Desglobalização | Luiz Rebinski Junior | Digestivo Cultural

busca | avançada
90548 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Teatro Portátil chega a São Paulo gratuitamente com o espetáculo “Bichos do Brasil”
>>> Platore - Rede social para atores
>>> João do Rio e Chiquinha Gonzaga brilham no Rio durante a Belle Époque
>>> Espelhos D'Água de Vera Reichert na CAIXA Cultural São Paulo
>>> Audiovisual em alta: inscrições para curso de Roteiro de Curta-metragem do Senac EAD estão abertas
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
Últimos Posts
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A Web matando a velha mídia
>>> Como resenhar sem ler o livro
>>> 12 de Maio #digestivo10anos
>>> O Twitter e as minhas escolhas
>>> Terça Insana, o segundo DVD
>>> Coisas Frágeis
>>> Poesia, no tapa
>>> O sebo ideal
>>> Nada te turbe, de Susana Pérez-Alonso
>>> Eu + Você = ?
Mais Recentes
>>> Formação Do Leitor Literário, A de Teresa Colomer pela Global (2011)
>>> Bruxas, Beijos E Outros Encantos de Luiz Antonio Aguiar pela Biruta (2011)
>>> Lexus E A Oliveira de Thomas L. Friedman pela Objetiva (1999)
>>> Lelena, A Sábia Dos Sortilégios de Tatiana Belinky pela Ática (2002)
>>> A Brisa e a Flor - histórias do burrinho feliz volume 6 de Isa Ramos de Azevedo pela Do Brasil
>>> Mitos Gregos de Eric A. Kimmel pela Wmf Martins Fontes (2013)
>>> Nas Ruas Do Bras (colec§aƒo Memoria E Historia) de Drauzio Varella pela Companhia Das Letrinhas (2016)
>>> O Saci de Monteiro Lobato pela Ciranda Cultural (2019)
>>> Os Segredos de Taquara-Póca - série taquara-póca nº 2 - 5ª edição. de Francisco Marins pela Melhoramentos
>>> Sexo e Evolução de Walter Barcelos pela Feb (1995)
>>> 1968 O Ano Que Não Terminou: Aventura De Uma Geracão de Zuenir Ventura pela Nova Fronteira (1988)
>>> Os Extraterrestres e a Sirja de Ivan M. Silva e Geraldo P. Oliveira pela Erca (1993)
>>> Contos E Lendas Da Mitologia Grega de Claude Pouzadoux pela Companhia das Letras (2002)
>>> A Ideologia do Cordel de A Ideologia do Cordel Ivan Cavalcanti Proenca pela Brasilia/Rio (1976)
>>> En Busca De La Historia Perdida de Juan G. Atienza pela Diagrafic S.a Barcelona (1992)
>>> A Eleição Da Reeleicão: Historias, Estado Por Estado de Sebastiaão Nery pela Geração Editorial (1999)
>>> Terceira Visão: A Iniciação De Um Lama Tibetano, A de Lobsang Rampa pela Nova Era (2002)
>>> Espinosa Sem Saida de Luiz Alfredo García-roza. pela Companhia Das Letras (2006)
>>> As 16 Derrotas Que Abalaram o Brasil - autografado de Sebastião Nery pela Francisco Alves (1975)
>>> Ela Disse, Ele Disse de Thalita Reboucas pela Rocco Jovens Leitores (2010)
>>> Dias E Dias: Romances de Ana Miranda pela Companhia Das Letras - Grupo Cia Das Letras (2002)
>>> Sun Tzu: Arte Da Guerra Para Gerentes, A de Gerald A. Michaelson pela Record (2004)
>>> A Reencarnação de Luis Di Cristóforo Postiglioni e José S Fernandes pela Eco (1969)
>>> Modo De Ver de Unknown Author pela O Clarim (1998)
>>> Origens Agrárias do Estado Brasileiro de Octavio Ianni pela Brasiliense
COLUNAS >>> Especial Crise

Quarta-feira, 18/3/2009
Desglobalização
Luiz Rebinski Junior
+ de 4600 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Depois de exatos 20 anos da derrocada do sistema socialista russo, quando o Muro de Berlin virou pó, o espectro comunista volta a assombrar o mundo capitalista. O capital, quem diria, se rende aos dogmas do comunismo. Essa é a face mais contraditória e curiosa da atual crise econômica que atinge os países mais ricos do mundo, os periféricos e os subdesenvolvidos ― ou seja, todos. Bancos sendo "resgatados" pelos governos em veladas operações de nacionalização e empresas privadas socorridas pela mão forte do estado. É o receituário socialista fazendo escola nos já escolados senhores neoliberais. É a tônica do momento, em que, entre alarmistas e otimistas em excesso, ora o mundo se acaba em barranco, ora se livra de mais um pequeno resfriado, incômodo, é verdade, mas que logo irá embora sem deixar rastro ou sequela.

Bem provável que nem uma coisa nem outra. Se é possível confiar em economistas, que seja nos menos radicais, muito mais por fé do que outra coisa. Pelo menos a crise econômica está servindo para ressuscitar gente que estava esquecida entre estantes cheias de ácaro. Sim, a volta de Keynes tem servido não só para rechear publicações que se debruçam sobre nossos atuais problemas financeiros, mas também para que nacionalistas enrustidos saiam do armário para dizer: "estão vendo, nosso amigo Keynes estava certo, só o estado salva!". E é o que tem acontecido, haja vista a dinheirama rolando nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e até na Europa pobre, no Leste Europeu, onde países como a Ucrânia não conseguiram nem sentir o gostinho das benesses do capitalismo e já caíram em desgraça novamente, lembrando os anos de perrengue em que esteve sob o jugo russo.

E o caso da Ucrânia é emblemático de como os emergentes e subdesenvolvidos, mesmo estando distante do epicentro do terremoto, vão sofrer consequências graves. Afinal, a corda sempre arrebenta para os mais fracos, diz o chavão popular ― ainda que, neste caso em particular, os mais fortes também tenham ido ao chão. Além dos bilhões de dólares, euros e libras, a economia dos países mais ricos terá a seu favor muito protecionismo e, consequentemente, uma espécie de nacionalismo que se tornará cada vez mais intolerante com os imigrantes e seus subempregos ― haja vista Berlusconi e sua lei de imigração ilegal.

E os emergentes, como o Brasil, vão ter que se virar com seus mercados internos, porque suas commodities não terão mais os euros e dólares dos Estados Unidos e da Europa. É o "Buy american" fechando as portas ao nosso aço e ferro. Para a ministra da Fazenda da França, um "mal necessário". Para nós, apenas uma forma de deixar os pobres ainda mais pobres enquanto os ricos ganham fôlego.

É o sinal mais claro de que a tão propalada globalização não aguenta cinco minutos de recessão. Ao primeiro sinal de escassez, fecham-se as portas para o livre comércio ― que nunca foi tão livre assim ― e todo mundo volta a defender o seu quintal, no caso americano e francês, com muitos bilhões destinados a agricultores que ganham para não plantar.

A essa altura do campeonato integração comercial e cultural é coisa do passado. E, por ironia, a melhor definição para o momento vivido hoje veio de quem menos se esperava. Gordon Brown disse que "essa forma de desglobalização vai levar ao protecionismo comercial se não for interrompida". Com essa frase, ou melhor, com o termo desglobalização, o bonachão primeiro-ministro inglês captou o estado de coisas da atual economia mundial. Não interessa mais aproximar mercados, agora é cada um por si e quem tiver mais fôlego se salvará, já quem não tiver gordura para queimar vai, inevitavelmente, sucumbir e andar algumas casas para trás.

E as multinacionais seguem a mesma toada. As que não quebraram e foram socorridas pelos governos de seus países, sangram suas linhas de produção sem remorso algum. Muitas nem prejuízo tiveram, apenas lucros menores. Mesmo assim, haja demissão. Afinal, uma empresa acostumada a render lucros exorbitantes não pode se contentar, mesmo em um momento atípico de turbulência, com receitas menores. Os trabalhadores? É uma pena, mas é assim que se joga o jogo. A responsabilidade social virou apenas um bom mote para publicações internas coloridas e bem diagramadas. E assim o marketing se revela agora como apenas uma forma rasteira de propaganda enganosa. É a face mais cruel do capitalismo selvagem. Um capitalismo que, ao que tudo indica, será cada vez mais regido pelo estado, contrariando o movimento que há muitas décadas prega a não-intervenção no mercado.

Se nos serve de consolo, neste período de incertezas e névoa, a produção cultural tem grande chance de ganhar novo ânimo, independentemente de o mecenato estar mais pobre. Damian Hirst, pelo visto, continuará mantendo sua linha de produção artística e colecionado cada vez mais dólares e euros. E, como bem lembrou o colega Marcelo Spalding, a seca e a penúria talvez até sejam boa oportunidade para que Steinbecks e afins surjam para mostrar às gerações subsequentes como foi difícil nossa época.


Luiz Rebinski Junior
Curitiba, 18/3/2009

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Ossos, mulheres e lobos de Eugenia Zerbini
02. Fugindo do apocalipse de Celso A. Uequed Pitol
03. Falsos intelectuais de Alexandre Soares Silva


Mais Luiz Rebinski Junior
Mais Acessadas de Luiz Rebinski Junior em 2009
01. As cartas de Dostoiévski - 30/9/2009
02. Reinaldo Moraes fala de sua Pornopopéia - 2/12/2009
03. O primeiro parágrafo - 24/6/2009
04. Dalton Trevisan revisitado - 29/7/2009
05. Tarantino e o espírito do tempo - 28/10/2009


Mais Especial Crise
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
18/3/2009
00h41min
É preciso sempre lembrar que o processo de globalização resume-se em explorar a mão-de-obra do mundo, pagar salários de misérias e distribuir os produtos pelo mundo. A lógica é repensar o trabalhador, que não tem o seu direito internacionalizado, que não tem seu salário unificado mundialmente. E enquanto houver a exploração do ser humano por outro ser humano, sempre será tempo de repensar o socialismo, de rever apontamentos. É preciso que lembrar que Lenin dizia que os princípios da teoria marxista enriquecem-se continuamente com as experiências do desenvolvimento social e as novas conquistas científicas, pois o Marxismo é uma doutrina criadora em desenvolvimento.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Fábulas encantadas: A cigarra e a formiga
Vários Autores
Ftd
(2001)



Arsenal do terror
Howard Kaplan
Nova Época
(1977)



Coleção Shell Scott detetive (1 a 24, 27, 30 a 34)
Richard Prather
Ediouro, editorial Íbis (número 21)
(1985)



Luar em Odessa
Janet Skeslien Charles
Record
(2011)



Livro Literatura Estrangeira Claudius, o Deus, e Messalina
Robert Graves
Globo
(1984)



Energia e Caráter 2
Rubens Kignel (Org)
Summus Editorial
(1997)



Absinto
Christophe Bataille
Contraponto
(1996)



Os Pensadores: Curso de Filosofia Positiva: Discurso Sobre o Espírito Positivo: Discurso Preliminar sobre o Conjunto do Positivismo: Catecismo Positivista
Auguste Comte; José Arthur Giannotti; Miguel Lemos (trad.)
Abril Cultural
(1983)



O ponto de mutação: A ciência, a sociedade e a cultura emergente
Fritjof Capra
Cultrix
(1999)



Grande História Universal: Época Clássica
Editora Folio
Folio
(2006)





busca | avançada
90548 visitas/dia
2,4 milhões/mês