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Terça-feira, 5/6/2012
Bnegão, Rodrigo Campos; e mais
Duanne Ribeiro
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Lançamentos e outras indicações. As músicas são mais importantes do que o que eu escrevi, então nem se preocupa muito em ler, só clica e ouve ;)

Bnegão & os Seletores de Frequência - Sintoniza Lá

O segundo álbum do Bnegão & Seletores de Frequência, Sintoniza Lá, lançado em 2012, nove após Enxugando Gelo, de 2003, mantém, desenvolve as influências da música negra (o funk americano/carioca, o dub, o rap, principalmente), mas com uma mudança importante em relação ao primeiro: as letras abandonam em parte o peso político, crítico-social. A poesia continua com uma cara "filosófica", porém Bnegão parece se preocupar menos com a mensagem e mais com o ritmo, menos com um combate ideológico e mais com a liberdade no som, na dança, na festa.

Os metais ainda possuem a mesma potência melódica. A linha de baixo robusta e o ritmo na guitarra e na percussão continuam lá. Mas Enxugando Gelo tinha Nova Visão, um manifesto contra valores e contextos sociais degenerados; O Opositor, o retrato do indivíduo que contraria esse mundo; A Verdadeira Dança do Patinho, o descrédito da política profissional; Enxugando Gelo, o cotidiano sem alternativa e degradante; e Prioridades, um segundo manifesto, no mesmo sentido, com mais verborragia e contundência. As letras se tornam mais leves em Sintoniza Lá.

O Mundo (Panela de Pressão) também critica esse mesmo estado de coisas.Mas é como se o discurso panfletário, a crítica direta saísse de cena e restasse a ideia de que as condições são ruins mesmo, mas podemos muito mais. É uma depuração. Os versos constatam que "enquanto um chora, outro se apressa pra vender o lenço" - mas alerta para a responsabilidade pessoal "independente disso, faça o que tu acredita, pois o mundo fica mudo a cada alma que abdica de si". Alteração (Éa) se concentra também nessa vida em que a gente anda na corda bamba.

Compare Alteração (Éa) com Pedra e Bala (Os Sertões), na qual Bnegão participa (a faixa é do Cordel do Fogo Encantado) - veja como há alvos bem definidos, há citações históricas, conflito social. Compare Proceder/Caminhar com O Processo, do primeiro CD - na segunda, estamos tentando construir algo, a primeira é só o dia comum. Em Sintoniza Lá, é o indivíduo sozinho, que precisa da esperança de Vamô: "Pode acreditar que a vida é pra ser vivida, pra ser evoluída...".

Agora, Essa é Pra Tocar no Baile, Chega pra Somar no Groove, são de festa. São sobre a música. Subconsciente (um hardcore com um riff que lembra Tourette's, do Nirvana), Na Tranquila, são instrumentais, deixam as rimas de lado. São sutis as diferenças de um álbum para outro, mas são talvez marcas do tempo longo em que o disco foi cozinhado. Um amadurecimento de Bnegão?

Não sei. Ah, minha preferida é Bass do Tambô.

Rodrigo Campos - Bahia Fantástica

Rodrigo Campos estreou em 2009 com o excelente São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe. Suas letras, pequenas narrativas, retratos de personagens, uma visão sensível da periferia paulistana; seu instrumental, fundado principalmente no samba, mas com o acréscimo de sonoridades mais etéreas, sopro, eletrônico. Neste ano, Rodrigo lança Bahia Fantástica, um álbum pelo menos tão competente quanto o primeiro, e talvez mais intenso, mais denso, tanto em letra quanto som.

São Mateus... era feito do amor nas tréguas do dia-a-dia ("Quando a estação do trem fechou, foram se amar no chão atrás daquela cancela"); da violência que se justifica, mas não se justifica ("O moleque nem tinha de arder desse jeito. Bate o rancor no peito, não sei argumentar"); do desejo perigoso; do trabalho diário, da vida apesar do trabalho; da infância e da solidão. A que mais me tocou é Rua Três, sua alegria mansa, que se encanta com o velho. "Já fazia tempo, não voltava ali - tinha vinte e nove uma semana atrás. Quase era feliz, não como sonhou...".

O que acontece em Bahia Fantástica é que, digamos, a prosa dá lugar à poesia, no sentido em que vemos essas personagens, essas histórias, de uma forma concisa, com um sabor de simbólico e de mistério. Aninha é o exemplo perfeito:

Ana vai morrer em dez minutos
Sobra pra contar tempo de Ana
Ana vai morrer, não tem problema
Todo fim de tarde, Aninha morre.

Essa é toda a letra. De princípio, a tragédia iminente, e um narrador pragmático, que depois dá um tom de afeto ao seu discurso, chama a moça pelo diminutivo. E o último verso, essa complexidade: que morte é essa que se repete sempre?

Há a mesma urgência em Elias, em que o cantor repete muitas vezes, variando de uma a outra o ênfase: "Elias vem. Elias vai nascer de novo". Que sujeito renovado é esse? Só podemos saber que o que havia não há. Também em Capitão: "General sangrou. Mas tudo bem, general vai viver e sabe morrer. Não crê em Deus, Ogum, nem nada. Vai deixar de ser, vai deixar de estar, desaparecer" - que pode lembrar A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.

Quando se foca menos no tempo e mais no personagem - nos trechos mais próximos de São Mateus... -, Rodrigo fala como se de uma fotografia que pudesse resumir não só o físico, mas o subjetivo também. Um recorte mínimo do cotidiano (não um enredo), flashes, adjetivos certeiros. Jardim Japão, Princesa do Mar, Beco, General Geral são assim. A repetição, a informação pouca faz com que imaginemos, puxemos da própria lembrança, em vez de ouvir simplesmente o que se conta. O que nos remete ao nome do álbum.

O músico paulistano disse nesta entrevista que a Bahia com que lida é "mítica, é o início, o início como metáfora do fim, da morte" e da "perplexidade" quanto a um e outro. Deixando espaço para nossa própria fantasia, é como se nos deixasse em posição de se relacionar também miticamente, também perplexos.

Ouça também:

Hierofante Púrpura, Transe Só (2011) - banda de Mogi das Cruzes, psicodelia e rock. Já disseram deles: "Uma banda nervosa, tensa, suja e muito, muito visceral".

Sunny Day Real Estate, The Rising Tide (2000) - banda de Seattle, herdeira do sucesso do grunge, mas já distante de sua influência, primeira a ser rotulada de emocore, porém diferente de outras sob essa marca. Terminaram em 2000, se reuniram de novo em 2009. Planejam novo CD. The Rising Tide é seu trabalho mais maduro.


Duanne Ribeiro
São Paulo, 5/6/2012

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