quase sem fim. Eles crescem, viram adolescentes, adultos, mas não deixarão de comprar ― e novos consumidores vão surgindo nas gerações seguintes. Para quem acha que ao menos a febre do HSM passou duas más notícias: a terceira versão do filme estréia em 2008, dessa vez nos cinemas. E Globo e Record disputam a exibição da seleção do elenco para realização da versão brasileira.


Rafael Fernandes
São Paulo, 9/1/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Elvis, o genial filme de Baz Luhrmann de Jardel Dias Cavalcanti
02. Entrevista com Dante Ramon Ledesma de Celso A. Uequed Pitol
03. The Good Wife visita Private Practice de Adriana Baggio
04. O suficiente para ser feliz de Ana Elisa Ribeiro
05. Produtores de Mario Marques


Mais Rafael Fernandes
Mais Acessadas de Rafael Fernandes em 2008
01. High School Musical e os tweens - 9/1/2008
02. Violões do Brasil - 13/8/2008
03. Tritone: 10 anos de um marco da guitarra rock - 10/9/2008
04. Videogame também é cultura - 10/12/2008
05. Blog precisa ser jornalismo? - 9/4/2008


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
7/12/2007
16h36min
Parabéns, Rafa! Ótimo texto, ótima pauta. Quando soube que você escreveria sobre o lançamento do HSM 2, não tinha entendido, até porque eu me recusei de bate-pronto a fazer isso - achei que não valia a pena. Mas as informações colocadas, as análises, incríveis! Esse assunto sobre consumismo e tweens dá pano pra muita manga, até para uma tese de mestrado! Retratou bem nossa realidade, nossa mídia, nossos tweens, nosso mundo! Adorei, resumindo, senão fico aqui falando falando...Abraços!
[Leia outros Comentários de Débora Costa e Silva]
10/1/2008
22h50min
Aff, isso é ridiculo, provavelmente você não tem nem base pra construir esse texto. Pra começar, você errou o nome do filme; depois sobre a história do "clichê" e sobre o amor impossível que se torna possível, muitos filmes têm isso, e todo filme da Disney tem essa história; e é uma trajetória; sabe, trajetória do herói, então é isso. E é uma história infantil: se você não se colocar no lugar de uma pessoa como você julga "tween", você não tem como expressar sua opinião, e se fosse assim poderia dizer que todos os filmes das princesas da Disney são clichês. Por favor, antes de fazer uma crítica reflita sobre isso, e pense em guardar isso pra você mesmo. Eu falo em nome de mais de 200 mil pessoas.
[Leia outros Comentários de Flávia]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Geoinformação e Monitoramento Ambiental na América Latina
Emilio F. Moran/emilio Moran/mateus Batistella
Senac Sao Paulo
(2008)



A volta do garoto
Jorge Emil
Peirópolis
(2013)



Your Fat Can Make You Thin
Calvin Ezrin
Mcgraw Hill



Reencontro Com o Homem Sábio - Em Busca do Santo Graal
Benedicto Ismael Camargo Dutra
Marco Zero
(2004)



Uaná - Narrativa africana
João Ferreira
Global
(1986)



Tião: do Lixão ao Oscar
Tião Santos
Leya
(2014)



Brasileiro Com Alma Africana Antonio Olinto
José Luis Lira
Icao
(2008)



Be Bold
Cheryl L. Dorsey, Lara Galinsky
Echoing Green
(2006)



Origens de Roma
Raymond Bloch
Verbo



A Caridade, A Correção Fraterna E A Esperança
Tomás de Aquino
Ecclesiae
(2013)





busca | avançada
54172 visitas/dia
2,5 milhões/mês